Caldato põe ordem na Nação em 'Fome de Tudo'
Resenha de CD
Título: Fome de Tudo
Artista: Nação Zumbi
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * *
Fez dez anos em fevereiro que a Nação Zumbi perdeu o seu líder e mentor Chico Science (1966 - 1997) em acidente de carro. Contra todos os prognósticos pessimistas, a Nação não se desarticulou sem Science e atravessou bem a década. Fome de Tudo - o oitavo álbum da banda (incluindo um registro ao vivo, Propagando, também editado em CD), o quinto sem Science e o primeiro na Deckdisc - mantém o grupo bem na foto da cena pop.
Coube a Mario Caldato Jr. - produtor que tem no currículo discos de Marisa Monte, Beastie Boys, Marcelo D2 e Jack Johnson, entre outros nomes - pilotar o CD e organizar as múltiplas referências da Nação sem diluir a força percussiva da banda. E Caldato deu conta do recado, corrigindo erro cometido pelo grupo no anterior CD de estúdio, Futura (2005), em que os tambores de Pupillo, Gilmar Bola 8 e Toca Ogam foram soterrados por guitarras e (excessivos) efeitos psicodélicos. Em Fome de Tudo, os tambores não voltam a ficar em primeiríssimo plano como nos álbuns iniciais da Nação. Contudo, há maior equilíbrio entre guitarras, percussão e aditivos eletrônicos, como já sinalizara Bossa Nostra, boa música que abre o álbum e que foi eleita o primeiro single. Nem todas as outras 11 inéditas estão no mesmo nível. Falta melodia e falta brilho à voz de Jorge Du Peixe. No entanto, no caso da Nação Zumbi, letras e melodias parecem ser mero veículos para a confecção de climas, grooves e levadas. Estas ainda sustentam o som da Nação Zumbi.
A intenção parece ter sido fazer álbum mais claro e mais palatável. Quase pop. Sem abrir mão das referências plurais do grupo. Tanto que o trabalho concilia os metais de Ademir Araújo - o maestro da Orquestra Popular de Recife assina o arranjo de Nascedouro - com o clavinete de Money Mark, tecladista do Beastie Boys, convidado da faixa Assustado. O disco conta ainda com os (discretos) vocais de Céu em Inferno e com a adesão de Junio Barreto - o compositor pernambucano que alcançou (alguma) projeção em 2005 quando Gal Costa e Maria Rita disputaram sua música Santana - em Toda Surdez Será Castigada, faixa de textura psicodélica. Mesmo há dez anos sem Chico Science, a Nação Zumbi continua com seu apetite aberto, disposta a digerir novos sons e tendências. Embora já não mantenha a aura revolucionária dos anos 90, quando conectou os ritmos de sua terra ao bit dos computadores e criou o movimento nacionalmente conhecido como Mangue Beat. E isso já é História.
Título: Fome de Tudo
Artista: Nação Zumbi
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * *
Fez dez anos em fevereiro que a Nação Zumbi perdeu o seu líder e mentor Chico Science (1966 - 1997) em acidente de carro. Contra todos os prognósticos pessimistas, a Nação não se desarticulou sem Science e atravessou bem a década. Fome de Tudo - o oitavo álbum da banda (incluindo um registro ao vivo, Propagando, também editado em CD), o quinto sem Science e o primeiro na Deckdisc - mantém o grupo bem na foto da cena pop.
Coube a Mario Caldato Jr. - produtor que tem no currículo discos de Marisa Monte, Beastie Boys, Marcelo D2 e Jack Johnson, entre outros nomes - pilotar o CD e organizar as múltiplas referências da Nação sem diluir a força percussiva da banda. E Caldato deu conta do recado, corrigindo erro cometido pelo grupo no anterior CD de estúdio, Futura (2005), em que os tambores de Pupillo, Gilmar Bola 8 e Toca Ogam foram soterrados por guitarras e (excessivos) efeitos psicodélicos. Em Fome de Tudo, os tambores não voltam a ficar em primeiríssimo plano como nos álbuns iniciais da Nação. Contudo, há maior equilíbrio entre guitarras, percussão e aditivos eletrônicos, como já sinalizara Bossa Nostra, boa música que abre o álbum e que foi eleita o primeiro single. Nem todas as outras 11 inéditas estão no mesmo nível. Falta melodia e falta brilho à voz de Jorge Du Peixe. No entanto, no caso da Nação Zumbi, letras e melodias parecem ser mero veículos para a confecção de climas, grooves e levadas. Estas ainda sustentam o som da Nação Zumbi.
A intenção parece ter sido fazer álbum mais claro e mais palatável. Quase pop. Sem abrir mão das referências plurais do grupo. Tanto que o trabalho concilia os metais de Ademir Araújo - o maestro da Orquestra Popular de Recife assina o arranjo de Nascedouro - com o clavinete de Money Mark, tecladista do Beastie Boys, convidado da faixa Assustado. O disco conta ainda com os (discretos) vocais de Céu em Inferno e com a adesão de Junio Barreto - o compositor pernambucano que alcançou (alguma) projeção em 2005 quando Gal Costa e Maria Rita disputaram sua música Santana - em Toda Surdez Será Castigada, faixa de textura psicodélica. Mesmo há dez anos sem Chico Science, a Nação Zumbi continua com seu apetite aberto, disposta a digerir novos sons e tendências. Embora já não mantenha a aura revolucionária dos anos 90, quando conectou os ritmos de sua terra ao bit dos computadores e criou o movimento nacionalmente conhecido como Mangue Beat. E isso já é História.
6 Comments:
só o Mauro não reconhece que Futura é um grande disco.
É o sétimo disco, Mauro!
Os caras colocaram estampados na capa o número 7 pra não ter dúvida quanto a isso.
Na minha modesta opinião é o disco mais bem resolvido e redondo da Nação Zumbi, vale 5 estrelas.
O disco é ótimo, da primeira a última faixa, sem contar com a capa, bonitona!
Esse sim é o disco do ano.
Jose Henrique
Faltou dizer que assino embaixo do Hamilton, Futura é um discão!
É que o gosto musical do Mauro é muito ortodoxo, muito MPB. :>)
Jose Henrique
Pra quem gosta da Nação Zumbi e Jorge Ben, aí vai uma dica.
Nesse endereço www.groovegrave.blogspot.com
tem pra baixar um show dos Los Sebosos Postizos(banda que alguns integrantes da Nação inventaram pra tocar Jorge Ben) é muitooooooo bom.
São vinte clássicos de Jorge Ben da sua melhor fase e as versões que os caras fizeram são super viajandonas, cheias de dub, guitarras e efeitos.
Confiram, vale muito a pena, é o áudio de um show, mas a qualidade do som é excelente!
Baixei e fiz um cdzinho genial. :>)
PS: Quando chegar na página é só rolar um pouco a barra pra baixo, que logo acha.
Jose Henrique
José Henrique, o grupo tem todo o direito de considerar Futura seu sétimo disco. Mas o fato é que Propagando ganhou também edição oficial em CD.Portanto, quer a Nação queira ou não, Fome de Tudo é o oitavo título de sua discografia em CD.
Mauro, vc está tecnicamente certo, mas técnica não é tudo.
Sentimento vale mais. :>)
Pra banda é o sétimo, então pra mim tb é.
Um abraço
Jose Henrique
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