15 de julho de 2009

Flávia ousa ao dedicar todo um CD a Domingos

Resenha de CD
Título: Todo Domingos
Artista: Flávia
Bittencourt
Gravadora: Sem
indicação
Cotação: * * * 1/2

Entre a justa reverência e as ousadias estilísticas, Flávia Bittencourt - uma boa cantora oriunda do Maranhão - presta inventivo tributo à obra de José Domingos de Morais, o Dominguinhos. O compositor e sanfoneiro, natural de Garanhuns (PE), já tem alguns clássicos dispersos na história música brasileira. Reunidos neste disco urdido de forma independente, eles evidenciam a grandeza da obra autoral do artista. Que já havia participado do primeiro álbum de Flávia, Sentido (2005), na faixa Canto de Luz. E agora avaliza Todo Domingos ao pôr sua voz e sanfona inconfundíveis em Diz Amiga, melancólica parceria com Guadalupe. E o fato é que a abordagem da cantora maranhense supera muito a feita por Elba Ramalho em 2004 em CD dividido com o próprio Dominguinhos. Flávia aplica ao cancioneiro do compositor a dose certa de ousadia sem tirá-lo do seu universo nordestino. O que se ouve são toques de criatividade que embelezam as músicas sem trair a essência delas. Toques perceptíveis nas cordas que citam o mundo musical de Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959) ao fim de Contrato de Separação (Dominguinhos e Anastácia). Nos metais à moda da black music e na flauta que evoca a Banda de Pífanos de Caruaru em Sete Meninas. Na batida sincopada do samba de gafieira que embala O Babulina, obscuro tributo de Dominguinhos ao suingue de Jorge Ben Jor (a música foi composta com Anastácia em 1976). Nas cordas eruditas da introdução de Tenho Sede (Dominguinhos e Anastácia). Ou mesmo na trivial levada do reggae que adorna Abri a Porta (Dominguinhos e Gilberto Gil), sucesso pop do grupo A Cor do Som. Vale repetir: Flávia Bittencourt experimenta sem trair o universo dos arrasta-pés nordestinos, reverenciados nos registros de Lamento Sertanejo e Eu Só Quero um Xodó. E, acima de gênero e arranjos, paira a beleza melódica e poética de toadas como Retrato da Vida (bissexta parceria de Dominguinhos com Djavan) e Quem me Levará Sou Eu (linda parceria com Manduka celebrizada por Fagner em 1978). Por mais que haja um ou outro tema menos inspirado como Arrebol (Dominguinhos e Anastácia), Todo Domingos se impõe como tributo digno de (toda) atenção.

10 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Entre a justa reverência e as ousadias estilísticas, Flávia Bittencourt - uma boa cantora oriunda do Maranhão - presta elegante tributo à obra de José Domingos de Morais, o Dominguinhos. O compositor e sanfoneiro, natural de Garanhuns (PE), já tem alguns clássicos dispersos na história música brasileira. Reunidos neste disco urdido de forma independente, eles evidenciam a grandeza da obra autoral do artista. Que já havia participado do primeiro álbum de Flávia, Sentido (2005), na faixa Canto de Luz. E agora avaliza Todo Domingos ao pôr sua voz e sanfona inconfundíveis em Diz Amiga, melancólica parceria com Guadalupe. E o fato é que a abordagem da cantora maranhense supera a feita por Elba Ramalho em 2004 em CD dividido com o próprio Dominguinhos. Flávia aplica ao cancioneiro do compositor a dose certa de ousadia sem tirá-lo do seu universo nordestino. O que se ouve são toques de criatividade que embelezam as músicas sem trair a essência delas. Toques perceptíveis nas cordas que citam o mundo musical de Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959) ao fim de Contrato de Separação (Dominguinhos e Anastácia). Nos metais à moda da black music e na flauta que evoca a Banda de Pífanos de Caruaru em Sete Meninas. Na batida sincopada do samba de gafieira que embala O Babulina, obscuro tributo de Dominguinhos ao suingue de Jorge Ben Jor (a música foi composta com Anastácia em 1976). Nas cordas eruditas da introdução de Tenho Sede (Dominguinhos e Anastácia). Ou mesmo na trivial levada do reggae que adorna Abri a Porta (Dominguinhos e Gilberto Gil), sucesso pop do grupo A Cor do Som. Vale repetir: Flávia Bittencourt experimenta sem trair o universo dos arrasta-pés nordestinos, reverenciados nos registros de Lamento Sertanejo e Eu Só Quero um Xodó. E, acima de gênero e arranjos, paira a beleza melódica e poética de toadas como Retrato da Vida (bissexta parceria de Dominguinhos com Djavan) e Quem me Levará Sou Eu (linda parceria com Manduka celebrizada por Fagner em 1978). Por mais que haja um ou outro tema menos inspirado como Arrebol (Dominguinhos e Anastácia), Todo Domingos se impõe como tributo digno de (toda) atenção.

