Se o 'Um' foi muito bom, 'Dois É Show' é demais
Título: Dois É Show
Artista: Adriana Partimpim (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 8 de maio de 2010
Cotação: * * * * 1/2
Agenda de Dois É Show:
Rio de Janeiro (RJ) - Vivo Rio (9, 22 e 23 de maio)
São Paulo (SP) - HSBC Brasil (7, 8, 14 e 15 de agosto)
Se o primeiro show de Adriana Partimpim, estreado em maio de 2005, já foi muito bom, o segundo é totalmente demais. Dirigido por Adriana Calcanhotto com Leonardo Netto, Dois É Show é espetáculo feito para crianças com sensibilidade e musicalidade de gente grande. Tudo flui bem. Tudo parece estar no seu devido lugar - mesmo que o multicolorido cenário de Hélio Eichbauer subverta a realidade das proporções com elementos cênicos (lápis e lâmpadas, por exemplo) de tamanho gigante. Hábeis ao dar caráter lúdico a números de tom adulto, como O Homem Deu Nome a Todos os Animais (Bob Dylan em versão de Zé Ramalho), os figurinos de Marcelo Pies e Danielle Jensen são um show à parte de cores, beleza e sintonia com o universo infantil. Nesse sentido, Dois É Show avança muito em relação ao primeiro espetáculo de Partimpim. A atmosfera de encantamento é tamanha que até disfarça a rala inspiração de um ou outro tema autoral da artista - em especial, Menino, Menina. Talvez porque Adriana entre sem pudores na brincadeira ao montar o roteiro que alterna músicas dos dois CDs de estúdio de Partimpim. Seu gestual em Ciranda da Bailarina (Edu Lobo e Chico Buarque) reproduz o movimento de uma bailarina numa caixinha de música - com direito a uma saia guarda-chuva que reproduz versos da letra escrita por Chico. A propósito, a própria sonoridade dos arranjos, que combinam sons orgânicos e eletrônicos, às vezes evoca a delicadeza das caixinhas de música com série de barulhinhos bons tirados de inusitado arsenal percussivo que inclui brinquedos e artefatos digitais. Um prato cheio para Domenico Lancellotti e Rafael Rocha brincarem em cena! Mas as guitarras também se fazem ouvir. Tanto as de Moreno Veloso e Davi Moraes como a da própria Partimpim. Que simula solo hendrixiano em Um Leão Está Solto nas Ruas - o rock pré-Jovem Guarda de Rossini Pinto, boa surpresa do roteiro - e toca sua guitarra em números como As Borboletas e Oito Anos. Esta parceria de Paula Toller com Dunga - sucesso do primeiro CD de Partimpim - é um dos números com maior poder de sedução junto às crianças. O coro ouvido no refrão rivaliza com o do hit radiofônico do primeiro álbum, Fico Assim sem Você, a pérola extraída do repertório da extinta dupla Claudinho & Buchecha. São números em que a criançada tira os olhos do aparato visual do show para curtir tão somente o som. Já outras músicas - caso de Alexandre (Caetano Veloso), engrandecida com percussão que remete ao baticum afro-baiano - são mais ouvidas pelos adultos, já que os shows de Partimpim continuam atraindo crianças de todas as idades. Que logo se embevecem com o trem de brinquedo que atravessa o palco enquanto Partimpim embarca n'O Trenzinho do Caipira (Heitor Villa-Lobos e Ferreira Gullar) e com o chapéu de borboletas que adorna As Borboletas (Cid Campos e Vinicius de Moraes). Dois é realmente show porque Partimpim deixa baixar em cena seu espírito moleque. Exceto na terna Gatinha Manhosa (Roberto e Erasmo Carlos), único número de voz-e-violão, em que a menina parece estar possuída pelo espírito de Calcanhotto, já habituada a fazer incursões no cancioneiro da Jovem Guarda. Mas Partimpim logo volta a ser Partimpim. E brinca de ser DJ, fazendo scratches no toca-discos posicionado no palco como elemento cênico. Já no bis, a menina sapeca cai na folia em Lig-Lig-Lig-Lé (Oswaldo Santiago e Paulo Barbosa) - com fantasia de chinês - e na reprise do carnavalesco Baile Partimcundum (Adriana Partimpim e Dé Palmeira). Em suma, Dois é show porque traz diversão sadia que não subestima a inteligência de crianças e adultos. Dois é dez!
