Entre rock e blues, Nasi sobrevive bem na cena
Resenha de CD e DVD
Título: Vivo na Cena
Artista: Nasi
Gravadora: Coqueiro
Verde Records
Cotação: * * * *
Nasi nunca foi um bom cantor no sentido técnico do termo. Só que o rock sempre se alimentou mais de atitude do que de bons cantores. E atitude é o que vocalista do extinto grupo Ira! explicita em Vivo na Cena, vigoroso registro ao vivo feito em estúdio - o Na Cena, de São Paulo (SP) - em 29 e 30 de setembro de 2009. Ora editado em CD e em (primoroso) DVD, Vivo na Cena tem pegada. Entre o blues e o rock, Nasi põe sua alma - artigo raro no pop rock nativo ouvido no mainstream - em gravação cujo tom sujo foi traduzido com perfeição pela Reticom Filmes, a empresa recrutada para captar e editar as imagens sob direção de Günther Mittermayer e Tiaraju Aronovich. Ao longo de 17 números, Nasi revisita sua história no rock brasileiro - desde antes do ingresso no Ira! - e se vale dos versos da inédita Aqui Não É o meu Lugar e, sobretudo, de O Tempo Não Pára (Cazuza e Arnaldo Brandão) para disparar sua metralhadora cheia de mágoas acumuladas já antes de 2007, ano de sua saída turbulenta do grupo que lhe deu projeção na cena pop a partir de 1985. Revanches à parte, Vivo na Cena soa coerente do primeiro (Ogum, inédito hard rock embebido em soul em que Nasi evoca o perfil do orixá que o rege) ao último (o blues Me Dê Sangue) número. Em que pesem escalas no country (a releitura de Desequilíbrio, do grupo pernambucano Eddie, de cujo repertório Nasi também pesca Eu Só Poderia Crer) e no folk formatado com violões e sanfona (Garota de Guarulhos, versão de Carlos Careqa para Jersey Girl, de Tom Waits), a elétrica viagem musical traça alto voo artístico ao recriar o samba Bala com Bala (João Bosco e Aldir Blanc) à moda do blues de New Orleans e dos arranjos de Dr. John, com direito a imagens tratadas como se fossem desenhos animados. Finda a viagem, Vivo na Cena reitera a devoção de Nasi ao indie rock (caso de Não Caio Mais, do grupo pernambucando River Raid) e ao blues (caso de Poeira dos Olhos). Ritmos que se irmanam ao longo do registro entre visitas oportunas aos repertórios de grupos surgidos na década de 80 como Voluntários da Pátria (Verdades e Mentiras), Picassos e Falsos (Carne e Osso), Muzak (Onde Estou?, obscuro tema letrado pelo próprio Nasi com Ciro Pessoa) e o próprio Ira! (Milhas e Milhas, Por Amor - em dueto com Vanessa Krangold, do Ludov - e Tarde Vazia, com metais e acento soul). Capitaneada por Vagner Garcia ao lado do próprio Nasi, a produção azeita e sublinha a contundência do repertório com um som de peso. E essa contundência engrandece o canto torto de Nasi, vivíssimo em cena nativa dominada por bandas plastificadas já nascidas mortas.
Título: Vivo na Cena
Artista: Nasi
Gravadora: Coqueiro
Verde Records
Cotação: * * * *
Nasi nunca foi um bom cantor no sentido técnico do termo. Só que o rock sempre se alimentou mais de atitude do que de bons cantores. E atitude é o que vocalista do extinto grupo Ira! explicita em Vivo na Cena, vigoroso registro ao vivo feito em estúdio - o Na Cena, de São Paulo (SP) - em 29 e 30 de setembro de 2009. Ora editado em CD e em (primoroso) DVD, Vivo na Cena tem pegada. Entre o blues e o rock, Nasi põe sua alma - artigo raro no pop rock nativo ouvido no mainstream - em gravação cujo tom sujo foi traduzido com perfeição pela Reticom Filmes, a empresa recrutada para captar e editar as imagens sob direção de Günther Mittermayer e Tiaraju Aronovich. Ao longo de 17 números, Nasi revisita sua história no rock brasileiro - desde antes do ingresso no Ira! - e se vale dos versos da inédita Aqui Não É o meu Lugar e, sobretudo, de O Tempo Não Pára (Cazuza e Arnaldo Brandão) para disparar sua metralhadora cheia de mágoas acumuladas já antes de 2007, ano de sua saída turbulenta do grupo que lhe deu projeção na cena pop a partir de 1985. Revanches à parte, Vivo na Cena soa coerente do primeiro (Ogum, inédito hard rock embebido em soul em que Nasi evoca o perfil do orixá que o rege) ao último (o blues Me Dê Sangue) número. Em que pesem escalas no country (a releitura de Desequilíbrio, do grupo pernambucano Eddie, de cujo repertório Nasi também pesca Eu Só Poderia Crer) e no folk formatado com violões e sanfona (Garota de Guarulhos, versão de Carlos Careqa para Jersey Girl, de Tom Waits), a elétrica viagem musical traça alto voo artístico ao recriar o samba Bala com Bala (João Bosco e Aldir Blanc) à moda do blues de New Orleans e dos arranjos de Dr. John, com direito a imagens tratadas como se fossem desenhos animados. Finda a viagem, Vivo na Cena reitera a devoção de Nasi ao indie rock (caso de Não Caio Mais, do grupo pernambucando River Raid) e ao blues (caso de Poeira dos Olhos). Ritmos que se irmanam ao longo do registro entre visitas oportunas aos repertórios de grupos surgidos na década de 80 como Voluntários da Pátria (Verdades e Mentiras), Picassos e Falsos (Carne e Osso), Muzak (Onde Estou?, obscuro tema letrado pelo próprio Nasi com Ciro Pessoa) e o próprio Ira! (Milhas e Milhas, Por Amor - em dueto com Vanessa Krangold, do Ludov - e Tarde Vazia, com metais e acento soul). Capitaneada por Vagner Garcia ao lado do próprio Nasi, a produção azeita e sublinha a contundência do repertório com um som de peso. E essa contundência engrandece o canto torto de Nasi, vivíssimo em cena nativa dominada por bandas plastificadas já nascidas mortas.
