Emílio feito para ouvir na intimidade da noite
Resenha de CD
Título: Feito para Ouvir
Artista: Emílio Santiago
Gravadora: Dubas Música
/ Universal Music
Cotação: * * * * 1/2
Terceiro belo álbum de Emílio Santiago, gravado em 1977 e ora reeditado pelo selo Dubas Música, Feito para Ouvir é dos títulos mais classudos da discografia do excelente cantor. A (boa) ideia foi de Roberto Menescal, na época diretor artístico da gravadora Philips. Menescal sabia que o intérprete começara sua carreira cantando na noite carioca - como crooner de boates como a Flag, na qual se apresentava na companhia de trio liderado pelo pianista Laércio de Freitas - e quis que Emílio fizesse um disco que captasse essa atmosfera íntima da noite. Feito para Ouvir - como conta o próprio Emílio em texto escrito para a oportuna reedição do álbum - foi gravado praticamente ao vivo, em dois ou três dias de estúdio. O fino repertório mesclou temas já entoados pelo intérprete na noite - casos do samba-canção Rua Deserta (Dorival Caymmi, Hugo Lima e Carlos Guinle) e de Olha Maria (Tom Jobim, Chico Buarque e Vinicius de Moraes) - com músicas selecionadas sem obviedade ou preguiça por Menescal e pelo produtor do disco, Roberto Santanna. E o fato é que, ouvido hoje, 32 anos depois de seu lançamento, Feito para Ouvir logo se impõe como um dos melhores títulos da discografia de Emílio Santiago, cantor de técnica ímpar que nem sempre contou em sua obra fonográfica com a excelência de arranjos como os feitos por Laércio de Freitas e J. T. Meirelles (1940 - 2008). É disco feito para ser ouvido (ou degustado) na intimidade da noite. Emílio - então já com a primorosa forma vocal que o credencia ao posto de um dos melhores cantores brasileiros de todos os tempos - passeia com ternura e sutileza por músicas como Beijo Partido (Toninho Horta), O Que É Amar (Johnny Alf) e Tristeza de Nós Dois (Durval Ferreira, Bebeto e Maurício Einhorn). Como maior curiosidade do repertório, há Maria (Me Perdoe, Maria), música feita nos anos 60 por Gilberto Gil para louvar Maria Bethânia, musa inspiradora de versos como "Você não sorri como a flor / Mas nem sei se na flor / Há o amor / Que existe em você". Enfim, é um grande disco que precisa ser (re)ouvido. Pena que a reedição da Dubas Música não preserve a capa original, ainda que, verdade seja dita, a atual tenha mais a ver com o clima noturno desse lindo álbum de 1977.
Título: Feito para Ouvir
Artista: Emílio Santiago
Gravadora: Dubas Música
/ Universal Music
Cotação: * * * * 1/2
Terceiro belo álbum de Emílio Santiago, gravado em 1977 e ora reeditado pelo selo Dubas Música, Feito para Ouvir é dos títulos mais classudos da discografia do excelente cantor. A (boa) ideia foi de Roberto Menescal, na época diretor artístico da gravadora Philips. Menescal sabia que o intérprete começara sua carreira cantando na noite carioca - como crooner de boates como a Flag, na qual se apresentava na companhia de trio liderado pelo pianista Laércio de Freitas - e quis que Emílio fizesse um disco que captasse essa atmosfera íntima da noite. Feito para Ouvir - como conta o próprio Emílio em texto escrito para a oportuna reedição do álbum - foi gravado praticamente ao vivo, em dois ou três dias de estúdio. O fino repertório mesclou temas já entoados pelo intérprete na noite - casos do samba-canção Rua Deserta (Dorival Caymmi, Hugo Lima e Carlos Guinle) e de Olha Maria (Tom Jobim, Chico Buarque e Vinicius de Moraes) - com músicas selecionadas sem obviedade ou preguiça por Menescal e pelo produtor do disco, Roberto Santanna. E o fato é que, ouvido hoje, 32 anos depois