26 de junho de 2010

McKay revive com verve repertório de Doris Day

Resenha de CD
Título: Normal as
Blueberry Pie -
A Tribute to Doris Day
Artista: Nellie McKay
Gravadora: Verve
Records / Universal Music
Cotação: * * * *

Ao lançar seu primeiro álbum em 2004, o duplo Get Away from me, Nellie McKay - inglesa radicada nos Estados Unidos - já mostrou certa verve no título que brincava com o nome do disco que, dois anos antes, alçara Norah Jones ao topo das paradas (Come Away with me, 2002). Seguiram-se, então, dois CDs de visibilidade restrita ao mundo do pop jazz, Pretty Little Head (2006) e Obligatory Villages (2007), até que Normal as Blueberry Pie deu visibilidade mundial a essa (ótima) cantora, compositora e atriz que transita pela música, pelo cinema e pelo teatro, já tendo debutado na Broadway. Como informa o subtítulo de seu quarto álbum, trata-se de tributo ao cancioneiro de Doris Day, atriz e cantora norte-americana celebrizada em Hollywood após ter iniciado sua carreira musical na era das big-bands de jazz. Não por acaso, a arte gráfica do álbum evoca os LPs lançados nas décadas de 50 e 60 - os anos áureos de Doris - numa fina sintonia com o som ouvido em suas 13 faixas. Com doses combinadas de frescor e nostalgia, McKay incursiona com graça e sofisticação pelo repertório mais chique de sua antecessora - hoje longe dos holofotes, aos 88 anos - em disco que, de certa forma, reverencia também a velha escola do jazz em faixas como Do Do Do (George & Ira Gershwin) e The Very Thought of You (Ray Noble). Alguns temas - em especial, Wonderful Guy (Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II) e Crazy Rhythm (Joseph Meyer, Roger Wolfe Kahn e Irving Caesar) - foram ambientados em clima de cabaré retrô. Já Meditation - que vem a ser a versão em inglês escrita por Norman Gimbel para Meditação, o belo clássico internacional de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) e Newton Mendonça (1927 - 1960) - ressurge em sedutor tom etéreo. A faixa prova que Nellie McKay acertou ao celebrar a música de Doris Day sem recorrer a obviedades com Que Será Será (Whatever Will Be, Will Be), tema de 1956 ainda associado à artista no imaginário mundial - assim como os filmes que, entre a sensualidade e inocência, fizeram de Miss Day uma das mais perfeitas traduções da ideologia dos EUA.

1 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Ao lançar seu primeiro álbum em 2004, o duplo Get Away from me, Nellie McKay - inglesa radicada nos Estados Unidos - já mostrou certa verve no título que brincava com o nome do disco que, dois anos antes, alçara Norah Jones ao topo das paradas (Come Away with me, 2002). Seguiram-se, então, dois CDs de visibilidade restrita ao mundo do pop jazz, Pretty Little Head (2006) e Obligatory Villages (2007), até que Normal as Blueberry Pie deu visibilidade mundial a essa (ótima) cantora, compositora e atriz que transita pela música, pelo cinema e pelo teatro, já tendo debutado na Broadway. Como informa o subtítulo de seu quarto álbum, trata-se de tributo ao cancioneiro de Doris Day, atriz e cantora norte-americana celebrizada em Hollywood após ter iniciado sua carreira musical na era das big-bands de jazz. Não por acaso, a arte gráfica do álbum evoca os LPs lançados nas décadas de 50 e 60 - os anos áureos de Doris - numa fina sintonia com o som ouvido em suas 13 faixas. Com doses combinadas de frescor e nostalgia, McKay incursiona com graça e sofisticação pelo repertório mais chique de sua antecessora - hoje longe dos holofotes, aos 88 anos - em disco que, de certa forma, reverencia também a velha escola do jazz em faixas como Do Do Do (George & Ira Gershwin) e The Very Thought fo You (Ray Noble). Alguns temas - em especial, Wonderful Guy (Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II) e Crazy Rhythm (Joseph Meyer, Roger Wolfe Kahn e Irving Caesar) - foram ambientados em clima de cabaré retrô. Já Meditation - que vem a ser a versão em inglês escrita por Norman Gimbel para Meditação, o belo clássico internacional de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) e Newton Mendonça (1927 - 1960) - ressurge em sedutor tom etéreo. A faixa prova que Nellie McKay acertou ao celebrar a música de Doris Day sem recorrer a obviedades com Que Será Será (Whatever Will Be, Will Be), tema de 1956 ainda associado à artista no imaginário mundial - assim como os filmes que, entre a sensualidade e inocência, fizeram de Miss Day uma das mais perfeitas traduções da ideologia dos EUA.

26 de junho de 2010 às 13:51  

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