2 de abril de 2008

Show de Ana é mais sedutor na lente de Carelli

Resenha de CD e DVD
Título: Dois Quartos
Multishow ao Vivo
Artista: Ana Carolina
Gravadora: Armazém
/ Sony BMG
Cotação: * * *

Justiça seja feita: o diretor Rodrigo Carelli - escalado para pilotar a gravação do show Dois Quartos, feita por Ana Carolina em São Paulo (SP) em novembro de 2007 - conseguiu até tornar o show melhor pelas lentes atentas de suas câmeras. A caprichada captação de imagem ameniza a frieza original do espetáculo (dirigido com requinte por Monique Gardenberg) e valoriza sua edição em DVD, mas não tira o foco do principal problema do show: seu roteiro de altos e baixos, calcado num excessivo disco duplo que não conseguiu reeditar nas rádios o êxito dos álbuns anteriores da talentosa cantora e compositora.
Para fãs, e Ana Carolina os têm em larga escala, a edição simultânea do CD e do DVD - produtos inaugurais do selo da artista, Armazém, vinculado à gravadora Sony BMG - propicia também a oportunidade de ouvir três ótimas músicas compostas por Ana para cantoras. Duas permaneciam até então inéditas na voz da autora. Por estranho acaso, ou por generosidade mesmo, a compositora ofereceu as melhores músicas de sua recente safra autoral para suas colegas. Dois Quartos - Multishow ao Vivo cumpre a função de registrar na voz de Ana o delicioso samba Cabide (entregue para Mart'nália), a guarânia Eu Que Não Sei Quase Nada do Mar (composta por Jorge Vercilo sob encomenda para Maria Bethânia) e a canção pop Sinais de Fogo (hit do primeiro disco de Preta Gil). A propósito, é injustificável a exclusão de Sinais de Fogo do repertório selecionado para o CD em favor de músicas menores como Milhares de Sambas e Rosas. Embora a música tenha entrado no DVD anterior Estampado - Um Instante que Não Pára, nunca fez parte dos CDs de Ana...
Fora da seara autoral, há incursões por Fever (Eddie Cooley e Davenport) e Eu Sou Melhor que Você (Maurício Pacheco) - músicas que, unidas a Cantinho no erotizado bloco inicial, causaram polêmica na estréia do show em Belo Horizonte, em junho de 2007 - e pelo universo refinado de Marina Lima e Antonio Cicero. Mas cantar uma pérola como Três não é tarefa das mais fáceis. O registro de Ana atenua a leveza da música (nem mesmo Adriana Calcanhotto, cuja sofisticação guarda maior parentesco com a obra de Marina, conseguiu superar no CD Maré o registro feito pela autora no CD Lá nos Primórdios, de 2006).
Dois Quartos - Multishow ao Vivo deixa a sensação de que Ana Carolina precisa se renovar com urgência para manter o sucesso e reeditar o prestígio obtido em seu primeiro belo álbum.

26 Comments:

Anonymous Anônimo said...

"...a talentosa cantora e compositora": Mauro, como vc é bonzinho!

o que leva a um artista a ter a marca "Multishow ao Vivo" em seus trabalhos? hummmm.

enfim, projeto desnecessário. e acho Ana Carolina uma das artistas mais fracas da atual decadente mpb.

2 de abril de 2008 às 18:55  
Blogger Mauro Ferreira said...

Aviso aos navegantes interessados: a resenha detalhada do show Dois Quartos foi publicada em post datado de 20 de julho.

2 de abril de 2008 às 18:56  
Anonymous Anônimo said...

Rodrigo Carelli deve ter feito bom trabalho, pela cancha obtida nos projetos com a metevê.

E Monique Gardenberg deve ter dado o toque de elegância que é sua característica (às vezes, elegância até em demasia, como em "Prenda Minha", de Caetano).

Agora, é como eu disse em um post passado: "Dois Quartos - Ao Vivo" soa a uma "automassagem do ego" por parte de Ana Carolina. Talvez isso não tenha boas conseqüências. Aguardemos.

Felipe dos Santos Souza

2 de abril de 2008 às 19:35  
Anonymous Anônimo said...

Eu ja acho um dos melhores nomes da mpb atual...

Bruno.

2 de abril de 2008 às 19:38  
Anonymous Anônimo said...

Eu acho a Ana Carolina talentosa.Músicas como Confesso,Violão e Voz,Pra Rua me Levar,Hoje eu estou sozinha ou Eu que não sei nada do mar,mostram como ela entende não apenas como fazer letra ou melodia,mas como domina a canção.Esse Dois Quartos é fraco.Ela caiu muito forte nas baladas(algumas bem pouco inspiradas...).Não chega nem perto da qualidade dos três primeiros.Acho que a vontade de fazer um cd duplo com o pouco tempo que teve,fez entrar música que não prescisava ter gravado e descuidar da produção das faixas.A versão de estúdio de Notícias Populares(uma das melhores canções da Ana) não tem nem mesmo a mesma força da versão voz e violão do Ana e Jorge.Em vez de crescer,a música diminui.Mas eu gosto muito da Ana.
Eu tb já tinha prestado atenção no que vc disse sobre as músicas que ela deu serem melhores que as que gravou.É verdade.Eu acrescentaria aí,Verão e Inverno que a Luiza Possi gravou no cd ao vivo dela.(mas acho que essa foi escrita depois do lançamento do cd e acho que vai estar no proximo disco da Ana).
Vou ver o show no fim do mês.

