Em cena, Luiza exibe devoção aos ritos do palco
Título: Devoção
Artista: Luiza Dionizio (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 14 de abril de 2010
Cotação: * * * *
Em show (extremamente) bem amarrado, Luiza Dionizio mostrou que também é fiel devota dos ritos do palco. Sua luminosa única apresentação no Teatro Rival (RJ), na noite de 14 de abril de 2010, põe a cantora carioca no time das intérpretes que aliam boa voz a uma bela presença cênica. O show Devoção fez crescer o repertório do recém-lançado CD homônimo. Tal como a seleção do disco, o roteiro jamais patina na obviedade. Luiza resistiu à tentação de incluir sucessos batidos do samba para se comunicar com mais facilidade com a plateia. A linha afro costura o roteiro - aberto com a Prece a Oxum que remete ao envolvente samba Prece a Xangô (Nelson Rufino e Zé Luiz do Império) feita já no bloco final - que foi regido também pela participação realmente especial de Fátima Guedes em Santa Bárbara (com gestual e vocal fortes) e Lua Brasileira, músicas da lavra sensível da compositora.
Em show (extremamente) bem amarrado, Luiza Dionizio mostrou que também é fiel devota dos ritos do palco. Sua luminosa única apresentação no Teatro Rival (RJ), na noite de 14 de abril de 2010, põe a cantora carioca no time das intérpretes que aliam boa voz a uma bela presença cênica. O show Devoção fez crescer o repertório do recém-lançado CD homônimo. Tal como a seleção do disco, o roteiro jamais patina na obviedade. Luiza resistiu à tentação de incluir sucessos batidos do samba para se comunicar com mais facilidade com a plateia. A linha afro costura o roteiro - aberto com a Prece a Oxum que remete ao envolvente samba Prece a Xangô (Nelson Rufino e Zé Luiz do Império) feita já no bloco final - que foi regido também pela participação realmente especial de Fátima Guedes em Santa Bárbara (com gestual e vocal fortes) e Lua Brasileira, músicas da lavra sensível da compositora.
Já em um dos números iniciais, Conceição da Praia (Luiz Carlos Máxima), Luiza rodopiou pelo palco do Rival e expôs sua vivaz presença cênica. Além de exaltar a verdadeira devoção ao samba, o link de Alma (Ratinho) com Pintura sem Arte (Candeia) revelou o perfeito encadeamento do roteiro. Que fez ressoar os tambores de Minas para linkar Reis e Rainhas do Maracatu (Novelli, Fran, Milton Nascimento e Nelson Ângelo) a Rainha Negra, o tema em que Moacyr Luz e Aldir Blanc celebram a figura ancestral de Clementina de Jesus (1901 - 1987), a mãe Quelé. Como o disco Devoção, o show reiterou a beleza do samba Tempos Depois (Wanderley Monteiro e Nelson Rufino), destaque do repertório. Já Pensando Bem (João de Aquino e Martinho da Vila) ganhou mais densidade no palco. Com as palmas da platéia, a cantora mergulho na cadência meio baiana de Mar de Jangada, parceria de Evandro Lima com o mesmo Toninho Nascimento que fez (com Romildo) Fuzuê, lado B do repertório de Clara Nunes (1942 - 1983) que ressurge imponente na voz de Luiza. Que, devota de Luiz Carlos da Vila (1949 - 2008), dedicou bloco ao um dos mais ilustre poetas do samba. A cantora recitou alguns versos de Além da Razão (Sombrinha, Sombra e Luiza Carlos da Vila), emocionou ao se emocionar com as cores poéticas de Arco-Íris (Luiz Carlos da Vila e Sombrinha), se envolveu nos Braços de Lã (Luiz Carlos da Vila) e saudou o bairro de ambos, a Vila da Penha, na romantizada Vila do meu Coração (em que os versos do saudoso Luiz e do xará Luiz Carlos Máximo superam muito a melodia). No fim, Festa da Gente (Wanderley Monteiro e Adalto Magalha) reiterou a comunhão que uniu artista, banda e público em torno da devoção ao bom samba.
