19 de setembro de 2010

Artesã, Rita molda show 'Etc.' com arsenal pop

Resenha de Show
Título: Etc.
Artista: Rita Lee (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 18 de setembro de 2010
Cotação: * * * 1/2

Como Lulu Santos, Rita Lee é hábil artesã pop que dispõe de um arsenal de hits para sustentar seus shows. Uma vez disparado em cena, tal arsenal atinge todo mundo e garante a diversão. É dele que a roqueira - hoje com 62 anos e com mais graça do que fôlego - se vale para moldar seu show Etc., que roda algumas capitais desde o primeiro semestre deste ano de 2010, tendo chegado ao Rio de Janeiro (RJ) na noite de ontem, 18 de setembro, em única e concorrida apresentação que lotou a casa Vivo Rio. Escorada nas guitarras potentes do marido Roberto de Carvalho e do filho Beto Lee, Rita enfileirou sucessos em roteiro de 16 números que inclui o atual hit Ti Ti Ti - composto em 1981, mas rebobinado este ano para a abertura do remake da novela global das 19h e apresentado no show com a exibição do clipe caseiro feito para divulgar a gravação - e a dublagem de Bad por cover de Michael Jackson (1958 - 2009) cuja caracterização impressionante dá ao público a sensação de estar vendo o Rei do Pop dividir o palco com a nativa Ovelha Negra. Embora deslocado no roteiro, o número impacta...
A força dos arranjos - alguns pesados, como os de Agora Só Falta Você (1975) e Vírus do Amor (1985) - encobre a fragilidade da voz de Rita. As passagens instrumentais de temas como Pagu (2000) e Atlântida (1981) também ajudam a desviar o foco do canto da roqueira - assim como as projeções que adornam cada número e como os vocais de Débora Reis e Rita Kfouri, especialmente destacados em Bwana (1987). Mesmo com Rita atuando o tempo todo dentro de uma zona de conforto, Etc. é show sedutor porque o tal arsenal de hits da artista é matador. E também porque a voz nunca foi o carro-chefe do trabalho da roqueira. Rita é do tipo que canta com o corpo todo - habilidade exemplificada pelos gestuais que traduzem os versos bipolares de Amor e Sexo (2003). E, seja como for, na hora de sucessos baladeiros como Doce Vampiro (1979) e Ovelha Negra (1975), quem canta mesmo é o público, embevecido diante de um pop tão bem acabado e diante da figura já mítica da artesã desse pop que, em temas como Banho de Espuma e Lança Perfume, adquire tom carnavalizante. Sim, show de Rita Lee é sinônimo de festa, alegria, juventude. E também de rock'n'roll, celebrado no medley do bis em que a artista (com a precária ajuda vocal de Roberto de Carvalho, em emissão ruim) faz rolar pedras certeiras do repertório dos Rolling Stones - It's Only Rock'n'Roll (But I Like It) e Start me up - antes de reeditar a brincadeira cinematográfica de Flagra (1982) e de sair de cena ao som de Erva Venenosa, a versão de Poison Ivy propagada pelo Golden Boys na Jovem Guarda, revivida pelo efêmero grupo Herva Doce nos anos 80 e retomada por Rita em 2000. Com seu veneno (direcionado aos políticos em evidência na campanha eleitoral), sua espirituosidade e seu arsenal matador, a artesã Rita ainda tem munição para fazer seu Carnaval e divertir seu público.

3 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Como Lulu Santos, Rita Lee é hábil artesã pop que dispõe de um arsenal de hits para sustentar seus shows. Uma vez disparado em cena, tal arsenal atinge todo mundo e garante a diversão. É dele que a roqueira - hoje com 62 anos e com mais graça do que fôlego - se vale para moldar seu show Etc., que roda algumas capitais desde o primeiro semestre deste ano de 2010, tendo chegado ao Rio de Janeiro (RJ) na noite de ontem, 18 de setembro, em única e concorrida apresentação que lotou a casa Vivo Rio. Escorada nas guitarras potentes do marido Roberto de Carvalho e do filho Beto Lee, Rita enfileirou sucessos em roteiro de 16 números que inclui o atual hit Ti Ti Ti - composto em 1981, mas rebobinado este ano para a abertura do remake da novela global das 19h e apresentado no show com a exibição do clipe caseiro feito para divulgar a gravação - e a dublagem de Bad por cover de Michael Jackson (1958 - 2009) cuja caracterização impressionante dá ao público a sensação de estar vendo o Rei do Pop dividir o palco com a nativa Ovelha Negra. Embora deslocado no roteiro, o número impacta...
A força dos arranjos - alguns pesados, como os de Agora Só Falta Você (1975) e Vírus do Amor (1985) - encobre a fragilidade da voz de Rita. As passagens instrumentais de temas como Pagu (2000) e Atlântida (1981) também ajudam a desviar o foco do canto da roqueira - assim como as projeções que adornam cada número e como os vocais de Débora Reis e Rita Kfouri, especialmente destacados em Bwana (1987). Mesmo com Rita atuando o tempo todo dentro de uma zona de conforto, Etc. é show sedutor porque o tal arsenal de hits da artista é matador. E também porque a voz nunca foi o carro-chefe do trabalho da roqueira. Rita é do tipo que canta com o corpo todo - habilidade exemplificada pelos gestuais que traduzem os versos bipolares de Amor e Sexo (2003). E, seja como for, na hora de sucessos baladeiros como Doce Vampiro (1979) e Ovelha Negra (1975), quem canta mesmo é o público, embevecido diante de um pop tão bem acabado e diante da figura já mítica da artesã desse pop que, em temas como Banho de Espuma e Lança Perfume, adquire tom carnavalizante. Sim, show de Rita Lee é sinônimo de festa, alegria, juventude. E também de rock'n'roll, celebrado no medley do bis em que a artista (com a precária ajuda vocal de Roberto de Carvalho, em emissão ruim) faz rolar pedras certeiras do repertório dos Rolling Stones - It's Only Rock'n'Roll (But I Like It) e Start me up - antes de reeditar a brincadeira cinematográfica de Flagra (1982) e de sair de cena ao som de Erva Venenosa, a versão de Poison Ivy propagada pelo Golden Boys na Jovem Guarda, revivida pelo efêmero grupo Herva Doce nos anos 80 e retomada por Rita em 2000. Com seu veneno (direcionado aos políticos em evidência na campanha eleitoral), sua espirituosidade e seu arsenal matador, a artesã Rita ainda tem munição para fazer seu Carnaval e divertir seu público.

19 de setembro de 2010 às 17:11  
Blogger Rhenan Soares said...

Estou louco pra ver esse show, pra ver a Rita...
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Sobre o lance da voz, a Rita esteve doente essa semana, postou várias vezes no twitter inclusive...
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E a Rita é a Rita, pagaria pra vê-la falando meia horinha, fácil fácil...
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Que venha à Brasília! Ansioso!

19 de setembro de 2010 às 22:50  
Blogger Cássia said...

Ao contrário de outras cantoras de sua geração, embora de estilos distintos, Rita Lee foi a que mais teve a vez alterada com o tempo. Bethânia, Nana Caymmi, Gal, dentre outras, conservaram e até melhoraram suas vozes com o passar do tempo. Infelizmente com a Rita Lee isso não aconteceu, o que não impede ser continuar sendo carismática e apresentando um ótimo show.

25 de setembro de 2010 às 20:35  

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