5 de abril de 2009

Heroes dá brilho contemporâneo a jóias do rock

Resenha de CD
Título: War Child
- Heroes
Artista: Vários
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * *

A causa - angariar fundos para amparar crianças vítimas das guerras - é ótima. E o disco é quase tão bom quanto a causa. Heroes - o novo projeto fonográfico da War Child, uma entidade internacional que atua desde 1993 no auxílio da população que vive em zonas de conflito - apresenta 15 releituras de músicas de dinossauros do rock, lançadas entre os anos 60 e 80, por nomes projetados no século 21 ou, no máximo, na década de 90 - caso de Beck, sugerido por Bob Dylan para revisitar Leopard-Skin Pill-Box Hat (1966). Beck dá outra boa pulsação ao tema de Dylan com sua guitarra distorcida em gravação escolhida com muita propriedade para abrir o disco, já editado no Brasil pela gravadora EMI Music.

O resultado de Heroes é bem uniforme. Obviamente, nenhuma releitura supera o registro original. Mas é interessante ouvir Call me (Blondie, 1980) com a pegada do grupo Franz Ferninand assim como escutar Superstition (Stevie Wonder, 1972) na voz estilosa de Estelle. Há acertos como as roupagens eletrônicas como que Peaches e TV on the Radio vestiram Search and Destroy (The Stooges, 1973) e Heroes (David Bowie, 1977), respectivamente. Lily Allen também dá brilho contemporâneo a Straight to Hell (The Clash, 1982) com o luxo de contar com a guitarra de Mick Jones, integrante da banda. Já a galesa Duffy se deu mal ao aceitar a tarefa de cantar uma das músicas mais vibrantes da carreira solo de Paul McCartney, Live and Let Die (1973), revivida de forma tão crua quanto insossa. Faltou a Duffy a ousadia que o grupo inglês Hot Chip teve ao tentar captar nova freqüência para Transmission (Joy Division, 1979) sem sintonizar a força do registro de Ian Curtis. Menos inventivas, mas até por isso mais interessantes, são as abordagens de Rufus Wainwright para Wonderful / Song for Children (Brian Wilson, 1966) e do grupo The Kooks para Victoria (The Kinks, 1969). The Hold Steady merece menção honrosa por traduzir bem o sentimento melancólico de Bruce Springsteen em Atlantic City (1982). Já o Elbow pouco faz por Running to Stand Still (U2, 1987) enquanto as Scissor Sisters carregam nas tintas em Do the Strand (Roxy Music, 1973). Sem falar no Yeah Yeah Yeahs, que não pega nem o espírito da coisa ao reviver Sheena Is a Punk Rocker (Ramones, 1979). Mas, no todo, Heroes merece atenção. Nem que seja pela única intenção de ajudar crianças que penam com guerras criadas por insana gente grande ao redor do mundo.

1 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

A causa - angariar fundos para amparar crianças vítimas das guerras - é ótima. E o disco é quase tão bom quanto a causa. Heroes - o novo projeto fonográfico da War Child, uma entidade internacional que atua desde 1993 no auxílio da população que vive em zonas de conflito - apresenta 15 releituras de músicas de dinossauros do rock, lançadas entre os anos 60 e 80, por nomes projetados no século 21 ou, no máximo, na década de 90 - caso de Beck, sugerido por Bob Dylan para revisitar Leopard-Skin Pill-Box Hat (1966). Beck dá outra boa pulsação ao tema de Dylan com sua guitarra distorcida em gravação escolhida com muita propriedade para abrir o disco, já editado no Brasil pela gravadora EMI Music.

O resultado de Heroes é bem uniforme. Obviamente, nenhuma releitura supera o registro original. Mas é interessante ouvir Call me (Blondie, 1980) com a pegada do grupo Franz Ferninand assim como escutar Superstition (Stevie Wonder, 1972) na voz estilosa de Estelle. Há acertos como as roupagens eletrônicas como que Peaches e TV on the Radio vestiram Search and Destroy (The Stooges, 1973) e Heroes (David Bowie, 1977), respectivamente. Lily Allen também dá brilho contemporâneo a Straight to Hell (The Clash, 1982) com o luxo de contar com a guitarra de Mick Jones, integrante da banda. Já a galesa Duffy se deu mal ao aceitar a tarefa de cantar uma das músicas mais vibrantes da carreira solo de Paul McCartney, Live and Let Die (1973), revivida de forma tão crua quanto insossa. Faltou a Duffy a ousadia que o grupo inglês Hot Chip teve ao tentar captar nova freqüência para Transmission (Joy Division, 1979) sem sintonizar a força do registro de Ian Curtis. Menos inventivas, mas até por isso mais interessantes, são as abordagens de Rufus Wainwright para Wonderful / Song for Children (Brian Wilson, 1966) e do grupo The Kooks para Victoria (The Kinks, 1969). The Hold Steady merece menção honrosa por traduzir bem o sentimento melancólico de Bruce Springsteen em Atlantic City (1982). Já o Elbow pouco faz por Running to Stand Still (U2, 1987) enquanto as Scissor Sisters carregam nas tintas em Do the Strand (Roxy Music, 1973). Sem falar no Yeah Yeah Yeahs, que não pega nem o espírito da coisa ao reviver Sheena Is a Punk Rocker (Ramones, 1979). Mas, no todo, Heroes merece atenção. Nem que seja pela única intenção de ajudar crianças que penam com guerras criadas por insana gente grande ao redor do mundo.

5 de abril de 2009 às 12:08  

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