23 de julho de 2007

Marina completa 30 anos na cena pop nacional

Talvez (quase) ninguém se dê conta, ou faça as contas, mas Marina Lima está completando 30 anos em atividade na cena pop nativa. Foi em 1977 que Gal Costa gravou no LP Caras e Bocas a música Meu Doce Amor, parceria de Marina com Duda Machado. A rigor, a primazia de registrar uma música de Marina (então sem o Lima) seria de Maria Bethânia, só que o blues Alma Caiada (da lavra de Marina com seu irmão Antonio Cícero) foi proibido pela censura do regime militar de entrar no álbum Pássaro Proibido, lançado em 1976. Então quis a história que fosse de Gal o primeiro registro oficial de música de Marina, que - nessas três décadas - se firmou entre altos e baixos como uma das figuras mais emblemáticas da cultura pop brasileira por seu som e pela postura quase histórica.
Quando Marina gravou seu primeiro LP, Simples como Fogo, já em 1978, ela ainda transitava entre a MPB e o que se podia chamar de pop na época. Mas já era uma pioneira. Rita Lee à parte, não era comum ver uma mulher empunhar uma guitarra e cantar músicas com letras de tom confessional que exalavam frescor e soavam mais coloquiais com sua poesia menos tradicionalista. Depois de um segundo álbum ainda no meio do caminho, Olhos Felizes (de 1980), Marina começa a firmar sua assinatura pessoal em Certos Acordes, o LP de 1981 que trouxe músicas como Gata Todo Dia.
A explosão de Fullgás em 1984 inseriu Marina na turma pop que invadiu o Brasil nos anos 80, sedimentando uma cultura pop que, até então, era muito frágil e dependente de movimentos como a Jovem Guarda e de carreiras isoladas como as de Rita Lee e Raul Seixas. Bem à vontade entre tantas bandas de rock que falavam a mesma linguagem que ela, Marina viveu seu período áureo entre 1984 e 1991. Era que culminou com o lançamento de seu melhor álbum, Marina Lima (1991), o primeiro na EMI depois de uma década feliz e produtiva na PolyGram (a atual Universal Music).
Um problema na voz ainda hoje controverso - a artista o credita a questões emocionais - deixou esmaecido o brilho de Marina Lima a partir da segunda metade dos anos 90, em que pesem álbuns até interessantes como Pierrot do Brasil (1998). Mas, aos 30 anos de carreira, já cinqüentona, Marina Lima está ótima. Sua recente turnê, a Topo Todas Tour, a flagra em momento de rara beleza. É uma artista que sabe de sua força e de seu lugar na história da música pop. E que, ainda gata todo dia, continua na (sua) estrada.

35 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ela é bonita mesmo. Veste-se com elegância moderna.

23 de julho de 2007 às 16:53  
Anonymous Anônimo said...

É uma atista que apesar do problema na voz se faz necessária sempre, com sua música ímpar e presença marcante.

23 de julho de 2007 às 17:07  
Anonymous Anônimo said...

Bem lembrado Mauro, Marina abriu as portas para Marisa Monte, Cassia Eller, Zelia Duncan,Adriana Calcanhotto e Angela Roro !

Valeu o post!

23 de julho de 2007 às 18:35  
Anonymous Anônimo said...

Posts assim é que tornam este blog singular.

Parabéns pela qualidade do texto e da memória pródiga, que fazem da leitura deste inestimável cantinho musical da internet um grande prazer.

Concordo plenamente com todas as colocações sobre a grande Marina.

Um abraço!

23 de julho de 2007 às 19:40  
Anonymous Anônimo said...

Boa lembrança Mauro... adoro essa cantora e compositora maravilhosa que é Marina Lima. Em 2008 será a vez de comemorar a estréia de Fátima Guedes e em 2009, a de Angela Roro.

23 de julho de 2007 às 19:43  
Anonymous Anônimo said...

É uma figura extremamente sensual, inteligente, boa em tudo o que faz.
Seus últimos álbuns têm sido medianos, tenho saudades demais da sonoridade de "Marina Lima" (1991), "O chamado"(1993), e até mesmo de "Registros à meia voz", disco belíssimo e pouco comentado.
Grande Marina, seu espetáculo no auditório do Ibirapuera foi espetacular!!!
Salve.

23 de julho de 2007 às 22:24  
Anonymous Anônimo said...

Show, MAURÃO!!!
Esplêndido comentário digno de uma já grande dama como Marina.

23 de julho de 2007 às 22:45  
Anonymous Anônimo said...

