8 de agosto de 2010

Brincadeira musical do Pato funciona no palco

Resenha de Show
Título: Música de Brinquedo
Artista: Pato Fu (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Nelson Rodrigues - Caixa Cultural (RJ)
Data: 7 de agosto de 2010
Cotação: * * * * 1/2
Em cartaz até 8 de agosto de 2010, às 19h30m

Por ter sido urdido de modo artesanal, o som lúdico de Música de Brinquedo - o recém-lançado disco em que o grupo Pato Fu toca sucessos alheios com instrumentos infantis - poderia ser reproduzido no palco com menos charme. Mas o fato é que o show resulta tão sedutor quanto o CD. Ao recrutar o conceituado grupo Giramundo para manipular bonecos em cena, cantando às partes das músicas que no disco cabem às crianças, o quinteto mineiro conseguiu preservar em cena a aura espirituosa de seu primeiro projeto de intérprete. Havia o risco de a brincadeira musical do Pato não funcionar no palco - tanto que a própria Fernanda Takai definiu em cena a primeira apresentação da turnê como um "show de riscos não calculados" - mas funcionou e, de modo geral, tudo correu bem na estreia nacional do show Música de Brinquedo, cujo pontapé inicial foi dado na noite de 7 de agosto de 2010, no Teatro Nelson Rodrigues, da Caixa Cultural do Rio de Janeiro (RJ).

A primeira impressão nem foi das melhores nos segundos iniciais do show. Talvez pelo nervosismo natural de uma estreia nacional, Fernanda Takai (voz), John Ulhoa (guitarra e programações), Ricardo Koctus (baixo), Xande Tamietti (bateria) e Lulu Camargo (teclados) introduziram Primavera sem a vibração inicial do arranjo original - captada no disco. Mas logo tudo entrou no tom intencionalmente infantilizado do álbum e o show transcorreu gracioso. Os bonecos manipulados por dois integrantes do grupo Giramundo seduziram a plateia logo de imediato. Já no segundo número, Sonífera Ilha, ficou claro que muito do charme do show vinha da feliz ideia de convocar o grupo Giramundo - ainda que, musicalmente, o Pato Fu brinque em cena com rara habilidade. Eu - primeiro tema da obra do grupo a aparecer no roteiro - mostrou de cara que a banda soube brincar com o próprio repertório. Com arsenal que incluía até chaveiro, o Pato deu peso a Eu, evocando a sonoridade de seu CD mais hard (Ruído Rosa, 2001). Destaque do CD Música do Brinquedo, Frevo Mulher também se impõe como um dos belos momentos do show. Um dos monstros assume a zabumba enquanto o outro aparece em cena com cabelereira azul que constrasta com a "cabeleira vermelha" citada na letra da música de Zé Ramalho, o que gerou intervenções espirituosas dos bonecos. Que viram cabeludos hippies na hora em que o Pato faz a pregação humanista de Todos Estão Surdos, hit de Roberto Carlos.

Com John Ulhoa no cavaquinho mirim ("É iniciação ao pagode", gracejou o músico), Ovelha Negra soa no palco como no disco enquanto My Girl cresce e aparece em cena. Já Simplicidade - um tema pouco conhecido do Pato Fu, lançado em 2005 no álbum Toda Cura para Todo Mal - se revela o grande achado autoral da banda. Com seu toque ruralista, a singela canção se ajusta perfeitamente ao espírito de Música de Brinquedo e fica sendo um dos melhores momentos do show ao lado de Live and Let Die (com piscar de luzes que realça o clima roqueiro e grandioso do tema composto por Paul McCartney para filme da série de James Bond). Já Perdendo Dentes - música acompanhada em coro pelo público - é número em que o Pato Fu soa mais adulto do que infantil, apesar do uso dos instrumentos de brinquedo. O mesmo pode ser dito de Sobre o Tempo, número que Fernanda Takai recorre a som tirado de um bicho de pelúcia. No bis, Love me Tender acarinha o espectador com seu timbres de caixinhas de música e Bohemian Rhapsody fecha o show em tom brincalhão, por conta das tentativas frustradas do boneco de cantar a ópera-rock do Queen. Enfim, a brincadeira musical do Pato Fu chega ao palco com fôlego para divertir crianças e adultos. O show é fofo!!!!