2 de abril de 2008 às 19:41  
Anonymous Anônimo said...

"Sinais de Fogo" não é inédita na voz da cantora, não...
no DVD "Estampado Ao Vivo - Um Instante que não Pára...", ela já apresenta a música!

2 de abril de 2008 às 19:49  
Blogger Mauro Ferreira said...

Gustavo, grato por detectar meu vacilo (eu tendo a considerar apenas os CDs e a esquecer dos DVDs - vou tentar me policiar). É por leitores como você - e tantos outros que se mostram bem informados - que vale a pena fazer o blog.

2 de abril de 2008 às 19:59  
Anonymous Anônimo said...

Hoje faz 25 anos da morte de Clara Nunes e não vi nenhum registro a respeito. Pelo jeito, está passando em brancas nuvens. Anteontem, Ancelmo Góis registrou uma nota sobre um vendedor de uma livraria, na Barra da Tijuca, que se confundiu quando o cliente pediu o livro da Clara Nunes e perguntou se se tratava da autora do livro.

Flávio

2 de abril de 2008 às 20:07  
Blogger Arthur Nogueira said...

Mauro, gostei do reconhecimento sobre a gravação de "Três", apesar das inúmeras críticas recentes à Marina Lima. "Três", para mim, é a comprovação de que a parceria com o Cicero continua irretocável.
Marina está cada vez mais refinada. Um abraço.

2 de abril de 2008 às 20:31  
Anonymous Anônimo said...

Ao que me consta, as críticas feitas a Marina nos últimos tempos não questionam a sua eficiência como compositora, mas, sim, ao alcance da sua voz.

Seja com Cícero ou com Bizzoto ou com Alvin L ou mesmo sozinha, Marina ainda compõe grandes pérolas para a MPB, e "Três" é apenas mais uma delas. Posso citar "O chamado", "Portos e Vinhos", "Mel da Lenda", dentre outras mais recentes.

O que achei bacana no post do Mauro foi justamente reconhecer que, mesmo não sendo A cantora, a sofistacação e a honestidade da Marina como artista ainda são capazes de superar qualquer limitação vocal.

Ainda não ouvi "Três" na voz da Calcanhotto, mas a interpretação de Ana Carolina foi sofrível. Admiro Ana Carolina como compositora, mas em termos de elegância e requinte ela está muito aquém de Calcanhotto e de Marina. Mesmo convocando Monique Gardenberg para dirigir seus espetáculos que costumam beirar o sensacionalismo.

2 de abril de 2008 às 21:24  
Anonymous Anônimo said...

Mauro vc bate e assopra nessa resenha. Fiquei na duvida se você gostou ou não?

Pergunto porque sua opinião eu acho muito importante!

3 de abril de 2008 às 08:41  
Anonymous Anônimo said...

O Mauro diz " nem mesmo Adriana Calcanhotto, cuja sofisticação guarda maior parentesco com a obra de Marina, conseguiu superar no CD Maré . "

Já ouviu então o novo cd dela Mauro ?? Pôxa ...

3 de abril de 2008 às 09:33  
Anonymous Anônimo said...

Ninguém consegue gravar Marina como Marina.

3 de abril de 2008 às 10:54  
Anonymous Anônimo said...

Conhece alguém que se perdeu no labirinto do minotauro ?

3 de abril de 2008 às 11:44  
Anonymous Anônimo said...

" Por estranho acaso, ou por generosidade mesmo, a compositora ofereceu as melhores músicas de sua recente safra autoral para suas colegas ... a guarânia Eu Que Não Sei Quase Nada do Mar (composta por Jorge Vercilo sob encomenda para Maria Bethânia) ... "


Nâo me canse a beleza Mauro, pois isso não é legal. Nem ' Eu Que Não Sei Quase Nada do Mar ' boa música ...

3 de abril de 2008 às 11:46  
Anonymous Anônimo said...

De todos os trabalhos apresentados por Ana até hoje o melhor é o primeiro. "Estampado" também foi excelente, porém mais pop, o que não acredito que tenha 'diminuído' sua trajetória. Mas esse último achei... hum... estranho! Não consegui me adaptar a essa sonoridade que foi lançada. Amo o trabalho de Ana, mas sempre fico numa expectativa terrível de como virá, como será? De qualquer forma é preciso entender que Ana chegou no ponto que todo artista quer, que é experimentar novos sons, novas atitudes, enfim, novidades. Torço para que o próximo venha mais a cara da Ana que me fez encantar pelo seu trabalho e um pouco mais longe dessa Ana de hoje. De qualquer forma, aviso aos navegantes, é e será sucesso! Isso é indiscutível!

