1 de março de 2010

Efeitos dissipam tristeza de Coldplay apoteótico

Resenha de Show
Título: Viva la Vida Tour
Artista: Coldplay (em fotos de Mauro Ferreira)
Realização: Time for Fun
Local: Praça da Apoteose (RJ)
Data: 28 de fevereiro de 2010
Cotação: * * * 1/2
Show em cartaz no Morumbi (SP) em 2 de março de 2010
Em essência, o bom repertório do Coldplay é formado por baladas tristes, embora uma ou outra música, como o irresistível hit pop Viva la Vida, tenha pegada mais festiva. Na Viva la Vida Tour, que chegou ao Brasil na noite 28 de fevereiro de 2010, trazida pela empresa Time for Fun, tal melancolia é dissipada com efeitos e artifícios típicos de shows grandiosos moldados para arenas e ginásios. Ou para espaços amplos como a Praça da Apoteose, cenário da apresentação carioca. Nem a chuva - geralmente fina, mas insistente - esfriou o ânimo do público que foi ao show já ciente de que o Coldplay ingressa com esta turnê no patamar dos espetáculos cheios de efeitos. Compreendida essa mudança de clima, não há como negar a sedução de um show que cativa. Por mais que temas como Clocks - entoado ao piano pelo elétrico vocalista Chris Martin - pedissem ambiente mais íntimo, a moldura lúdica da Viva la Vida Tour ajuda a prender a atenção do público tanto quanto a música. Os balões amarelos que passam de mão em mão pela plateia ao longo de Yellow fazem com que número adquira aura especial na memória afetiva dos fãs. São truques manjados - assim como a chuva de coloridas borboletas de papel que cai sobre a plateia durante Lovers in Japan - mas que funcionam. Porque que tanto público quanto artista querem celebrar sua comunhão naquele momento. E foi por isso que Chris Martin, em outro truque de efeito, direcionou seu microfone para o público para incentivar o coro da plateia em Fix You. Em roteiro de muitos hits e poucas surpresas (as exceções foram a inédita Spanish Rain e a pouco tocada - na turnê - Shiver), a balada The Scientist - alocada no bis - se confirmou como uma das canções mais bonitas da banda britânica. Mas, antes do bis, o Coldplay se aproximou ainda mais do público - literalmente - quando ocupou um palco menor no meio do público. Pretexto para set acústico de tom folk que enfileirou músicas como God Put a Smile Upon your Face, Talk, The Hardest Part, Death Will Never Conquer (entoada sem muito brilho pelo baterista Will Champion) e até uma inédita, a já citada Spanish Rain. É fato que um ou outro número não surtiu o efeito desejado e fez a apresentação perder pique, e aí já não bastaram os efeitos, o cenário (globos suspensos no palco e na Apoteose) e o telão de alta definição que remetia ao conceito gráfico do álbum Viva la Vida or Death and All his Friends (2008) que inspirou a turnê. No todo, contudo, o show cumpriu sua expectativa. Desde a introdução com a valsa Danúbio Azul, do austríaco compositor erudito John Strauss II (1825 - 1899), até a explosão de fogos que anunciou o fim do show (após Life in Technicolor II), o público viu um Coldplay apoteótico, menos melancólico, bem mais pop. Menos dilacerante, mais enérgico. Contudo, quase sempre sedutor para quem entrar no novo clima...

