4 de abril de 2007

Duetos revivem o samba guerreiro de Jovelina

Resenha de CD
Título:
Jovelina Duetos

- É Isso que Eu Mereço
Artista:
Jovelina Pérola

Negra e convidados
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * *

Jovelina Farias Belford (1944 - 1998), a Pérola Negra, sempre foi muito habilidosa na arte de improvisar rimas em rodas de samba. Projetada em 1985, no pau-de-sebo Raça Brasileira, esta partideira de alto quilate cantava com a voz em estado bruto. Versada na escola da vida, trabalhou como empregada doméstica até conseguir (sobre)viver de música. Deixou discografia digna composta por sete álbuns gravados entre 1986 e 1996. Em que pese alguma irregularidade evidenciada já na metade final de sua obra fonográfica, Jovelina já virou referência para sambistas de várias gerações. Daí a importância deste CD de duetos produzido por Marcos Salles, que apresentou a artista ao mercado naquele histórico disco Raça Brasileira feito em 1985.

Duetos - É Isso que Eu Mereço revive o supra-sumo da obra de Jovelina. Por conta dos avanços da tecnologia, tem-se a nítida impressão de que os encontros realmente aconteceram. E alguns soam perfeitamente naturais - como o trio formado por Jovelina, Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz no medley que une Luz do Repente (1987), Feirinha da Pavuna (1985) e Bagaço da Laranja (1985). Fiel à sua mistura de samba e rap, Marcelo D2 improvisa versos em Catatau (1991), lado B de Sangue Bom, álbum de onde vem também Liberdade Plena (1991), um samba mediano recriado em dueto com Alcione - cuja voz soa frágil e sem brilho. Igualmente aquém do esperado, a interpretação de Beth Carvalho em Sonho Juvenil (Garota Zona Sul), samba de 1987, não se harmoniza bem com a de Jovelina. Quem não causa surpresa é Cassiana, pois sua escalação em É Isso que Eu Mereço (1986) se justifica apenas pelo laço afetivo (ela é filha de Jovelina). Melhor ouvir Zélia Duncan - à vontade em Laços e Pedaços (1986), um dos mais belos sambas do tributo - e Leci Brandão, em excelente forma em No Mesmo Manto (1991), outra pérola extraída do belo álbum Sangue Bom. É dez!

Se o Grupo Revelação reaparece descontraído em Amor Indeciso (1993), o Fundo de Quintal se garante no Banho de Felicidade (de 1987). Da mesma forma, Jorge Aragão valoriza O Dia se Zangou (1986) e Seu Jorge encara com suingue Filosofia de Bar (1987). Já Almir Guineto reafirma a sintonia vocal com Jovelina em Menina, Você Bebeu (1986), samba do álbum Pérola Negra, o primeiro e melhor trabalho de Jovelina. Fora de sintonia ficou a faixa Sorriso Aberto. Não há a voz de Jovelina no samba que deu título ao seu disco de 1988. Quem defende o clássico do saudoso Guará é trio formado por Ana Costa (a melhor), Juliana Diniz e Márcia Viegas.

Entre erros e acertos, comuns a projetos do gênero, o tributo faz brotar boa saudade da voz guerreira de Jovelina - a Pérola Negra!!

13 Comments:

Blogger Speedcat Hollydale said...

Jovelina is reference for sambistas of posterior generations?
Yes, that is true.
How is the weather in Rio?
I live in USA/Minnesota. We are freezing!
I like your Music Blog, I'll stop back in the future.

Speedcat Hollydale :-)

4 de abril de 2007 às 18:24  
Blogger james emanuel de albuquerque said...

Muito bom o seu blog!
Vai para os favoritos.
Um abraço.

4 de abril de 2007 às 18:36  
Anonymous Anônimo said...

Mauro,

Eu gostei muito deste cd da Jovelina. Não pelos convidados, mas Jovelina deve ser reverenciada sempre. Voz forte e com suingue como poucas, Jovelina foi mais um elo encontrado do samba, frutificado nas rodas de samba das quartas-feiras do Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos.
Mas avaliando a sua crítica, antes mesmo dela sair achei disparada a gravação de Laços e Pedaços, com Zélia Duncan, a melhor do cd.(Zélia precisa se entregar mais ao samba na escolha dos seus repertórios, ela canta MUITO BEM o ritmo, vide Sereia Guiomar e 1800 Colinas com D Ivone e Beth para o projeto Casa de Samba). Emocionante a gravação de ambas e como os timbres casaram perfeitamente. Zélia literalmente se jogou no Sambão de Jovelina.
Outros que se saíram muito bem foram Marcelo D2 e Revelação, duas gratas surpresas que também casaram com as gravações da grande partideira. Gostei da Marrom e acho que ela arrebentou também na gravação de Liberdade Plena.
Dominguinhos do Estácio, grande intérprete das nossas escolas de samba, foi outro que se saiu muito bem com o samba da Em Cima da Hora, de 1984.
A gravação de Beth ficou comprometida com o tom alto dos instrumentos, principalmente o som do banjo, que nota-se perfeitamente que foi adaptado para o "casamento" das vozes. Jovelina mais forte e potente, Beth mais comedida e suave. Mas o samba mesmo assim ficou bom na voz da minha Rainha. O resto não comprometeu e destaco este como um dos grandes lançamentos de samba do ano. O resultado ficou superior ao projeto Clara Nunes com Vida, até mesmo pelo tempo das gravações e a escolha dos convidados, que são do metiê. Vale a pena dar uma conferida. Um abraço,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