Se o primeiro show de Adriana Partimpim, estreado em maio de 2005, já foi muito bom, o segundo é totalmente demais. Dirigido por Adriana Calcanhotto com Leonardo Netto, Dois É Show é espetáculo feito para crianças com sensibilidade e musicalidade de gente grande. Tudo flui bem. Tudo parece estar no seu devido lugar - mesmo que o multicolorido cenário de Hélio Eichbauer subverta a realidade das proporções com elementos cênicos (lápis e lâmpadas, por exemplo) de tamanho gigante. Hábeis ao dar caráter lúdico a números de tom adulto, como O Homem Deu Nome a Todos os Animais (Bob Dylan em versão de Zé Ramalho), os figurinos de Marcelo Pies e Danielle Jensen são um show à parte de cores, beleza e sintonia com o universo infantil. Nesse sentido, Dois É Show avança muito em relação ao primeiro espetáculo de Partimpim. A atmosfera de encantamento é tamanha que até disfarça a rala inspiração de um ou outro tema autoral da artista - em especial, Menino, Menina. Talvez porque Adriana entre sem pudores na brincadeira ao montar o roteiro que alterna músicas dos dois CDs de estúdio de Partimpim. Seu gestual em Ciranda da Bailarina (Edu Lobo e Chico Buarque) reproduz o movimento de uma bailarina numa caixinha de música - com direito a uma saia guarda-chuva que reproduz versos da letra escrita por Chico. A propósito, a própria sonoridade dos arranjos, que combinam sons orgânicos e eletrônicos, às vezes evoca a delicadeza das caixinhas de música com série de barulhinhos bons tirados de inusitado arsenal percussivo que inclui brinquedos e artefatos digitais. Um prato cheio para Domenico Lancellotti e Rafael Rocha brincarem em cena! Mas as guitarras também se fazem ouvir. Tanto as de Moreno Veloso e Davi Moraes como a da própria Partimpim. Que simula solo hendrixiano em Um Leão Está Solto nas Ruas - o rock pré-Jovem Guarda de Rossini Pinto, boa surpresa do roteiro - e toca sua guitarra em números como As Borboletas e Oito Anos. Esta parceria de Paula Toller com Dunga - sucesso do primeiro CD de Partimpim - é um dos números com maior poder de sedução junto às crianças. O coro ouvido no refrão rivaliza com o do hit radiofônico do primeiro álbum, Fico Assim sem Você, a pérola extraída do repertório da extinta dupla Claudinho & Buchecha. São números em que a criançada tira os olhos do aparato visual do show para curtir tão somente o som. Já outras músicas - caso de Alexandre (Caetano Veloso), engrandecida com percussão que remete ao baticum afro-baiano - são mais ouvidas pelos adultos, já que os shows de Partimpim continuam atraindo crianças de todas as idades. Que logo se embevecem com o trem de brinquedo que atravessa o palco enquanto Partimpim embarca n'O Trenzinho do Caipira (Heitor Villa-Lobos e Ferreira Gullar) e com o chapéu de borboletas que adorna As Borboletas (Cid Campos e Vinicius de Moraes). Dois é realmente show porque Partimpim deixa baixar em cena seu espírito moleque. Exceto na terna Gatinha Manhosa (Roberto e Erasmo Carlos), único número de voz-e-violão, em que a menina parece estar possuída pelo espírito de Calcanhotto, já habituada a fazer incursões no cancioneiro da Jovem Guarda. Mas Partimpim logo volta a ser Partimpim. E brinca de ser DJ, fazendo scratches no toca-discos posicionado no palco como elemento cênico. Já no bis, a menina sapeca cai na folia em Lig-Lig-Lig-Lé (Oswaldo Santiago e Paulo Barbosa) - com fantasia de chinês - e na reprise do carnavalesco Baile Partimcundum (Adriana Partimpim e Dé Palmeira). Em suma, Dois é show porque traz diversão sadia que não subestima a inteligência de crianças e adultos. Dois é dez!
