11 de setembro de 2008

Livro relaciona mar de Caymmi à onda da bossa

Resenha de livro
Título: Caymmi e a
Bossa Nova
Autor: Stella Caymmi
Editora: Ibis Libris
Cotação: * * * *

Neta de Dorival Caymmi (1914 - 2008), a jornalista Stella Caymmi já tinha reconstituído a trajetória do avô na biografia Caymmi - O Mar e o Tempo (Editora 34, 2001). Neste segundo livro sobre a obra do compositor, Stella dá boa contribuição à bibliografia do artista ao defender a tese interessante de que a obra de Caymmi foi bem recebida de imediato pelos bossa-novistas pelo fato de já antecipar a modernidade e as conquistas harmônicas que seriam oficializadas na música brasileira a partir de 1958 com a gravação de Chega de Saudade por João Gilberto. Caymmi e a Bossa Nova, a propósito, é livro baseado na dissertação O Portador Inesperado - A Obra de Dorival Caymmi (1938 - 1958), defendida pela autora em 2006. A abordagem é original e interessante, ainda que - para o público em geral - o livro tenha páginas de difícil assimilação, já que nem sempre a autora consegue se livrar da linguagem acadêmica. Sobretudo quando apresenta os cânones da Estética da Recepção, teoria literária surgida na Alemanha em 1967. É através dessa Estética da Recepção que Stella mostra como a percepção da obra de Caymmi foi alterada a partir do surgimento da Bossa Nova. Antes, no período que vai de 1938 a 1958, os críticos tendiam a enquadrar o cancioneiro de Caymmi em rótulos regionais e, não raro, a carimbavam com a pecha de folclórica. A partir de 1958, com as conquistas advindas com a bossa hoje cinqüentenária, esse mesmo cancioneiro é (mais bem) compreendido em toda sua antecipadora modernidade e intuitiva sofisticação. Moral da tese defendida pela autora: a onda da Bossa Nova também se ergueu no mar de Dorival Caymmi. Por isso, ele foi bem recebido pela turma que renegou outros compositores projetados nos anos 30 - como Noel Rosa (1910 - 1937). Enfim, um olhar com bossa sobre uma obra que vai sobreviver ao tempo e às ondas da música brasileira.

9 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Neta de Dorival Caymmi (1914 - 2008), a jornalista Stella Caymmi já tinha reconstituído a trajetória do avô na biografia Caymmi - O Mar e o Tempo (Editora 34, 2001). Neste segundo livro sobre a obra do compositor, Stella dá boa contribuição à bibliografia do artista ao defender a tese interessante de que a obra de Caymmi foi bem recebida de imediato pelos bossa-novistas pelo fato de já antecipar a modernidade e as conquistas harmônicas que seriam oficializadas na música brasileira a partir de 1958 com a gravação de Chega de Saudade por João Gilberto. Caymmi e a Bossa Nova, a propósito, é livro baseado na dissertação O Portador Inesperado - A Obra de Dorival Caymmi (1938 - 1958), defendida pela autora em 1958. A abordagem é original e interessante, ainda que - para o público em geral - o livro tenha páginas de difícil assimilação, já que nem sempre a autora consegue se livrar da linguagem acadêmica. Sobretudo quando apresenta os cânones da Estética da Recepção, teoria literária surgida na Alemanha em 1967. É através dessa Estética da Recepção que Stella mostra como a percepção da obra de Caymmi foi alterada a partir do surgimento da Bossa Nova. Antes, no período que vai de 1938 a 1958, os críticos tendiam a enquadrar o cancioneiro de Caymmi em rótulos regionais e, não raro, a carimbavam com a pecha de folclórica. A partir de 1958, com as conquistas advindas com a bossa hoje cinqüentenária, esse mesmo cancioneiro é (mais bem) compreendido em toda sua antecipadora modernidade e intuitiva sofisticação. Moral da tese defendida pela autora: a onda da Bossa Nova também se ergueu no mar de Dorival Caymmi. Por isso, ele foi bem recebido pela turma que renegou outros compositores projetados nos anos 30 - como Noel Rosa (1910 - 1937). Enfim, um olhar com bossa sobre uma obra que vai sobreviver ao tempo e às ondas da música brasileira.

11 de setembro de 2008 às 19:58  
Anonymous Anônimo said...

mauro,

acredito que a data que vc cita, 1958, como sendo a da dissertação da autora pode está errada. como é filha da nana, em 1958 não daria para já está se formando em jornalismo. se eu estiver errada, desculpe-me.

11 de setembro de 2008 às 21:16  
Anonymous Anônimo said...

Bom dia Mauro,
acho que tem um erro nas datas, não?
"O Portador Inesperado - A Obra de Dorival Caymmi (1938 - 1958), defendida pela autora em 1958."
Tudo de bom
Humberto

12 de setembro de 2008 às 06:00  
Blogger Mauro Ferreira said...

Grato Humberto e anônima das 21h:16m por detectar o erro na data, que, claro, estava errada mesmo. Abraços.

12 de setembro de 2008 às 08:11  
Anonymous Anônimo said...

Não entendi, e o cd???? Não está escrito "Resenha de cd"??????
vlw, Mauro....

12 de setembro de 2008 às 09:04  
Anonymous Anônimo said...

O pessoal da Bossa rejeitou Noel? Isso para mim é uma novidade curiosa.

12 de setembro de 2008 às 10:07  
Anonymous Anônimo said...

o pessoal da bossa rejeitou muita gente. se achavam os maiores e melhores. maior panelinha reservada para poucos. e o rei da cocada preta era o Ronaldo Boscoli. é só ler o livro dele prá sentir a arrogância. leitura obrigatória neste ano de 50 anos de bossa nova que espero acabe em dezembro. arff..........

12 de setembro de 2008 às 11:13  
Anonymous Anônimo said...

Luc.
Para mim também é estranha essa suposta rejeição da bossa nova a Noel. Ouvindo-se João Gilberto pode-se concluir o contrário.

12 de setembro de 2008 às 12:05  
Anonymous Anônimo said...

Talvez Noel tenha sido rejeitado no início da Bossa Nova, como contraponto negativo do tipo de música que o movimento quis produzir. Talvez... Mas muitas pessoas ligadas à Bossa Nova - como João Gilberto, Tom Jobim e Carlos Lyra - acabaram gravando Noel.

Agora, faltaria estudar a importância das melodias de Vadico para a Bossa Nova.

12 de setembro de 2008 às 12:10  

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