28 de fevereiro de 2007

Duas biografias desvendam o mundo de Maysa

Trágico acidente de carro na ponte Rio-Niterói, em 22 de janeiro de 1977, fechou os olhos de Maysa - dois oceanos não pacíficos, na definição poética de um poeta, Manuel Bandeira. Trinta anos depois da morte da artista, nascida em 6 de julho de 1936, duas biografias abrem o arquivo de registros da cantora e compositora para lançar olhares sobre uma das mais intensas intérpretes brasileiras. De vida e de obra únicas.

Com prefácio de Ruy Castro, Só Numa Multidão de Amores (capa à esquerda) vai chegar às livrarias no começo de março pela editora Globo. Foi escrita por Lira Neto, com o aval de Jayme Monjardim, filho de Maysa. Já Meu Mundo Caiu - A Bossa e a Fossa de Maysa (capa à direita) já está à venda, por R$ 39,00, no site da editora Novo Século. O prefácio é de ninguém menos do que Gal Costa, admiradora da cantora. O autor é Eduardo Logullo.

33 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Maysa ainda está para ser descoberta...

28 de fevereiro de 2007 às 16:51  
Anonymous Anônimo said...

Prefácio de Gal Costa?
ajudai-me!

28 de fevereiro de 2007 às 17:02  
Anonymous Anônimo said...

Mauro,

Permita-me colocar um depoimento feito por uma amiga minha, contemporânea da Maysa, que é muito ilustrativo da importância dela para a música brasileira.

"Pessoal,

Maysa é a musa do blues brasileiro, o samba-canção.

Meu Mundo Caiu , As Suas Mãos, Bom Dia Tristeza, Ouça, Resposta,
Bronzes e Cristais, Saudades de mim..... hummm... ....bluezaços!!!

Ela foi uma compositora única, num tempo onde mulher não escrevia letra. Mesmo a Dolores Duran, também pioneira, fazia muita melodia pra letras masculinas.

Naqueles tempos de pré bossa nova as musica da Maysa foram uma vanguarda. Uma grande novidade.

Eram os Anos Dourados, a virgindade era um tabu, o cabelo tinha laquê, as saias tinham muitas anáguas,as luvas eram obrigatórias, moça direita não
dizia palavrão....a mulher era totalmente submissa aos ditames morais.

Não tinha meio termo. Ou era santa ou era puta.

Eu, caçula de 4 irmãs, tive o privilégio, sendo criança, de testemunhar e viver isso tudo
através das mais velhas que eu. A mais velha tocava violão,aprendeu todos os sambas-canção (ou será sambas-canções?!..) da Maysa.

As pessoas hoje não tem noção do escãndalo que foi a Maysa abandonar a familia Matarazzo, o clã mais rico, famoso e chique do país, largar o marido e virar cantora. (A fofoca que corria era que a Maysa tinha dado flagrante no marido na cama com a mãe dela.)

Cantora era sinõnimo de prostituta. Moça de familia
jamais poderia abraçar essa carreira.

Maysa transgrediu, desafiou, era linda, arrazou, explodiu...e sofria como o diabo.

As pessoas falam nela como intérprete, a fama é da cantora, mas pra mim o que mais fascina é a Maysa compositora.

Ela fazia samba-canção como poucos. As melodias eram simples e belas, com letras escritas como se falasse, sem o empolamento literário das letras da época.
Ela falava de verdades que ninguem ainda falava.

Amo Maysa, guardo dela uma lembrança magnifica, antes da bebida provocar aquela
expressão torta em sua boca, antes do alcool causar um exagero nas interpretações.

Lembro dela esplêndida, nos primórdios da extinta TV TUPY, cantando As tuas Mãos,
um close naquele rosto belo, com maquilagem carregada, os olhos verdes muito pintados,
e as lágrimas escorrendo pelo rosto, fazendo sulcos negros nas faces.

Era uma emoção escandalosa, desavergonhada, desbravadora, transgressora, linda!
Ela me ensinou a não ter vergonha das emoções.

Grande Maysa."

É a música brasileira já foi grande!

abração,
Denilson

28 de fevereiro de 2007 às 17:13  
Anonymous Anônimo said...

