9 de abril de 2009

Lula Queiroga capta urgências em alta voltagem

Resenha de CD
Título: Tem Juízo
mas Não Usa
Artista: Lula Queiroga
Edição: Luni Produções
Cotação: * * * *

Lula Queiroga despontou no mercado fonográfico em 1983 com Baque Solto, um álbum dividido com seu conterrâneo Lenine, alma gêmea artística do compositor pernambucano. Nada aconteceu de imediato. Mas, a partir de 1997, Lenine engatou carreira solo que lhe deu projeção, inclusive além das fronteiras brasileiras. Queiroga continuou à margem, na terra natal, embora seu terceiro CD solo, Tem Juízo mas Não Usa, confirme o que os anteriores Aboiando a Vaca Mecânica (2001) e Azul Invisível Vermelho Cruel (2004) já haviam sinalizado: o som do artista atingiu ponto de maturação que nada deve à obra de Lenine. Como seu irmão artístico, Queiroga se conecta ao mundo a partir de Pernambuco. Programações eletrônicas (pilotadas por Yuri Queiroga, sobrinho de Lula) interagem com sons orgânicos em vigoroso mix de sabor contemporâneo. Tem Juízo mas Não Usa capta inquietudes, urgências (Agora Corra é o título de uma das melhores músicas do CD) e angústias desse mundo moderno. "Vou comprar uma lanterna/Vou morar numa caverna/Antes que o teto caia/Sobre a minha sombra", anunciam versos de Tectopop, faixa na qual figuram a voz de Silvério Pessoa e o trombone de Nilsinho Amarante, que evoca sons de Carnavais de Pernambuco.

São múltiplas as referências que saltam aos ouvidos neste CD de alta voltagem. A faixa-título - Tem Juízo mas Não Usa, parceria de Queiroga com Pedro Luís, cantada por Lenine - dialoga com o samba carioca. Geusa agrega a poesia derramada de Lirinha (do Cordel do Fogo Encantado), a voz de Silvério Pessoa (egresso do Cascabulho) e a bateria de Pupillo (habitante da Nação Zumbi). Fulana é balada de múltiplos sotaques formatada sob os cânones da globalização. Contudo, a música de Queiroga não tem sua força diluída por conceitos. Temas como Você Não Disse, Meus Pés (com a voz de Alceu Valença, menos elétrica do que de costume) e, sobretudo, Altos e Baixos (outra faixa da qual participa Lenine) têm potencial para fazer sucesso. Já passa da hora de o Brasil fazer uso do juízo e descobrir o belo som globalizante de Lula Queiroga.

10 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Lula Queiroga despontou no mercado fonográfico em 1983 com Baque Solto, um álbum dividido com seu conterrâneo Lenine, alma gêmea artística do compositor pernambucano. Nada aconteceu de imediato. Mas, a partir de 1997, Lenine engatou carreira solo que lhe deu projeção, inclusive além das fronteiras brasileiras. Queiroga continuou à margem, na terra natal, embora seu terceiro CD solo, Tem Juízo mas Não Usa, confirme o que os anteriores Aboiando a Vaca Mecânica (2001) e Azul Invisível Vermelho Cruel (2004) já haviam sinalizado: o som do artista atingiu ponto de maturação que nada deve à obra de Lenine. Como seu irmão artístico, Queiroga se conecta ao mundo a partir de Pernambuco. Programações eletrônicas (pilotadas por Yuri Queiroga, sobrinho de Lula) interagem com sons orgânicos em vigoroso mix de sabor contemporâneo. Tem Juízo mas Não Usa capta inquietudes, urgências (Agora Corra é o título de uma das melhores músicas do CD) e angústias desse mundo moderno. "Vou comprar uma lanterna/Vou morar numa caverna/Antes que o teto caia/Sobre a minha sombra", anunciam versos de Tectopop, faixa na qual figuram a voz de Silvério Pessoa e o trombone de Nilsinho Amarante, que evoca sons de Carnavais de Pernambuco.