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Se o primeiro show de Adriana Partimpim, estreado em maio de 2005, já foi muito bom, o segundo é totalmente demais. Dirigido por Adriana Calcanhotto com Leonardo Netto, Dois É Show é espetáculo feito para crianças com sensibilidade e musicalidade de gente grande. Tudo flui bem. Tudo parece estar no seu devido lugar - mesmo que o multicolorido cenário de Hélio Eichbauer subverta a realidade das proporções com elementos cênicos (lápis e lâmpadas, por exemplo) de tamanho gigante. Hábeis ao dar caráter lúdico a números de tom adulto, como O Homem Deu Nome a Todos os Animais (Bob Dylan em versão de Zé Ramalho), os figurinos de Marcelo Pies e Danielle Jensen são um show à parte de cores, beleza e sintonia com o universo infantil. Nesse sentido, Dois É Show avança muito em relação ao primeiro espetáculo de Partimpim. A atmosfera de encantamento é tamanha que até disfarça a rala inspiração de um ou outro tema autoral da artista - em especial, Menino, Menina. Talvez porque Adriana entre sem pudores na brincadeira ao montar o roteiro que alterna músicas dos dois CDs de estúdio de Partimpim. Seu gestual em Ciranda da Bailarina (Edu Lobo e Chico Buarque) reproduz o movimento de uma bailarina numa caixinha de música - com direito a uma saia guarda-chuva que reproduz versos da letra escrita por Chico. A propósito, a própria sonoridade dos arranjos, que combinam sons orgânicos e eletrônicos, às vezes evoca a delicadeza das caixinhas de música com série de barulhinhos bons tirados de inusitado arsenal percussivo que inclui brinquedos e artefatos digitais. Um prato cheio para Domenico Lancellotti e Rafael Rocha brincarem em cena! Mas as guitarras também se fazem ouvir. Tanto as de Moreno Veloso e Davi Moraes como a da própria Partimpim. Que simula solo hendrixiano em Um Leão Está Solto nas Ruas - o rock pré-Jovem Guarda de Rossini Pinto, boa surpresa do roteiro - e toca sua guitarra em números como As Borboletas e Oito Anos. Esta parceria de Paula Toller com Dunga - sucesso do primeiro CD de Partimpim - é um dos números com maior poder de sedução junto às crianças. O coro ouvido no refrão rivaliza com o do hit radiofônico do primeiro álbum, Fico Assim sem Você, a pérola extraída do repertório da extinta dupla Claudinho & Buchecha. São números em que a criançada tira os olhos do aparato visual do show para curtir tão somente o som. Já outras músicas - caso de Alexandre (Caetano Veloso), engrandecida com percussão que remete ao baticum afro-baiano - são mais ouvidas pelos adultos, já que os shows de Partimpim continuam atraindo crianças de todas as idades. Que logo se embevecem com o trem de brinquedo que atravessa o palco enquanto Partimpim embarca n'O Trenzinho do Caipira (Heitor Villa-Lobos e Ferreira Gullar) e com o chapéu de borboletas que adorna As Borboletas (Cid Campos e Vinicius de Moraes). Dois é realmente show porque Partimpim deixa baixar em cena seu espírito moleque. Exceto na terna Gatinha Manhosa (Roberto e Erasmo Carlos), único número de voz-e-violão em a menina parece estar possuída pelo espírito de uma Calcanhotto já habituada a fazer incursões no cancioneiro da Jovem Guarda. Mas Partimpim logo volta a ser Partimpim. E brinca de ser DJ, fazendo scratches no toca-discos posicionado no palco como elemento cênico. Já no bis, a menina sapeca cai na folia em Lig-Lig-Lig-Lé (Oswaldo Santiago e Paulo Barbosa) - com fantasia de chinês - e na reprise do carnavalesco Baile Partimcundum (Adriana Partimpim e Dé Palmeira). Em suma, Dois é show porque traz diversão sadia que não subestima a inteligência de crianças e adultos. Dois é dez!
" Dois é dez ou é * * * * 1/2??!! "
Cara, dez é uma gíria. A cotação tá coerente com as pequenas ressalvas apontados pelo texto, tipo a música fraca 'menino menina'. Não dá pra sair pondo 5 estrelas em tudo!
Esse CD não emplacou. Nem Gatinha manhosa chegou as paradas.
Mauro, segundo o site (www.adrianapartimpim.com.br/dois/sec_agenda.php), os show dela em SP acontecem nos dias 7, 8, 14 e 15 de AGOSTO.
Fui na estreia e achei um show descosturado, com tempos mnortos e alongados até o início de uma nova canção. Achei bem estranho, já eles estão em turnê desde março e só agora chegou ao Rio... Uma visível preguiça da cantora em encarnar a Partimpim e um aspecto caseiro demais na apresentação dos músicos criam uma distância de anos-luz em relação ao primeiro show, tão maravilhoso nos aspectos visuais quanto sonoros. De certa maneira, corresponde a um disco nem tão bom assim... E olha q eu sou fã de carteirinha!
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