3 de outubro de 2010

'Íntimo' globaliza obra de Ivan em tons suaves

Resenha de CD
Título: Íntimo
Artista: Ivan Lins
Gravadora: Wedge View Music / Som Livre
Cotação: * * * 1/2

Disco de caráter globalizado, idealizado para alimentar o prestígio de Ivan Lins no mercado internacional, Íntimo festeja os 40 anos de carreira do compositor - projetado em 1970 com a gravação do samba Madalena por Elis Regina (1945 - 1982) - com um pé no passado e no presente. Sem os arroubos vocais da juventude, Ivan formata em tons suaves um repertório que conjuga composições recentes com inéditas da reativada parceria com Vítor Martins. Da mediana safra de novidades, Tanto Amor roça a beleza das melhores criações românticas da dupla em registro que conta com solo do trompetista alemão Till Brönner. Já Arrependimento não seduz às primeiras audições, embora reforçe o entrosamento da dupla e ostente o refinamento harmônico que pauta este álbum produzido pelo holandês Ruud Jacobs e gravado entre estúdios da Bélgica e da Holanda. Como já sugere seu titulo, Íntimo é CD de clima intimista. Mesmo quando cai no samba, dando sua voz a Sou Eu para registrar sua segunda (primorosa) parceria com Chico Buarque, Ivan se mostra comedido, sem excessos. Se há excessos, é o de convidados estrangeiros, recrutados para abrir portas para o disco em vários mercados. O grupo norte-americano Take 6 insere seus vocais harmoniosos em That's Love, a parte em inglês de Nosso Acalanto, outra da lavra de Ivan com Vítor. Já o coral sul-africano Abaqondisi Brothers traz a bela Dandara (Ivan Lins e Francisco Bosco) para o solo da Mãe África, na participação mais interessante do CD. Por sua vez, Alejandro Sanz soa sentimental demais ao cantar a letra em espanhol de Llegaste, a versão de Vieste (1987), uma das grandes canções românticas da primeira fase da parceria de Ivan com Vítor Martins. Da mesma forma, Bilhete (1982) perde parte da carga emocional na voz da cantora holandesa Laura Fygi, responsável pela parte em francês da versão intitulada Le Dernier Mot.  Melhor desempenho alcança a cantora (também holandesa) Trijntje Oosterhuis ao interpretar No Tomorrow, a letra em inglês de Acaso (Ivan Lins e Abel Silva, 2000), em elegante clima jazzy. Nessa mistura fina de línguas, há ainda espaço para uma parceria e um dueto com o uruguaio Jorge Drexler, na inédita Diadema, e para uma segunda participação do trompetista alemão Till Brönner, que se apresenta também como cantor ao entoar os versos em inglês de Rio Sun, versão de E a Gente Assim Tão Só, outra novidade da lavra de Ivan com Vítor Martins. No todo, apesar de sua sofisticação harmônica e da inspiração de grande parte do repertório, paira a sensação de Íntimo ser disco mais talhado para o mercado estrangeiro do que para o brasileiro. Para o mercado nacional, Ivan celebra seus 40 anos de carreira com a coletânea Perfil, na qual enfileira em 15 faixas regravações de 16 sucessos de obra que pôs seu autor - ao longo dos últimos 40 anos - no posto de compositor brasileiro vivo de maior prestígio no exterior. Posição sedimentada com a edição - no Brasil e em todo o mundo - deste globalizado Íntimo.