15 de julho de 2009 às 12:23  
Anonymous Anônimo said...

Dominguinhos recebe a justa homenagem em boa hora. Bem pensado por Flávia Bittencourt.

15 de julho de 2009 às 15:22  
Anonymous Anônimo said...

Dominguinhos recebe a justa homenagem em boa hora. Bem pensado por Flávia Bittencourt.

15 de julho de 2009 às 15:23  
Anonymous Anônimo said...

Tratando-se de Dominguinhos a homenagem sempre será justa.
Mas graças a Deus, tá aí um compositor sempre cantado, sempre lembrado - por antigas e atuais gerações.
Quem dera nossos intérpretes fossem tão justos com todos quanto sempre foram com Dominguinhos.

15 de julho de 2009 às 20:19  
Anonymous Anônimo said...

O 1º CD da Flávia já era lindo, imagino esse tributo...

Como faço pra comprar???

15 de julho de 2009 às 22:27  
Anonymous Anônimo said...

Dominguinhos consegue fazer Nando Cordel ficar "chique". O cara é mágico.
Musicalmente este país é 1º mundo.
E o Sivuca ?
Bom, páro por aqui que o post é da menina de bom gosto aí.

15 de julho de 2009 às 23:17  
Anonymous Anônimo said...

Adoro Dominguinhos!
Tem que cantar o "home" mesmo!
Ele é um amor de gente!
Conheço pessoalmente!
Deus queira que o CD tenha ficado bonito!
Vou comprar!

16 de julho de 2009 às 01:10  
Anonymous Anônimo said...

Tai uma ideia original e sem muito desgaste... nao conheco, nem nunca ouvi falar desta cantora mas pelo conteudo ja me deu vontade de comprar.

Muito interessante.
Ela nao ta cantando samba..ela nao ta repetindo os sons do movimento Mangue Beat..ela nao esta tentando ser uma nova Bebel Gilberto, muito menos uma nova Marisa...ela nao esta sendo produzida pelo Kassin, nem pelo Moreno, nem pelo Camelo...ne ta gravando Nando Reis , nem Antunes...nem esta trabalhando com a Biscoito...issu tudo ja eh de merecer 5 estrelas, Mauro.
Buscar caminho proprio eh vital para se criar personalidade artistica.

Viva a moca!!!

Obs ah...ela tambem nao convidou a Bethania...ufa!!!

16 de julho de 2009 às 01:13  
Blogger Liliam Freitas said...

É Mauro, é isso. Estava no show da fala ontem. Tudo que vc escreveu, de alguma forma escrevestes, vou linkar esse teu texto no meu blog

1 de agosto de 2009 às 01:22  
Blogger Unknown said...

Meu amigo, compositor, cantor, guitarrista, produtor Eugenio Dale foi ver o show da Flavia B ontem e fez otimo comentario comigo pelo telefone........
Eu estou louco pra ouvir esse trabalho, ajudar a divulgar aqui no Texas, onde eu moro. Quero lembrar a todos que eu sou fa de carteirinha do Dominguinhos faz muito tempo. Eu fiz uma versao linda de "So quero um xodo" que esta sendo gravada agora por uma cantora americana ......
Quero dar os parabens pra Flavia B, quem sabe ela nao vem fazer show aqui no Texas?

24 de novembro de 2009 às 23:53  

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