Bossa de Milton com Jobim Trio é, de fato, nova
Resenha de CD
Título: Novas Bossas
Artista: Milton
Nascimento e Jobim Trio Selo: Nascimento Música
Cotação: * * *
Ao fechar em 1970 seu disco Milton com regravação de A Felicidade, parceria de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, Milton Nascimento sinalizou que haveria bossa nova no som já imaginado por ele para o que viria a ser o Clube da Esquina. Quase 40 anos depois, o trem mineiro volta a cruzar o trilho carioca de Jobim em disco idealizado em tributo aos 50 anos da Bossa Nova e gravado com o Jobim Trio, formado pelo baterista Paulo Braga e pelos filho (Paulo) e neto (Daniel) de Jobim. Novas Bossas chega às lojas nos próximos dias com uma bossa que é, de fato, nova. Nada é como antes na reunião de Milton com o trio para reviver músicas como Caminhos Cruzados, Inútil Paisagem e Brigas Nunca Mais. Entre as novidades, há Dias Azuis, interessante tema de Daniel Jobim que já tinha sido gravado pelo guitarrista de jazz Lee Ritenour no álbum Smoke 'n' Mirrors, editado em 2006 no exterior com a participação do próprio Daniel Jobim na gravação.
Oito músicas de Jobim ganham novas harmonias em disco de impecável teia instrumental. Inclusive um samba obscuro do maestro soberano, Velho Riacho (Para Não Sofrer). A simulação do barulho de um trem no arranjo de Chega de Saudade é exemplo do alto teor de novidade harmônica do álbum. O que tira parte do brilho do encontro de Milton com o Jobim Trio é a voz do cantor. Já há alguns anos Milton perdeu aquela força vocal que o tornava um dos maiores cantores do mundo por conta do desgaste natural do tempo (ele está com 65 anos) e por conta da luta cotidiana contra a diabetes. Até há nos falsetes da bela versão de O Vento - lembrança do pré-Bossa Novista Dorival Caymmi, louvado por Jobim e por João Gilberto desde as primeiras bossas - um leve resquício do Milton de tempos de maior fartura vocal. Mas a infeliz idéia de Milton de remexer na própria obra - ele regrava Tudo que Você Podia Ser, Cais e Tarde - apenas contribui para acentuar a sensação de que, no que diz respeito à parte vocal, o reencontro de Milton com a bossa de Jobim teria sido mais apoteótico anos atrás. Com toda sua criativa cama instrumental, Novas Bossas não soa tão revigorante na discografia de Milton Nascimento como Pietá (2002). Mas já tem lugar de destaque no balanço fonográfico de 2008 por redirecionar a mineira maria fumaça para os trilhos cariocas. Mesmo que o apito já seja fraco...
Título: Novas Bossas
Artista: Milton
Nascimento e Jobim Trio Selo: Nascimento Música
Cotação: * * *
Ao fechar em 1970 seu disco Milton com regravação de A Felicidade, parceria de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, Milton Nascimento sinalizou que haveria bossa nova no som já imaginado por ele para o que viria a ser o Clube da Esquina. Quase 40 anos depois, o trem mineiro volta a cruzar o trilho carioca de Jobim em disco idealizado em tributo aos 50 anos da Bossa Nova e gravado com o Jobim Trio, formado pelo baterista Paulo Braga e pelos filho (Paulo) e neto (Daniel) de Jobim. Novas Bossas chega às lojas nos próximos dias com uma bossa que é, de fato, nova. Nada é como antes na reunião de Milton com o trio para reviver músicas como Caminhos Cruzados, Inútil Paisagem e Brigas Nunca Mais. Entre as novidades, há Dias Azuis, interessante tema de Daniel Jobim que já tinha sido gravado pelo guitarrista de jazz Lee Ritenour no álbum Smoke 'n' Mirrors, editado em 2006 no exterior com a participação do próprio Daniel Jobim na gravação.
Oito músicas de Jobim ganham novas harmonias em disco de impecável teia instrumental. Inclusive um samba obscuro do maestro soberano, Velho Riacho (Para Não Sofrer). A simulação do barulho de um trem no arranjo de Chega de Saudade é exemplo do alto teor de novidade harmônica do álbum. O que tira parte do brilho do encontro de Milton com o Jobim Trio é a voz do cantor. Já há alguns anos Milton perdeu aquela força vocal que o tornava um dos maiores cantores do mundo por conta do desgaste natural do tempo (ele está com 65 anos) e por conta da luta cotidiana contra a diabetes. Até há nos falsetes da bela versão de O Vento - lembrança do pré-Bossa Novista Dorival Caymmi, louvado por Jobim e por João Gilberto desde as primeiras bossas - um leve resquício do Milton de tempos de maior fartura vocal. Mas a infeliz idéia de Milton de remexer na própria obra - ele regrava Tudo que Você Podia Ser, Cais e Tarde - apenas contribui para acentuar a sensação de que, no que diz respeito à parte vocal, o reencontro de Milton com a bossa de Jobim teria sido mais apoteótico anos atrás. Com toda sua criativa cama instrumental, Novas Bossas não soa tão revigorante na discografia de Milton Nascimento como Pietá (2002). Mas já tem lugar de destaque no balanço fonográfico de 2008 por redirecionar a mineira maria fumaça para os trilhos cariocas. Mesmo que o apito já seja fraco...
