Energia boa de Sandra anima baile dos 30 anos
Título: Africanatividade - 30 Anos de Carreira
Artista: Sandra de Sá (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Canecão (RJ)
Data: 28 de maio de 2010
Cotação: * * *
"Tô sentindo a energia", disse Sandra de Sá para o público, a certa altura do show Africanatividade, com o qual celebra 30 anos de carreira, tomando como ponto de partida a defesa de Demônio Colorido no festival MPB-80, exibido em 1980 pela TV Globo. Sim, a energia estava boa. Mas o (pouco) público que compareceu ao Canecão na noite de sexta-feira, 28 de maio de 2010, apenas retribuía a energia boa emanada do palco pela própria cantora. Foi Sandra, com seu carisma e com sua voz sempre calorosa, que foi conquistando a plateia e garantindo a progressiva animação do baile black. Cenário, figurinos e luz inserem Africanatividade na lista dos shows mais bem-cuidados da carreira da artista. Contudo, o roteiro - estruturado em quatro blocos pela diretora Adriana Milagres - apresenta falhas, errando ao alocar no bloco inicial várias músicas ainda não assimiladas pelo público por terem sido lançadas no CD editado no fim de janeiro. O que fez com que o show - que já começou frio com versão sem pegada de África (Gil Gerson e César Rossini) - demorasse a esquentar. Por mais que a cantora tenha elevado os tons em Imaginação (um baladão sensual de sua própria autoria) e tenha posto fé em Fé, aliás um dos mais fracos do novo disco, foi a somente a partir da releitura terna de Sina que Sandra começou de fato a se conectar com o público. Mesmo em registro mais próximo de uma balada convencional, sem o suingue típico do autor Djavan, Sina caiu bem na voz da artista, reiterando o êxito já perceptível no disco Africanatividade - Cheiro de Brasil. Já Baile no Asfalto - um samba-funk que evoca o balanço festivo dos subúrbios cariocas e que foi gravado no CD com Seu Jorge - perdeu força no show. Em contrapartida, Tem Alguma Coisa Errada Aí ganhou dose extra de suingue em número que evocou o som dos bailes conduzidos por Ed Lincoln e Lafayette, ambos citados nominalmente em cena por Sandra. Que, além de cantar, assumiu eventualmente a guitarra, o violão e a percussão nos arranjos nem sempre à altura de sua voz.
Na volta ao palco com outro figurino, após breve saída em que as duas vocalistas comandam o show cantando Não Adiantou Saber, Sandra reassume a interpretação desta versão de música de Tanita Tikaran, destaque de um de seus melhores álbuns, A Lua Sabe Quem Eu Sou (1996). As vocalistas - atuantes no show desde a evocação afro do início - também marcam especial presença em Demônio Colorido, entoada com violões e suingue inusitado. É o primeiro grande momento do show. Daí em diante, ao enfileirar seus hits, Sandra já tem garantida a interação com a plateia. Pena que o roteiro mais uma vez erre ao alocar tantos hits num imenso medley. Sandra não chega a picotar demais seus sucessos, mas o medley deixa a sensação de que músicas quase nunca cantadas pela artista - como a bela balada Quem É Você (Diane Warren em versão de Nelson Motta) e Picadinho de Macho (o tema abusado de Tavito e Aldir Blanc, ora propagado na reprise da novela Quatro por Quatro pelo novo canal da Net Viva) - poderiam ter sido mais bem aproveitadas no (farto) roteiro. É neste bloco que aparecem sedutoras baladas radiofônicas como Solidão e Retratos e Canções - responsáveis pelo aumento do público e das vendas dos discos da cantora na segunda metade dos anos 80. Finda a recordação do cancioneiro romântico, o show readquire o clima de baile black com Olhos Coloridos - número que sugere o elo entre a África e o funk carioca - e com Joga Fora, que cita o refrão de Let's Groove, hit do Earth, Wind & Fire que incendiou as pistas em 1981, já no fim do apogeu da disco music. Aliás, os dancin' days também são evocados pela frenética luz que emoldura Soul de Verão (Fame), um dos maiores hits de Sandra na década de 90. No fim, a eterna primeira-dama do funk nacional põe Tim Maia (Vale Tudo), Cazuza (Pro Dia Nascer Feliz) e Jackson do Pandeiro (Sebastiana, de Rosil Cavalcanti) na sua pista miscigenada. Que exalta o orgulho negro em tom global, além das fronteiras dos bailes blacks, como sinalizou já no início a inclusão de Que Bloco É Esse? (a saudação de Paulinho Camafeu ao afro Ilê Aiyê). Enfim, Africanatividade alterna mais altos do que baixos. E o saldo da estreia carioca é positivo porque deu para sentir a (boa) energia...
