25 de março de 2008

Daniel se comporta mal ao gravar Gonzaguinha

Resenha de CD
Título: Comportamento Geral
Artista: Daniel Gonzaga
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * *

Ao decidir fazer por conta própria um disco com regravações da obra de seu pai, Luiz Gonzaga do Nascimento Jr., o Gonzaguinha (1945 - 1991), Daniel Gonzaga se comportou exatamente como pede o mercado fonográfico, tão ávido de tributos e tão refratário em relação aos discos com músicas inéditas. Mas se comportou mal. Até porque vem de um belo álbum, Areia (2004), em que reafirmou o talento de compositor exibido desde seu primeiro CD, Sob o Sol (1996). Era a hora de dar continuidade à própria obra.
Quinto título da coerente discografia de Daniel Gonzaga, Comportamento Geral foi gravado no estúdio Verde (RJ), entre 28 e 31 de março de 2007, como se fosse ao vivo. Não é um disco ruim. Nem poderia ser, pois a obra de Gonzaguinha é das mais coesas da música brasileira. Só que já foi muito bem gravada pelo próprio compositor, o preferido de cantoras como Maria Bethânia e Simone na virada da década de 70 para a de 80. Além disso, Daniel Gonzaga tem timbre muito parecido com o do pai - fator genético que vem impedindo o merecido reconhecimento do valor de sua obra autoral (às vezes ácida como muitas músicas da fase inicial de seu pai, mas de identidade própria e distinta) e que, no caso específico deste disco, limita o artista e dilui qualquer intenção de dar um colorido novo a temas como Gás Neon (1974), João do Amor Divino (1979) e Da Vida (1980) - para citar somente três músicas menos batidas selecionadas por Daniel para o disco. Aliás, o repertório inclui uma música apresentada como inédita, Namorar (a rigor, gravada pelo grupo Chicas em 2006), que não faz jus ao nome de Gonzaguinha. Por mais que os arranjos sejam bons, e eles são, Comportamento Geral nada acrescenta à obra de Gonzaguinha (compositor ainda hoje recorrente nos repertórios de muitas cantoras) e à discografia de Daniel Gonzaga.

31 Comments:

Anonymous Anônimo said...

E tem gente que critica Maria Rita por ser parecida com Elis. Pelo menos ela não cai na tentação de cantar as músicas da mãe (afora o talento extraordinário que de fato ela tem). Não liguei pro Daniel Gonzaga desde o primeiro disco exatamente por achar que ele, além de parecer com o Gonzaguinha, não faz questão nenhuma de fugir da semelhança. Aproveita mesmo, tanto que adora cantar as músicas do pai.

Acorda, rapaz. Ou você faz sua história agora (como Maria Rita) ou nunca vai ter lugar ao sol na MPB.

25 de março de 2008 às 20:38  
Anonymous Anônimo said...

O cd é lindo e o Daniel canta muito bem. Ô pessoal chato que adora falar mal...
Parabéns Daniel, é um trabalho maravilhoso.

25 de março de 2008 às 20:52  
Anonymous Anônimo said...

Juliana disse...

Não ouvi o disco ainda (vou ouvir, acho o Daniel muito talentoso), mas é realmente impressionante como todos, absolutamente todos, os filhos de artistas da música (que tem todo o direito de seguir a mesma carreira) se aproveitem descaradamente de alguma forma da obra ou da carreira ou do sucesso dos pais; e que a única que não faz isso (Maria Rita, que não grava músicas da mãe, não faz shows nem discos com o pai e evita até falar muito sobre eles) é a que é mais criticada por ter caras, bocas e trejeitos parecidos com os da mãe (a voz não acho que seja). Diogo Nogueira coloca um telão com a imagem do pai em seu dvd e todo mundo acha lindo.
Imaginem o que aconteceria se MR gravasse um disco "tributo" a Elis e cantasse em "dueto virtual" com ela num show. Sai de baixo... ia ser até engraçado!

25 de março de 2008 às 21:34  
Anonymous Anônimo said...