8 Comments:
Nasi nunca foi um bom cantor no sentido técnico do termo. Só que o rock sempre se alimentou mais de atitude do que de bons cantores. E atitude é o que vocalista do extinto grupo Ira! explicita em Vivo na Cena, vigoroso registro ao vivo feito em estúdio - o Na Cena, de São Paulo (SP) - em 29 e 30 de setembro de 2009. Ora editado em CD e em (primoroso) DVD, Vivo na Cena tem pegada. Entre o blues e o rock, Nasi põe sua alma - artigo raro no pop rock nativo ouvido no mainstream - em gravação cujo tom sujo foi traduzido com perfeição pela Reticom Filmes, a empresa recrutada para captar e editar as imagens sob direção de Günther Mittermayer e Tiaraju Aronovich. Ao longo de 17 números, Nasi revisita sua história no rock brasileiro - desde antes do ingresso no Ira! - e se vale dos versos da inédita Aqui Não É o meu Lugar e, sobretudo, de O Tempo Não Pára (Cazuza e Arnaldo Brandão) para disparar sua metralhadora cheia de mágoas acumuladas já antes de 2007, ano de sua saída turbulenta do grupo que lhe deu projeção na cena pop a partir de 1985. Revanches à parte, Vivo na Cena soa coerente do primeiro (Ogum, inédito hard rock embebido em soul em que Nasi evoca o perfil do orixá que o rege) ao último (o blues Me Dê Sangue) número. Em que pesem escalas no country (a releitura de Desequilíbrio, do grupo pernambucano Eddie, de cujo repertório Nasi também pesca Eu Só Poderia Crer) e no folk formatado com violões e sanfona (Garota de Guarulhos, versão de Carlos Careqa para Jersey Girl, de Tom Waits), a elétrica viagem musical traça alto voo artístico ao recriar o samba Bala com Bala (João Bosco e Aldir Blanc) à moda do blues de New Orleans e dos arranjos de Dr. John, com direito a imagens tratadas como se fossem desenhos animados. Finda a viagem, Vivo na Cena reitera a devoção de Nasi ao indie rock (caso de Não Caio Mais, do grupo pernambucando River Raid) e ao blues (caso de Poeira dos Olhos). Ritmos que se irmanam ao longo do registro entre visitas oportunas aos repertórios de grupos surgidos na década de 80 como Voluntários da Pátria (Verdades e Mentiras), Picassos e Falsos (Carne e Osso), Muzak (Onde Estou?, obscuro tema letrado pelo próprio Nasi com Ciro Pessoa) e o próprio Ira! (Milhas e Milhas, Por Amor - em dueto com Vanessa Krangold, do Ludov - e Tarde Vazia, com metais e acento soul). Capitaneada por Vagner Garcia ao lado do próprio Nasi, a produção azeita e sublinha a contundência do repertório com um som de peso. E essa contundência engrandece o canto torto de Nasi, vivíssimo em cena nativa dominada por bandas plastificadas já nascidas mortas.
Caramba, isso tá com uma cara muito boa.
Eu Só Poderia Crer é uma das pérolas do Eddie, letra de Fred 04.
Nasi, como sempre, antenado com o melhor.
eu curto o nasi, é carismatico até a alma. vou conferir este dvd.
"Desequilíbrio" e "Eu Só Poderia Crer"... duas pérolas da Eddie.
Outro grande sucesso da Eddie foi "Quando a Maré Encher", que recebeu regravações da Nação Zumbi e Cássia Eller.
Valeu pelos elogios Mauro! Esse foi um projeto bem bacana de fazer, bom vc ter gostado do visual do DVD.
abs!
Esse nome - Nasi - me desagrada profundamente.
O nome nada tem a ver com os pensamentos e idéias do cantor.
Muito pelo contrário.
Aliás, já ouvi, mas não lembro a origem do dito cujo.
O Nasi tem um trabalho com Bluyes bem baCana que descobri meio por acaso e escuto a bessa/assim que puder vou conferir esse DVD.
Postar um comentário
<< Home