27 de abril de 2008

Vercillo persegue no palco a renovação do disco

Resenha de show
Título: Todos Nós
Somos Um
Artista: Jorge
Vercillo
Local: Canecão (RJ)
Data: 26 de abril
de 2008
Cotação: * * * 1/2

Jorge Vercillo persegue em seu show Todos Nós Somos Um a arejada renovação esboçada no disco homônimo editado em novembro de 2007. A intenção de consolidar no palco essa renovação ficou nítida na estréia nacional do espetáculo, feita para um Canecão absolutamente lotado. Mesmo os hits inevitáveis, como Que Nem Maré, apresentado no bis, exibiram algum toque novo - no caso, o sopro de Jessé Sadoc. Sem frustrar seu público, Vercillo (em foto de Washington Possato) sinalizou evolução em cena, ignorando a cartilha do sucesso fácil.
A densidade brasileira do álbum se dilui em roteiro que procura evidenciar outros tons do intérprete. "O palco é o mundo do artista. Bem-vindos ao meu mundo", filosofou Vercillo antes de apresentar a valsa Luiza, de Tom Jobim, numa cadência próxima do reggae, marcada pelo baixo pulsante de André Neiva. A releitura não surtiu o efeito que obteve, por exemplo, o arranjo de textura progressiva idealizado para Fênix, uma das mais belas canções do artista, feita em parceria com Flávio Venturini. O número recebeu merecidos aplausos antes do fim e possibilitou ao iluminador Maneco Quinderé criar mais um esplendoroso jogo de luzes. A luz de Quinderé, aliás, salta aos olhos desde o começo do show, preenchendo o palco, realçando o tom das músicas (Numa Corrente de Verão, por exemplo, ganha iluminação solar) e os cenários do artista plástico Raul Mourão, mais bem-sucedido na criação da trama metálica de 250 m2 que emoldura o artista a partir do dispensável hit Homem Aranha - rebobinado com arranjo mais suingante do que o original - do que nos dois painéis digitais exibidos na parte final do show. Enfim, a produção é legal.
A plasticidade elegante do espetáculo traduz a intenção do artista de buscar a renovação necessária para que sua música e seu canto não sejam banalizados na roda-viva do mercado. E Vercillo surpreende em cena. Seja batendo uma desajeitada bola no compasso do Xote do Polytheama. Seja entoando Tenderly - um standard do jazz de 1946 , composto por Walter Lloyd Gross e Jack Lawrence - com os acordes minimalistas da guitarra de Vinícius Rosa. Seja improvisando, tal como um repentista nordestino, no toque da capoeira de Camafeu Guerreiro, uma das melhores músicas do CD Todos Nós Somos Um. Vercillo abre uma roda de capoeira e convida os músicos da banda a cantar de improviso músicas de ritmo marcado pela platéia na palma das mãos. Entram na roda sucessos como o xote Eu Só Quero um Xodó e os sambas Todo Menino É um Rei e Alguém me Avisou - além da balada Epitáfio, totalmente deslocada... Mas não tão destoante quanto a inclusão de O Tempo Não Pára (Cazuza e Arnaldo Brandão, 1988). Os versos politizados de Cazuza perderam o sentido num set em que a proposta primordial era convidar o público a dançar. Era a "hora da catarse", como caracterizou Vercillo logo depois de cantar (acompanhado pelo forte e espontâneo coro do público) Encontro das Águas, outra das canções mais belas do repertório do artista. Pena que, ao ser incluído neste bloco mais dançante, a letra humanista do pop rock Todos Nós Somos Um tenha ficado em segundo plano. E o final, feliz, foi com Final Feliz. O trocadilho é justo, pois, embora o roteiro ainda precise de uns ajustes, o show Todos Nós Somos Um confirma a evolução ensaiada no salutar disco que o inspirou.

16 Comments:

Anonymous Anônimo said...

É o tipo do show que não assisto nem se me pagarem...

27 de abril de 2008 às 14:18  
Anonymous Anônimo said...

Estou com o anônimo das 2:18. Já tive que fazer isso uma vez, pra nunca mais...