Pode ser que o cd seja realmente bonito e que ele cante bem,mas ao copiar tanto a carreira do Gonzaguinha pai, o filho Daniel está dando um tiro no próprio pé.Alguém se lembra do Altemarzinho Dutra e outros filhos de.., que fizeram trajetória semelhante?Nessas horas, eu admiro cada vez mais a Maria Rita por saber conduzir tão inteligentemente a sua carreira.Se ela fizesse igual a eles e satisfizesse os que todo mundo,inclusive o mercado fonográfico esperava dela,hoje não estaria superlotando grandes casas de espetáculos como tem feito, não por ser filha da Pimentinha, mas por ser ela mesma:Maria Rita.

25 de março de 2008 às 22:35  
Anonymous Anônimo said...

Tem uma faixa tipo "Unforgetable", que juntou Natalie Cole ao pai?

25 de março de 2008 às 22:38  
Anonymous Anônimo said...

'a obra de Gonzaguinha é das mais coesas da música brasileira. Só que já foi muito bem gravada pelo próprio compositor'.

É isso mesmo. O Gonzaguinha era o melhor intérprete de suas canções.

25 de março de 2008 às 23:28  
Anonymous Anônimo said...

Só pra lembrar: "Namorar" foi maravilhosamente gravado pelas Chicas, com sensível registro vocal de Amora Pêra, irmã (por parte de pai) do Daniel Gonzaga.

26 de março de 2008 às 00:00  
Blogger Mauro Ferreira said...

Gil, obrigado por detectar o erro, ao qual fui induzido por confiar na informação (sustentada no release do disco) de que 'Namorar' era inédita.

26 de março de 2008 às 07:28  
Blogger Flávio Voight said...

Engraçado como depois de tão criticada, a Maria Rita virou parâmetro de como conduzir carreira sendo filho de famoso...

Ainda não ouvi esse CD, mas a capa é linda.

26 de março de 2008 às 08:46  
Anonymous Anônimo said...

Vi esse rapaz num show... ele é totalmente inexpressivo.
Talvez tenha boas intenções, mas só.

26 de março de 2008 às 09:27  
Anonymous Anônimo said...

Alguém já disse por aqui que Maria Rita é uma Elis Regina de segunda categoria. Ela pode até não gravar nada do repertório da mãe, mas que faz tudo para parecer com ela mais do que realmente parece, lá isso ela faz.

26 de março de 2008 às 09:34  
Anonymous Anônimo said...

Confesso não simpatizar muito com o estilo de Daniel. Muito calcado na figura do pai.

Aliás, Gonzaguinha, para mim, é dos
graúdos da mepebê! Suas obras de 73 a 83 estão entre as minhas preferidas. Além da banda que o acompanhava ser auxílio luxuoso - o guitarrista Fredera é um dos integrantes da minha "banda dos sonhos".

Mas, quando sua obra ficou, digamos, mais "alegre", ficou pior, também. Não consigo ouvir coisas como "O que é, o que é" - "samba de maníaco-depressivo", segundo Lobão -, "Lindo Lago do Amor", "Semente do Amanhã", "É"...

E, pelo visto, Daniel deu certa importância a essa fase do "moleque de São Carlos" no disco. É pena.

Ah, sim: Mauro, "Gás Neon" é, na verdade, de 1975 (disco "Plano de Vôo").

Felipe dos Santos Souza

26 de março de 2008 às 09:38  
Blogger Doug said...

No dia que Lobão completar 5 clássicos da nistória da MPB (até agora ele tem um: "Me chama") como Gonzaguinha, ele pode falar de gente muito melhor, mais talentosa, expressiva e importante que ele. Até o presente momento Lobão não passa de uma figura de segunda importância na histporia do BRock. Gonzaguinha é um mito. Lobão ainda tem que comer muito porquinho pra chegar no chulé.

26 de março de 2008 às 10:21  
Anonymous Anônimo said...

Não ouvi.Mas não me pareceu que o objetivo era de acresentar algo à obra de Gonzaguinha.Mesmo porque sua obra, não pede e não pode ter algum acrescimo feito por outros,ou mesmo por seu filho.
Este quinto disco do Daniel,pelas composições que ele têm apresentado nos discos anteriores, soa como processo pessoal de afirmação de um proprio percurso, e se este percurso passa pela obra de Gonzaguinha nada mais natural que visitar sua obra. O resultado não julgo, não ouvi, mas falar do Daniel como se ele tivesse caìdo nas armadilhas da industria me parece um pouco demais.
Humberto

26 de março de 2008 às 10:35  
Blogger Unknown said...