de seu lançamento, Feito para Ouvir logo se impõe como um dos melhores títulos da discografia de Emílio Santiago, cantor de técnica ímpar que nem sempre contou em sua obra fonográfica com a excelência de arranjos como os feitos por Laércio de Freitas e J. T. Meirelles (1940 - 2008). É disco feito para ser ouvido (ou degustado) na intimidade da noite. Emílio - então já com a primorosa forma vocal que o credencia ao posto de um dos melhores cantores brasileiros de todos os tempos - passeia com ternura e sutileza por músicas como Beijo Partido (Toninho Horta), O Que É Amar (Johnny Alf) e Tristeza de Nós Dois (Durval Ferreira, Bebeto e Maurício Einhorn). Como maior curiosidade do repertório, há Maria (Me Perdoe, Maria), música feita nos anos 60 por Gilberto Gil para louvar Maria Bethânia, musa inspiradora de versos como "Você não sorri como a flor / Mas nem sei se na flor / Há o amor / Que existe em você". Enfim, é um grande disco que precisa ser (re)ouvido. Pena que a reedição da Dubas Música não preserve a capa original, ainda que, verdade seja dita, a atual tenha mais a ver com o clima noturno desse lindo álbum de 1977.
16 Comments:
Terceiro belo álbum de Emilio Santiago, gravado em 1977 e ora reeditado pelo selo Dubas Música, Feito para Ouvir é dos títulos mais classudos da discografia de Emilio Santiago. A (boa) ideia foi de Roberto Menescal, na época diretor artístico da gravadora Philips. Menescal sabia que o intérprete começara sua carreira cantando na noite carioca - como crooner de boates como a Flag, na qual se apresentava na companhia de trio liderado pelo pianista Laércio de Freitas - e quis que Emilio fizesse um disco que captasse essa atmosfera íntima da noite. Feito para Ouvir - como conta o próprio Emilio em texto escrito para a oportuna reedição do álbum - foi gravado praticamente ao vivo, em dois ou três dias de estúdio. O fino repertório mesclou temas já entoados pelo intérprete na noite - casos do samba-canção Rua Deserta (Dorival Caymmi, Hugo Lima e Carlos Guinle) e de Olha Maria (Tom Jobim, Chico Buarque e Vinicius de Moraes) - com músicas selecionadas sem obviedade ou preguiça por Menescal e pelo produtor do disco, Roberto Santanna. E o fato é que, ouvido hoje, 32 anos depois de seu lançamento, Feito para Ouvir logo se impõe como um dos melhores títulos da discografia de Emilio Santiago, cantor de técnica ímpar que nem sempre contou em sua obra fonográfica com a excelência de arranjos como os feitos por Laércio de Freitas e J. T. Meirelles (1940 - 2008). É disco feito para ser ouvido (ou degustado) na intimidade da noite. Emilio - então já com a primorosa forma vocal que o credencia ao posto de um dos melhores cantores brasileiros de todos os tempos - passeia com ternura e sutileza por músicas como Beijo Partido (Toninho Horta), O Que É Amar (Johnny Alf) e Tristeza de Nós Dois (Durval Ferreira, Bebeto e Maurício Einhorn). Como maior curiosidade do repertório, há Maria (Me Perdoe, Maria), música feita nos anos 60 por Gilberto Gil para louvar Maria Bethânia, musa inspiradora de versos como "Você não sorri como a flor / Mas nem sei se na flor / Há o amor / Que existe em você". Enfim, é um grande disco que precisa ser (re)ouvido. Pena que a reedição da Dubas Música não preserve a capa original, ainda que, verdade seja dita, a atual tenha mais a ver com o clima noturno desse lindo álbum de 1977.
Espero que outros títulos de Emilio saiam em cd em breve. Essa época foi maravilhosa pra Emilio. A voz era melhor e ele cantava melhor do que hoje em dia. Ele cantava pra fora e não adocicava tanto o final das palavras.
