30 de agosto de 2008

Marisa, Teresa e Diogo na noite linda da Portela

Resenha de show
Título: Velha Guarda da Portela e Convidados
Artista: Velha Guarda da Portela - com Marisa Monte,
Teresa Cristina e Diogo Nogueira
Local: Circo Voador (RJ)
Data: 30 de agosto de 2008
Cotação: * * * * 1/2

Foi uma noite linda - como bem definiu Marisa Monte após cantar Volta meu Amor (Manacéa e Áurea Maria) com a Velha Guarda da Portela no palco do Circo Voador, na Lapa, um dos redutos cariocas de culto ao samba. Idealizado para promover a estréia nos cinemas do documentário O Mistério do Samba, que desvenda a a poesia dos bambas da tradicional escola de samba, o show que junta Marisa, Teresa Cristina e Diogo Nogueira ao grupo chegou ao Rio de Janeiro após encantar São Paulo. Aos primeiros minutos deste sábado, 30 de agosto de 2008, cenas do filme começaram a ser exibidas no telão posicionado atrás do picadeiro do Circo Voador ao som de Nascer e Florescer (Manacéa). Na seqüência, já no palco, a Velha Guarda da Portela abriu o show com Vivo Isolado do Mundo (Alcides Dias Lopes) e o que se viu e ouviu, dali em diante, foi uma apoteose do samba mais nobre, cantado a plenos pulmões pelo público jovem que hiperlotou o Circo e que chegou a emocionar Teresa Cristina pela devoção ao repertório de compositores que criaram suas obras no anonimato.
Debilitado, ainda se recuperando de problemas de saúde, Monarco se apresentou sentado e deixou o comando da primeira parte do show na voz de seu filho, Mauro Diniz. Foi quando uma reciclada Velha Guarda sacudiu o Circo com os sambas Tudo Menos Amor (Monarco e Walter Rosa) e Nega Danada (Que Mulher) (Chatim) - este emendado com Ouço uma Voz (Candeia e Nelson Amorim). O público estava ali para reverenciar compositores e ritmistas como David do Pandeiro, Casemiro da Cuíca, Marquinhos do Pandeiro, Edir da Portela e Serginho Procópio, que recentemente assumiu o posto de cavaquinista no grupo. Sem falar em Casquinha, que - também sentado, ao lado de Monarco - cantou trechos de Recado, a parceria que fez com Paulinho da Viola nos anos 60, e de A Chuva Cai, o samba que compôs com Argemiro Patrocínio (1923 - 2003) e que ficou conhecido no Brasil pela voz (sempre) antenada de Beth Carvalho.
Havia uma magia na noite que disfarçou o tom menos empolgante de números como Você me Abandonou (Alberto Lonato) e Sentimentos (Mijinha). Assim como a ligeira desafinação de Diogo Nogueira em seus cinco números individuais. O portelense Diogo estava à vontade, em casa, e eletrizou o Circo Voador ao reviver sambas irresistíveis como Corri pra Ver (Chico Santana, Monarco e Casquinha), Lenço (Francisco Santana e Monarco), Coração em Desalinho (Mauro Diniz e Ratinho), Vai Vadiar (Monarco e Alcino Corrêa). Raras vezes, o jovem cantor mostrou tanta segurança ao incursionar por repertório alheio. Na presença de um dos autores.
A propósito, Monarco é o compositor de boa parte dos sambas apresentados naquela noite feliz. E, também por isso, foi saudado por uma emocionada Teresa Cristina logo após a apresentação de Quantas Lágrimas (Manacéa) e teve seu nome repetido em coro pela juventude que se esprimia na platéia do Circo. Embora nem sempre primasse pela técnica exemplar, a cantora manteve o pique do show ao cantar sambas como Minha Vontade (Chatim), Gorjear da Passarada (Argemiro e Casquinha), Sabiá Cantador (Alvarenga) e o altíssimo partido A Paz do Coração (Candeia e Cabana). Sua participação foi tão bonita que o público começou a gritar seu nome. "Teresa! Teresa!", repetia o público, fazendo a artista se emocionar novamente. "Eu vou chorar", avisou Teresa...
A presença elegante e luminosa de Marisa Monte - grávida de seis meses - acentuou a magia da noite, iniciando seu set com Volta meu Amor (Manacéa e Áurea Maria). Após uma apoteótica Dança da Solidão (Paulinho da Viola), a cantora entoou samba inédito em sua voz, Sofrimento de Quem Ama (Alberto Lonato), e reviveu Esta Melodia, da forma como havia gravado este belo samba de Jamelão (1913 - 2008) e Budu da Portela no álbum Cor-de-Rosa e Carvão (1994). No bis, Marisa apresentou outro samba de Manacéa, Volta, abrindo caminho para Foi um Rio que Passou em Minha Vida (o samba de Paulinho da Viola que o público já cantara sozinho antes do bis), já com Diogo Nogueira e Teresa Cristina de volta ao palco. Enfim, um show memorável, pontuado por trechos do documentário sobre a Velha Guarda da Portela que chegou, enfim, aos cinemas, viabilizado pelo projeto Natura Musical. Como um rio, a história majestosa da Portela passou pelo Circo através de 23 sambas que guardam mistério em sua nobreza.

