Quase aos 65, Valle se conecta à galera jovem

Resenha de CD e DVD
Título: Marcos Valle
Conecta ao Vivo na
Cinemathèque
Artista: Marcos Valle
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * *

Nas pistas mais antenadas da Inglaterra, a obra de Marcos Valle é associada à juventude. No Brasil, o compositor de Samba de Verão costuma ser linkado à Bossa Nova e volta e meia está envolvido em algum revival do gênero que festeja 50 anos em 2008. Mas chega de saudade! Resultantes de uma série de shows apresentada por Valle na jovial casa Cinemathèque Jam Club, em Botafogo (RJ), o CD e DVD Marcos Valle Conecta ao Vivo na Cinemathéque dá lufada de ar fresco em obra que, a rigor, nunca esteve presa nos cânones da velha bossa. A idéia do jornalista Antonio Carlos Miguel - autor do projeto - foi associar a música de Valle a uma turma moderninha que vem sendo incensada pela mídia. A lista de convidados (Fino Coletivo, Dé Palmeira, Marcelo Camelo, o trio +2 e os DJs Nado Leal e Plínio Profeta) já fala por si só. Mas o fato é que o projeto se mostra bem-sucedido porque a obra de Valle tem resistido bem ao tempo e continua moderna. Músicas das várias fases da discografia do cantor foram turbinadas com novas sonoridades. Temas instrumentais, como Brasil X México e Esperando o Messias, ganham nova chance de projeção. E, entre os convidados, Marcelo Camelo é o que parece mais à vontade. A união de sua música O Vencedor com um tema de Valle, Nem Paletó Nem Gravata, é um dos destaques do roteiro. Camelo também põe sua guitarra a serviço do Samba de Verão e revive em dueto com Valle um grande samba, Cara Valente, que cedeu para o primeiro CD de Maria Rita. Além de tocar em Homem ao Mar, Estrelar (hit da fase pop vivida por Valle na década de 80) e em Não Tem Nada Não, o trio + 2 (leia-se Kassin, Domenico Lancelotti e Moreno Veloso) também linka seu tema Sincerely Hot com música de Valle, O Cafona, composta para a novela homônima de 1971. Já o Fino Coletivo, revelação de 2007, imprime sua marca em Dragão e Homem ao Mar. Prestes a completar 65 anos, em 14 de setembro, Marcos Valle continua jovem. Assim como sua música. Resta a juventude brasileira descobrir que sua bossa ainda é nova.