O encontro de Alaíde com Fátima é arrebatador
Resenha de show
Título: Grandes Encontros
Artista: Alaide Costa e Fátima Guedes
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 17 de julho de 2008
Cotação: * * * * *
Em 1988, a voz de Alaíde Costa encontrou a obra de Fátima Guedes e este encontro resultou numa da mais sublimes gravações da MPB, Absinto, música do LP Amiga de Verdade que tinha citação de Eu te Odeio, outro tema de Fátima. Vinte anos depois, um novo encontro da cantora com a compositora, ao vivo, resulta num dos mais arrebatadores shows de 2008. Em cartaz até sábado, 19 de julho de 2008, dentro do projeto Grandes Encontros do Teatro Rival, o recital de Alaíde e Fátima prima pela excelência. Interpretações perfeitas - e como Fátima Guedes, uma compositora inspirada desde seu aparecimento, em 1979, cresceu como cantora ao longo de seus quase 30 anos de carreira! - e um roteiro impecável (centrado nas obras de Fátima, Sueli Costa e Tom Jobim) moldam um show emocionante que beira o sublime. Em cena, além das duas artistas, há o piano classudo de Itamar Assiere. E bela iluminação que ajuda a criar uma atmosfera íntima.
O número de abertura - um medley que junta Voz de Mulher (Sueli Costa e Abel Silva) com Essa Mulher (Joyce) - já anuncia o tom feminino de grande parte do repertório. Na seqüência, outro dueto, Chora Brasileira, canção de Fátima gravada por Nana Caymmi, confirma o tom harmonioso do encontro de duas vozes tão marcantes e tão pessoais. Em seguida, Fátima sai de cena para Alaíde fazer seu set individual. É quando a cantora, em grande forma, enfileira as três canções que gravou de autoria de Fátima: Absinto (com a inseparável citação de Eu te Odeio), Faca e Minha Nossa Senhora. São interpretações carregadas de emoção sem que, por um instante sequer, Alaíde ponha em segundo plano sua formidável técnica. E os números vão se sucedendo - Amor É Outra Liberdade, Cobras e Lagartos, Morrer de Amor - numa seqüência matadora que deixa o espectador imerso em seu canto.
Ao voltar ao palco, Fátima molda com Alaíde um primoroso Retrato em Branco e Preto antes de ficar sozinha com Assiere e de surpreender ao manter a alta voltagem das interpretações - o que não é fácil levando-se em conta que era Alaíde quem estava em cena. Mas Fátima, emocionada e emocionante, faz um bloco autoral igualmente arrebatador. Revive As Pessoas (tema lançado por Simone no álbum Raio de Luz, de 1991), canta Os Amores que Eu Não Tive, recorda Condenados (outro tema associado à voz de Simone) e apresenta a inédita Ela, em que procura tom teatral para expressar a letra que versa sobre a (mutante) efervescência da alma feminina. A música é excelente e reafirma a sensibilidade especial da compositora para retratar o ser humano.
"Mais uma canção de amor com o patrocínio da Gilette do Brasil", brincou Fátima antes de cantar Tanto que Aprendi de Amor, numa espirituosa alusão ao caráter corta-pulso de boa parte de sua obra, impregnada de uma melancolia que inexiste em A Vida que a Gente Leva, entoada no show em registro mais expansivo, na contramão do tom contido da gravação original feita por Leila Pinheiro em 2005 no álbum Nos Horizontes do Mundo. Fátima interpretou seus versos que celebram a vida com tanta felicidade que, no fim, o público cantava e vibrava junto com ela.
"Ai, vamos rasgar as sedas...", brincou Alaíde ao voltar ao palco no momento em que ela e Fátima trocavam elogios em cena. Vieram, então, mais duetos em Caminhos Cruzados, Samba em Prelúdio e, já no bis, Faca. Enfim, encontro grandioso que vai virar CD e DVD.
Título: Grandes Encontros
Artista: Alaide Costa e Fátima Guedes
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 17 de julho de 2008
Cotação: * * * * *
Em 1988, a voz de Alaíde Costa encontrou a obra de Fátima Guedes e este encontro resultou numa da mais sublimes gravações da MPB, Absinto, música do LP Amiga de Verdade que tinha citação de Eu te Odeio, outro tema de Fátima. Vinte anos depois, um novo encontro da cantora com a compositora, ao vivo, resulta num dos mais arrebatadores shows de 2008. Em cartaz até sábado, 19 de julho de 2008, dentro do projeto Grandes Encontros do Teatro Rival, o recital de Alaíde e Fátima prima pela excelência. Interpretações perfeitas - e como Fátima Guedes, uma compositora inspirada desde seu aparecimento, em 1979, cresceu como cantora ao longo de seus quase 30 anos de carreira! - e um roteiro impecável (centrado nas obras de Fátima, Sueli Costa e Tom Jobim) moldam um show emocionante que beira o sublime. Em cena, além das duas artistas, há o piano classudo de Itamar Assiere. E bela iluminação que ajuda a criar uma atmosfera íntima.