A Bebel Gilberto é um bom parâmetro de "filho de artista" que soube direcionar sua carreira, independente dos pais (João Gilberto e Miúcha e ainda tem um tio que é o Chico Buarque!). O Max de Castro também soube trilhar seu caminho, sem seguir a sombra do grande Simonal.

26 de março de 2008 às 13:10  
Anonymous Anônimo said...

Os comentários são sempre precipitados. Muitos já tiraram suas conclusões sobre o trabalho de Daniel Gonzaga sem ao menos ouvir o disco. É claro que parte destas conclusões se dá sob efeito da crítica feita pelo Mauro. Embora o crítico possa ser legitimado -senão nem seria lido-, acho que cabe aos ouvintes tirar as suas próprias conclusões, desde que estas sejam elaboradas a partir da premissa básica: de se ouvir o disco. Outra grande bobagem que acho é a eterna discussão de quem imita quem. Evidente que um filho de artista - podem haver excessões raríssimas -terá a obra do pai ou da mãe como referência primordial. O próprio Gonzaguinha é um exemplo disso: sendo filho do Gonzagão construiu uma obra pessoal mas que vez ou outra remonta à obra do pai (ausente, diga-se de passagem). O problema é que se confunde referência com imitação. Daniel teve a ousadia de homenagear o pai. Parece óbvio, mas não é. Trata-se de coragem mesmo, porque ele deve estar consciente do terreno movediço que pisaria ao se expor para as eternas cobranças e comparações.

26 de março de 2008 às 13:13  
Anonymous Anônimo said...

Ah, sim: Mauro, "Gás Neon" é, na verdade, de 1975 (disco "Plano de Vôo").

NÃO ENTENDI ESSA QUESTÃO, SE MARIA BETHANIA GRAVOU GÁS NEON EM 1974 EM CENA MUDA?!!!!
O GONZAGUINHA GRAVOU ESTA CANÇÃO NO LP DE 1975?!!!

QUAL A INFORMAÇÃO CERTA?!!!

26 de março de 2008 às 17:33  
Anonymous Anônimo said...

Olha, Fabio Braga, as duas informações estão corretas.

Mas, como Bethânia gravou primeiro - confesso que não lembrei deste detalhe -, a música pode ser considerada de 1974.

Felipe dos Santos Souza

26 de março de 2008 às 18:48  
Anonymous Anônimo said...

Desnecessário este disco, Daniel é muito maior que ele. E só não gosta da Maria Rita os apaixonados pela Elis Regina. Maria Rita tem um público jovem, interessado que sabe lhe dar o devido valor, aos outros, indico: larguem o passado.

26 de março de 2008 às 19:19  
Anonymous Anônimo said...

Vagner, acho que você está enganado: tenha uma galerinha fã-de-elis-xiita que acha que MR é a melhor cantora que surgiu depois de Elis. Dá uma olhadinha nos orkuts da vida e você vai ver o que é fanatismo jovem.

26 de março de 2008 às 23:45  
Anonymous Anônimo said...

Vagner, tás enganado!!Conheço um monte de "Véinho(a)s"xiitaços, que assitiam os showzaços da Elis e agora ficam babando nos shows da Maria Rita.E não por ela ser filha da Pimentinha salve salve,mas porque Maria Rita é realmente um luxo de cantora que a cada dia que passa mostra o enorme talento que possue.

27 de março de 2008 às 01:07  
Anonymous Anônimo said...

Sonho com o primeiro single deste LP tocando sem parar em todas as rádios... tipo um Unforgettable da Natalie Cole com o pai. Podia ser O que é o que é, ou Ponto de interrogação...

27 de março de 2008 às 02:26  
Blogger Flávia C. said...

"E só não gosta da Maria Rita os apaixonados pela Elis Regina."

Humm... acho que sou exceção a essa regra. Não gosto da filha e nunca gostei muito da mãe também...

27 de março de 2008 às 10:34  
Anonymous Anônimo said...

Gosto de mãe e filha, mas não sou fã.

Fã é a coisa mais chata que existe.

27 de março de 2008 às 17:34  
Anonymous Anônimo said...

Agora mesmo,vendo a cena final de hoje de Queridos Amigos, e a voz de Elis ao fundo cantando"Vou Voltar...."foi pura emoção.Fui e sou fã da mãe e agora sou fã da filha.Sou de uma chatice total.