E vale a pena também revelar a história do encarte, a figuraça que era a nossa inesquecível Jovelina Pérola Negra. Que entendeu que o gelo seco que saíra do palco momentos antes da sua apresentação, era sinal de incêndio no mesmo. Muito bom rsrs, salve Jovelina!

4 de abril de 2007 às 19:58  
Anonymous Anônimo said...

Francamente não sei como algumas pessoas conseguem gostar dessa mulher, um zero à esquerda, dona de uma voz horrível e de um repertório pior ainda ( samba pra favelado bebado ); será que isso é boa música ? Se for tô fora.

5 de abril de 2007 às 07:54  
Anonymous Anônimo said...

Pena que estou sem dinheiro, senão compraria esse CD, sem dúvida.

Jovelina era maravilhosa. Natural sucessora de Clementina de Jesus, sendo ao mesmo tempo completamente original.

Autêntica, batalhadora, venceu como cantora e compositora num meio extremamente machista e preconceituoso, sem poder sequer usar de atributos físicos (rsrs) ou de jabá.

Respondendo à pergunta, na minha opinião não existe "boa música". Existe música simplesmente, feita com emoção, criatividade, verdade e autenticidade, representante da cultura de um povo. O resto é produto de marketing.

Preconceito, tô fora.

Marcelo e Maria, um abraço para vocês. Viva Zélia Duncan. Viva Elba. Viva Beth.

abração,
Denilson

5 de abril de 2007 às 10:37  
Anonymous Anônimo said...

Uma das piores coisas que já surgiu na música até hoje, Deus me livre.

5 de abril de 2007 às 13:08  
Anonymous Anônimo said...

"Fui no pagode, acabou a comida, acabou a bebida, acabou a canja, sobrou pra mim, o bagaço da laranja"
Como é que algo tão absurdo e ridículo como isso, pode ser chamado de música ? Pior que isso, só a Feirinha da Pavuna !
Na nota do disco, o Mauro diz que a voz da Beth não harmonizou com a da Jovelina, é claro, é impossível harmonizar com uma voz tão feia e desagradável como a dela !
Francamente, elogiar Jovelina e criticar a Beth, é forçar a barra.

Pedro Donato - Salvador BA

5 de abril de 2007 às 13:21  
Anonymous Anônimo said...

07:54 pessoas que não tem conteúdo musical frequentam o blog para diminuírem os artistas, seu caso! Aproveita e compre uma caixa de cotonetes.

5 de abril de 2007 às 13:56  
Anonymous Anônimo said...

E Jovelina lá é artista !?
Beth é artista.

5 de abril de 2007 às 17:02  
Anonymous Anônimo said...

Jovelina foi grande artista, sim. Constato triste que o preconceito racial e social impede muita gente de admitir o talento que nossa Pérola Negra tinha. Na covardia do anonimato, as pessoas se mostram como verdadeiramente são.

5 de abril de 2007 às 17:13  
Anonymous Anônimo said...

Verdade Hugo, disse tudo e ainda por cima colocam a Beth no meio do papo. Será que são fãs mesmo? Fazem de tudo para queimar o filme da minha cantora destilando o seu veneno nas outras cantoras. Tô desconfiado que não são fãs da Beth, só querem criar rixas por aqui.
Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

5 de abril de 2007 às 20:23  
Anonymous Anônimo said...

Denilson,

Esqueci de comentar, concordo plenamente com você. A Jovelina era a natural sucessora da Clementina. Quando escrevi neste post a primeira vez, citei: "foi mais um elo encontrado do samba", visto que Clementina era considerada por Hermínio Bello de Carvalho como um elo perdido (descoberto por ele mesmo, felizmente). Você disse tudo. Um abraço,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

Mauro, comprei o cd: Samba Novo (com a sua querida Roberta Sá). Ainda não escutei, mas vai rolar alguma crítica ao álbum? Um abraço.

5 de abril de 2007 às 20:30  
Anonymous Anônimo said...

Hugo, o Cartola tinha as mesmas condições raciais e sociais que Jovelina, no entanto é um dos maiores poetas da história da MPB, simplesmente maravilhoso. Eu não vou sair por aí elogiando esta senhora só porque ela era negra. Talento e qualidade não são predicados apenas de uma raça. Alcione, também é negra, e é a melhor cantora que eu conheço.
Marcelo, você não é o único fã da Beth. Acho injusto uma cantora com 40 anos de uma bela carreira, ser comparada a uma pagodeira qualquer.

9 de abril de 2007 às 09:12  

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