9 de setembro de 2010

Alma afro de Aleluia aflora em 'Cinco Sentidos'

Resenha de CD
Título: Cinco Sentidos
Artista: Mateus Aleluia
Gravadora: Garimpo Discos
Cotação: * * * *

Integrante do grupo vocal Os Tincoãs, trio baiano hábil no uso de temas do Candomblé em repertório que religava Brasil e África através do sincretismo religioso, Mateus Aleluia debuta tarde na discografia solo, aos 66 anos, com Cinco Sentidos. Destaque da fornada de 2010 do selo fonográfico Garimpo Discos, o CD soa profundo, denso, com uma alma que mantém o som de Aleluia em fina sintonia com a matriz africana. Até mesmo um samba mais convencional - como Palavra que Reza (Palavra de Imbondeiro), cantado por Mateus em dueto com sua filha, Fabiana Aleluia, convidada também de Amor Cinza - exala algo de ancestral. A primeira de suas onze faixas, Ogum Pa, já dá a pista certeira sobre o tom meio sacro deste álbum impregnado de religiosidade e de negritude. Tema de grande beleza, Ogum Pa mais parece um mantra afro tamanho o seu poder de sedução. Apenas a voz grave de Aleluia e o piano de Ubiratan Marques criam tal atmosfera de sedução que é reeditada - quase com o mesmo êxito - em Koumba Tam, tema que Aleluia põe (boa) música em versos do escritor senegalês Léopold Sedar Senghor (1906 - 2001) e do pintor Pablo Picasso (1881 - 1993). Única faixa que não é da lavra autoral de Mateus Aleluia, A Lente do Homem (Manu Lafer) reitera o tom filosófico e calmo que pauta Cinco Sentidos. Dentro da rota afro-brasileira seguida pelo disco, a regravação de Cordeiro de Nanã - único sucesso do repertório dos Tincoãs - destaca a voz de Fabiana Aleluia (em seu canto mais inspirado no disco). Gravado até por João Gilberto, Cordeiro de Nanã é da lavra de Mateus Aleluia com Dadinho, parceiros também em Lamento às Águas / Na Beira do Mar, destaque de CD que embaralha sacro e profano - e Brasil e África - sempre fiel à idelogia e à musicalidade do artista.

4 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Integrante do grupo vocal Os Tincoãs, trio baiano hábil no uso de temas do Candomblé em repertório que religava Brasil e África através do sincretismo religioso, Mateus Aleluia debuta tarde na discografia solo, aos 66 anos, com Cinco Sentidos. Destaque da fornada de 2010 do selo fonográfico Garimpo Discos, o CD soa profundo, denso, com uma alma que mantém o som de Aleluia em fina sintonia com a matriz africana. Até mesmo um samba mais convencional - como Palavra que Reza (Palavra de Imbondeiro), cantado por Mateus em dueto com sua filha, Fabiana Aleluia, convidada também de Amor Cinza - exala algo de ancestral. A primeira de suas onze faixas, Ogum Pa, já dá a pista certeira sobre o tom meio sacro deste álbum impregnado de religiosidade e de negritude. Tema de grande beleza, Ogum Pa mais parece um mantra afro tamanho o seu poder de sedução. Apenas a voz grave de Aleluia e o piano de Ubiratan Marques criam tal atmosfera de sedução que é reeditada - quase com o mesmo êxito - em Koumba Tam, tema que Aleluia põe música em versos do escritor senegalês Léopold Sedar Senghor (1906 - 2001) e do pintor Pablo Picasso (1881 - 1993). Única faixa que não é da lavra autoral de Mateus Aleluia, A Lente do Homem (Manu Lafer) reitera o tom filosófico e calmo que pauta Cinco Sentidos. Dentro da rota afro-brasileira seguida pelo disco, a regravação de Cordeiro de Nanã - único sucesso do repertório dos Tincoãs - destaca a voz de Fabiana Aleluia (em seu canto mais inspirado no disco). Gravado até por João Gilberto, Cordeiro de Nanã é da lavra de Mateus Aleluia com Dadinho, parceiros também em Lamento às Águas / Na Beira do Mar, destaque de CD que embaralha sacro e profano - e Brasil e África - sempre fiel à idelogia e à musicalidade do artista.

9 de setembro de 2010 às 12:50  
Blogger Luca said...

Os Tincoãs ainda existem?

9 de setembro de 2010 às 17:30  
Blogger Luciano Matos said...

Não,os Tincoãs não mais existem. Mateus é o único remanescente vivo do grupo. Este álbum é mais uma da ótima leva de artistas biaianos que podemos assistir nos últmos anos e não estamos falando de Axé music e derivados.

12 de setembro de 2010 às 14:34  
Blogger Daiane Oliveira said...

Adorei a resenha, obra fantástica de Mateus Aleluia, transcendente!

6 de novembro de 2010 às 15:24  

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