18 de abril de 2008

Ana brilha no país do suingue (e das cantoras)

Resenha de CD
Título: Mil Rosas
Artista: Ana Paula Lopes
Gravadora: Usina Brasil
Cotação: * * *

País do suingue, o Brasil é também a nação das cantoras - como atestou reportagem da revista Veja de 11 de abril de 2007. Pois a paulistana Ana Paula Lopes brilha neste país de dimensões continentais. Em seu segundo CD, Mil Rosas, a intérprete sai do eixo da MPB mais tradicional, evidenciada em seu primeiro álbum (Meu, 2005), para dar voz a compositores novos como Giana Viscardi, Juliana Kehl, Marcelo Silva, Rodrigo Leão e o saxofonista Celso Marques, produtor e arranjador deste segundo (e mais contemporâneo) CD.
Com técnica apurada, Ana Paula impressiona de cara pelo suingue. Em Gata Lúcida, de Giana Viscardi e Michael Ruzitschka, ela se equilibra bem no balanço sinuoso orquestrado sob trio de metais - o mesmo que garante a pulsação rítmica de Mesmo que Tarde, de tom mais bluesy. Embora exale frescor, o repertório de Mil Rosas desabrocha de forma irregular. O perfume que torna o disco agradável é mesmo a voz de Ana, que debutou nos palcos paulistanos em 2001 com show em que abordava o repertório de Billie Holiday (1915 - 1959). Entre tema pautado por suavidade bossa-novista (Quem Sabe, de Domenico Lancellotti e Tomás Ferreira) e samba destoante do clima do repertório (Rainha da Laje, de Rodrigo Leão), a cantora surpreende em A Chegança, faixa de textura regional cujas flautas tocadas por Celso Marques remetem ao som dos pífanos de Caruaru (PE). Menos regionalista, embora pontuada pelo acordeom de Beto Corrêa, Pedrarias, Prata e Pó joga luz sobre a produção autoral de Juliana Kehl. Enfim, um bom disco cujo maior mérito é confirmar a beleza charmosa de (ótima) voz que tem cacife para se projetar na nação das cantoras.

10 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Cantoras de MPB sempre foram antônimas de feminilidade mas de uns tempos pra cá com Anna Luisa, Roberta Sá, Luiza Possi e Maria Rita isso tem melhorado!

Gostei do repertório. Não conheço a voz mas achei gata. Vou procurar!

OBS: Lembro desa matéria na Veja.

18 de abril de 2008 às 10:17  
Blogger Daniel Achedjian said...

Oi Mauro, o azar fez que estava no Brasil quando essa materia sobre as novas cantoras saiu. E guardei até hoje, pois era um bom guia para descobrir nomes poucos conhecidos. Com o tempo, consegui achar quase todos os trabalhos delas (quase!). Mas so agora achei o disco da Ana Maria Lopez (que estou escutando enquando te escrevo.) Que bom que vocé mancionou a Ana Luisa, Diogo, fora sua imagem de feminilidade, curti muito o seu disco "Do zero", que saia do lote...abraço.

18 de abril de 2008 às 10:55  
Anonymous Anônimo said...

faltou algo nesse cd, tb achei que a voz ficou estranha

18 de abril de 2008 às 12:16  
Anonymous Anônimo said...

O disco é excelente. Ótimos arranjos e ótima voz. Grande suingue. Uma cantora muito mais técnica que a imensa maioria das cantoras que estão tendo destaque por aí.

18 de abril de 2008 às 14:56  
Anonymous Anônimo said...

A foto na capa do CD lembra Ivete Sangalo.

18 de abril de 2008 às 16:34  
Anonymous Anônimo said...

Mauro...vc precisa ver o show dessa cantora. No final vc nunca mais vai querer ouvir de novo um cd dela.... É um horror!!!Ela parece uma barbie ciclista no palco sem saber aonde ir... Sem comentários... e ao vivo vc vê o q realmente ela pode render...

18 de abril de 2008 às 19:56  
Anonymous Anônimo said...

Bons tempos em que as "antõnimas de feminilidade" esbanjavam talento. Nos últimos tempos tenho procurado ouvir todas essas novatas, mas acabo me decepcionando. Essa deve ser mais uma a se somar à Maria Rita, Céu, Ana Cañas,Marina de La Riva, Mariana Aydar, Ana Luiza, Mariana Baltar (dentre várias outras), lindas, boas cantoras, femininas, mas inexpressivas, não consigo me emocionar ouvindo-as. Será que é excesso de feminilidade? Agora me deu uma vontade de ouvir minhas Gals, Bethânias, Elis, Simones, Zizis, Ro ros...

19 de abril de 2008 às 01:29  
Anonymous Anônimo said...

Oxe... Nara Leão, Sílvia Telles, Clara Nunes, Zizi Possi (sim, ela é uma lady), Rita lee, Joyce, Elba Ramalho, são, ao meu ver, todas femininíssimas.

Acho que tem é muita gente ficando velha e conservadora, repetido o mesmo discurso dos fãs da Angela Maria quando surgiu a Bossa-Nova, dos fãs da Bossa-Nova quando surgiu a Tropicália, dos fãs da Tropicáia quando surgiu o BRock. Há que se ouvir a apreciar os artistas de cada época pela perspectiva de cada época. Ficar nesse discurso de "não se faz mais como antigamente" é coisa de velho.

19 de abril de 2008 às 09:40  
Anonymous Anônimo said...

O CD é legal, sim, mas muito irregular, como pontuou o Mauro.

Agora.. a capa é horrorosa. Parece coisa da Sexy.

Adorei o Barbie Ciclista do anônimo lá de cima.

Cantoras? Prefiro a paraense Lívia Rodrigues. Bela voz, um puta repertório e arranjos deliciosos. Essa vale a pena.

Abraços,

Jorge Figueira.

21 de abril de 2008 às 16:41  
Anonymous Anônimo said...

Oi Mauro tudo bem ?
Gosto muito de suas críticas, inclusive suas palavras me incentivaram ainda mais em assistir ao atual show da Rita Ribeiro. Mas falando desse post da Ana Paula, vc menciona o suingue com a música da Giana Viscardi e senti falta em seu BLOG de alguma referência ao trabalho tão singular trilhado por ela.
Um grande abraço !

12 de agosto de 2008 às 12:56  

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