Marina é cool

Jose Henrique

24 de julho de 2007 às 00:34  
Blogger Daniel said...

A Marina soube se reinventar, se adaptou as deficiências sem perder a ousadia. O problema na voz é contraditório, a depressão foi em 1996, no mesmo ano e em 1998, ela gravou discos com a voz firme e forte [inclusive mais grave]. O problema só é percebido em 2000, no álbum "Sissi na Sua", quando já estava curada [?]. Nunca entendi isso, as datas não batem... Mas com voz, sem voz ou a meia-voz, a concepção musical da Marina é única, ela é completa.

24 de julho de 2007 às 00:43  
Anonymous Anônimo said...

Com 2 Cds nas lojas, um dvd no forno, musica em novela da Globo, cd ao vivo pra ser lançado, composições suas na voz de outros artistas( 'Gravida' estará no cd conjunto de Simone e Zélia Duncan, por exemplo) e uma turné que tem recebido elogios de publico e crítica só vem nos mostrar que Marina Lima ainda está com tudo em cima.

E o melhor é ver que a depressão, uma verdadeira praga que atrapalha os planos de muita gente, já é coisa do passado. Em entrevistas recentes Marina tem mostrado que quer mesmo é trabalhar!

Em 2003 ela lançou um 'Acústico MTV 'que ela assumiu por esses dias no UOL que não gostou(nem de ter feito nem do resultado !) mas eu curti e ouço até hoje. Dois anos antes teve um mediano ' Setembro 'e um semi-hit: No escuro. Esticaria esse ' período áureo 'que o Mauro citou até 1993 quando ela lançou 'O Chamado ' que pra mim é o melhor da carreira dela.


Sucesso pra ela
Abraços !
Diogo Santos
caxias.diogo@bol.com.br

24 de julho de 2007 às 06:53  
Anonymous Anônimo said...

Então Bethânia não gravou a música?
Ou será que temos isso no arquivo da universal?
Para mim o melhor disco é o certos acordes.Mas a Marina é realmente ótima.
Viva Marina!

24 de julho de 2007 às 09:19  
Anonymous Anônimo said...

Marina,

É a nossa cantora mais chique. Sua voz apesar dos problemas não compromete. Marina consegue ser forte, resistente, cool, maravilhosa. Suas letras são brilhantes. Sempre refinada não desentoa. Marina é o próprio bom gosto, um dry martine em meio a tantas que mesmo com a potência na voz não chegam a seus pés.

24 de julho de 2007 às 09:55  
Anonymous Anônimo said...

Que maravilha de texto, Mauro.

Dos melhores que você já escreveu, na minha opinião.

Viva, Marina. Sempre!!!

Ao anônimo das 6:35, discordo que Marina tenha aberto as portas para Ângela Roro. As duas apareceram praticamente juntas no meio artístico. Foi só uma questão de datas das suas respectivas estréias.

abração,
Denilson

24 de julho de 2007 às 10:06  
Anonymous Anônimo said...

Mas o que aconteceu realmente com a voz dessa mina?

Bruno.

24 de julho de 2007 às 10:32  
Blogger Unknown said...

Valeu pela lembrança!
Só quem ja viu e ouviu ao vivo sabe realmente a dimensão dos elogios e do sucesso de trinta anos de carreira, ainda mais num país que tem a memória tão curta.
Marina Lima, linda, diva, eterna!

24 de julho de 2007 às 11:12  
Blogger Eduardo Cáffaro said...

Se Bethânia gravou a música, poderia ter entrado de faixa bônus quando foram relançados os Cds na coleção Viva Bethânia. Puxa, como isso foi ficar de fora ??????????
Bethânia cantando Marina ? é tudo de bom !

Edu - abc

24 de julho de 2007 às 12:50  
Anonymous Anônimo said...

Caro Eduardo, se você ainda não conhece, existem duas músicas de Marina cantadas por Bethânia: O Lado Quente do Ser e Doce Espera, que chegaram a tocar em rádios.

Diogo, concordo plenamente: "O Chamado" é um grande disco.

E não podemos esquecer de seu disco de intérprete, "Abrigo", que tem belas gravações.

Mauro, parabéns pela lembrança!

24 de julho de 2007 às 16:02  
Anonymous Anônimo said...

Oi, Edu-abc

Não sei se você sabe, mas Bethânia gravou a música "Doce Espera" da Marina e do Antônio Cícero, no seu disco de 1986 (aquele que tem Anos Dourados e Gostoso Demais)

Uma gravação linda...

abração,
Denilson

24 de julho de 2007 às 17:59  
Anonymous Anônimo said...

