5 de abril de 2010

Vagamente, Wanda evoca registro 'cool' de 1964

Resenha de CD
Título: Declaração
Artista: Wanda Sá
& Roberto Menescal
Gravadora: Albatroz
Cotação: * * * 1/2

Em 1964, então dando os seus passos iniciais como produtor de discos, Roberto Menescal deu forma ao primeiro aclamado LP de Wanda Sá, Vagamente. Por conta de uma greve dos transportes públicos motivada pela tomada do poder pelos militares, uma das faixas mais elogiadas do álbum - Inútil Paisagem (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira) - acabou sendo gravada em 1º de abril de 1964 apenas com a voz de Wanda, a guitarra semiacústica de Menescal e o contrabaixo de Sérgio Barrozo (a ideia inicial era gravar o tema com orquestra regida por Eumir Deodato). É o tom íntimo e minimalista dessa gravação cool que Wanda e Menescal perseguem no bom CD, Declaração, que lançam nesta segunda-feira, 5 de abril de 2010. As 14 faixas do disco - que equilibra no repertório inéditas como a faixa-título (parceria de Bena Lobo com Paulo César Pinheiro) com standards da MPB e da bossa - foram gravadas com a mesma formação, com a diferença de que o contrabaixo atualmente ficou a cargo de Adriano Giffoni. Embora seja o título mais interessante das recentes discografias de Wanda e Menescal, Declaração evoca apenas vagamente aquela gravação de 1964. Já não há, evidentemente, o frescor do álbum produzido há 46 anos. A própria voz de Wanda já soa mais densa (embora igualmente afinada). O que não impede que Declaração seja sedutor a seu modo. A dupla traz para esse universo mais íntimo músicas como Bilhete (Ivan Lins e Vítor Martins - sem a carga dramática da emblemática gravação feita por Fafá de Belém em 1982), Futuros Amantes (Chico Buarque, 1993) e Eu Canto meu Blues (parceria recente de Menescal com Oswaldo Montenegro). É fato que a safra de inéditas - que inclui Sapatos Felizes (da lavra de Menescal com Abel Silva) - não está à altura de clássicos como a própria Inútil Paisagem. É fato também que há certa linearidade nos arranjos e nas interpretações. Contudo, Declaração tem lá seus encantos...

6 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Em 1964, então dando os seus passos iniciais como produtor de discos, Roberto Menescal deu forma ao primeiro aclamado LP de Wanda Sá, Vagamente. Por conta de uma greve dos transportes públicos motivada pela tomada do poder pelos militares, uma das faixas mais elogiadas do álbum - Inútil Paisagem (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira) - acabou sendo gravada em 1º de abril de 1964 apenas com a voz de Wanda, a guitarra semiacústica de Menescal e o contrabaixo de Sérgio Barrozo (a ideia inicial era gravar o tema com orquestra regida por Eumir Deodato). É o tom íntimo e minimalista dessa gravação cool que Wanda e Menescal perseguem no bom CD, Declaração, que lançam nesta segunda-feira, 5 de abril de 2010. As 14 faixas do disco - que equilibra no repertório inéditas como a faixa-título (parceria de Bena Lobo com Paulo César Pinheiro) com standards da MPB e da bossa - foram gravadas com a mesma formação, com a diferença de que o contrabaixo atualmente ficou a cargo de Adriano Giffoni. Embora seja o título mais interessante das recentes discografias de Wanda e Menescal, Declaração evoca apenas vagamente aquela gravação de 1964. Já não há, evidentemente, o frescor do álbum produzido há 46 anos. A própria voz de Wanda já soa mais densa (embora igualmente afinada). O que não impede que Declaração seja sedutor a seu modo. A dupla traz para esse universo mais íntimo músicas como Bilhete (Ivan Lins e Vítor Martins - sem a carga dramática da emblemática gravação feita por Fafá de Belém em 1982), Futuros Amantes (Chico Buarque, 1993) e Eu Canto meu Blues (parceria recente de Menescal com Oswaldo Montenegro). É fato que a safra de inéditas - que inclui Sapatos Felizes (da lavra de Menescal com Abel Silva) - não está à altura de clássicos como a própria Inútil Paisagem. É fato também que há certa linearidade nos arranjos e nas interpretações. Contudo, Declaração tem lá seus encantos...

5 de abril de 2010 às 12:22  
Anonymous  said...

Bilhete? Wanda é ótima,vou ouvir mas deve ser mais uma tentando em vão superar Fafá de Belém,mais uma ...

5 de abril de 2010 às 18:25  
Anonymous Anônimo said...

No violão só Joyce compete com Wanda Sá!!!

5 de abril de 2010 às 18:32  
Anonymous Anônimo said...

Có, eu não ouvi o album ainda mas o Mauro diz no texto que Wanda Sá registrou " Bilhete " sem a carga dramática de Fafá de Belém,chamando inclusive o registro dela de emblemático.Ou seja,nada de comparações pois pelo visto Wanda deu tom cool a canção de Ivan Lins e Vítor Martins.Ok?





Sofia Barreto
Guapimirim/RJ

5 de abril de 2010 às 18:35  
Anonymous Diogo ! said...

Bem, Zizi também tirou a " carga dramatica " desse hit oitentista de Fafá no album CANTANDO HISTÓRIAS em dueto com Ivan Lins e,por mais que tenha esbanjado técnica e afinação,não convenceu.

6 de abril de 2010 às 21:05  
Anonymous Diogo ! said...

Wanda Sá é ótima! E como diz um colega meu,toca violão 'como se fosse um homem'.Mas como já disseram,não é a única. Joyce Moreno,Míúcha,Beth Carvalho - que já deu aulas de violão - e as saudosas Nara Leão,Rosinha de Valença e Helena Meireles também!


PS:O Mauro também falou da voz de Wanda.Verdade,pois sempre foi afinada e de uns tempos pra cá se permite soar mais densa,mais outonal e menos primaveril

PS2: Legal também ver o herdeiro dela,Bena compondo e com(ninguém menos)que PC Pinheiro!


Sucesso pra Wanda.
Um abraço a todos
Diogo Santos

6 de abril de 2010 às 21:14  

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