Maysa merece uma biografia a altura de sua personalidade forte e da importância de sua música e arte. Entretanto para escrevê-la há que ter sua mesma coragem, ousadia e sensibilidade.
Maysa não aceitaria nada apenas regular, bem feito, redundante. Mergulhar no universo-maysa é tarefa para poucos. Espero que algum deles, ou ambos, tenha conseguido mergulhar neste maremoto.
É de minha natureza duvidar. Já conheço os homens (e os seus interesses) o suficiente para ter poucas surpresas.
VOILÀ!

28 de fevereiro de 2007 às 17:22  
Anonymous Anônimo said...

Mauro
Permita-me publicar o prefácio da Gal, que me emocionou muitíssimo.

Conheci Maysa na metade da década de 70 em uma viagem de trem de São Paulo para o Rio de Janeiro. Ela estava na cabine do restaurante quando entrei com a timidez que me é peculiar e que me traz também um certo ar de mistério, de charme. Sentei-me perto dela e acabei, não sei como, sentada à mesma mesa dela, a gargalhar de alegria e de prazer. Maysa era só magia, fôrça, sedução. Uma mulher atraente, inteligente, acompanhada de uma eterna angustia existencial.
Compartilhava com ela os momentos mais prazerosos de uma amizade que parecia duradoura, se não fosse a morte arrebatá-la para quase sempre. Digo quase sempre porque sei que aquela energia tão especial que tive a alegria de experimentar, deve estar armazenada em algum lugar deste imenso infinito. Uma energia como a dela não pode perder-se ou acabar-se de repente. Ela está viva na sua obra, na sua perene imagem de mulher-deusa, na sua beleza.
Maysa foi uma mulher moderna para sua época, uma cantora apaixonada, de talento incomum. Isso tudo fazia da menina à sua frente uma admiradora, uma fã arrebatada por seu feitiço. Lembro-me de vê-la à distância, ainda nos anos 60, logo no início da minha carreira, quando participamos de um festival. Ela já era um mito, uma artista respeitada e reverenciada. Maysa passava, a nós iniciantes, uma carga de intensidade sem igual. Víamos nela o brilho raro das grandes intérpretes, em que a vida se misturava à sua arte. Ficava evidente que se tratava de uma mulher decidida e firme nas escolhas do que queria fazer, cantar e agir. Pessoalmente, ela era delicada e pouco impositiva, embora na carreira agisse de modo determinado.
Assim como eu, Maysa era uma pessoa que amava o silêncio das madrugadas. Costumávamos conversar muito por telefone, descobrindo as miudezas da amizade e trocando experiências diversas. Ela era uma profissional bastante exigente e conhecia de longe quando uma situação valeria a pena. Tinha idéias súbitas de fazer parcerias, apresentações e novas canções, em projetos que o tempo não nos permitiu cumprir. Como artistas estivemos juntas apenas em uma ocasião, na gravação de um número musical para o programa Fantástico, mais ou menos um ano antes da sua morte. Ela cantou Coração Vagabundo e eu, por sugestão dela, Resposta, uma composição dela mesma e que traduzia perfeitamente aquela mulher avançada.
Por tudo isso compreendo hoje que Maysa, independente de seu repertório romântico e passional, foi uma mulher moderna. Moderna no sentido de ter espírito inquieto, de acreditar em atitudes fortes, de mostrar opinião própria em assuntos considerados pouco convencionais e por viver daquele modo cheio de audácia. Ela continua uma presença incomparável na MPB. Ninguém parece com Maysa e dificilmente surgirá outra cantora do seu jeito.

Gustavo Vasconcellos

28 de fevereiro de 2007 às 19:11  
Blogger Mauro Ferreira said...

Gustavo, grato por trazer o prefácio de Gal para o blog. O texto é muito bonito. Viva Gal!

28 de fevereiro de 2007 às 19:27  
Anonymous Anônimo said...

Que tal Gal cantar alguma coisa de Maysa, hein?????

28 de fevereiro de 2007 às 20:12  
Anonymous Anônimo said...

Viva Gal sim, grande Mauro, mas o texto está bem longe de ser muito bonito. Comum. Ginasial.

1 de março de 2007 às 01:04  
Anonymous Anônimo said...

Muito bom o prefácio ser escrito pela Gal, ela foi a escolha certa pra isso devido sua trajetória na música popular brasileira.

1 de março de 2007 às 01:08  
Anonymous Anônimo said...