Oi Denilson , oi Paula, eu já sabia sim, tenho as gravações, são lindas. Mas mesmo assim, obrigado. Mas depois que o Mauro citou a tal gravação, não adianta né ... dá uma vontade de ter, rs rs rs ...
abração a todos !
Edu - abc

24 de julho de 2007 às 21:02  
Anonymous Anônimo said...

Edu,

Não sei se afinal Bethânia gravou ou não "Alma caiada". Mas essa música foi gravada por Zizi Possi em 1979 no LP "Pedaço de mim". Vale a pena ter esse CD, até hoje o melhor da Zizi.

24 de julho de 2007 às 22:18  
Anonymous Anônimo said...

Daniel, o problema vocal é percebido a partir de REGISTROS À MEIA-VOZ, de 1996. O próprio título do álbum faz referência a isso. E os registros são mesmo à meia-voz, com trechos declamados, inclusive. Salvo engano, suas datas batem, sim.

Por muitos anos, Marina era a principal responsável pelas trilhas sonoras dos verões cariocas, em parte pela época dos lançamentos de seus discos, mas muito em parte pela sintonia entre a obra da artista e o seu tempo. Enfim, era o que a gente queria ouvir, o que a gente gostava de ouvir... A trilha sonora perfeita de uma época mais feliz, apesar de seus problemas. Não acho que seja nostalgia. Pelo menos no cenário musical, acho difícil discordar. Até há coisas boas hoje, mas o que acontece, o que faz sucesso é bem abaixo da crítica, na minha opinião, claro.

Flávio

24 de julho de 2007 às 23:21  
Anonymous Anônimo said...

Os jovens de hoje não conhecem mais Marina Lima, pena pois ela é rock e pop.

Com a depressão ela ficou afastada da ribalta e aí vieram Marisa Monte, Zelia Duncan e Cassia Eller e quando se recuperou era tarde para agregar novos fãs.Hoje até tem, mas são poucos os fãs de Marina que tem mais ou menos 20 anos!

25 de julho de 2007 às 01:21  
Anonymous Anônimo said...

Veja Denilson, não sou eu quem acho isso mas a propria Angela falou.

UOL: Quem foi a primeira pessoa que gravou uma música sua?

ANGELA RORO :A primeira pessoa que gravou uma música minha foi Marina Lima, " Não Há Cabeça " (no disco " Simples Como Fogo " ). Eu já conhecia a Marina porque ela é prima de uma amiga minha, Marilião, que é ex-mulher de Moraes Moreira. Eu até achava a Marina meio pentelha porque ela era séria, usava uns óculos, tinha uma cara de intelectual, vivia indo pros Estados Unidos e a gente não queria nada com a vida... É aquela coisa: quando a gente tem 19 anos, tem um certo desprezo por quem tem 14 (risos). Depois de um certo tempo fica tudo igual! (risos)

25 de julho de 2007 às 01:25  
Anonymous Anônimo said...

Marina é unanimidade para Cazuza, Lobão, Arnaldo Antunes e Renato Russo. Ícones do BR'ock.

O cds 'Marina Lima 'e 'O Chamado' são realmente os melhores albuns. O publico em geral prefere 'Fullgás ' entre os hits mas os fãs acham que 'Virgem ' é a melhor dela!

Musica Urbana da melhor qualidade, ao lado de Sandra de Sá e Fernanda Abreu continua sendo a melhor representante!

25 de julho de 2007 às 07:14  
Anonymous Anônimo said...

Se tiver que eleger um cd, escolho 'O chamado'. O título, a capa, o show, o conceito, a concepção musical, o repertório... não tem uma música mais ou menos, todas são de fato boas. Sem contar os hits, Pessoa, aquela interpretação de arrepiar, e a faixa título, com essa letra baseada nos livros do Joseph Campbell, e todo o clima criado pelo arranjo. Mas acho que tudo o que ela faz, até hoje, é peculiar, diferente, interessante e sempre me acrescenta.

25 de julho de 2007 às 10:23  
Anonymous Anônimo said...

Marina realmente se consolidou como um dos maiores nomes do pop/ rock nacional...
Suas musicas são simples... mas q naum deixam de ser bem feita e originais...
Mas tem q dizer q o acustico dela é um dos piores feitos pela emissora...

Bruno.

25 de julho de 2007 às 11:54  
Anonymous Anônimo said...

O que diabos tem a ver Sandra de Sá com Marina?
Eu hein!