6 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Disco de caráter globalizado, idealizado para alimentar o prestígio de Ivan Lins no mercado internacional, Íntimo festeja os 40 anos de carreira do compositor - projetado em 1970 com a gravação do samba Madalena por Elis Regina (1945 - 1982) - com um pé no passado e no presente. Sem os arroubos vocais da juventude, Ivan formata em tons suaves um repertório que conjuga composições recentes com inéditas da reativada parceria com Vítor Martins. Da mediana safra de novidades, Tanto Amor roça a beleza das melhores criações românticas da dupla em registro que conta com solo do trompetista alemão Till Brönner. Já Arrependimento não seduz às primeiras audições, embora reforçe o entrosamento da dupla e ostente o refinamento harmônico que pauta este álbum produzido pelo holandês Ruud Jacobs e gravado entre estúdios da Bélgica e da Holanda. Como já sugere seu titulo, Íntimo é CD de clima intimista. Mesmo quando cai no samba, dando sua voz a Sou Eu para registrar sua segunda (primorosa) parceria com Chico Buarque, Ivan se mostra comedido, sem excessos. Se há excessos, é o de convidados estrangeiros, recrutados para abrir portas para o disco em vários mercados. O grupo norte-americano Take 6 insere seus vocais harmoniosos em That's Love, a parte em inglês de Nosso Acalanto, outra da lavra de Ivan com Vítor. Já o coral sul-africano Abaqondisi Brothers traz a bela Dandara (Ivan Lins e Francisco Bosco) para o solo da Mãe África, na participação mais interessante do CD. Por sua vez, Alejandro Sanz soa sentimental demais ao cantar a letra em espanhol de Llegaste, a versão de Vieste (1987), uma das grandes canções românticas da primeira fase da parceria de Ivan com Vítor Martins. Da mesma forma, Bilhete (1982) perde parte da carga emocional na voz da cantora holandesa Laura Fygi, responsável pela parte em francês da versão intitulada Le Dernier Mot. Melhor desempenho alcança a cantora (também holandesa) Trijntje Oosterhuis ao interpretar No Tomorrow, a letra em inglês de Acaso (Ivan Lins e Abel Silva, 2000), em elegante clima jazzy. Nessa mistura fina de línguas, há ainda espaço para uma parceria e um dueto com o uruguaio Jorge Drexler, na inédita Diadema, e para uma segunda participação do trompetista alemão Till Brönner, que se apresenta também como cantor ao entoar os versos em inglês de Rio Sun, versão de E a Gente Assim Tão Só, outra novidade da lavra de Ivan com Vítor Martins. No todo, apesar de sua sofisticação harmônica e da inspiração de grande parte do repertório, paira a sensação de Íntimo ser disco mais talhado para o mercado estrangeiro do que para o brasileiro. Para o mercado nacional, Ivan celebra seus 40 anos de carreira com a coletânea Perfil, na qual enfileira em 15 faixas regravações de 16 sucessos de obra que pôs seu autor - ao longo dos últimos 40 anos - no posto de compositor brasileiro vivo de maior prestígio no exterior. Posição sedimentada com a edição - no Brasil e em todo o mundo - deste globalizado Íntimo.

3 de outubro de 2010 às 19:41  
Blogger lauro said...

Mauro faltou registrar que Dandara foi gravada anteriormente pela Simone, com participação do próprio Ivan Lins.

3 de outubro de 2010 às 22:11  
Blogger Luca said...

O Ivan devia ter feito um disco só de músicas novas, acho que misturar repertório novo com o que já foi gravado fica estranho

4 de outubro de 2010 às 08:12  
Blogger Rener Melo said...

Levará mais um Grammy?

4 de outubro de 2010 às 14:37  
Blogger Diogo Santos said...

Sempre fui fã de Ivan Lins mas depois que seus albuns passaram a ter (mais) contornos jazzisticos fiquei mais fã ainda!


Não vejo problema algum em um album ter muitos convidados estrangeiros nem acredito que Ivan Lins os tenha recrutado (só) para abrir portas para o disco em vários mercados. Aliás, não houve nenhuma citação na resenha sobre a participação de Jane Monheit no album e o coral sul-africano Abaqondisi Brothers nem aparece na capa do album ...

4 de outubro de 2010 às 19:05  
Blogger Diogo Santos said...

Mauro, como amante da boa musica latina,fiquei curioso por mais detalhes sobre a tal versão hispânica desse album do Ivan. Vale lembrar que em 1996, Ivan lançou o album " Ao vivo em Cuba " gravado com Chucho Valdés e Irakere.


PS: E o que falar de Till Brönner? Quem não conhece precisa ouvir o album " Rio " de 2009. Fã da nossa boa música, Till gravou nesse album com Vanessa da Mata,Milton Nascimento,Sérgio Mendes e Annie Lennox.Show!



Um abraço a todos!
Diogo Santos

5 de outubro de 2010 às 23:16  

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