Emílio, de fato, é para poucos, sua técnica é impecável, pena que no mercado, pelo menos até onde eu sei, não apareceu ninguém com seu timbre e elegância.
A maioria dos cantores opta por cantar em falsete, nada contra, mas essa coisa de imitar caetano já deu o que tinha que dar.
Quem sabe Tony Platão um dia nos surpreenda.
O público brasileiro ainda deve reconhecimento a esse cantor de voz potente e suave ao mesmo tempo. Salve Emílio.
Emílio é realmente o maior desperdício da MPB. É uma pena gigantesca que um cantor extraordinário como ele tenha gravado tão poucos discos realmente bons. Uma pena mesmo.
Emílio se fez com as Aquarelas, que foram oportunas e bem produzidas. Mas, como tudo, se desgastaram. E, Emílio acabou, desde então, nunca acertando totalmente no alvo, nem no disco com Donato, nem em seu último título. Emílio se deve um disco para cima, com classe e com alegria. É um dos maiores cantores do país. Num país de um mar de cantoras e um lago de cantores isso é coisa pra caramba.
Carioca da Piedade, quem sabe um disco co-produzido por sua madrinha Nana venha a acertar o alvo. Pelo menos por repertório Nana é certeira.
Mauro, nunca tinha ouvido falar neste disco. Vc elogiou tanto q fiquei curioso p/ouvir este disco.
O disco com o Donato me decepcionou, mas acho o tributo ao Gonzaguinha certeiro, o ao vivo acho um primor e o último achei muito bom, so muito mal distribuído e divulgado pela Indie. Além dele não ter feito shows de divulgação do CD. Emílio junte-se aos seus. Vai para a Biscoito!
Vai pra Biscoito, vai, Emílio. Os fãs da Biscoito Globo clamam.
Nada contra a BF, mas endeusam em demasiado a companhia como se tudo fosse uma maravilha...
Investir, investir mesmo, pelo que se vê, só nos mesmos. Já que Emílio tá nessa confraria pode ser... Mas, duvido.
Emílio tem talento, mas não gosta de estrada como Gil, Menescal e Gismonti, ele é mais na dele. E hoje, mesmo que a BF tenha a força que dizem, se não for para estrada a esteira não rola. Não há mais esteiras rolantes. Nem escadas. Agora, tem que subir.
Ou a gente acha que, independente de talento, que a Ivete está onde está por que ? Por que ela corre atrás e faz as festas do Saulo, da irmã, mas também levanta a bola da Rosa Passos, que nada tem a ver com Axé.
Emílio respira e vira a direção do teu trabalho.
Carioca da Piedade, que gosta de Emílio, mas assim como o blogueiro aqui sabe gostar e ver defeitos. Ou os amigos de blog quando se olham no espelho toda manhã acham tudo lindinho ?
É preferível que Emilio se mantenha na dele, mesmo sem reconhecimento. Prefiro vê-lo desconhecido do que cantando em todos os lugares do mundo "Onde está Dalila"... Sem propósito.
A Biscoito Fino é a Elenco de hoje. Porto seguro de bom gosto de nossa música. Começou só lançando belos artistas desconhecidos e teve o reconhecimento de nossos medalhões que a cada dia navegam em sua direção.
E continua a apostar em novos talentos mesmo tendo um "cast" que engloba Chico, Bethânia, Simone, Guinga, Olivia Byngton, Francis, Edu...
Não entendo a implicância - continua sendo o preço de seus produtos ?
Montem uma gravadora/distribuidora cheia de artistas que não são do "povão" e não garantem retorno em "quantidade" e tentem sobreviver sem cobrar APENAS pela qualidade.
FUNDAMENTAL PARA QUEM AINDA COMPRA MÚSICA FÍSICA E NÃO SE ENTREGOU À PIRATARIA, MP3 E OUTROS "PECADOS" QUE COLECIONADORES DE CD/DVD NÃO COMETEM. ARTISTA EU QUERO GUARDAR EM CASA, CATALOGADO E ARQUIVADO. SHOWS E 1.000 MÚSICAS VIA CELULAR SÃO EFÊMEROS.
