21 de janeiro de 2010

Feliz, Wanderléa sintoniza velha estação no Rio

Resenha de Show
Título: Som de Verão - Jovem Guarda
Artista: Wanderléa (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Sesc Ginástico (RJ)
Data: 20 de janeiro de 2010
Cotação: * * 1/2

"Wanderléa é a maior", gritava a plateia de fãs de primeira hora no refrão de É Tempo do Amor, um sucesso do cantor francês Marc Aryan que, na versão em português de Rossini Pinto, foi gravado pela Ternurinha em 1965 ao lado do conjunto The Youngsters. Sim, Wanderléa ainda é a maior para o público que foi ao Teatro Sesc Ginástico na noite de quarta-feira, 20 de janeiro de 2010, ver o segundo dos dois shows que trouxeram a cantora ao Rio de Janeiro (RJ). Presença bissexta em palcos cariocas, Wandeca voltou à cena dentro de um projeto centrado na Jovem Guarda (a atração da próxima semana é Martinha). O estado febril de seu fiel público de meia-idade pareceu um simulacro - em óbvias menores proporções - do frenesi que a cantora provocava nas velhas tardes de domingo em que comandou, com Roberto e Erasmo Carlos, o programa que espalhou a semente pop no Brasil, a partir de 1965.

Aos 63 anos, em boa forma física e vocal, Wanderléa permanece vinculada ao pop seminal, simples e eficiente da Jovem Guarda. Bem que ela tentou sair da beira do caminho, lançando discos antenados nos anos 70, mas quase ninguém quis ouvir. A partir da década de 80, desistiu de remar contra a maré, retornou à música mais popular, conseguiu um hit radiofônico (Na Hora da Raiva, presente dos amigos solidários Roberto e Erasmo Carlos em 1981) e passou a sobreviver de revivals de seu passado de glória. Sem perder a ternura. No palco do Sesc Ginástico, acompanhada por banda que executava arranjos insossos, Wanderléa viveu de seu passado como se ainda fosse a rainha da juventude, com direito a coreografias em Exército do Surf. Afagou egos de fãs antigos (alguns citados nominalmente), enfileirou baladas como Eu Já Nem Sei em set choroso e reviveu os sucessos mais animados e contundentes (Prova de Fogo, Pare o Casamento) da época em que ela era a mais perfeita tradução da rebeldia feminina na música brasileira. Por sua empatia, acabou disfarçando a aura crespuscular do show, cujo roteiro desconexo alternou hits da Jovem Guarda - os próprios (Foi Assim, canção insistentemente pedida pelo público) e os alheios (Quase Fui lhe Procurar, Negro Gato, Devolva-me, Gatinha Manhosa) - com algumas músicas do último belo álbum da cantora, Nova Estação, cujo show, que estreou em São Paulo (SP) em dezembro de 2008, ainda não foi apresentado no Rio de Janeiro. Contudo, o público de fãs queria que Wandeca sintonizasse as velhas estações. E foi o que ela fez, feliz com o coro popular de Ternura - pretexto para que as luzes da platéia fossem acendidas - e com a receptividade calorosa do público. Que aplaudiu os canastrões gestos dramáticos esboçados pela intérprete em Na Hora da Raiva e a jogada do buquê em Pare o Casamento. Menos óbvia foi a lembrança de um lado B da Jovem Guarda, Boa Noite, Meu Bem, versão de Rossini Pinto para um hit do grupo The Dixiebelles. Lado B que, a rigor, era originalmente um lado A, pois Boa Noite, Meu Bem foi a faixa que abriu o quarto LP da cantora, A Ternura de Wanderléa (1966). Mais tarde, atendendo a um pedido de um fã, improvisou com segurança Meu Bem Lollypop, hit de 1964. Ecos daquelas tardes de domingo que permanecem jovens na memória dos fãs da cativante Ternurinha.

9 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

"Wanderléa é a maior", gritava a plateia de fãs de primeira hora no refrão de É Tempo do Amor, um sucesso do cantor francês Marc Aryan que, na versão em português de Rossini Pinto, foi gravado pela Ternurinha em 1965 ao lado do conjunto The Youngsters. Sim, Wanderléa ainda é a maior para o público que foi ao Teatro Sesc Ginástico na noite de quarta-feira, 20 de janeiro de 2010, ver o segundo dos dois shows que trouxeram a cantora ao Rio de Janeiro (RJ). Presença bissexta em palcos cariocas, Wandeca voltou à cena dentro de um projeto centrado na Jovem Guarda (a atração da próxima semana é Martinha). O estado febril de seu fiel público de meia-idade pareceu um simulacro - em óbvias menores proporções - do frenesi que a cantora provocava nas velhas tardes de domingo em que comandou, com Roberto e Erasmo Carlos, o programa que espalhou a semente pop no Brasil, a partir de 1965.