3 de abril de 2008 às 11:54  
Anonymous Anônimo said...

" ... cantar uma pérola como Três não é tarefa das mais fáceis "

Ou seja Marina continua sendo impar(com ou sem voz, com ou sem depressão, com ou sem mídia ...)

3 de abril de 2008 às 13:50  
Blogger Pedro Progresso said...

O primeiro disco da Ana não é o melhor. É apenas a forma que ela usou para mostrar o que faria nos discos seguintes. Quase no mesmo esquema que Marisa Monte fez: mostrando influências e tendências no trabalho (no caso de Ana: as baladas, os gritos, a música com o pandeiro presente em todo cd, etc).
No mais, o "Ana, Rita, Joana" e o "Estampado" são bem melhores do que o primeiro.

O show Dois Quartos é muitíssimo bem produzido. O repertório não anima tanto quanto o do show anterior ("Estampado") mas as (insuportáveis) fãs ainda garantem a barulheira. A luz, as projeções, a direção, a tensão sexual do innício... Geniais!
Espero mais do DVD do que do CD, até por que o Dois Quartos não me animou, ao mesmo tempo que´tem coisas muito boas, tem coisas que eu passo. Poderia ser um quarto só.
As regravações de Marina, MB e Mart'nália são legais no momento do show. Pra quem gosta e tem curiosidade de ouvir com ela vale a pena, mas garanto que a gravação das intépretes,, Ana não alcança.

3 de abril de 2008 às 13:55  
Anonymous Anônimo said...

Marina Lima, com todos os problemas que enfrentou na última década, continua sendo ímpar. A leveza de suas interpretações combinada com a sofisticação de suas composições continuam sendo incomparáveis. "Três" na voz de Marina Lima é mil vezes melhor que na voz de qualquer outra cantora. Por mais que existam limitações vocais, com o repertório certo Marina ainda é invencível.

3 de abril de 2008 às 15:17  
Anonymous Anônimo said...

Realmente, Três é a melhor música do CD, aliás, eu gosto muito de Lá nos primórdios, acho um cd forte, denso!

3 de abril de 2008 às 16:41  
Anonymous Anônimo said...

Genteeeeeeeee, Marina Lima tem sua grande intérprete, O NOME É GAL COSTA, essa sim, supera qq uma, qq coisa, as músicas q ela gravou da Marina são espetaculares, sem comentários, isso até a própria Marina já afirmou. São únicas, a Gal se apropria das músicas.

3 de abril de 2008 às 16:46  
Anonymous Anônimo said...

"Marina Lima tem sua grande intérprete, O NOME É GAL COSTA"... Olha eu acredito.

3 de abril de 2008 às 17:45  
Anonymous Anônimo said...

Pena que Gal tenha gravado pouco Marina Lima. De minha conheço as gravações "Eu acredito", do disco Plural (1990); "Acende o crespúculo", do disco Bem Bom (1985)e "Meu doce amor", do disco Caras e Bocas, de 1977. Alguém lembra de outras gravações de músicas da Marina por Gal?

Flávio

3 de abril de 2008 às 21:44  
Blogger Tudo foi feito ... said...

A MARINA LIMA JÁ FEZ DECLARAÇÕES PÚBLICAS DIZENDO Q GOSTARIA DE PRODUZIR UM CD PARA GAL COSTA. ALIÁS, A MARINA DISSE Q SUA REFERÊNCIA É GAL COSTA. A RITA LEE TAMBÉM JÁ DISSE PUBLICAMENTE QUE GOSTARIA DE DIRIGIR UM SHOW DA GAL COSTA! JÁ IMAGINOU A GAL PRODUZIDA POR UMA E DIRIGIDA POR OUTRA, ISSO SIM SERIA UMA INOVAÇÃO DA MPB, A MAIOR CANTORA DO BRASIL TRABALHANDO COM DUAS MULHERES MODERNAS, ENFIM, TRÊS MULHERES MODERNAS QUE SEMPRE ESTIVERAM NA FRENTE. A GAL BEM Q PODERIA REALIZAR ESSA PARCERIA NÉ.
MAURO DÊ UNS TOKS AÍ NO PESSOAL Q VOCÊ CONHECE, QUEM SABE, JOGA ISSO NA IMPRENSA, QUEM SABE A GAL SE ANIMA.

4 de abril de 2008 às 13:28  
Anonymous Anônimo said...

Gal abafou a Ana Carolina. Acabou virando o centro das discussões neste post. Mas Gal é Gal... e como diria Marina, "o resto, bobagens meu filho, bobagens..."

4 de abril de 2008 às 15:03  
Blogger Pedro Progresso said...

Adoro "Bobagens, meu filho bobagens" da Marina e do Cícero que o Caê gravou.
Linda canção.

4 de abril de 2008 às 15:30  

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