9 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Em essência, o bom repertório do Coldplay é formado por baladas tristes, embora uma ou outra música, como o irresistível hit pop Viva la Vida, tenha pegada mais festiva. Na Viva la Vida Tour, que chegou ao Brasil na noite 28 de fevereiro de 2010, trazida pela empresa Time for Fun, tal melancolia é dissipada com efeitos e artifícios típicos de shows grandiosos moldados para arenas e ginásios. Ou para espaços amplos como a Praça da Apoteose, cenário da apresentação carioca. Nem a chuva - geralmente fina, mas insistente - esfriou o ânimo do público que foi ao show já ciente de que o Coldplay ingressa com esta turnê no patamar dos espetáculos cheios de efeitos. Compreendida essa mudança de clima, não há como negar a sedução de um show que cativa. Por mais que temas como Clocks - entoado ao piano pelo elétrico vocalista Chris Martin - pedissem ambiente mais íntimo, a moldura lúdica da Viva la Vida Tour ajuda a prender a atenção do público tanto quanto a música. Os balões amarelos que passam de mão em mão pela plateia ao longo de Yellow fazem com que número adquira aura especial na memória afetiva dos fãs. São truques manjados - assim como a chuva de coloridas borboletas de papel que cai sobre a plateia durante Lovers in Japan - mas que funcionam. Porque que tanto público quanto artista querem celebrar sua comunhão naquele momento. E foi por isso que Chris Martin, em outro truque de efeito, direcionou seu microfone para o público para incentivar o coro da plateia em Fix You. Em roteiro de muitos hits e poucas surpresas (as exceções foram a inédita Spanish Rain e a pouco tocada Shiver), a balada The Scientist - alocada no bis - se confirmou como uma das canções mais bonitas da banda britânica. Mas, antes do bis, o Coldplay se aproximou ainda mais do público - literalmente - quando ocupou um palco menor no meio do público. Pretexto para um set acústico de tom folk que enfileirou músicas como God Put a Smile Upon your Face, Talk, The Hardest Part, Death Will Never Conquer (entoada sem muito brilho pelo baterista Will Champion) e até uma inédita, a já citada Spanish Rain. É fato que um ou outro número não surtiu o efeito desejado e baixou o pique da apresentação, e aí não bastaram os efeitos, o cenário (globos suspensos no palco e na Apoteose) e o telão de alta definição que remetia ao conceito gráfico do álbum Viva la Vida or Death and All his Friends (2008) que inspirou a turnê. No todo, contudo, o show cumpriu sua expectativa. Desde a introdução com a valsa Danúbio Azul, do austríaco compositor erudito John Strauss II (1825 - 1899), até a explosão de fogos que anunciou o fim do show (após Life in Technicolor II), o público viu um Coldplay apoteótico, menos melancólico, bem mais pop. Menos dilacerante, mais enérgico. Contudo, quase sempre sedutor para quem entrar no novo clima...

1 de março de 2010 às 11:22  
Anonymous Bel said...

não fui porque tô sem grana, mas fui no show do Metropolitan, há anos atrás, e duvido que tenha sido melhor do que aquele show

1 de março de 2010 às 12:09  
Anonymous otávio said...

na boa, Bel, cê me parece ressentida por não ter podido pagar o show de ontem,que tá caro mesmo.

1 de março de 2010 às 14:47  
Blogger Sandro CS said...

Excelente crítica, Mauro! Fundamentada, analítica, técnica.
Não fui ao show (não gosto de espaços muito grandes), mas sou grande admirador do Coldplay.
Apesar do status de megabanda, o Coldplay é uma banda introspectiva, com letras de temática complexa e, geralmente, tristes.
O Chris Martin não tem grande extensão vocal, mas sua sinceridade nas interpretações são cativantes.
Parabéns, Mauro, pelo excelente texto!

1 de março de 2010 às 16:13  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, boa análise do show!
Só acho que Shiver não é uma música pouco tocada como você deu a entender!Foi um dos grandes singles do "Parachutes".
Infelizmente o show não teve trouble. Achei que faltaram mais músicas do "A Rush Blood to the Head" este sim um álbum maior da banda e um dos grandes da primeira década dos anos 2000.
"Viva la Vida" é um álbum interessante, mas abaixo do "Parachutes" e "A rush blood to the head" e superior ao fraco "X&Y".

1 de março de 2010 às 17:23  
Blogger Mauro Ferreira said...

anônimo das 17h23m, me refiro ao fato de Shiver ser pouco tocada nessa turnê. Ela não consta do roteiro oficial. Grato pelo elogio, MauroF

1 de março de 2010 às 17:53  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, você está certo...Shiver tem sido pouco tocada na atual turnê!

1 de março de 2010 às 18:02  
Blogger Caxito said...

É isso aí Mauro!!

Feliz pro você ter ido!!!Na próxima estarei lá!!!!!

Grande grupo o Coldplay!!!!!!!!

Ah..Maurão, como estão as notícias do DVD do Camelo?

Abração!!!

1 de março de 2010 às 23:53  
Anonymous Cesar said...

Sorte de quem viu na Praça da Apoteose, porque, para quem esteve nas arquibancadas do Morumbi em São Paulo, o som esteve baixo, beirando o inaudível, por uma hora... Só depois de uma mega-vaia, após o parabéns-a-você (coitado do Cris Martin!), é que consertaram. Uma pena!

5 de março de 2010 às 23:41  

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