25 de agosto de 2008

Com seu violão, João faz bela sinfonia para Rio

Munido apenas de seu revolucionário violão, João Gilberto fez terna sinfonia para o Rio de Janeiro - a cidade na qual gerou sua bossa sempre nova - no show que marcou sua histórica volta aos palcos cariocas, das 21h54m às 23h38m da noite de domingo, 24 de agosto de 2008, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ). Aliás, três temas da Sinfonia do Rio de Janeiro composta por Tom Jobim (1927 - 1994) e Billy Blanco em 1954 - Abertura, Hino ao Sol e O Mar - foram as surpresas de um roteiro que reverenciou a cidade e o samba. Ao sair de cena, ovacionado, João (em foto de Beti Niemeyer) deixou uma sensação de plenitude na privilegiada platéia que testemunhou a coerência e a Arte de um artista único.

Antes da plenitude, houve a ansiedade. Diante de uma platéia tensa (qualquer tosse, ruído ou luz era motivo para psius e até para pequenas discussões), o cantor apresentou 31 números - incluindo às duas repetições de Chega de Saudade - em roteiro sintomaticamente aberto com três sambas de Dorival Caymmi (1914 - 2008). Recorrente no repertório de João desde seu primeiro álbum, o cancioneiro de Caymmi ainda renderia um quarto número, Você Não Sabe Amar, apresentado no longo e descontraído bis, quando, após saudar o grupo vocal Os Cariocas, João - já falante - disse que tinha ouvido um "sussurrinho" durante Chega de Saudade e que havia gostado, pedindo então que o público voltasse a cantar com ele. João, então, tocou novamente a música que detonou a explosão da bossa, há 50 anos, mas se limitou a fazer uns vocais no final, deixando que o público cantasse sozinho a música de Tom Jobim e Vinicius de Moraes (1913 - 1980). Um momento histórico! "Não quero mais ir embora", confessou João, aplaudindo o público depois de um terceiro take de Chega de Saudade, em que ele voltou a cantar o tema. Eis o roteiro da apresentação feita por João Gilberto no Theatro Municipal do Rio de Janeiro dentro do ciclo de eventos Itaúbrasil - idealizado para reverenciar os 50 anos da Bossa Nova:
1. Você Já Foi à Bahia? (Dorival Caymmi)
2. Doralice (Dorival Caymmi e Antonio Almeida)
3. Rosa Morena (Dorival Caymmi)
4. 13 de Ouro (Herivelto Martins e Marino Pinto)
5. Meditação (Tom Jobim e Newton Mendonça)
6. Preconceito (Wilson Batista e Marino Pinto)
7. Samba do Avião (Tom Jobim)
8. Sinfonia do Rio de Janeiro (Tom Jobim e Billy Blanco)
(Abertura / Hino ao Sol / O Mar)
9. Lígia (Tom Jobim e Chico Buarque)
10. Caminhos Cruzados (Tom Jobim e Newton Mendonça)
11. Não Vou pra Casa (Antonio Almeida e Roberto Riberti)
12. Disse Alguém (All of me) (Gerald Marks e Seymour Simons)
13. Corcovado (Tom Jobim)
14. Chove Lá Fora (Tito Madi)
15. O Nosso Olhar (Sérgio Ricardo)
16. Wave (Tom Jobim)
17. De Conversa em Conversa (Haroldo Barbosa e Lúcio Alves)
18. Desafinado (Tom Jobim e Newton Mendonça)
19. Estate (Bruno Martino e Bruno Brighetti)
20. Isto Aqui o que É (Ary Barroso)
Bis:
21. Aos Pés da Cruz (Marino Pinto e Zé da Zilda)
22. Da Cor do Pecado (Bororó)
23. Retrato em Branco e Preto (Tom Jobim e Chico Buarque)
24. Você Não Sabe Amar (Dorival Caymmi e Carlos Guinle)
25. Tim-Tim por Tim-Tim (Haroldo Barbosa e Geraldo Jaques)
26. Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
27. Improviso - música do repertório do grupo Os Cariocas
28. Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
29. Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
30. Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
31. O Pato (Jayme Silva e Neusa Teixeira)

9 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Munido apenas de seu revolucionário violão, João Gilberto fez terna sinfonia para o Rio de Janeiro - a cidade na qual gerou sua bossa sempre nova - no show que marcou sua histórica volta aos palcos cariocas, das 21h54m às 23h38m da noite de domingo, 24 de agosto de 2008, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ). Aliás, três temas da Sinfonia do Rio de Janeiro composta por Tom Jobim (1927 - 1994) e Billy Blanco em 1954 - Abertura, Hino ao Sol e O Mar - foram as surpresas de um roteiro que reverenciou a cidade e o samba. Ao sair de cena, ovacionado, João (em foto de Beti Niemeyer) deixou uma sensação de plenitude na privilegiada platéia que testemunhou a coerência e a Arte de um artista único.