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Em show (extremamente) bem amarrado, Luiza Dionizio mostrou que também é fiel devota dos ritos do palco. Sua luminosa única apresentação no Teatro Rival (RJ), na noite de 14 de abril de 2010, põe a cantora carioca no time das intérpretes que aliam boa voz a uma bela presença cênica. O show Devoção fez crescer o repertório do recém-lançado CD homônimo. Tal como a seleção do disco, o roteiro jamais patina na obviedade. Luiza resistiu à tentação de incluir sucessos batidos do samba para se comunicar com mais facilidade com a plateia. A linha afro costura o roteiro - aberto com a Prece a Oxum que remete ao envolvente samba Prece a Xangô (Nelson Rufino e Zé Luiz do Império) feita já no bloco final - que foi regido também pela participação realmente especial de Fátima Guedes em Santa Bárbara (com gestual e vocal fortes) e Lua Brasileira, músicas da lavra sensível da compositora.
Já em um dos números iniciais, Conceição da Praia (Luiz Carlos Máxima), Luiza rodopiou pelo palco do Rival e expôs sua vivaz presença cênica. Além de exaltar a verdadeira devoção ao samba, o link de Alma (Ratinho) com Pintura sem Arte (Candeia) revelou o perfeito encadeamento do roteiro. Que fez ressoar os tambores de Minas para linkar Reis e Rainhas do Maracatu (Novelli, Fran, Milton Nascimento e Nelson Ângelo) a Rainha Negra, o tema em que Moacyr Luz e Aldir Blanc celebram a figura ancestral de Clementina de Jesus (1901 - 1987), a mãe Quelé. Como o disco Devoção, o show reiterou a beleza do samba Tempos Depois (Wanderley Monteiro e Nelson Rufino), destaque do repertório. Já Pensando Bem (João de Aquino e Martinho da Vila) ganhou mais densidade no palco. Com as palmas da platéia, a cantora mergulho na cadência meio baiana de Mar de Jangada, parceria de Evandro Lima com o mesmo Toninho Nascimento que fez (com Romildo) Fuzuê, lado B do repertório de Clara Nunes (1942 - 1983) que ressurge imponente na voz de Luiza. Que, devota de Luiz Carlos da Vila (1949 - 2008), dedicou bloco ao um dos mais ilustre poetas do samba. A cantora recitou alguns versos de Além da Razão (Sombrinha, Sombra e Luiza Carlos da Vila), emocionou ao se emocionar com as cores poéticas de Arco-Íris (Luiz Carlos da Vila e Sombrinha), se envolveu nos Braços de Lã (Luiz Carlos da Vila) e saudou o bairro de ambos, a Vila da Penha, na romantizada Vila do meu Coração (em que os versos de Luiz Carlos superam muito a melodia do xará Luiz Carlos Máximo). No fim, Festa da Gente (Wanderley Monteiro e Adalto Magalha) reiterou a comunhão que uniu artista, banda e público em torno da devoção ao bom samba.
Olá Mauro. Bela crítica que retrata com perfeição o impactante show da Luiza Dionizio.
Aproveito para esclarecer que na música "Vila do meu coração", a melodia e a letra são de ambos os autores. A primeira parte (letra e melodia) é de minha autoria e a segunda do amigo e parceiro que tanta falta nos faz, Luiz Carlos da Vila. Talvez a ordem de crédito dos autores possa ter lhe levado a essa compreensão. Um grande abraço.
Luiz Grato, grato pelo comentário e pelo esclarecimento oportuno. Já refiz o texto. Abs, MauroF
Esqueceu de citar que Santa Bárbara, composta pela Fátima Guedes, foi gravada pela MAIOR SAMBISTA DESSE PAÍS, D. Elisabeth!
Abraços e quanto a cantora em questão, realmente deve ser muito boa. Ouvi rapidamente (ainda não comprei) o cd numa livraria e aparenta ser bastante cuidadosa com o repertório. Abraços,
Marcelo Barbosa - Brasília (DF)
Eu infelizmente perdi, mas todos os que foram (e que conheço, obviamente) sairam inebriados com o show tanto quanto você, mas ninguém havia me descrito tão detalhadamente. Obrigada por de certa forma, ter levado ao show quem não pode estar lá.
Só uma palavra: SHOWZAÇO!Fátima Guedes então... maravilha! Santa Bárbara dos tempos violentos...
Maria Aparecida
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