31 de agosto de 2008

'Os Desafinados' evoca fino da bossa no cinema

Resenha de filme
Título: Os Desafinados
Direção: Walter
Lima Jr.
Elenco: Rodrigo
Santoro, Cláudia
Abreu, Selton Mello,
Ângelo Paes Leme, Jair
Oliveira, André Moraes
e Alessandra Negrini
Cotação: * * * *

Em agosto do ano dourado de 1958, a edição via Odeon do compacto com a seminal gravação da música Chega de Saudade, na voz e na tal batida diferente do violão de João Gilberto, revolucionou a cena musical brasileira e abriu os ouvidos de (muitos) jovens que se iniciavam no ofício de tocar um instrumento. Uns alcançaram o sucesso. Outros ficaram no meio do caminho e ainda foram engolidos na poeira do regime militar que tolheu a liberdade de expressão. Inclusive a musical. É desse segundo grupo que trata Os Desafinados, o afinadíssimo filme de Walter Lima Jr. que entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 29 de agosto de 2008 - 50 anos depois da revolução causada pelo compacto de João. Contada em retrospectiva, a ação principal se situa nos anos 60, ,mais especificamente em 1962, ano do controvertido show do Carnegie Hall (Nova York, EUA) que ajudaria a expandir a bossa em terras norte-americanas. Um quarteto de músicos afinados com a modernidade de João - Quim (piano, Rodrigo Santoro), Davi (sax, Ângelo Paes Leme), PC (bateria, André Moraes) e Geraldo (baixo, Jair Oliveira) - tenta o passaporte para tocar no célebre concerto. Mas não consegue participar do show e nem ao menos entrar no Carnegie Hall. A partir daí, o diretor desenvolve - com a leveza típica da bossa - uma trama sensível que não pesa nem quando o foco recai sobre o triângulo amoroso que situa Quim entre a cantora Glória Baker (Cláudia Abreu, luminosa no papel em que foi dublada por Branca Lima, filha do diretor, nas cenas em que canta) e a esposa Luiza (Alessandra Negrini). Muito da leveza vem do humor das falas de Dico (Selton Mello), o cineasta amigo do quarteto de Niterói (RJ) que registra as aventuras do grupo pelas ruas de Nova York e pela boate Manolo's, em Copacabana. No todo, Os Desafinados é o fino da bossa no cinema. Walter Lima Jr. foca em ritmo bem suave um período pouco explorado na trajetória do movimento sob a direção musical de Wagner Tiso. A música está no centro e no comando da ação deste filme de clima poético e nostálgico. O elenco afinado dá credibilidade a personagens fictícios de uma época real, pontuada pela explosão da bossa hoje cinqüentenária no mundo. Nem a tinta política que escurece a trama na parte final altera o tom delicado deste filme que expõe toda a beleza do amor, do sorriso e da flor num tempo de magia e crença num sonho que logo iria acabar. Ficou a Bossa...

11 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Em agosto do ano dourado de 1958, a edição via Odeon do compacto com a seminal gravação da música Chega de Saudade, na voz e na tal batida diferente do violão de João Gilberto, revolucionou a cena musical brasileira e abriu os ouvidos de (muitos) jovens que se iniciavam no ofício de tocar um instrumento. Uns alcançaram o sucesso. Outros ficaram no meio do caminho e ainda foram engolidos na poeira do regime militar que tolheu a liberdade de expressão. Inclusive a musical. É desse segundo grupo que trata Os Desafinados, o afinadíssimo filme de Walter Lima Jr. que entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 29 de agosto de 2008 - 50 anos depois da revolução causada pelo compacto de João. Contada em retrospectiva, a ação principal se situa nos anos 60, ,mais especificamente em 1962, ano do controvertido show do Carnegie Hall (Nova York, EUA) que ajudaria a expandir a bossa em terras norte-americanas. Um quarteto de músicos afinados com a modernidade de João - Quim (piano, Rodrigo Santoro), Davi (sax, Ângelo Paes Leme), PC (bateria, André Moraes) e Geraldo (baixo, Jair Oliveira) - tenta o passaporte para tocar no célebre concerto. Mas não consegue participar do show e nem ao menos entrar no Carnegie Hall. A partir daí, o diretor desenvolve - com a leveza típica da bossa - uma trama sensível que não pesa nem quando o foco recai sobre o triângulo amoroso que situa Quim entre a cantora Glória Baker (Cláudia Abreu, luminosa no papel em que foi dublada por Branca Lima, filha do diretor, nas cenas em que canta) e a esposa Luiza (Alessandra Negrini). Muito da leveza vem do humor das falas de Dico (Selton Mello), o cineasta amigo do quarteto de Niterói (RJ) que registra as aventuras do grupo pelas ruas de Nova York e pela boate Manolo's, em Copacabana. No todo, Os Desafinados é o fino da bossa no cinema. Walter Lima Jr. foca em ritmo bem suave um período pouco explorado na trajetória do movimento sob a direção musical de Wagner Tiso. A música está no centro e no comando da ação deste filme de clima poético e nostálgico. O elenco afinado dá credibilidade a personagens fictícios de uma época real, pontuada pela explosão da bossa hoje cinqüentenária no mundo. Nem a tinta política que escurece a trama na parte final altera o tom delicado deste filme que expõe toda a beleza do amor, do sorriso e da flor num tempo de magia e crença num sonho que logo iria acabar. Ficou a Bossa...

