30 de julho de 2010

'México 70' é da era em que Simonal era craque

Resenha de CD
Título: México 70
Artista: Wilson Simonal
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * * *

Em 1970, ano rebelde em que a Seleção Brasileira se (con)sagrou campeã nos campos do México, Wilson Simonal (1938 - 2000) era um craque. No auge da popularidade, a ponto de ser convocado para animar com shows a torcida verde-e-amarela no México, o cantor arquitetava jogada para se consolidar de vez no mercado nacional. Antes de ir para o México, o cantor já tinha feito turnê de três meses pela Europa, período em que lançou um compacto na Itália. Na volta, agendou sessões de gravação no estúdio da extinta Odeon de 23 a 25 de março de 1970. Foram nessas sessões que, provavelmente, Simonal registrou em quatro idiomas - português, italiano, inglês e espanhol - a maioria das 12 faixas que compõem o repertório de México 70, o (estupendo) álbum ora lançado no Brasil, após ter permanecido inédito no mercado nacional por 40 anos. Editado somente no México naquele ano de 1970, no embalo da vitória da Seleção de Pelé na Copa do Mundo, o disco flagra Simonal em momento áureo de transição para o soul - guinada que ficaria perceptível em seu álbum Simona (1970), gravado e lançado no Brasil na sequência de México 70. Pois este perdido álbum mexicano - que apresenta sete gravações inéditas no Brasil e cinco fonogramas lançados em (hoje raros) compactos da época - situa Simonal entre o soul (Ave Maria no Morro e Crioula, músicas de Herivelto Martins e Jorge Ben Jor, respectivamente) e o som desencanado da pilantragem (notadamente em Kiki, parceria de Simonal com Nonato Buzar, e em As Menininhas do Leblon, de Sílvio César). Rei do suingue, Simonal gravou as 12 músicas de México 70 no auge da maestria vocal - com a vantagem de ter sido acompanhado pelo conjunto Som Três, formado por César Camargo Mariano (piano), Sabá (contrabaixo) e Toninho Pinheiro (bateria). Escorado nos arranjos vivazes de Mariano, o Som Três arma requintada cama para que Simonal deite e role no ritmo de músicas como Aqui É o País do Futebol - tema ufanista em que Milton Nascimento e Fernando Brant celebram a primazia do Brasil nos gramados - e Que Pena (Ela Já Não Gosta Mais de mim), hit de Jorge Ben Jor, compositor então recorrente na discografia de Simonal. Fora do campo nacional, há curiosa versão em espanhol de Aquarius e duas leves abordagens de duas joias da parceria pop de Burt Bacharach e Hal David, Raindrops Keep Falllin' on my Head e I'll Never Fall in Love Again, ambas cantadas em inglês bem desenvolto. Enfim, México 70 é disco que resistiu esplendidamente ao tempo por retratar a era em que Simonal - com a bola toda - foi um campeão.

1 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Em 1970, ano rebelde em que a Seleção Brasileira se (con)sagrou campeã nos campos do México, Wilson Simonal (1938 - 2000) era um craque. No auge da popularidade, a ponto de ser convocado para animar com shows a torcida verde-e-amarela no México, o cantor arquitetava jogada para se consolidar de vez no mercado nacional. Antes de ir para o México, o cantor já tinha feito turnê de três meses pela Europa, período em que lançou um compacto na Itália. Na volta, agendou sessões de gravação no estúdio da extinta Odeon de 23 a 25 de março de 1970. Foram nessas sessões que, provavelmente, Simonal registrou em quatro idiomas - português, italiano, inglês e espanhol - a maioria das 12 faixas que compõem o repertório de México 70, o (estupendo) álbum ora lançado no Brasil, após ter permanecido inédito no mercado nacional por 40 anos. Editado somente no México naquele ano de 1970, no embalo da vitória da Seleção de Pelé na Copa do Mundo, o disco flagra Simonal em momento áureo de transição para o soul - guinada que ficaria perceptível em seu álbum Simona (1970), gravado e lançado no Brasil na sequência de México 70. Pois este perdido álbum mexicano - que apresenta sete gravações inéditas no Brasil e cinco fonogramas lançados em (hoje raros) compactos da época - situa Simonal entre o soul (Ave Maria no Morro e Crioula, temas de Herivelto Martins e Jorge Ben Jor, respectivamente) e o som desencanado da pilantragem (notadamente em Kiki, parceria de Simonal com Nonato Buzar, e em As Menininhas do Leblon, de Sílvio César). Rei do suingue, Simonal gravou as 12 músicas de México 70 no auge da maestria vocal - com a vantagem de ter sido acompanhado pelo conjunto Som Três, formado por César Camargo Mariano (piano), Sabá (baixo) e Toninho Pinheiro (bateria). Escorado nos arranjos vivazes de Mariano, o Som Três arma requintada cama para que Simonal deite e role no ritmo de músicas como Aqui É o País do Futebol - tema ufanista em que Milton Nascimento e Fernando Brant celebram a primazia do Brasil nos gramados - e Que Pena (Ela Já Não Gosta Mais de mim), hit de Jorge Ben Jor, compositor então recorrente na discografia de Simonal. Fora do campo nacional, há curiosa versão em espanhol de Aquarius e duas leves abordagens de duas joias da parceria pop de Burt Bacharach e Hal David, Raindrops Keep Falllin' on my Head e I'll Never Fall in Love Again, ambas cantadas em inglês bem desenvolto. Enfim, México 70 é disco que resistiu esplendidamente ao tempo por retratar a era em que Simonal - com a bola toda - foi um campeão.

30 de julho de 2010 às 10:40  

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