O número de abertura - um medley que junta Voz de Mulher (Sueli Costa e Abel Silva) com Essa Mulher (Joyce) - já anuncia o tom feminino de grande parte do repertório. Na seqüência, outro dueto, Chora Brasileira, canção de Fátima gravada por Nana Caymmi, confirma o tom harmonioso do encontro de duas vozes tão marcantes e tão pessoais. Em seguida, Fátima sai de cena para Alaíde fazer seu set individual. É quando a cantora, em grande forma, enfileira as três canções que gravou de autoria de Fátima: Absinto (com a inseparável citação de Eu te Odeio), Faca e Minha Nossa Senhora. São interpretações carregadas de emoção sem que, por um instante sequer, Alaíde ponha em segundo plano sua formidável técnica. E os números vão se sucedendo - Amor É Outra Liberdade, Cobras e Lagartos, Morrer de Amor - numa seqüência matadora que deixa o espectador imerso em seu canto.
Ao voltar ao palco, Fátima molda com Alaíde um primoroso Retrato em Branco e Preto antes de ficar sozinha com Assiere e de surpreender ao manter a alta voltagem das interpretações - o que não é fácil levando-se em conta que era Alaíde quem estava em cena. Mas Fátima, emocionada e emocionante, faz um bloco autoral igualmente arrebatador. Revive As Pessoas (tema lançado por Simone no álbum Raio de Luz, de 1991), canta Os Amores que Eu Não Tive, recorda Condenados (outro tema associado à voz de Simone) e apresenta a inédita Ela, em que procura tom teatral para expressar a letra que versa sobre a (mutante) efervescência da alma feminina. A música é excelente e reafirma a sensibilidade especial da compositora para retratar o ser humano.
"Mais uma canção de amor com o patrocínio da Gilette do Brasil", brincou Fátima antes de cantar Tanto que Aprendi de Amor, numa espirituosa alusão ao caráter corta-pulso de boa parte de sua obra, impregnada de uma melancolia que inexiste em A Vida que a Gente Leva, entoada no show em registro mais expansivo, na contramão do tom contido da gravação original feita por Leila Pinheiro em 2005 no álbum Nos Horizontes do Mundo. Fátima interpretou seus versos que celebram a vida com tanta felicidade que, no fim, o público cantava e vibrava junto com ela.
"Ai, vamos rasgar as sedas...", brincou Alaíde ao voltar ao palco no momento em que ela e Fátima trocavam elogios em cena. Vieram, então, mais duetos em Caminhos Cruzados, Samba em Prelúdio e, já no bis, Faca. Enfim, encontro grandioso que vai virar CD e DVD.
22 Comments:
Mauro, estive lá hj também e o vi na platéia. Mas vbc tem certeza que vai virar cd e dvd?? Não vi nenhuma grua por lá... O show realmente é maravilhoso. Fátima e Alaíde estavam arrebatadoras. A interpretação de Morrer de Amor com Alaíde é uma das coisas mais lindas que se pode ouvir.
Nossa,Mauro,que encontro magnífico entre duas grandes cantoras.Estava lendo a resenha e visualizando o show,que certamente não perderei, qudando ele vier a SP.O último show da Fátima(Outros Tons)em 2007,
foi inesquecível,assim como também o são todos os shows de Alaíde.
Não vi o show ... mas só posso dizer pelo seu relato, Mauro: MARAVILHA DE NOTÍCIA!
Que venham logo: CD e DVD
VIVA ALAÍDE, UMA DAS MAIS EXTRAORDINÁRIAS CANTORAS DO BRASIL !
Que bom que a Música Brasileira tem isso para recordar. Houve um tempo em que tudo isso tocava no rádio. Digo isso são músicas que datam de quase 20 anos. Em contra partida o documento atual da música que se consome hoje não resiste ao ano de lançamento. É saudosismo sim.
Esse encontro sim, eu queria muito ver!!! Ainda bem que vai virar cd e DVD.
Como a música de Fátima Guedes tem o poder de tocar minh'alma!!!
Tô com inveja de quem foi ver o show....daquelas coisas que ficam na memória pra sempre.
Grande notícia! Tb estou com inveja. Ontem mesmo estava ouvindo 'Minha Nossa Senhora' com a Nana Caymmi. É uma das poucas músicas que eu ouço com o volume lá em cima, para perceber todas as nuances dessa prece sussurrada.