27 de março de 2008 às 23:52  
Anonymous Anônimo said...

Também sou chato!

28 de março de 2008 às 07:50  
Anonymous Anônimo said...

puxa, acho que alguns dos comentarios extrapolaram, elevando a MariaRita e criticando o Daniel.Acho que não tem nada a ver. Se fosse olhar por este lado, eu poderia até falar que a maria rita as vezes dá a impressão de tentar imitar a mãe até nas caretinhas faciais, mas não é o caso. O Daniel cantar músicas do pai também não é problema, já que a maioria do pessoal da mpb gosta de gravar o gonzaguinha, daí, porque não o proprio filho?nada mais natural. E não é por ter gravado musicas do pai que o Daniel tentou imita-lo ou coisa parecida: o Daniel é um excelente compositor! Como o autor deste post falou muito bem falado, ele já gravou discos inteiros com composições próprias. Puxou o talento do pai, o que nao é crime, muito antes pelo contrario.Aí, Daniel, sou sua fã de carteirinha! Voce herdou a fã numero 1 de seu pai: eu!Beijão pra voce.
Milu

29 de abril de 2008 às 23:12  
Anonymous Anônimo said...

Olha só,

Quando soube que o Daniel Gonzaga tava aí com um disco de músicas do Gonzaguinha, achei que era coisa de oportunismo.
Mas eu ouvi o disco e, sinceramente, gostei muito. No meu conceito, pra gravar essa músicas muito boas e super batidas do pai, o cara tinha que ter peito. Esse comentário do oportunismo ia vir de qualquer maneira e aí conta a maturidade de aguentar o tranco (maturidade aliás que a Maria Rita não tem).
Minha avaliação do disco é que Daniel não quis fugir da sombra do pai, mas sim, enfrentá-la. As músicas são tão boas que não dá pra sair fazendo reinvenções. O que fez Daniel? Reproduziu tudo com o melhor que pode fazer. A produção é impecável e o sujeito tá lá, cantando. E só.
Acho que no caso dele tem tempo e talento de sobra pra lançar mais discos autorais daqui pra frente. Sem estresse, nem escrete de compositores pra fazer música pra ele cantar (à moda Maria Rita).

6 de junho de 2008 às 19:09  
Anonymous Anônimo said...

Adorei o cd do Daniel!!! UM otimo trabalho, já essa Maria Rita, odeio!!!!!!!!!!! Ela é pessima, duvido que dure muito tempo.

14 de junho de 2008 às 09:34  
Anonymous Anônimo said...

Concordo com um bom número dos comentários , aqui, feitos , acerca do Daniel e Maria Rita, sendo que um, em particular, destacaria, qual seja o que disse que Daniel, deliberadamente, resolveu-se a enfrentar a barra de cantar o pai. Assisti-o no programa da tv cultura, o "ensaio" e, para mim, foi um acontecimento muito especial. Se ele não tivesse outro mérito - e tem de sobra, é só esperar que o tempo mostrará - e, apenas, fosse continuação do pai, fazendo perdurar, entre nós, aquela extraordinária atmosfera, trazida pelo GONZAGUINHA, tão fiel, mas, ao mesmo tempo, tão diferente de GONZAGÃO, inapagável, já estaria prestando enorme serviço à emepebê, mas quiz ele, por algum motivo, por alguma necessidade, por alguma intuição intuição, prestar esse tributo, com isso, alcançando um resultado altamente verdadeiro! Acho que tanto Daniel, quanto Maria Rita e outros artistas, filhos de artistas, têm, até, mais direito que outros, de cdurtirem e reverenciarem os pais. Porque, senão, como admitir um Jorge Vercillo (um cara de talento inegável), que não é filho de Djavan, nem nada, mas que é, desde a pegada do violão, a maneira de cantar, pronunciar as palavras, de compor as melodias, as harmonias, a rítimica, a poética, etc., Djavan, só Djavan? A força de fascínio, que têm bons e exponenciais artistas sobre outros, precisa ser melhor compreendido e tolerado por nós, às vezes rigorosos excessivamente. É isso! Adiante, meninos! Vocês são o ouro da pátria!

8 de fevereiro de 2009 às 21:02  
Blogger Candeia said...

Que raciocinio! Bastante coeso!
Parabéns!

26 de abril de 2019 às 09:30  

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