Jose Henrique

25 de julho de 2007 às 14:00  
Anonymous Anônimo said...

Engraçado. Na minha opinião o melhor disco da Marina é o "Pierrot do Brasil" (1998). Trata-se de um disco magistral, lindo, emocionante. Conheço a obra toda da artista e não acho mesmo que os discos "Marina Lima" e "O Chamado" (1991 e 1993) superem a profundidade do "Pierrot".


Os discos que mais gosto da Marina são "Certos Acordes" (1981), "Pierrot do Brasil" (1998), "Síssi na Sua" (2000) e "Lá nos Primórdios" (2006).

A sofisticação e o teor universal das composições e interpretações da Marina são singulares e essenciais para a nossa música. Ela combina leveza e densidade como ninguém. É a rainha dos contrastes. Linda, linda, linda...

25 de julho de 2007 às 23:15  
Anonymous Anônimo said...

José Henrique meu brother, qual é a tua de sempre pegar no pé da Sandrinha ? Elas tem muito a ver uma com a outra pois além de serem cariocas, fazem o que foi dito acima, MUSICA URBANA.

Vai uma dica aí! Em 95 Sandra gravou no histórico lp Olhos Coloridos 'Virgem ' e sabem que são os compositores?

26 de julho de 2007 às 02:31  
Blogger Daniel said...

Eu discordo, Flavio... Acho a voz da Marina linda e perfeita no "Registros a meia-voz", esse título é jogo de marketing puro... Dá pra colocar defeito em "Tempestade" ou "Solo da Paixão". Digo o mesmo do "Pierrot do Brasil", a voz está linda. Eça só começa a declamar no "Sissi na Sua". Lembro da Marina participando de um programa da Globo, em 1997, em homenagem a Elis, cantando "O que Tinha que ser", e a voz estava no auge!

26 de julho de 2007 às 02:48  
Anonymous Anônimo said...

Sandrinha fará mês que vem 52 anos e ano que vem 30 anos de carreira. Foi como Marina que ela começou, uma musica sua foi gravada por Leci Brandão em 1978 , chamada 'Morenando 'e só depois despontou para o sucesso. Sandra também gravou Marina.

26 de julho de 2007 às 07:21  
Anonymous Anônimo said...

Fala, meu chapa.
Em determinado momento da carreira Sandra Sá pode até ter cruzado com a Marina, como vc diz, ambas são cariocas, mas uma não tem nada a ver com a outra. Estilo, som, postura, nada!
Eu quase nunca pego no pé dela, cara, mas a numerologia dela deu zebra, desde que virou Sandra de Sà ela se perdeu completamente e o melhor esse azar dela transferiu-se pro flamengo! ahahahahhahaa
Vamos perguntar pra galera aí:
Vcs acham que Sandra de Sá tem a ver com Marina?

Jose Henrique

26 de julho de 2007 às 18:07  
Anonymous Anônimo said...

Realmente essa numerologia foi péssima. Marina se tornou Marina Lima depois de mais de 10 anos de carreira e perdeu a voz. E Sandra Sá depois que se tornou "de" Sá ficou brega.

26 de julho de 2007 às 18:10  
Anonymous Anônimo said...

11:15,

Sissi na Sua? Humpf e ainda diz que conhece toda a discografia da Marina, será que conhece? Eu hein!

27 de julho de 2007 às 10:25  
Anonymous Anônimo said...

Eu (11:15) acho o disco Síssi na Sua de uma beleza incrível. Desde o texto de abertura, até as novas versões para os antigos sucessos (Virgem, Acontecimentos, Nem Luxo Nem Lixo, À Francesa). Sim, é um disco ao vivo e Marina não canta totalmente as músicas, algumas letras ela recita. Qual o problema?

Essa é a diferença entre o Síssi na Sua e os discos de estúdio que ela gravou após perder a voz.

Daniel, Pierrot do Brasil (1998) e Registros à Meia Voz (1996) foram gravados em estúdio. Então, muitas das falhas vocais foram contornadas. O Síssi na Sua (2000) foi gravado ao vivo. Essa é a diferença. Se escutar com um pouco mais de sensibilidade, perceberá as limitações vocais da Marina nesses discos.


Quanto ao disco Marina Lima (1991) acho que as faixas "Pode ser o que for", "e acho que não sou só eu", a versão "não estou bem certa" e "o meu sim" músicas fraquíssimas. O resto é maravilhoso: "criança", "ela e eu", "grávida", etc.

27 de julho de 2007 às 23:51  

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