26 de setembro de 2010

Paula traz Donato para sua onda no CD 'Água'

Resenha de CD
Título: Água
Artista: Paula Morelenbaum
& João Donato
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

Seria bem cômodo recorrer ao clichê e escrever que, com Água, Paula Morelenbaum dá um banho de modernidade em 12 temas do cancioneiro de João Donato. Seria também injusto, já que se trata de uma obra já naturalmente moderna. A música de Donato já parece nascer irrigada com frescor atemporal. O que acontece em Água é que Morelenbaum - que vem de uma série de discos arejados como Telecoteco - Um Sambinha Cheio de  Bossa... (2008) e BossaRenova (2009) - traz o repertório de Donato para sua onda mais contemporânea, em azeitado mix de sonoridades acústicas e eletrônicas. Para tal, a cantora convocou nomes como Kassin, Donatinho e Beto Villares para antenado time de arranjadores que inclui também Leo Gandelman, Jaques Morelanbaum, Marcos Kuzca Cunha e o tecladista Alex Moreira, integrante do trio BossaCucaNova e co-piloto da feliz produção assinada por Paula. Tudo flui bem e forma natural. Talvez pelo fato de o próprio João Donato ter estado no comando do projeto, dividindo a direção musical de Água com Paula. Donato toca piano em todas as faixas do disco e arrisca alguns vocais em temas como Ahiê - tema composto em tributo ao trombonista Maciel Maluco e arranjado por Beto Villares - e Entre Amigos, a música mais rara do repertório. Trata-se de parceria de Donato com o percussionista cubano Mongo Santamaria (1917 - 2003), lançada em 1961 em disco do conjunto de Mongo e até então esquecida. Cantada num delicioso portunhol, a faixa é a que mais evidencia a latinidade da obra do compositor acreano ao lado de Tudo Tem, uma pouco conhecida parceria de Donato com Gilberto Gil. Já Everyday, parceria bissexta de Donato com Norman Gimbel, feita nos anos 60, é abordada em inglês, seu idioma original, enquanto A Paz mescla versos em português, espanhol e até em japonês numa versão lounge de clima sedutor. E o fato é que, em qualquer idioma, Paula Morelenbaum canta muito à vontade, mostrando suingue e leveza ao entoar E Muito Mais, faixa arranjada pelo trio BossaCucaNova. Água flui bem ao longo de suas 12 faixas. Se Flor de Maracujá desabrocha bela no arranjo de Jaques Morelenbaum, Café com Pão soa especialmente fresco no arranjo saboroso de Donatinho, executado pelo grupo Paraphernalia. Já A Rã pula com graça no toque do arranjo do baixista Marcos Kusca Cunha. Em onda contemporânea ou mais retrô, João Donato é o que há...

4 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Seria bem cômodo recorrer ao clichê e escrever que, com Água, Paula Morelenbaum dá um banho de modernidade em 12 temas do cancioneiro de João Donato. Seria também injusto, já que se trata de uma obra já naturalmente moderna. A música de Donato já parece nascer irrigada com frescor atemporal. O que acontece em Água é que Morelenbaum - que vem de uma série de discos arejados como Telecoteco - Um Sambinha Cheio de Bossa... (2008) e BossaRenova (2009) - traz o repertório de Donato para sua onda mais contemporânea, em azeitado mix de sonoridades acústicas e eletrônicas. Para tal, a cantora convocou nomes como Kassin, Donatinho e Beto Villares para antenado time de arranjadores que inclui também Leo Gandelman, Jaques Morelanbaum, Marcos Kuzca Cunha e o tecladista Alex Moreira, integrante do trio BossaCucaNova e co-piloto da feliz produção assinada por Paula. Tudo flui bem e forma natural. Talvez pelo fato de o próprio João Donato ter estado no comando do projeto, dividindo a direção musical de Água com Paula. Donato toca piano em todas as faixas do disco e arrisca alguns vocais em temas como Ahiê - tema composto em tributo ao trombonista Maciel Maluco e arranjado por Beto Villares - e Entre Amigos, a música mais rara do repertório. Trata-se de parceria de Donato com o percussionista cubano Mongo Santamaria (1917 - 2003), lançada em 1961 em disco do conjunto de Mongo e até então esquecida. Cantada num delicioso portunhol, a faixa é a que mais evidencia a latinidade da obra do compositor acreano ao lado de Tudo Bem, uma pouco conhecida parceria de Donato com Gilberto Gil. Já Everyday, parceria bissexta de Donato com Norman Gimbel, feita nos anos 60, é abordada em inglês, seu idioma original, enquanto A Paz mescla versos em português, espanhol e até em japonês numa versão lounge de clima sedutor. E o fato é que, em qualquer idioma, Paula Morelenbaum canta muito à vontade, mostrando suingue e leveza ao entoar E Muito Mais, faixa arranjada pelo trio BossaCucaNova. Água flui bem ao longo de suas 12 faixas. Se Flor de Maracujá desabrocha bela no arranjo de Jaques Morelenbaum, Café com Pão soa especialmente fresco no arranjo saboroso de Donatinho, executado pelo grupo Paraphernalia. Já A Rã pula com graça no toque do arranjo do baixista Marcos Kusca Cunha. Em onda contemporânea ou mais retrô, João Donato é o que há...

26 de setembro de 2010 às 12:27  
Blogger lurian said...

O projeto de Paula é legal sim, o que eu acho particularmente complicado é desligar das versões anteriores de Ahiê e Café com pão gravadas por Nana, Flor de maracujá com Gal e A paz da Zizi. No mais há uma leveza e um frescor no disco que são uma referência na obra de Paula Morelenbaum.

26 de setembro de 2010 às 15:46  
Blogger Mauro Ferreira said...

Renato, você nada tem de mala. Adoro leitores atentos que me alertem para minhas desatenções. Grato, mais uma vez. Abs, MauroF

26 de setembro de 2010 às 17:02  
Blogger Pedro Progresso said...

esse é um disco que eu já imagino o que eu vá ouvir. sei que pode ser belo, mas pela essência já é repetitivo, ao menos pra mim.

mas vou ouvir antes pra poder opinar.

27 de setembro de 2010 às 04:04  

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