27 de abril de 2008 às 15:19  
Anonymous Anônimo said...

não sou uma fã de Vercilo mas torço por todo artista que se renova que não faz sempre a mesma música, o mesmo show.

27 de abril de 2008 às 16:17  
Anonymous Anônimo said...

"F�nix, uma das mais belas can�es do compositor, feita em parceria com JORGE VERCILO"?! Mauro, n�o seria Fl�vio Venturini a�

27 de abril de 2008 às 16:57  
Anonymous Anônimo said...

Dois alertas, Mauro: o nome do trumpetista citado no texto é grafado "JESSÉ Sadoc", não "Jese", como escrito.

E acho que o trecho "... o arranjo de textura progressiva idealizado para Fênix, uma das mais belas canções do compositor, feita em parceria com Jorge Vercillo" ficou meio confuso, em sua parte final.

Abraços,

Felipe dos Santos Souza

27 de abril de 2008 às 19:43  
Blogger Mauro Ferreira said...

Obrigado anônimo das 4;57 e Felipe pelos toques dos erros, já corrigidos.

27 de abril de 2008 às 21:46  
Anonymous Anônimo said...

Caro Mauro.Me admiro voce nao ter percebido que a inclusão da musica dos Titãs em Camafeu Guerreiro foi totalmente com intenção de parecer deslocada.....

28 de abril de 2008 às 00:38  
Anonymous Anônimo said...

Céus, como ele desafina em 'Ela une o mar ' ...........

28 de abril de 2008 às 10:03  
Anonymous Anônimo said...

Quero mto assisti esse show...
Já amei o cd!!
Vi um vídeo no youtube desse momento " camafeu Guerreiro" tá mto bom!!
me arrepiei!!

Engraçado, sempre quem fala mal escreve anônimo... lamento...

28 de abril de 2008 às 19:52  
Anonymous Anônimo said...

Ele merece toda a credibilidade por ser bom cantor e compositor e principalmente por ter recuado na fórmula do sucesso fácil que fatalmente o colocaria no nível de Ivete e outros.

29 de abril de 2008 às 10:45  
Anonymous Anônimo said...

Puxa Mauro, não sei o que seria do artista brasileiro se não fosse seus comentários maldosos, não??? A respeito do show do Vercillo, se vc fizesse como ele, não teríamos tantos erros para corrigir. O Jorge é um exemplo de que quando o cara tem talento e força de vontade, ele cresce...mesmo tendo alguém como vc puxando sempre o tapete...não gosto do teu estilo, e não vejo em vc vontade de renovação...tente se renovar também, amigo...tente seguir os passos do Jorge. Cresça!

29 de abril de 2008 às 15:43  
Anonymous Anônimo said...

Acho muito produtiva a crítica com embasamento,fundamentação. Mas, decididamente, tem comentários que se superam na mediocridade!!
Falar que Vercilo deafina chega a ser ridículo! Eu como professora de música posso dizer com segurança que Vercilo é um dos cantores mais afinados da atualidade!
O que será que essa pessoa que fez esse infeliz comentário entende como afinação?
É o tipo de crítica tola e descartável
E, por falar em crítica, gostei muito da sua crítica Mauro, você descreveu de forma muito interessante e positiva o show nota 1000 do Vercilo!
beijos

29 de abril de 2008 às 16:38  
Blogger vanessa Rezende said...

Olá Mauro,essa é sua primeira crítica ao meu amado vercillo que gosto!O show foi demais!estive presente os dois dias e tudo,desde de iluminação,cenário e brilhantes interpretações do Jorge estavam perfeitas;jorge como sempre esbanjou simpatia,carisma e um inanarrável talento.

30 de abril de 2008 às 10:05  
Anonymous Anônimo said...

O show está sensacional!...
Os novos arranjos, magníficos!!!...
Sucesso ontem, hoje e sempre...em constante renovação! Este é Jorge Vercillo

30 de abril de 2008 às 21:25  
Anonymous Anônimo said...

Ele no palco é imcomparável. Melhor show que existe!!!

16 de maio de 2008 às 22:14  
Anonymous Anônimo said...

Ele no palco é incomparável. Melhor show que existe!!!

3 de junho de 2008 às 11:07  

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