Gal é uma cantora, não escritora. Não dá para exigir dela um texto literário. O texto é bonito na medida em que revela a amizade, a admiração de Gal pela artista, pela mulher etc. Enfim, Gal já está sendo muito cobrada como cantora, estender essas cobranças aos textos escritos por ela já chega a ser injusto. Mas, feitas as ressalvas, espero que não tenha sido a própria Gal quem tenha escrito "fôrça", ou então que tenha sido um erro apenas circunstancial.

Flávio

1 de março de 2007 às 07:32  
Anonymous Anônimo said...

"Ela estava na cabine do restaurante quando entrei com a timidez que me é peculiar e que me traz também um certo ar de mistério, de charme". O mundo sempre girando em torno do umbigo da Gal. Claro que não foi ela a autora do texto. Quanto a ser " ginasial" concordo e é verdadeiro, afinal a cantora nem sequer completou o ginásio. O livro é oportunista e tenta abafar o grande trabalho do Lira Neto. De caras já mente quando fala dos 8 anos de Maysa num internato. Maysa não merece tantas " homenagens". Gal cantando Maysa? Melhor tomar Gardenal. O efeito passa mais rápido.

1 de março de 2007 às 09:15  
Anonymous Anônimo said...

Gal a parte, um livro consistente sobre Maysa será muito bem vindo. Maysa foi, antes de tudo, uma grande personalidade.

1 de março de 2007 às 09:20  
Anonymous Anônimo said...

Nossa, Gal ?????
Melhor deixar quieto....

1 de março de 2007 às 09:52  
Anonymous Anônimo said...

É por isso que o mundo está do jeito que está. Pessoas entram aqui pra dizer as mais absurdas coisas, ofender e desmerecer outras. Triste. Se aqui é assim, imagina no mundo "real", né?

Viva Maysa e Viva Gal!

1 de março de 2007 às 09:54  
Anonymous Anônimo said...

Lindo texto e Gal maravilhosa como sempre. Infelizmente o fato da Gal ser a maior cantora desperta muita inveja e despeito nas pessoas. Viva Gal
Marília

1 de março de 2007 às 11:18  
Anonymous Anônimo said...

Nossa, estou sem palavras. Mauro, obrigada por publicar o prefácio de Gal, está realmente maravilhoso e merece nosso aplauso. Como algumas pessoas aí acima disseram, Gal não acha que o mundo gira em torno do seu umbigo, ela é uma pessoa muito simples e humilde, quem já viu de perto sabe. Acho que deveriam ter mais respeito com a "grande dama da voz".

Renata

1 de março de 2007 às 11:23  
Anonymous Anônimo said...

Puro preconceito contra a Gal.Além de sensível,tem experiência de anos na sua profissão,aliás a mesma da Maysa,né?E como disse a Gal são mesmo "misteriosas,tímidas,charmosas" e belas como poucas.Com certeza queriam que alguma fosseira ou alguma dramática,sempre metidas a inteligentes e emocionais,escrevesse o maldito prefácio?

1 de março de 2007 às 13:24  
Anonymous Anônimo said...

Deve ser isso mesmo Marília.Quem falta com respeito significa somente uma coisa que não respeita a si próprio.Ao contrário, Gal Costa escreveu um texto claro e direto, um depoimento pessoal, e que é ao mesmo tempo, história.

1 de março de 2007 às 14:54  
Anonymous Anônimo said...

Tb considero Gal Costa a maior cantora do país a partir de sua geração. Inveja zero; quero que ela cresça sempre mais. Este texto, porém, é ginasial como costuma ser a articulação de raciocínio de minha querida Maria da Graça. De qualquer forma, o fato de ser a artista que é, a credencia, sim, a fazer o prefácio de um livro sobre uma colega sua de igual valor.

Maysa, Gal Costa, Zizi Possi, Nana, Bethânia, Rosa Passos, Alaíde Costa, são artistas de primeira grandeza deste país. Orgulho nacional.

E que chegue logo às lojas este livro. Mergulhar nos olhos de Maysa.

1 de março de 2007 às 15:17  
Anonymous Anônimo said...

SINTO-ME MAL APENAS EM OLHAR PRA ELA.

1 de março de 2007 às 17:10  
Anonymous Anônimo said...