São múltiplas as referências que saltam aos ouvidos neste CD de alta voltagem. A faixa-título - Tem Juízo mas Não Usa, parceria de Queiroga com Pedro Luís, cantada por Lenine - dialoga com o samba carioca. Geusa agrega a poesia derramada de Lirinha (do Cordel do Fogo Encantado), a voz de Silvério Pessoa (egresso do Cascabulho) e a bateria de Pupillo (habitante da Nação Zumbi). Fulana é balada de múltiplos sotaques formatada sob os cânones da globalização. Contudo, a música de Queiroga não tem sua força diluída por conceitos. Temas como Você Não Disse, Meus Pés (com a voz de Alceu Valença, menos elétrica do que de costume) e, sobretudo, Altos e Baixos (outra faixa da qual participa Lenine) têm potencial para fazer sucesso. Já passa da hora de o Brasil fazer uso do juízo e descobrir o belo som globalizante de Lula Queiroga.

9 de abril de 2009 às 10:53  
Anonymous Anônimo said...

Pena que a Claudia Leite e a dupla dos posts abaixo é que vão predominar nas execuções. O CD do Lula Queiroga vai ficar esquecido. Triste.

9 de abril de 2009 às 11:13  
Anonymous Anônimo said...

Lula é pernambucano ?

9 de abril de 2009 às 11:31  
Blogger ::: para ler cantando ::: said...

E para quem não sabe: Lula está em turnê. Rio de Janeiro (Teatro Rival nos dias 17 e 18 de abril), em seguida POA, Floripa, Curitiba e SP. Agenda do artista (e músicas do novo álbum) em www.myspace.com/lulaqueiroga

9 de abril de 2009 às 12:38  
Anonymous Diogo ! said...

O curioso é que acho a sonoridade bem parecida com a do Lenine mas não vejo muita semelhança nas letras. Lula arrisca mais e (se)diverte com seus albuns. Já Lenine - de uns tempos pra cá - flerta com um pop e/ou baladas romanticas dando pista de que quer emplacar ...

Boa praça, sei também que Lula engavetou a pré-produção desse album pra dar uma " mãozinha " a Elba em seu penúltimo projeto. Justa escolha de Elba, que já havia escolhido quatro músicas de sua autoria para gravar.

Concordo com Mauro que " Já passa da hora de o Brasil fazer uso do juízo e descobrir o belo som globalizante de Lula Queiroga ".

Ainda vou encomendar o meu, mas a ficha técnica é repleta de bons nomes. Lula teve que forrar o bolso pra chamar tantos virtuoses ?



Um abraço a todos
caxias.diogo@bol.com.br

9 de abril de 2009 às 14:19  
Anonymous Anônimo said...

discordo do anônimo das 11h13. lula não vai ser esquecido por que conquistou um público pequeno mas saudável que aprecia suas músicas e suas considerações.
vida longa a esse pernambucano!

9 de abril de 2009 às 18:11  
Anonymous Laís Sampaio said...

o lula é de pernambuco, sim. e pode ter certeza que é um dos artistas mais completos. um letrista único, de músicas impar (pode ter certeza que a pessoa nunca ouve uma música dele e pensa: 'essa parece com tal música, de tal cantor') e sonoridade contemporanea.

lula tem juízo, mas só usa quando quer.

9 de abril de 2009 às 18:33  
Blogger Blog Blogspot said...

Mauro,(ouquem souber)
Quem será(ão) os baixistas deste disco de LQ ?

9 de abril de 2009 às 18:51  
Anonymous Isabela said...

Janio,

o baixista da maioria das músicas (e também dos shows) é Lucky Luciano, com as exceções abaixo:

altos e baixos - rafael duarte
barulho da gota - yuri queiroga
meus pés - hugo gila

abs!

14 de abril de 2009 às 11:36  
Blogger aguiar_luc said...

Melhor do que eu sou (Pensando alto)

Eu sei que você sente falta
Soube que às vezes até chora por mim /Por isso é que eu tenho aparecido pouco.
Eu sei que fica mais fácil
Você gostar de mim quando eu não estou / Imaginar um sujeito ideal
Meio normal, meio louco.
Todo mundo faz um filme
Com a lente da mente / E no deserto do seu coração
Prefiro ser um vulto distante
Do que um chato a mais por perto /
Aposto na surpresa, num momento
Quando a gente se encontrar de novo
E demorar num beijo
Até perder a língua, a voz e a noção / Do que é que pode acontecer entre nós

Amanhã não vou te procurar
E você vai me achar melhor do que eu sou.

É Lula dessa vez vc arrebentou com meu coraçãozinho Limoeirense!

14 de abril de 2009 às 12:34  

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