19 Comments:
Queria saber pq grandes artistas deixam pra fazer grandes trabalhos qdo já não possuem mais a voz q tinham!! Milton, Gal, Fafá, Lucinha Lins e outros...
Mas esse deve ser um lindo trabalho junto a família Jobim. Quero ouvir!!!
Como assim? Milton, Gal e Fafá fizeram, sim, grandes trabalhos quando estavam no auge vocal. Senão não seriam Milton, Gal e Fafá. O que são Fatal, Índia, Cantar, Água viva, Plural, Mina dágua... (Gal), Minas, Geraes, Clube da esquina, Milagre dos peixes... (Milton), senão obras primas? Dos citados, apenas Lucinha não realizou um trabalho à altura da beleza da sua voz (se bem que adoro aquele disco interpretando Sueli Costa, onde ela continua cantando lindamente).Os três primeiros discos de Fafá também são muito bons.
"A simulação do barulho de um trem no arranjo de Chega de Saudade é exemplo do alto teor de novidade harmônica do álbum." Só ouvindo... isso me cheira a mau gosto.
Claudio Reis
O problema com o desaparecimento dessas vozes, é que não se conhece outras com a mesma inspiração para prosseguir. Sabemos que existem, mas estão abafadas por tanto simplorismo musical que entope as rádios e vende CD.
Cadê as vozes do Brasil ?
O cd sai pelo selo Nascimento e tem distribuição da Emi, certo Mauro ?
Estou curioso para ouvir o álbum. Mais do que por causa de Milton, por causa dos músicos.
Principalmente de Paulo Braga. Em minha modesta opinião, dos maiores bateristas que já surgiram por estas plagas. Sobre ele, Tom já disse: “Esse menino Paulinho Braga elevou a bateria à categoria de instrumento musical.”
Acho que os arranjos devem ter ficado admiráveis. Ainda que a voz de Milton não seja mais a mesma, deve valer uma ouvida.
Felipe dos Santos Souza
Mauro, tem um erro no post, pois colocaste o nome da gravadora de Nascimento ...
Bossa de Milton com Jobim Trio é, de fato, nova e ... fraca pois só ganhou 3 estrelas
NO show Pietá, Milton teve bons momentos vocais inclusive com falsetes bacanas. Vamos aguardar esse novo cd...
Mauro, e o CD novo do Ney Matogrosso, que já está em pré venda ... Inclassificáveis. o que é ? ao vivo ?
Edu - abc
Anônimo,não sei se foi um erro do Mauro, Milton Nascimento tem um selo musical que se chama " Nascimento " e talvez tenha feito por ele!
O que me chama atenção é que em menos de uma semana, 2 cds chegaram as lojas com a regravação de CHEGA DE SAUDADE. Esse e a coletanea " Um Cantinho, um Violão e Bossa Nova " ....
Outro fato interessante é que esse cd,assim como o dos irmãos Assad tem regravações de canções do " lado B " de Tom Jobim !
Velha ou nova, não importa
Viva a Bossa Nova
R$220,00 o ingresso para assistir ao show desse CD. Até para quem ganha bem é caro. Os shows brasileiros estão ficando mais caros que os shows de artistas internacionais que são feitos fora do país.
a nascimento música ou a jobim biscoito fino podiam lançar em dvd o especial que milton e tom fizeram para a bandeirantes nos anos 90. ali ambos estão em ótima forma e o repertório é ótimo.
Ficar (re)discutindo se as vozes são "fracas" os arranjos "renovadores" e barroquices do gênero é realmente, a meu ver, uma inépcia de discursos. Que venham os discos, que venham os novos selos...o resto é pro chazinho de comadres.
O Miilton é um grande artista e continua fazendo o que sempre fez: compondo, cantando, criando harmonias. Cumpre com empolgação uma agenda corridíssima. Continua dando a alma nos palcos e não pensa em parar. Muitos já teriam desistido ou diminuído o ritmo...
O Milton disse que o artista tem de ir aonde o povo está. Por R$ 220, o povo deve ter ficado do lado de fora, apanhando sereno.
Hoje, Milton e patota cantam em Brasília, no portentoso Centro de Convenções. Show fechado, só para convidados da Secretaria de Cultura do Distrito Federal (órgão público, imaginem). Ou seja, nós financiamos e eles assistem. Rebate essa, Dirce. Recursos públicos devidamente privatizados.
Quem te viu, quem te vê.
Luc, quem não tem padrinho morre pagão.
O meu conselho é: pare de reclamar, avie-se e descole um convite. Achar padrinho em Brasília não deve ser tão difícil.
ouvir Milton e a "geraçao" jobim juntos é maravilhoso. Espero adquirir o cd em breve.
Sinceramente, não acho que Milton esteja com a voz "desgastada", achei o disco maravilhoso, e Milton está muito bem, consegue imprimir uma novidade em músicas super conhecidas, é o toque do mestre, do artista maduro, com muita alma e emoção.
Rouco, voz fraca, arranhando, gordo, cheio de açucar no sangue.
O que importa?
Música é harmonia. Quem é músico e conhece sabe disso.
Além de tudo, BOSSA é BOSSA. Sempre muito melhor que a mesmice do rock brasileiro, aché, pagode etc etc.
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