As interpretações de Maysa são sempre chorosas e cheias de portamentos. Acho isso cansativo. 10 minutos e tenho que trocar de cantora. Dá tempo para 'Ne me quitte pas' e 'Se Todos Fossem Iguais a Você'. Em seguida, um Prozac.

É uma das pioneiras da Bossa Nova, dizem até que foi a primeira a gravar 'O Barquinho' (se o Pery Ribeiro concordar). Agora, francamente seu jeito plangente de cantar está mais para Antonio Maria do que para Menescal. Bolero bravo.

1 de março de 2007 às 17:12  
Anonymous Anônimo said...

Maysa.

Penso ser sua maior fã.
E não é de hoje.
Seria motivo de grande alegria
recebê-la no "Fino",
contar com você como visita.
Caso você aceite, ficarei a sua espera
na próxima semana.
Felicidades!

Um grande abraço,

Elis Regina.
22/4/66

2 de março de 2007 às 06:09  
Anonymous Anônimo said...

" Nossa melhor cantora? Claro que é a Maysa! Admiro muitas outras, mas Maysa é sensacional!"

Maria Bethânia

2 de março de 2007 às 06:12  
Anonymous Anônimo said...

BREGUÉRRIMA.

2 de março de 2007 às 07:44  
Anonymous Anônimo said...

Muito interessante esse post sobre a Elis Regina, porque as duas tiveram uma relação muito tumultuada, em parte causada pelo forte temperamento das duas, em parte causada por ambas terem se relacionado com Ronaldo Bôscoli.

Existe uma história muito engraçada contando que Maysa estava num evento cercada de fãs, dando muitos autógrafos e sendo paparicada por todos, quando chegou Elis (creio que em início de carreira e recém contratada pela Record, mas já fazendo um sucesso enorme) e falou com Maysa mais ou menos assim:

- Oi. Sou Elis Regina e gostaria que você cantasse no meu programa "Fino da Bossa".

Ao que Maysa olhou de soslaio para Elis e respondeu secamente:

- Não!

E voltou para os seus fãs, dando as costas para Elis que ficou plantada que nem uma boba.

Poucas pessoas conseguiram dar uma esnobada em Elis Regina e sair incólumes. Maysa fez.

abração,
Denilson

2 de março de 2007 às 09:41  
Anonymous Anônimo said...

Pela cara dela dá pra ver que ela realmente era uma pessoa grossa.

2 de março de 2007 às 14:35  
Anonymous Anônimo said...

O Mauro diz que o Denilson enriquece o blog com seus comentários . Esse é sim um fofoqueiro que só entra pra comentar os fuás que ocorreram no passado . Feio

3 de março de 2007 às 03:16  
Anonymous Anônimo said...

Essa de dizer que a cantora nnao completou o ginásio foi de amargar.
Que cabecinha oca a tua.Desde quando escola neste país é sinal de qualidade.Principalmente falando de música e textos. vedi Plínio Marcos,Ed Motta e tantos outros.
Vai refletir, vai!

3 de março de 2007 às 09:57  
Anonymous Anônimo said...

Mel, deixe de ser tonta. Denilson é fofo, Edu é fofo, Mauro é fofíssimo e Maysa é foférrima.

Só Mel é amarga...

3 de março de 2007 às 10:40  
Anonymous Anônimo said...

o texto de gal é lindo e revela um estilo muito bonito de escrever. queiram o que? algo barroco e intelectual como os textos do caetano?
dizer que é ginasiano é puro preconceito.
o texto tem um frescor e uma beleza muito particular na escrita exatamente por ser muito subjetivo e sem ghostwritters...

3 de março de 2007 às 12:09  
Anonymous Anônimo said...

Mel,

Você está coberta de razão. Eu já tinha prometido a mim mesmo não mais fazer esse tipo de colocação, mas me traí.

Sorry e abração a todos.
denilson

3 de março de 2007 às 21:33  
Blogger Lira Neto said...

Caros,

para saber mais sobre meu livro 'Maysa: só numa multidão de amores", visitem o blog da biografia:
www.sonumultidaodeamores.blogspot.com

Abração!

5 de março de 2007 às 10:08  
Anonymous Anônimo said...

Não há como fazer comparações. Elis e Maysa distintamente foram grandes cantoras, assim como Clara Nunes, Rita Lee etc.. Cada qual com seu estilo. Prá que ficar nessa "guerrinha tola"...

24 de março de 2009 às 22:05  

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