12 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Foi uma noite linda - como bem definiu Marisa Monte após cantar Volta meu Amor (Manacéa e Áurea Maria) com a Velha Guarda da Portela no palco do Circo Voador, na Lapa, um dos redutos cariocas de culto ao samba. Idealizado para promover a estréia nos cinemas do documentário O Mistério do Samba, que desvenda a a poesia dos bambas da tradicional escola de samba, o show que junta Marisa, Teresa Cristina e Diogo Nogueira chegou ao Rio de Janeiro depois de passar por São Paulo. Aos primeiros minutos deste sábado, 30 de agosto de 2008, cenas do filme começaram a ser exibidas no telão posicionado atrás do picadeiro do Circo Voador ao som de Nascer e Florescer (Manacéa). Na seqüência, já no palco, a Velha Guarda da Portela abriu o show com Vivo Isolado do Mundo (Alcides Dias Lopes) e o que se viu e ouviu, dali em diante, foi uma apoteose do samba mais nobre, cantado a plenos pulmões pelo público jovem que hiperlotou o Circo e que chegou a emocionar Teresa Cristina pela devoção ao repertório de compositores que criaram suas obras no anonimato.
Debilitado, ainda se recuperando de problemas de saúde, Monarco se apresentou sentado e deixou o comando da primeira parte do show na voz de seu filho, Mauro Diniz. Foi quando uma reciclada Velha Guarda sacudiu o Circo com os sambas Tudo Menos Amor (Monarco e Walter Rosa) e Nega Danada (Que Mulher) (Chatim) - este emendado com Ouço uma Voz (Candeia e Nelson Amorim). O público estava ali para reverenciar compositores e ritmistas como David do Pandeiro, Casemiro da Cuíca, Marquinhos do Pandeiro, Edir da Portela e Serginho Procópio, que recentemente assumiu o posto de cavaquinista no grupo. Sem falar em Casquinha, que - também sentado, ao lado de Monarco - cantou trechos de Recado, a parceria que fez com Paulinho da Viola nos anos 60, e de A Chuva Cai, o samba que compôs com Argemiro Patrocínio (1923 - 2003) e que ficou conhecido no Brasil pela voz (sempre) antenada de Beth Carvalho.
Havia uma magia na noite que disfarçou o tom menos empolgante de números como Você me Abandonou (Alberto Lonato) e Sentimentos (Mijinha). Assim como a ligeira desafinação de Diogo Nogueira em seus cinco números individuais. O portelense Diogo estava à vontade, em casa, e eletrizou o Circo Voador ao reviver sambas irresistíveis como Corri pra Ver (Chico Santana, Monarco e Casquinha), Lenço (Francisco Santana e Monarco), Coração em Desalinho (Monarco e Ratinho), Vai Vadiar (Monarco e Alcino Corrêa). Raras vezes, o jovem cantor mostrou tanta segurança ao incursionar por repertório alheio. Na presença de um dos autores.
A propósito, Monarco é o compositor de boa parte dos sambas apresentados naquela noite feliz. E, também por isso, foi saudado por uma emocionada Teresa Cristina logo após a apresentação de Quantas Lágrimas (Manacéa) e teve seu nome repetido em coro pela juventude que se esprimia na platéia do Circo. Embora nem sempre primasse pela técnica exemplar, a cantora manteve o pique do show ao cantar sambas como Minha Vontade (Chatim), Gorjear da Passarada (Argemiro e Casquinha), Sabiá Cantador (Alvarenga) e o altíssimo partido A Paz do Coração (Candeia e Cabana). Sua participação foi tão bonita que o público começou a gritar seu nome. "Teresa! Teresa!", repetia o público, fazendo a artista se emocionar novamente. "Eu vou chorar", avisou Teresa...
A presença elegante e luminosa de Marisa Monte - grávida de seis meses - acentuou a magia da noite, iniciando seu set com Volta meu Amor (Manacéa e Áurea Maria). Após uma apoteótica Dança da Solidão (Paulinho da Viola), a cantora entoou samba inédito em sua voz, Sofrimento de Quem Ama (Alberto Lonato), e reviveu Esta Melodia, da forma como havia gravando este samba de Jamelão (1913 - 2008) e Budu da Portela no álbum Cor-de-Rosa e Carvão (1994). No bis, Marisa apresentou outro samba de Manacéa, Volta, abrindo caminho para Foi um Rio que Passou em Minha Vida (o samba de Paulinho da Viola que o público já cantara sozinho antes do bis), já com Diogo Nogueira e Teresa Cristina de volta ao palco. Enfim, um show memorável, pontuado por trechos do documentário sobre a Velha Guarda da Portela que chegou, enfim, aos cinemas, viabilizado pelo projeto Natura Musical. Como um Rio, a história majestosa da Portela passou pelo Circo através de 23 sambas que guardam mistério em sua nobreza.