Antes da plenitude, houve a ansiedade. Diante de uma platéia tensa (qualquer tosse, ruído ou luz era motivo para psius e até para pequenas discussões), o cantor apresentou 31 números - incluindo às duas repetições de Chega de Saudade - em roteiro sintomaticamente aberto com três sambas de Dorival Caymmi (1914 - 2008). Recorrente no repertório de João desde seu primeiro álbum, o cancioneiro de Caymmi ainda renderia um quarto número, Você Não Sabe Amar, apresentado no longo e descontraído bis, quando, após saudar o grupo vocal Os Cariocas, João - já falante - disse que tinha ouvido um "sussurrinho" durante Chega de Saudade e que havia gostado, pedindo então que o público voltasse a cantar com ele. João, então, tocou novamente a música que detonou a explosão da bossa, há 50 anos, mas se limitou a fazer uns vocais no final, deixando que o público cantasse sozinho a música de Tom Jobim e Vinicius de Moraes (1913 - 1980). Um momento histórico! "Não quero mais ir embora", confessou João, aplaudindo o público depois de um terceiro take de Chega de Saudade, em que ele voltou a cantar o tema. Eis o roteiro da apresentação feita por João Gilberto no Theatro Municipal do Rio de Janeiro dentro do ciclo de eventos Itaúbrasil - idealizado para reverenciar os 50 anos da Bossa Nova:

1. Você Já Foi à Bahia? (Dorival Caymmi)
2. Doralice (Dorival Caymmi e Antonio Almeida)
3. Rosa Morena (Dorival Caymmi)
4. 13 de Ouro (Herivelto Martins e Marino Pinto)
5. Meditação (Tom Jobim e Newton Mendonça)
6. Preconceito (Wilson Batista e Marino Pinto)
7. Samba do Avião (Tom Jobim)
8. Sinfonia do Rio de Janeiro (Tom Jobim e Billy Blanco)
(Abertura / Hino ao Sol / O Mar)
9. Lígia (Tom Jobim e Chico Buarque)
10. Caminhos Cruzados (Tom Jobim e Newton Mendonça)
11. Não Vou pra Casa (Antonio Almeida e Roberto Riberti)
12. Disse Alguém (All of me) (Gerald Marks e Seymour Simons)
13. Corcovado (Tom Jobim)
14. Chove Lá Fora (Tito Madi)
15. O Nosso Olhar (Sérgio Ricardo)
16. Wave (Tom Jobim)
17. De Conversa em Conversa (Haroldo Barbosa e Lúcio Alves)
18. Desafinado (Tom Jobim e Newton Mendonça)
19. Estate (Bruno Martino e Bruno Brighetti)
20. Isto Aqui o que É (Ary Barroso)
Bis:
21. Aos Pés da Cruz (Marino Pinto e Zé da Zilda)
22. Da Cor do Pecado (Bororó)
23. Retrato em Branco e Preto (Tom Jobim e Chico Buarque)
24. Você Não Sabe Amar (Dorival Caymmi e Carlos Guinle)
25. Tin Tin por Tin Tin (Haroldo Barbosa e Geraldo Jaques)
26. Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
27. Improviso - música do repertório do grupo Os Cariocas
28. Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
29. Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
30. Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
31. O Pato (Jayme Silva e Neusa Teixeira)

25 de agosto de 2008 às 10:13  
Anonymous Anônimo said...

Ligia não seria de autoria apenas de Tom, gravada por Chico? Pelo menos é o que consta nos cds que tenho de Chico aqui.

25 de agosto de 2008 às 11:06  
Anonymous Anônimo said...

Show do João é como os de Jorge Benjor e Lulu Santos. O mesmo repertório há anos ... mas gostei do inicio com canções de Caymmi. Tiraria DORALICE e colocaria REQUEBRE QUE EU DOU UM DOCE e JOÃO VALENTÃO ...

25 de agosto de 2008 às 13:51  
Anonymous Anônimo said...

3 vezes Chega de Saudade é de lascar! Acho que não precisa disso.

25 de agosto de 2008 às 14:06  
Anonymous Anônimo said...

Pois é: no peito de um metódico também bate um coração...

Talvez só isso tenha feito do show carioca melhor que o paulista.

Felipe dos Santos Souza

25 de agosto de 2008 às 16:26  
Anonymous Anônimo said...

Repertório esplêndido.

25 de agosto de 2008 às 19:54  
Anonymous Anônimo said...

Ao notar que o mais jovem compositor é (um tal de... ) Chico Buarque, perecebo um ranço tradicionalista no repertório ...

26 de agosto de 2008 às 11:00  
Anonymous Anônimo said...

Muita gente acha que as letras de "Ligia" e "Luiza" são do Chico Buarque e não são. Tom Jobim nunca recebeu crédito suficiente por ter sido um grande letrista.

26 de agosto de 2008 às 16:54  
Anonymous Anônimo said...

A Bossa Nova não evoluiu lá muita coisa. Se tivesse evoluido, veríamos toneladas (é força de expressão) de discos com COMPOSIÇÕES NOVAS. Porém, o que mais se vê / ouve são regravações de um repertório limidado a umas 50 músicas.

27 de agosto de 2008 às 11:44  

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