Aos 63 anos, em boa forma física e vocal, Wanderléa permanece vinculada ao pop seminal, simples e eficiente da Jovem Guarda. Bem que ela tentou sair da beira do caminho, lançando discos antenados nos anos 70, mas quase ninguém quis ouvir. A partir da década de 80, desistiu de remar contra a maré, retornou à música mais popular, conseguiu um hit radiofônico (Na Hora da Raiva, presente dos amigos solidários Roberto e Erasmo Carlos em 1981) e passou a sobreviver de revivals de seu passado de glória. Sem perder a ternura. No palco do Sesc Ginástico, acompanhada por banda que executava arranjos insossos, Wanderléa viveu de seu passado como se ainda fosse a rainha da juventude, com direito a coreografias em Exército do Surf. Afagou egos de fãs antigos (alguns citados nominalmente), enfileirou baladas como Eu Já Nem Sei em set choroso e reviveu os sucessos mais animados e contundentes (Prova de Fogo, Pare o Casamento) da época em que ela era a mais perfeita tradução da rebeldia feminina na música brasileira. Por sua empatia, acabou disfarçando a aura crespuscular do show, cujo roteiro desconexo alternou hits da Jovem Guarda - os próprios (Foi Assim, canção insistentemente pedida pelo público) e os alheios (Quase Fui lhe Procurar, Negro Gato, Devolva-me, Gatinha Manhosa) - com algumas músicas do último belo álbum da cantora, Nova Estação, cujo show, que estreou em São Paulo (SP) em dezembro de 2008, ainda não foi apresentado no Rio de Janeiro. Contudo, o público de fãs queria que Wandeca sintonizasse as velhas estações. E foi o que ela fez, feliz com o coro popular de Ternura - pretexto para que as luzes da platéia fossem acendidas - e com a receptividade calorosa do público. Que aplaudiu os canastrões gestos dramáticos esboçados pela intérprete em Na Hora da Raiva e a jogada do buquê em Pare o Casamento. Menos óbvia foi a lembrança de um lado B da Jovem Guarda, Boa Noite, Meu Bem, versão de Rossini Pinto para um hit do grupo The Dixiebelles. Lado B que, a rigor, era originalmente um lado A, pois Boa Noite, Meu Bem foi a faixa que abriu o quarto LP da cantora, A Ternura de Wanderléa (1966). Mais tarde, atendendo a um pedido de um fã, improvisou com segurança Meu Bem Lollypop, hit de 1964. Ecos daquelas tardes de domingo que permanecem jovens na memória dos fãs da cativante Ternurinha.

21 de janeiro de 2010 às 17:42  
Anonymous Anônimo said...

Wanderéa precisa urgentemente apresentar esse show novo aqui no Rio. O novo cd é belíssimo. Vem Wandeca, vem!!!!

21 de janeiro de 2010 às 19:04  
Anonymous Anônimo said...

Wanderléa continua dominando todas as estações: velhas ou novas! Recife te aguarda Minha Eterna Musa! Nivaldo.

22 de janeiro de 2010 às 00:27  
Anonymous Anônimo said...

É mesmo uma grande pena que as pessoas não deem a chance de Wanderléa amadurecer definitivamente e deixar para trás a Jovem Guarda. Os trabalhos que ela fez nos anos 70 são geniais, e ninguém dá esse crédito a ela. Tudo bem ela cantar seus principais sucessos da JG em seus shows, é natural, mas dedicar uma carreira inteira a reviver o passado deve ser frustrante pra ela.

22 de janeiro de 2010 às 01:42  
Anonymous Anônimo said...

E daì que ninguém quiz ouvir os discos dos anos 70.O que essencial é que ela fez.Até o disco com o Egberto Gismonti, é Gismonti sem que ela, "Wandeka", finja ser outra coisa que a Wanderléa.
Por fim, devemos nos render, ela é fiel à ela mesma, nunca tentou ser outra coisa que não fosse ela.E nos anos 70, gravou o melhor da safra de compositores da MPB, Sueli Costa, Gonzaguinha, e outros, e da velha guarda também.Então, podemos dizer que, gosto pessoal à parte,ela tem um percurso humano e artìstico admiravel.E vejam, o ùltimo Cd, que não ouvi,mas que li aqui, através do Mauro, que é muito interessante. Precisa mais?
Beto

22 de janeiro de 2010 às 04:48  
Anonymous Leitor said...

Oi, Mauro, tudo bem? Também estive lá e quando vi que você tinha publicado a crítica, achei que também teria o set list. Você sabe o nome da segunda música do espetáculo, cantada logo após "Dia branco"? É alguma música baiana? Não consegui identificá-la.

22 de janeiro de 2010 às 11:18  
Anonymous Anônimo said...

Wanderléa é a "nossa Madonna"!! Gosto das duas, mas prefiro a "Ternurinha". Claro que a tentativa de mudança de estilo nos anos 70 foi e continuará sendo mérito até o fim de sua carreira. Com menção especial para o "Maravilhosa" (72), onde ela inaugura o "ecletismo" em nossa MPB, gravando Genialidades de Assis Valente (Uva de Caminhão), Jorge Mautner (Quero ser Locomotiva) e mestre Gil (Back in Bahia em sua melhor gravação). Isso sem falar na fase Gismonti, com o SENSACIONAL "Vamos que eu já vou", de 77.
Antes de tudo, uma guerreira e ser humano EXEMPLAR!
Axé, Wandeca!!!

Ricardo Guima

22 de janeiro de 2010 às 12:16  
Anonymous Marcelo Froes said...

Feliz a geração que teve uma Wanderléa como ícone, ídolo feminino etc. Hoje a garotada liga na MTV e a formadora de opinião para qualquer assunto é Penélope Nova.

23 de janeiro de 2010 às 08:21  
Anonymous Anônimo said...

A Wanderleia está cantando cada vez melhor. Vi ao vivo, mas chega de Jovem Guarda!

23 de janeiro de 2010 às 23:18  

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