30 de agosto de 2008 às 16:39  
Anonymous Anônimo said...

Não entendi: Diogo desafinava e raras vezes mostrou tanta segurança?

30 de agosto de 2008 às 16:43  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, sem querer ser chato, mas acho que quando vc escrve:
"...da forma como havia gravando..." - talvez seja GRAVADO.

E acho que a frase em que vc cita Beth Carvalho, ficaria melhor assim:

"...que ficou conhecido no Brasil pela voz da sempre antenada Beth Carvalho..."

Apenas duas sugestões.

Glauber 97

30 de agosto de 2008 às 18:45  
Anonymous Anônimo said...

Putzzzz, que inveja!!!
Conheço todos os sambas citados, deve ter sido mesmo uma belezura.

PS: Poucas coisas são mais bonitas na música do que Marisa Monte cantando "Dança da Solidão".

Jose Henrique

31 de agosto de 2008 às 00:20  
Anonymous Anônimo said...

Tamb�m n�o entendi as opini�es emitidas sobre a performance de Diogo Nogueira. � percept�vel que Mauro n�o aprecia o canto e as apresenta�es do artista. Teria o dono do blog entrado em contradi�o apenas para n�o macular um espet�culo que contou com a presen�a elegante e iluminada da sua querida Marisa Monte?

31 de agosto de 2008 às 09:56  
Anonymous Anônimo said...

rosembeg

é muito bom e emocionante saber que os nossos talentosos velhinhos da portela estão, finalmente, ocupando um lugar de destaque na musica popular brasileira.
infelizmente nesse pais, só o talento não basta, e é por isso que eu, humildemente, gostaria de agradecer a todos que viabilizaram esse projeto. tomara que as outras velha guardas tambem sejam brindadas com esse tipo de iniciativa.
é a nossa cultura, motivo de orgulho para todos nós cariocas e brasileiros.

memoria_pele@hotmail.com

31 de agosto de 2008 às 11:44  
Anonymous Anônimo said...

Só chorando de soluçar, para expressar toda a minha emoção com este maravilhoso show. Obrigado querida PORTELA.

João Paulo

31 de agosto de 2008 às 12:01  
Blogger tavares said...

O show foi excelente, sou fãzasso de Marisa, mas o que ficou na minha memória foi Teresa Cristina. Seu canto profundamente emocionado me marcou profundamente, mais ainda que Marisa Monte

31 de agosto de 2008 às 14:55  
Anonymous Anônimo said...

Não tenho a menor paciência pra Velha Guarda da Portela ou de outra escola qq!!!!

31 de agosto de 2008 às 21:25  
Blogger Unknown said...

Show lindo !! Velha Guarda como sempre iluminando uma noite maravilhosa !!!

Henrique Pinto .

1 de setembro de 2008 às 01:03  
Anonymous Anônimo said...

Facílimo entender. Nana caymmi e Maria Bethânia dão grandes desafinadas sem jamais perder a segurança. Diogo deu leves desafinadas, mas mesmo assim esteve seguro cantando repertório alheio. Fácil.

Adoraria ter visto essas duas deusas dividindo o palco. Marisa Monte é a artista mais importante da MPB pós anos 90, foi a presença dela que propiciou o interesse do público por quase tudo de bacanada que surgiu na MPB nos últimos 20 anos. E Tersa Cristina é uma cantora maravilhosa. Com aquele jeito de moça tímida, ela, cada dia mais, mostra que é uma grande cantora.

2 de setembro de 2008 às 13:19  
Anonymous Anônimo said...

Concordo, foi Marisa Monte que atraiu 3 mil pessoas no Circo Voador ( Não que Teresa e a Velha Guarda não mereçam atenção do grande publico !)

PS > Senti falta de Paulinho da Viola e Zeca Pagodinho no palco

3 de setembro de 2008 às 08:50  

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