21 de fevereiro de 2010

João Parahyba capta bem a pisada do Cabruêra

Resenha de CD
Título: Visagem
Artista: Cabruêra
Gravadora: Sem
indicação
Cotação: * * *

Logo na primeira das 12 faixas de Visagem, o sedutor tema instrumental que dá título ao quinto álbum do Cabruêra, fica claro que o lendário baterista João Parahyba (paulista, apesar do sobrenome) - escalado pelo grupo paraibano para produzir o disco - soube captar bem no estúdio a pisada do som dos cabras. Com carreira fonográfica iniciada em 2000, no embalo da onda regionalista que fez emergir nos anos 90 o pop made in Nordeste, o Cabruêra completa uma década no mundo do disco fiel à ideia de abordar os ritmos nordestinos com atitude pop e pegada eventualmente roqueira. Em Visagem, o tema instrumental que abre o primeiro álbum da banda em cinco anos, a interação da guitarra de Leo Marinho com os metais (alguns pilotados por Spok) e com as percussões de Pablo Ramires cria tensão arretada. Que nem sempre permanece ao longo do disco, inclusive porque a safra de inéditas nem sempre resulta à altura do histórico do Cabruêra. Vale destacar Pisa Morena (em que o canto do vocalista Arthur Pessoa remete eventualmente a Alceu Valença), Doce de Coco - cujo sabor é o do gostoso coco de embolada - e Passarada. Xangô esboça link afro que resulta frouxo enquanto Sina de Violeiro evoca sem pegada o canto dos repentistas. Entre os temas instrumentais, A Pisada soa como simulacro da latinidade metaleira dos Paralamas do Sucesso. Já Feira de Prata mostra que traz o DNA do samba em sua célula rítmica. Nada que chegue a surpreender em discografia que conta com álbum intitulado O Samba da Minha Terra (2004). No todo, Visagem - sucessor de Sons da Paraíba (2005) - deixa boa impressão e reitera o capricho do Cabruêra com o projeto gráfico de seus discos. O de Visagem foi criado por Roberto Matos com base em fotos (expressivas) feitas por Augusto Pessoa - irmão de Arthur - para o projeto homônimo do disco. Precedido por EP com seis faixas, Visagem - o álbum - foi gravado com patrocínio da Petrobrás e merece distribuição nacional, mesmo que pela internet. A pisada do Cabruêra tem lá seu peso (e valor).

1 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Logo na primeira das 12 faixas de Visagem, o sedutor tema instrumental que dá título ao quinto álbum do Cabruêra, fica claro que o lendário baterista João Parahyba (paulista, apesar do sobrenome) - escalado pelo grupo paraibano para produzir o disco - soube captar bem no estúdio a pisada do som dos cabras. Com carreira fonográfica iniciada em 2000, no embalo da onda regionalista que fez emergir nos anos 90 o pop made in Nordeste, o Cabruêra completa uma década no mundo do disco fiel à ideia de abordar os ritmos nordestinos com atitude pop e pegada eventualmente roqueira. Em Visagem, o tema instrumental que abre o primeiro álbum da banda em cinco anos, a interação da guitarra de Leo Marinho com os metais (alguns pilotados por Spok) e com as percussões de Pablo Ramires cria tensão arretada. Que nem sempre permanece ao longo do disco, inclusive porque a safra de inéditas nem sempre resulta à altura do histórico do Cabruêra. Vale destacar Pisa Morena (em que o canto do vocalista Arthur Pessoa remete eventualmente a Alceu Valença), Doce de Coco - cujo sabor é o do gostoso coco de embolada - e Passarada. Já Xangô esboça link afro que resulta frouxo enquanto Sina de Violeiro evoca sem pegada o canto dos repentistas. Entre os temas instrumentais, A Pisada soa como simulacro da latinidade metaleira dos Paralamas do Sucesso. Já Feira de Prata mostra que traz o DNA do samba em sua célula rítmica. Nada que chegue a surpreender em discografia que conta com álbum intitulado O Samba da Minha Terra (2004). No todo, Visagem - sucessor de Sons da Paraíba (2005) - deixa boa impressão e reitera o capricho do Cabruêra com o projeto gráfico de seus discos. O de Visagem foi criado por Roberto Matos com base em fotos (expressivas) feitas por Augusto Pessoa - irmão de Arthur - para o projeto homônimo do disco. Precedido por EP com seis faixas, Visagem - o álbum - foi gravado com patrocínio da Petrobrás e merece distribuição nacional, mesmo que pela internet. A pisada do Cabruêra tem lá seu peso (e valor).

21 de fevereiro de 2010 às 10:53  

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