21 de agosto de 2010

'Extravaganza' evidencia o real valor de Machete

Resenha de CD
Título: Extravaganza
Artista: Silvia Machete
Gravadora: Coqueiro Verde Records
Cotação: * * * * *

Segundo belo disco de estúdio de Silvia Machete, Extravaganza mostra que a cantora carioca tem voz, repertório e inteligência para brilhar fora do picadeiro. Para chamar atenção para seu CD anterior, Bomb of Love - Música Safada para Corações Românticos (2006), a artista montou show performático em que recorreu a técnicas circenses. Hábil, Machete se equilibrou no trapézio, rodopiou envolta em bambolês e criou toda uma mise-en-scéne que pôs em segundo plano a beleza de sua voz e a sua sagacidade para escolher repertório. O show cumpriu sua missão de expor Machete na mídia e rendeu o DVD e CD ao vivo Eu Não Sou Nenhuma Santa (2008). Mas é com Extravaganza que Machete realmente cresce e aparece ao cantar delícias pós-tropicalistas como Sábado e Domingo (Domenico Lancellotti e Alberto Continentino) e Manjar de Reis (Jorge Mautner e Nelson Jacobina). Sob a direção antenada de Fabiano Krieger, autor da melancólica Fim de Festa, Machete transita sem clichês por clima de latinidade tropical quando revive o calypso Underneath the Mango Tree (Monty Norman) - propagado mundialmente em 1962 na trilha sonora do filme 007 contra o Satânico Dr. No - e, sobretudo, quando interpreta Tropical Extravaganza, o tema de Fabiano Krieger que inspirou o título do disco. Certa de que não existe pecado ao Sul do Equador, Machete exala fina sensualidade em O Baixo - tema da própria artista em cuja letra ela se dirige ao instrumento com falas dúbias - e se permite desfrutar dos prazeres da folia em Meu Carnaval e em Vou pra Rua parcerias suas com Márcio Pombo e Rubinho Jacobina. Estas faixas autorais reforçam a evolução de Machete como compositora. Em qualquer latitude ou atmosfera, saltam aos ouvidos em Extravaganza a afinação da cantora e a inspiração do repertório. E é com sua técnica vocal que Machete lapida diamantes melodiosos como A Cigarra - versão dela para Como La Cigarra, tema de María Elena Walsh propagado pela voz resistente de Mercedes Sosa (1935 - 2009) - e Feminino Frágil, sua primeira parceria com Erasmo Carlos (de cujo repertório já havia pinçado a pouco ouvida Gente Aberta para seu primeiro CD). Sobre melodia delicada do Tremendão, a compositora escreveu letra que dialoga com Mulher, um dos maiores sucessos de Erasmo em sua fase pós-Jovem Guarda. Logo no início, com Noite Torta, ótima esquecida música de Itamar Assumpção (1949 - 2003), o CD já se insinua elegante, diferente. Quando chega ao fim, ao som de Coração Valente, parceria de Machete com o soulman Hyldon, Extravaganza se impõe como um dos melhores discos de 2010 sem precisar armar todo o circo.

11 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Mauro,tua resenha alegrou meu sábado! No meio de tantas repetições e recados desnecessários, Silvia Machete é o oxigênio que a música brasileira merecia

21 de agosto de 2010 às 13:34  
Anonymous Rubens Lisboa said...

O disco da Silvia realmente é um primor, Mauro! Concordo com você em gênero, letra e música!

21 de agosto de 2010 às 14:25  
Anonymous Anônimo said...

A capa é maravilhosa! Ainda tem o detalhes da eterna pomba na cabeça dela agora voando, muito bom! Sinto falta dessas ousadias, acho a música brasileira atual muito comportadinha. Fiquei curioso pra ouvir.

21 de agosto de 2010 às 14:49  
Anonymous Anônimo said...

O CD é muito bom. "Noite Torta" é demais. Esse CD todos tem de ter! Será que a distribuição vai ser boa? Fui ao show de estréia no Auditorio Ibirapuera e posso dizer que foi excelente, divertido, som ótimo.
Viva Silvia Machete e agora espero pelo relançamento de Bomb of Love como indicado em seu site www.silviamachete.com.br

Comprem Extravaganza... @Cdnuts

21 de agosto de 2010 às 16:32  
Blogger Luca said...

Ouvi Sábado e domingo e curti. Agora acho que não tem sentido comparar o disco com o show. A questão é que ninguém prestou atenção no primeiro disco da Sílvia, já viram direto seu show. Ela não 'armou o circo' no primeiro disco, armou?

21 de agosto de 2010 às 17:31  
Anonymous Renan Pereira said...

Mauro, é "... Música Romântica para Corações Safados".

Dá pra ouvir o Extravaganza no site.

21 de agosto de 2010 às 17:37  
Anonymous Anônimo said...

Melhor que cantos e rezas PRONTOFALEI. CD foda!

22 de agosto de 2010 às 01:46  
Anonymous Seo Zé said...

Esse cd dialoga em muitos momentos com o "Música safada para corações românticos". Tipo 'Meu carnaval' dialoga com 'Pé'; 'Fim de festa' com 'Toda Bebada Canta'; e 'O Baixo' é uma música extravagante para corações pra lá de românticos. Esse cd é pra quem duvidava do talento de Machete. Merecidíssima as 5 estrelas. Discão!

22 de agosto de 2010 às 22:52  
Anonymous Denilson Santos said...

Eu ouvi o disco no site dela e discordo da opinião do Mauro. Achei o trabalho previsível, repetitivo e comportadinho demais pro meu gosto. Não me despertou a vontade de uma segunda audição.

Destaco, porém, o talento do Fabiano Krieger como músico e arranjador.

Enfim, viva a liberdade de opinião.

abração,
Denilson

23 de agosto de 2010 às 11:18  
Anonymous Anônimo said...

Denilson, suas opiniões no blog do Mauro são inteligentes e bem colocadas, em sua maioria. O Mauro está com a mania das 5 estrelas!
Silvia Machete com esse disco nada a ver com 5 estrelas? Roberta Sá 5 estrelas? Aqui tem chuva de estrelas. Quando é demais até perde a graça.

23 de agosto de 2010 às 14:54  
Blogger Anna Carolinne said...

Eu adorei o novo CD da Silvia Machete! As músicas estão muito boas e bem trabalhadas.

E quem assistiu o show, pode ver como ficou fantástico o trabalho dela.
Ela é uma artista completa, sabe prender o público - tanto com a voz maravilhosa, quando com as graças que ela faz e a interação com o público... super presença de palco.
Amei, amei! :D

11 de maio de 2012 às 23:23  

Postar um comentário

<< Home