31 de agosto de 2008 às 20:17  
Anonymous Anônimo said...

Discordo do Mauro. O filme é longo, arrastado, com quase 3 horas desnecessárias. Poderia ter sido contado em 1:30 sem perder em nada o conteúdo. Começa lento demais e, quando se pensa que o filme vai engrenar, não engrena. Não é um filme ruim, mas para ser "o fino da bossa" ainda lhe falta muito.

31 de agosto de 2008 às 20:17  
Anonymous Anônimo said...

O filme é muuuuuuuuito chato. Super arrastado. Teve gente que saiu no meio. A MPB e a Bossa Nova não mereciam um filme assim!!!

31 de agosto de 2008 às 21:23  
Anonymous Anônimo said...

pergunta:"controvertido show do Carnegie Hall(Nova York,EUA)".O que aconteceu.Sei da importância e relevância desse show,mas o que foi que aconteceu?

31 de agosto de 2008 às 22:12  
Anonymous Anônimo said...

3 horas??? pelo que vi tem 2 horas e 8 minutos... olha a leviandade nos comentários.

1 de setembro de 2008 às 01:29  
Anonymous Anônimo said...

Mauro,

Discordo da sua resenha.

Achei o filme muito chato, superficial e longo demais. O roteiro é falho. Os diálogos são fracos. As interpretações são medianas, novelescas. Há um excesso de subtramas.

Ao fim, ficou a impressão de o filme não disse a que veio: nem fala direito da Bossa Nova, nem fala direito da evolução musical no Brasil pré e pós ditadura, nem fala direito da luta dos artistas contra a censura durante a ditadura...

Eu saí do cinema decepcionado, pois a idéia original era fantástica. Eu dou duas estrelas e olhe lá...

Mas é só a minha opinião.

abração,
Denilson

1 de setembro de 2008 às 13:56  
Anonymous Anônimo said...

Dublada como? Ela não sabe cantar e foi dublada? no caso Cláudia Abreu????

1 de setembro de 2008 às 15:01  
Anonymous Anônimo said...

E esses " 50 anos da Bossa Nova " que não passam meu Deus !!!

1 de setembro de 2008 às 15:25  
Anonymous Anônimo said...

O filme é patético!!! Cheio de falhas na pesquisa histórica, nenhum cuidado com o figurino nem com a ambientação da época. Onde já se viu servirem comida embalada em plástico nos vôos da Panair? E que bermuda é aquela do Selton Mello? Sem falar na referência ao pianista Tenório Jr desaparecido em Buenos Aires. Nem uma referencia no final " in memorian". Quem não sabe o que se passou, continua sem saber. E que trilha sonora?? E que dublagem da Claudia Abreu? E o Santoro no final, com cara de débil mental tocando piano? Ridículo!! Sete milhões gastos inutilmente num filme oportunista. Sem bossa, sem nada. Apenas falta de talento. geral.

7 de setembro de 2008 às 18:58  
Anonymous Anônimo said...

Em minha opinião, o filme trata a bossa nova e nossa história recente com seriedade e discrição. Trilha sonora e elenco dão um show de competência. Claro, há quem prefira pancadaria e efeitos especiais. Mas, felizmente, há gosto pra tudo, e há a sensibilidade de Walter Lima Jr.

Vera Mallard

17 de setembro de 2008 às 17:18  
Anonymous Anônimo said...

Uma das "controvésias" foi a do Sérgio Mendes (menino levado!) que estava fazendo xixi na rua e o Oscar Castro Neves é que foi enquadrado, aí o Carlos Lira foi ajudar mas só piorou tudo, foi detido também. Do Rio, o Mariozinho de Oliveira estava no Sacha's com o Agildo Ribeiro, Marie-Jeanne (irmã da Brigitte Bardot) e o Paulinho Pompeu que telefonou para polícia de lá se passando pelo pai do Carlinhos Lira para liberar os dois e conseguiu desfazer o mal entendido. Depois disso o Oscar ficou meio chateado com o Sérgio Mendes.

4 de outubro de 2009 às 14:39  

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