E a Dolores ontem, hein? Valeu pelos fonogramas de época. Como cantava.
Que venham o CD e o DVD [2]
Luc, já ia comentar o programa sobre Dolores Duran quando li seu post. Realmente foi algo bem acima do que a globo costuma produzir ou pelo menos exibir em rede aberta e horário nobre. Sábia a decisão de usar os fonogramas originais, bem como a opção pelos musicais em preto e branco. É o tipo de programa que mistura entretenimento com educação, pois Dolores Duran é praticamente uma desconhecida hoje em dia, e não me excluo do time dos desinformados.
Para compensar tanto esmero, a globo optou pelo esquema "divulgação zero", ou quase, para o programa. Se não tivesse começado a zapear a esmo lá pelas tantas, não teria assistido. Mas valeu!
Já vi algumas vezes a Alaidíssima cantar Minha Nossa Senhora, ah, e a Fátima, tb vi umas duas vezes.Em todas as ocasiões, a Gilete do Brasil se fez presente.Emoção pura.
Showzaço esse,hein!
Confesso que prefiro quando La Guedes usa a "gilette" com outros fins musicais, como quando canta a lindíssima Muito intensa (por você RASPO pernas, raspo braços), Lilith ou até Cheiro de mato. Essa faceta corta-pulsos não me interessa muito não. Mas saber que está produzindo e vem aí coisa nova é ótima notícia.
E realmente Mauro, ela cresceu incrivelmente como cantora. Muito intensa e Luzes da mesma luz são seus cds mais bem cantados, interpretados, arranjados, e com o melhor repertório.
Ai que vontade de estar presente! Duas das maiores e mais dignas artistas deste país. Orgulho nacional.
Estou ouvindo o primeiro da Fatima Guedes.E ela ja cantava muito.
Grande Fatima,Grande!
A Emi fica devendo uma edição dos outros LPs.E de com trabalho grafico à altura.
Alaíde interpretando Absinto é mesmo de cortar os pulsos. E Fátima Guedes, na minha modesta opinião, sempre foi grande intérprete assim como sempre foi grande compositora.
Merece ser visto no You Tube um vídeo de Fátima Guedes cantando Canta,Canta Mais(Tom e Vinícius).
Show de interpretação.
O show foi gravado ontem, sexta-feira. Eu o assisti e saí chapado de lá. É maravilhoso ver duas intérpretes tão originais e com timbres tão peculiares em cena juntas, dividindo emoção e beleza. Alaíde está cantando divinamente e Fátima é sempre uma intérprete especial. "Faca" na voz de Alaíde e depois na voz das duas, no final, é de cortar a alma, literalmente. Quem viu jamais esquece.
Fátima, Alaíde, Sueli e Tom, tudo de uma vez, tem coração que aguente? Como eu gostaria de morar perto do Rio de Janeiro...
Caro Mauro faltou dizer que, no Rio, somente o Rival e sua equipe são capazes de realizar espetáculos como esse. Alí se bebe o melhor de nossa música. É realmente um espaço de resistência cultural. O show é simplesmente fantástico. Que o CD e DVD sirvam de registro e encantamento para aqueles que não assitiram. Alaíde e Fátima são divas.
Um show maravilhoso. AAlayde canta com tudo, como se fôsse a última vez que cantasse na vida."Cobras e Lagartos" foi de cortar os pulsos!
O show é maravilhoso , finalmente o Rival apresentou um show diferente, pois estamos cansados de ver naquele palco, que sempre apresenta mesmos shows como "Divinas divas" ou "Angela Roro"
Assisti esse maravilhoso encontro dessas grandes cantoras e me emocionei muito. Fui na estr�ia e n�o pude deixar de rever no �ltimo dia. Ala�de � uma cantora �mpar, que re�ne emo�o e t�cnica de forma impressionante. Muito bom tamb�m ver o crescimento de F�tima Guedes como cantora, al�m da grande compositora que �. Um show de rara emo�o, pra ficar na mem�ria afetiva, pra sempre...
Assisti esse show ontem na FECAP, aqui em São Paulo. Auditório pela metade!! Pouquíssimo divulgado. Um absurdo o que está acontecendo com as pessoas de bom gosto desta cidade. Inacreditável. O show, tal e qual voce referiu, foi soberto, maravilhoso. As cantoras voltaram TRES VEZES para o bis. FORAM OVACIONADAS!! De repente, mais vale serem assim OVACIONADAS por auditório a meio do que aplaudidas por Canecões e Tons Brasis cheios de gente de gosto duvidoso e que só vai lá prá encher a cara e se mostrar. Valeu Mauro!! Venham logo CD e DVD!!!
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