4 Comments:
"Tô sentindo a energia", disse Sandra de Sá para o público, a certa altura do show Africanatividade, com o qual celebra 30 anos de carreira, tomando como ponto de partida a defesa de Demônio Colorido no festival MPB-80, exibido em 1980 pela TV Globo. Sim, a energia estava boa. Mas o (pouco) público que compareceu ao Canecão na noite de sexta-feira, 28 de maio de 2010, apenas retribuía a energia boa emanada do palco pela própria cantora. Foi Sandra, com seu carisma e com sua voz sempre calorosa, que foi conquistando a plateia e garantindo a progressiva animação do baile black. Cenário, figurinos e luz inserem Africanatividade na lista dos shows mais bem-cuidados da carreira da artista. Contudo, o roteiro - estruturado em quatro blocos pela diretora Adriana Milagres - apresenta falhas, errando ao alocar no bloco inicial várias músicas ainda não assimiladas pelo público por terem sido lançadas no CD editado no fim de janeiro. O que fez com que o show - que já começou frio com versão sem pegada de África (Gil Gerson e César Rossini) - demorasse a esquentar. Por mais que a cantora tenha elevado os tons em Imaginação (um baladão sensual de sua própria autoria) e tenha posto fé em Fé, aliás um dos mais fracos do novo disco, foi a somente a partir da releitura terna de Sina que Sandra começou de fato a se conectar com o público. Mesmo em registro mais próximo de uma balada convencional, sem o suingue típico do autor Djavan, Sina caiu bem na voz da artista, reiterando o êxito já perceptível no disco Africanatividade - Cheiro de Brasil. Já Baile no Asfalto - um samba-funk que evoca o balanço festivo dos subúrbios cariocas e que foi gravado no CD com Seu Jorge - perdeu força no show. Em contrapartida, Tem Alguma Coisa Errada Aí ganhou dose extra de suingue em número que evocou o som dos bailes conduzidos por Ed Lincoln e Lafayette, ambos citados nominalmente em cena por Sandra. Que, além de cantar, assumiu eventualmente a guitarra, o violão e a percussão nos arranjos nem sempre à altura de sua voz.
Na volta ao palco com outro figurino, após breve saída em que as duas vocalistas comandam o show cantando Não Adiantou Saber, Sandra reassume a interpretação desta versão de música de Tanita Tikaran, destaque de um de seus melhores álbuns, A Lua Sabe Quem Eu Sou (1996). As vocalistas - atuantes no show desde a evocação afro do início - também marcam especial presença em Demônio Colorido, entoada com violões e suingue inusitado. É o primeiro grande momento do show. Daí em diante, ao enfileirar seus hits, Sandra já tem garantida a interação com a plateia. Pena que o roteiro mais uma vez erre ao alocar tantos hits num imenso medley. Sandra não chega a picotar demais seus sucessos, mas o medley deixa a sensação de que músicas quase nunca cantadas pela artista - como a bela balada Quem É Você (Diane Warren em versão de Nelson Motta) e Picadinho de Macho (o tema abusado de Tavito e Aldir Blanc, ora propagado na reprise da novela Quatro por Quatro pelo novo canal da Net Viva) - poderiam ter sido mais bem aproveitadas no (farto) roteiro. É neste bloco que aparecem sedutoras baladas radiofônicas como Solidão e Retratos e Canções - responsáveis pelo aumento do público e das vendas dos discos da cantora na segunda metade dos anos 80. Finda a recordação do cancioneiro romântico, o show readquire o clima de baile black com Olhos Coloridos - número que sugere o elo entre a África e o funk carioca - e com Joga Fora, que cita o refrão de Let's Groove, hit do Earth, Wind & Fire que incendiou as pistas em 1981, já no fim do apogeu da disco music. Aliás, os dancin' days também são evocados pela frenética luz que emoldura Soul de Verão (Fame), um dos maiores hits de Sandra na década de 90. No fim, a eterna primeira-dama do funk nacional põe Tim Maia (Vale Tudo), Cazuza (Pro Dia Nascer Feliz) e Jackson do Pandeiro (Sebastiana, de Rosil Cavalcanti) na sua pista miscigenada. Que exalta o orgulho negro em tom global, além das fronteiras dos bailes blacks, como sinalizou já no início a inclusão de Que Bloco É Esse? (a saudação de Paulinho Camafeu ao afro Ilê Aiyê). Enfim, Africanatividade alterna mais altos do que baixos. E o saldo da estreia carioca é positivo porque deu para sentir a (boa) energia...
Pena não ter lotado em sua volta ao Canecão, mas sem uma grande gravadora e música em novela global fica (realmente )dificil. É também complicado em um show de 30 anos de carreira NÃO incluir seus maiores hits.
Pra mim, Sandra fez o que já pode ser considerado o melhor registro de " Sina ". Acertou em cheio em baixar os tons. " Fé " - gravado no album em dueto com Ana Firmino - é belissimo e a pop " Baile no Asfalto " tem boa pegada - pena ter perdido a força no show ...
PS: Deveria incluir também " Agora eu sei " - semi hit nos anos 2000.
Força pra Sandra de Sá
Um abraço a todos
Diogo Santos
Ela fará o Palco MPB no Rival-BR mas parece que ela pouco interessa pois quase ninguém comentou nada nos 2 posts.
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