Oi, Carioca da Piedade
Gostei do seu comentário. Você está certíssimo. Não há mais escadas rolantes hoje em dia.
Quero ver (ouvir) Emílio com mais reconhecimento, sim. Mas sem que seja à base das "Aquarelas", que já deram o que tinham que dar.
Mas, penso que ele não deve estar muito interessado em trabalhar esse disco não, pois é de uma época antiga da carreira dele. Talvez a melhor.
abração,
Denilson
De fato, a tecnologia acabou ou está acabando com a música física.
Cada vez mais artistas terão de sobreviver "na estrada". Não esperem comissão por milhões de discos vendidos nem sentados.
Se isso é bom ou ruim, confesso que não sei.
O que sei é que concordo com o anônimo que falou sobre a BF. Na atual situação da música "descartável" - e não no sentido música ruim, mas no sentido "essa é boa... ih olha ouviu essa ? E essa aqui ?"
Sou antiquado. Quero ouvir um disco muitas e muitas vezes na calma e paz do meu sossego. NEM CELULAR TENHO... DETESTO TELEFONE ATÉ PARA O QUE FOI FEITO QUE DIRÁ PARA OUVIR MÚSICA.
Vida longa a Biscoito Fino e a outras corajosas gravadoras independentes que ainda resistem e fazem um belo trabalho - saudades da Kuarup...
Há casos e casos. Nunca houve "escadas rolantes" para artistas que nunca venderam muito. Show sempre foi questão de sobrevivência para tais artistas.
As milionárias porcarias que com uma música vendiam milhões de um disco inteiro é que podiam optar por ir ou não para o palco. Esses sim, na atual situação da música física, vão ter de aprender a rebolar, a "viajar".
Mas o caso aqui é Emílio, e Emílio é um dos poucos exemplos de nossa MPB que sempre vendeu bem sem gravar porcaria - até as "Aquarelas" não eram ruins, eram "preguiçosas" e de retorno mais rápido, mas ruins não eram;
com Emílio ao microfone fica difícil algo ruim.
Ninguém disse aqui que Aquarelas eram ruins. Emílio é bom, mas como já havia dito, não é dos que mais gostam de trabalhar. Isso não é defeito nem virtude, é um fato. João Gilberto também não gosta de trabalhar, nem por isso é ruim. É preguçoso, talentoso e pessoalmente deve ser chato. Emílio tem talento e não é chato.
Agora se tem gente que não usa celular... e coisa e tal, é um milagre ser leitor de blog...
Eu gosto da Biscoito. Só que, graças a competencia de quem a dirige, ela não é uma independente, ela sempre teve ligações boas com a galera da grana, por isso é o que é. Isso é virtude, mas daí a dizer que só ela que produz coisas de excelencia é exagero, sim.
O pior de tudo é que o pessoal das outras gravadoras não deve ler blogos como esse. E o pessoal da BG lê, que eu sei. E gosta muito do que lê.
Carioca da Pidade, jogando a toalha sobre essa discussão. Fui ouvir meu Labiata, que não é da BF e é biscoito finíssimo
Penso que a Biscoito fino entendeu algo muito importante dos tempos atuais. Só as gravadores que inventirem em ótimos produtos (conteúdo e embalagem) vão sobreviver, porque só quem curte esse tipo de produto vai continuar comprando CD. A galera que curte música desacartável vai de pirata e MP3. E Emílio deveria sim, parar de fazer participações em shows alheios e fazer seus shows.
Eu acho as Aquarelas ruins sim.
Emílio coneguiu fazer discos fraquíssimos com repertório bom. Tem gente que faz discos muito mais instigantes com repertório MUITO pior que o que ele gravou.
A séria da Aquarelas abriu uma lacuna de qualidade e interesse na obra de Emílio Santiago, anos de discografia que não têm nenhuma relevância.
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