20 de março de 2007

Moska retrata universo particular ao seu redor

Resenha de CD / DVD
Título: + Novo de Novo
Artista: Moska
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * *

"É um universo particular", sentencia o exímio percussionista Ramiro Musotto a respeito da obra de Paulinho Moska, que passou a assinar somente Moska. A declaração lapidar de Musotto, incluída no filme que costura este primeiro registro de show do artista, é procedente. Moska parece habitar um mundo todo próprio que rege seu trabalho. Neste DVD, filmado em Brasília (DF) em dois shows realizados no Teatro da Caixa, em 4 e 5 de dezembro de 2004, o cantor se auto-retrata neste universo particular e tenta até renovar o formato tradicional dos registros visuais de shows musicais. O show pode ser visto isoladamente, mas o diferencial do DVD está justamente na colagem que intercala os números do roteiro com cenas captadas em externas e em estúdio. E funciona.

+ Novo de Novo é o desdobramento do álbum Tudo Novo de Novo (2003), cujo repertório nasceu inspirado em auto-retratos feitos por Moska com sua câmera digital em objetos espelhados de banheiros (as imagens podem ser vistas nos extras do DVD). Entre uns pensamentos de cunho filosófico, Moska expõe canções como Reflexos e Reflexões, Trampolim, O Jardim do Silêncio e Lágrimas de Diamantes. Em A Seta e o Alvo, hit de seu terceiro disco solo, o público ensaia coro espontâneo. Bem menos palatável à primeira audição, Admiração tem melodia e poesia que descendem da boa linhagem romântica da era pré-Bossa Nova. A rigor, já atemporal.

Dentro e fora do palco, Moska recebe convidados. O produtor Nilo Romero toca guitarra elétrica em Seu Olhar e A Idade do Céu. Esta é versão de música de Jorge Drexler - o compositor uruguaio que une sua voz a de Moska em Dos Colores: Blanco y Negro, em dueto registrado numa praia. Com o filho Antonio na percussão, Moska canta o samba O Bilhete no Fim. Já Mart'nália dá o ar da graça em outro samba, Acordando, em gravação externa captada com um áudio ruim. Mais audível é Pensando em Você, uma das canções de Moska que mais se aproximam do redondo formato das rádios. Já Sem Dizer Adeus perde, no registro ao vivo do autor, parte do brilho melódico da bela gravação feita por Daúde para seu álbum Neguinha te Amo, de 2003. Por fim, o grupo de percussão Bate Lata - formado por crianças e adolescentes de Brasília - encorpa com seus vocais e baticum o xote Relampiano (parceria de Moska com Lenine), a releitura de O Mundo (tema do grupo Karnak que Ney Matogrosso recriou com mais propriedade ao lado de Pedro Luís e a Parede) e O Último Dia, canção que não pedia a camada percussiva do Bate Lata. Neste caso, um violão já seria suficiente...

No todo, a costura filme-show é bem feita e resulta em produto de indiscutível unidade. Que termina com a regravação de Coração Vagabundo, a bela canção de Caetano Veloso, de 1967. De forma sempre pessoal, Moska retrata o particular universo ao seu redor.

9 Comments:

Anonymous Anônimo said...

na minha opinião, ele sempre quis ser caetano. Mas não é.

20 de março de 2007 às 12:25  
Anonymous Anônimo said...

Gostei do texto Mauro . A capa remete ao cd Infinito Particular de Marisa Maravalhosa Monte . E universo de Paulinho é tão interessante quanto ao da carioca . Amo Moska . E acho que já estava na hora de um dvd dele . E sobre o que Joel disse , acho que ele tem Caetano como refêrencia mas tem brilho e inteligência para diferenciar sua obra .

20 de março de 2007 às 15:57  
Blogger Unknown said...

Gosto muito do Moska, tem coragem de experimentar. Mauro gostaria de lhe enviar o CD Palhaço Bonito da cantora Célia Porto. Para onde mando? Fico no aguardo!
meu mail é renio.quintas@gamil.com!
Parabéns pelo Blog, da melhor qualidade, não entendi se posso assinar e recebe-lo!
Abraços,
Renio Quintas

20 de março de 2007 às 17:07  
Anonymous Anônimo said...

haja frases de efeito nesse blog, né? esse tipo de título, "particular universo ao seu redor", não passa de "literatice". eta, coisa cafona!!!!

20 de março de 2007 às 23:37  
Anonymous Anônimo said...

O mundo , Ultimo dia , Pensando em você , A seta e o alvo .... quantas coisas legais e inteligentes esse cara já nos deu !
Moska arrisca , insiste , provoca e acerta ao fazer um som que agrada sem perder o estilo(unico) de artista multimidia e antenado que é . Vem em boa hora esse dvd . Sou fã . Moska também é ator , fotografo e dirigiu o dvd de Carol Saboya que ainda não saiu . Fera !

21 de março de 2007 às 08:30  
Anonymous Anônimo said...

Diogo,

Você disse tudo que eu queria dizer sobre o Moska.

Gosto dele à beça.

abração,
Denilson

21 de março de 2007 às 14:41  
Anonymous Anônimo said...

Tb gosto do Moska, mas em terra que nem Arnaldo Antunes é reconhecido(salve com a ajuda da amigona Marisa Monte) fica difícil pro Moska.
Mas que ele merecia mais, isso merecia, não sei o que faltou pra ele "acontecer"

Jose Henrique

22 de março de 2007 às 01:18  
Anonymous Anônimo said...

Diogo ficou muito lindo mas vc não gosta de Um Mobile no Furacão ? Acho ótima .

22 de março de 2007 às 06:42  
Anonymous Anônimo said...

Pois é, José Henrique.

Também queria entender.

Não sei se é porque ele surgiu no cenário musical como integrante do "Inimigos do Rei", grupo pop/comercial que fazia muito sucesso nos programas tipo Xuxa, e em seguida estourou com a música "Último Dia", sucesso na abertura de minissérie, porém depois quis fazer um trabalho mais sofisticado (que me agrada muito mais).

Talvez a indústria musical não tenha conseguido enquadrá-lo e/ou rotulá-lo.

abração,
Denilson

22 de março de 2007 às 09:32  

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