23 de dezembro de 2008

Ovídio faz bela viagem pelo mundo de Martinho

Resenha de CD
Título: Viajando
com Martinho
Artista: Ovídio Brito
Gravadora: Zambo
Discos
Cotação: * * * 1/2

O último roteiro desta bonita viagem proposta por Ovídio Brito ao redor do mundo de Martinho da Vila, Pensando Bem, é tema instrumental em que o percussionista exibe sua maestria na cuíca. Contudo, a parada de Viajando com Martinho é outra. Aos 63 anos, Ovídio - músico recorrente nos bastidores do samba - se lança como cantor, com insuspeita desenvoltura, em CD que celebra a obra do artista com quem mais tocou em seus 50 anos de samba. Produzido por Ana Costa e Bianca Calcagni, o tributo fogo do tom trivial que banaliza muitos discos do gênero, sobretudo porque o repertório evita acertadamente os clássicos de Martinho. E, quando não o faz, como em Roda Ciranda e no medley que une os sambas-enredos Quatro Séculos de Modas e Costumes e Yayá do Cais Dourado, é justamente quando o disco soa com menos brilho. A obra do Da Vila é tão vasta quanto rica. Tem muito samba bom que ficou encoberto na poeira da estrada. Ovídio dá segunda chance a temas como Cresci no Morro (que em sua voz adquire legítimos tons autobiográficos pelo fato de ele ter sido criado na favela carioca da Praia do Pinto), Eterna Paz (correta lição de moral dada em clima terno com Mart'nália), É de Black Tie (parceria bissexta de Martinho com Zeca Pagodinho, regravada por Ovídio com o vocal descontraído de Pagodinho), Balança Povo (em dueto com Almir Guineto) e Leila Diniz (parceria com Nei Lopes no qual figura Ana Costa), Plim Plim e Maria da Hora, unido em medley com Requenguela. Um dos hits bissextos do repertório é Casa de Bamba, samba emendado com outro sucesso da fase inicial de Martinho, Pra que Dinheiro?, ambos rebobinados por Ovídio ao lado de Arlindo Cruz. Entre tantos convidados, Sandra de Sá põe sua alegria em Cidadã Brasileira - grande samba que deu título ao álbum lançado por Leci Brandão em 1990 - e Analimar sai da sombra da irmã hype Mart'nália em Samba da Cabrocha Bamba, mostrando cacife para iniciar uma carreira solo (ela atua como backing-vocal de Martinho e da própria Mart'nália). Enfim, Ovídio faz viagem segura que leva o ouvinte a recantos desconhecidos da música de Martinho da Vila - por si só, roteiro dos mais sedutores.

3 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

O último roteiro desta bonita viagem proposta por Ovídio Brito ao redor do mundo de Martinho da Vila, Pensando Bem, é tema instrumental em que o percussionista exibe sua maestria na cuíca. Contudo, a parada de Viajando com Martinho é outra. Aos 63 anos, Ovídio - músico recorrente nos bastidores do samba - se lança como cantor, com insuspeita desenvoltura, em CD que celebra a obra do artista com quem mais tocou em seus 50 anos de samba. Produzido por Ana Costa e Bianca Calcagni, o tributo fogo do tom trivial que banaliza muitos discos do gênero, sobretudo porque o repertório evita acertadamente os clássicos de Martinho. E, quando não o faz, como em Roda Ciranda e no medley que une os sambas-enredos Quatro Séculos de Modas e Costumes e Yayá do Cais Dourado, é justamente quando o disco soa com menos brilho. A obra do Da Vila é muito vasta e rica. Tem muito samba bom que ficou encoberto na poeira da estrada. Ovídio dá segunda chance a temas como Cresci no Morro (que em sua voz adquire legítimos tons autobiográficos pelo fato de ele ter sido criado na favela carioca da Praia do Pinto), Eterna Paz (correta lição de moral dada em clima terno com Mart'nália), É de Black Tie (parceria bissexta de Martinho com Zeca Pagodinho, regravada por Ovídio com o vocal descontraído de Pagodinho), Balança Povo (em dueto com Almir Guineto) e Leila Diniz (parceria com Nei Lopes no qual figura Ana Costa), Plim Plim e Maria da Hora, unido em medley com Requenguela. Um dos hits bissextos do repertório é Casa de Bamba, samba emendado com outro sucesso da fase inicial de Martinho, Pra que Dinheiro?, ambos rebobinados por Ovídio ao lado de Arlindo Cruz. Entre tantos convidados, Sandra de Sá põe sua alegria em Cidadã Brasileira - grande samba que deu título ao álbum lançado por Leci Brandão em 1990 - e Analimar sai da sombra da irmã hype Mart'nália em Samba da Cabrocha Bamba, mostrando cacife para iniciar uma carreira solo (ela atua como backing-vocal de Martinho e da própria Mart'nália). Enfim, Ovídio faz viagem segura que leva o ouvinte a recantos desconhecidos da música de Martinho da Vila - por si só, roteiro dos mais sedutores.

23 de dezembro de 2008 às 21:32  
Anonymous Anônimo said...

Um dos maiores percussionistas deste país - já tocou com mais da metade da MPB - gravando Martinho ?
Difícil sair coisa ruim. Aliás, difícil não sair algo próximo do perfeito.
Música instrumental de qualidade, bem diferente de "Caios Mesquitas da Vida".
Salve!

23 de dezembro de 2008 às 22:29  
Anonymous Anônimo said...

Verdade, um dos grandes instrumentistas do país que está muito bem cercado diga-se. Ana Costa e Bianca Calcagni são duas competentes cantoras de samba (do grupo O Roda, tanto lixo que emplaca por aí e elas infelizmente não!) e sem contar os medalhões já citados pelo Mauro.
Nei Lopes até já reverenciou Ovídio no seu excelente disco De Letra e Música (faixa no Tempo de Don Don)! Sorte ao Ovídio na nova empreitada e mais um para a coleção!
E não esquecendo de falar de Analimar que pra mim é MUITO MAIS CANTORA que Mart'nália! Aliás, é do tipo que envereda para o samba e não se arrisca em outros ritmos. Tomara que venha também uma carreira solo! Torço muito por isso! Grande abraço e Feliz Natal ao Mauro e a todos os amigos e colegas de blog!

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

24 de dezembro de 2008 às 08:55  

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