4 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Por ter sido urdido de modo artesanal, o som lúdico de Música de Brinquedo - o recém-lançado disco em que o grupo Pato Fu toca sucessos alheios com instrumentos infantis - poderia ser reproduzido no palco com menos charme. Mas o fato é que o show resulta tão sedutor quanto o CD. Ao recrutar o conceituado grupo Giramundo para manipular bonecos em cena, cantando às partes das músicas que no disco cabem às crianças, o quinteto mineiro conseguiu preservar em cena a aura espirituosa de seu primeiro projeto de intérprete. Havia o risco de a brincadeira musical do Pato não funcionar no palco - tanto que a própria Fernanda Takai definiu em cena a primeira apresentação da turnê como um "show de riscos não calculados" - mas funcionou e, de modo geral, tudo correu bem na estreia nacional do show Música de Brinquedo, cujo pontapé inicial foi dado na noite de 7 de agosto de 2010, no Teatro Nelson Rodrigues, da Caixa Cultural do Rio de Janeiro (RJ).

A primeira impressão nem foi das melhores nos segundos iniciais do show. Talvez pelo nervosismo natural de uma estreia nacional, Fernanda Takai (voz), John Ulhoa (guitarra e programações), Ricardo Koctus (baixo), Xande Tamietti (bateria) e Lulu Camargo (teclados) introduziram Primavera sem a vibração inicial do arranjo original - captada no disco. Mas logo tudo entrou no tom intencionalmente infantilizado do álbum e o show transcorreu gracioso. Os bonecos manipulados por dois integrantes do grupo Giramundo seduziram a plateia logo de imediato. Já no segundo número, Sonífera Ilha, ficou claro que muito do charme do show vinha da feliz ideia de convocar o grupo Giramundo - ainda que, musicalmente, o Pato Fu brinque em cena com rara habilidade. Eu - primeiro tema da lavra do grupo a aparecer no roteiro - mostrou de cara que a banda soube brincar com as próprias músicas. Com arsenal que incluía até chaveiro, o Pato deu peso a Eu, evocando a sonoridade de seu CD mais hard (Ruído Rosa, 2001). Destaque do CD Música do Brinquedo, Frevo Mulher também se impõe como um dos belos momentos do show. Um dos monstros assume a zabumba enquanto o outro aparece em cena com cabelereira azul que constrasta com a "cabeleira vermelha" citada na letra da música de Zé Ramalho, o que gerou intervenções espirituosas dos bonecos. Que viram cabeludos hippies na hora em que o Pato faz a pregação humanista de Todos Estão Surdos, hit de Roberto Carlos.

Com John Ulhoa no cavaquinho mirim ("É iniciação ao pagode", gracejou o músico), Ovelha Negra soa no palco como no disco enquanto My Girl cresce e aparece em cena. Já Simplicidade - um tema pouco conhecido do Pato Fu, lançado em 2005 no álbum Toda Cura para Todo Mal - se revela o grande achado autoral da banda. Com seu toque ruralista, a singela canção se ajusta perfeitamente ao espírito de Música de Brinquedo e fica sendo um dos melhores momentos do show ao lado de Live and Let Die (com piscar de luzes que realça o clima roqueiro e grandioso do tema composto por Paul McCartney para filme da série de James Bond). Já Perdendo Dentes - música acompanhada em coro pelo público - é número em que o Pato Fu soa mais adulto do que infantil, apesar do uso dos instrumentos de brinquedo. O mesmo pode ser dito de Sobre o Tempo, número que Fernanda Takai recorre a som tirado de um bicho de pelúcia. No bis, Love me Tender acarinha o espectador com seu timbres de caixinhas de música e Rhapsody Bohemian fecha o show em tom brincalhão, por conta das tentativas frustradas do boneco de cantar a ópera-rock do Queen. Enfim, a brincadeira musical do Pato Fu chega ao palco com fôlego para divertir crianças e adultos. O show é fofo!!!!

8 de agosto de 2010 às 13:19  
Anonymous Anônimo said...

Foi sensacional. O show me conquistou ainda mais que o disco.

8 de agosto de 2010 às 13:33  
Anonymous Anônimo said...

Qual o nome correto da música do Queen? Nos textos sobre o show, ela aparece grafada de três maneiras diferentes: Rhapsody Bohemian, Bohemian Rhapsody e Rhapsody in Bohemian.

8 de agosto de 2010 às 15:54  
Blogger Mauro Ferreira said...

Bohemian Rhapsody é o nome correto da música, anônimo das 15:54. Grato pelo alerta. Eu nem percebi que tinha escrito a música de três maneiras diferentes. Abs, MauroF

8 de agosto de 2010 às 17:42  

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