Samba de Moska tem tom caloroso e 'orquestra'
Título: Tem Moska no Samba
Artista: Moska (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Carlos Gomes (RJ)
Data: 2 de fevereiro de 2010
Cotação: * * * 1/2
Colegas de escola já na adolescência, os cariocas Moska e Eduardo Neves cruzaram seus caminhos profissionais quando, há cerca de dois anos, o cantor aceitou o convite do músico para rodar o Brasil no Projeto Pixinguinha. Nasceu, na ocasião, o show Tem Moska no Samba, que voltou ao Rio de Janeiro (RJ), na noite de 2 de fevereiro de 2010, para única apresentação no projeto Sete em Ponto, do Teatro Carlos Gomes. Por conta da interação com Neves (saxofonista e flautista cujo currículo inclui passagens pelos grupos Nó em Pingo d'Água e Pagode Jazz Sardinha's Club), o samba de Moska tem o suingue dos sopros típicos de um baile de gafieira. E tem também o tom caloroso do canto de Moska, que solta a voz com extroversão em sambas como Brasil Mulato, lado B da obra gigante de Martinho da Vila. Já antes de cantar Juízo Final (Nelson Cavaquinho e Élcio Soares), seu segundo número no show aberto por Neves com temas instrumentais como Rastapé no Chaparral e Chorinho em Cochabamba, Moska tece justas loas à "orquestra maravilhosa" que o acompanha em cena. De fato, a banda - que inclui jovens virtuoses como violonista Caio Márcio - prepara cama segura para que Moska se sinta à vontade ao cantar sambas como Barracão (Luiz Antônio e Oldemar Magalhães), hit na voz de Elizeth Cardoso (1920 - 1990). Figura vivaz em cena, Moska é do tipo de intérprete que canta com o corpo, sublinhando com gestual intenso o sentido dos versos que saem de sua boca. Em nome dessa intensidade, ele às vezes até compromete o rigor estilístico de suas interpretações com vibratos dispensáveis e movimentação excessiva. Exemplo é a ênfase no célebre verso "Tire seu sorriso do caminho que eu quero passar com minha dor", de A Flor e o Espinho (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito), samba ouvido no bis. Contudo, o fato é que, como bom intérprete, Moska prende a atenção do público. Seu registro vocal da valsa Rosa (Pixinguinha) - feito ao violão apenas na companhia da flauta de Neves - faz jus aos entusiásticos aplausos ouvidos ao fim do número. Em contrapartida, ele demora a engrenar na letra de Mulheres - samba que injetou vigor comercial na carreira de Martinho da Vila em 1995 - e, mesmo com o apoio da maravilhosa orquestra, não consegue a vibração habitualmente obtida pelo samba Foi um Rio que Passou em Minha Vida (Paulinho da Viola). Justiça seja feita: a orquestra é mesmo boa e põe pressão de big-band em Procurando por mim (tema do repertório de Pedro Mariano) enquanto Maneiras - samba de Silvio da Silva lançado por Zeca Pagodinho em 1987 e revivido pelo grupo carioca O Rappa em 2003 - destaca no arranjo o bandolim esperto de Luis Barcelos. E, entre sambas de origens e estilos diversos, Moska apresenta no roteiro algumas de suas contribuições autorais ao gênero. Paixão e Medo - parceria com Nilo Romero - tangencia (sem impressionar) o universo doído do samba-canção. Já Cama de Ilusão, samba de Moska com Zé Renato, persegue com êxito o DNA melódico e poético dos clássicos da Velha Guarda. Enfim, tem Moska no samba. E ele, às vezes, voa alto em cadência bonita.
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Colegas de escola já na adolescência, os cariocas Moska e Eduardo Neves cruzaram seus caminhos profissionais quando, há cerca de dois anos, o cantor aceitou o convite do músico para rodar o Brasil no Projeto Pixinguinha. Nasceu, na ocasião, o show Tem Moska no Samba, que voltou ao Rio de Janeiro (RJ), na noite de 2 de fevereiro de 2010, para única apresentação no projeto Sete em Ponto, do Teatro Carlos Gomes. Por conta da interação com Neves (saxofonista e flautista cujo currículo inclui passagens pelos grupos Nó em Pingo d'Água e Pagode Jazz Sardinha's Club), o samba de Moska tem o suingue dos sopros típicos de um baile de gafieira. E tem também o tom caloroso do canto de Moska, que solta a voz com extroversão em sambas como Brasil Mulato, lado B da obra gigante de Martinho da Vila. Já antes de cantar Juízo Final (Nelson Cavaquinho e Élcio Soares), seu segundo número no show aberto por Neves com temas instrumentais como Rastapé no Chaparral e Chorinho em Cochabamba, Moska tece justas loas à "orquestra maravilhosa" que o acompanha em cena. De fato, a banda - que inclui jovens virtuoses como violonista Caio Márcio - prepara cama segura para que Moska se sinta à vontade ao cantar sambas como Barracão (Luiz Antônio e Oldemar Magalhães), hit na voz de Elizeth Cardoso (1920 - 1990). Figura vivaz em cena, Moska é do tipo de intérprete que canta com o corpo, sublinhando com gestual intenso o sentido dos versos que saem de sua boca. Em nome dessa intensidade, ele às vezes até compromete o rigor estilístico de suas interpretações com vibratos dispensáveis e movimentação excessiva. Exemplo é a ênfase no célebre verso "Tire seu sorriso do caminho que eu quero passar com minha dor", de A Flor e o Espinho (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito), samba ouvido no bis. Contudo, o fato é que, como bom intérprete, Moska prende a atenção do público. Seu registro vocal da valsa Rosa (Pixinguinha) - feito ao violão apenas na companhia da flauta de Neves - faz jus aos entusiásticos aplausos ouvidos ao fim do número. Em contrapartida, ele demora a engrenar na letra de Mulheres - samba que injetou vigor comercial na carreira de Martinho da Vila em 1995 - e, mesmo com o apoio da maravilhosa orquestra, não consegue a vibração habitualmente obtida pelo samba Foi um Rio que Passou em Minha Vida (Paulinho da Viola). Justiça seja feita: a orquestra é mesmo boa e põe pressão de big-band em Procurando por mim (tema do repertório de Pedro Mariano) enquanto Maneiras - samba de Silvio da Silva lançado por Zeca Pagodinho em 1987 e revivido pelo grupo carioca O Rappa em 2003 - destaca no arranjo o bandolim esperto de Luis Barcelos. E, entre sambas de origens e estilos diversos, Moska apresenta no roteiro algumas de suas contribuições autorais ao gênero. Paixão e Medo - parceria com Nilo Romero - tangencia (sem impressionar) o universo doído do samba-canção. Já Cama de Ilusão, samba de Moska com Zé Renato, persegue com êxito o DNA melódico e poético dos clássicos da Velha Guarda. Enfim, tem Moska no samba. E ele, às vezes, voa alto em cadência bonita.
Tive a oportunidade de ver Moska ao vivo, em show de voz e violão, e fiquei impressionado com sua presença cênica.
Este espetáculo de sambas deve ser deslumbrante. Acho Moska genial!
Paulinho Moska querido. Belíssima voz, uma afinação de dar inveja. Espero vê-lo e ouvi-lo neste show. Cantando samba deve ser realmente muito bom.
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