25 de junho de 2009

Discografia de Michael é emblema do século 20

Ainda em choque com a morte de Michael Jackson, ocorrida em Los Angeles (EUA) na tarde desta quinta-feira, 25 de junho de 2009, o mundo ocidental talvez ainda não tenha se dado conta da real importância do cantor na música pop do século 20. Contudo, a discografia solo do astro - que contabiliza somente dez álbuns em suas fases infantil, juvenil e adulta - é dos símbolos máximos desse universo pop. É praticamente impossível dimensionar ou quantificar a influência dessa obra solo que começa em 1971 com a gravação do álbum Got to Be There (1972), que emplacou a música-título e a faixa I Wanna Be Where You Are. Na sequência, Ben (1972) manteve o sucesso com a balada que lhe deu título. Propagada no Brasil na trilha sonora internacional da novela Uma Rosa com Amor, exibida pela Rede Globo em 1972, Ben é o exemplo do pop sentimental que norteou a discografia do artista em sua fase infanto-juvenil. Esse romantismo pueril persistiu em Music and me (1973) - cujos maiores sucessos foram a faixa-título e Happy, também difundidas no Brasil em trilhas sonoras de novelas da Globo, Carinhoso (1973) e Pecado Capital (1975) - e em Forever, Michael (1975), álbum que projetou One Day in your Life, outra balada derramada. Sentimental, mas irresistível...
Encerrada a fase fonográfica infanto-juvenil, Michael Jackson dá um tempo de quatro anos e volta à cena em 1979. O menino prodígio revelado nos anos 60 - como integrante do conjunto Jackson 5 - mostra que cresceu e já é um adulto. A metamorfose exibida em Off the Wall (1979) é resultado da aliança de Michael com o produtor Quincy Jones, um dos gênios da indústria do disco nos Estados Unidos. Guiado por Quincy, Michael embaralha elementos de rock, pop, funk, rhythm and blues e disco music em álbum bem azeitado. A frenética faixa que abria o disco, Don't Stop 'Til You Get Enough, exemplificava bem o crescimento de Michael inclusive como compositor. Era dele a melhor faixa de um disco que trazia na ficha técnica Paul McCartney e Stevie Wonder.
Na época, ninguém poderia supor que, três anos depois de Off the Wall, Michael Jackson iria maturar ainda mais essa mistura explosiva num álbum antológico, Thriller (1982), que iria definir toda a estética audiovisual da música na década de 80. O clipe cinematográfico da faixa Thriller - em que Michael exibia o moonwalk, o passo de dança que ele capturara nas ruas e que se tornaria símbolo daquela era - expandiu os limites de um clipe e coincidiu com o momento em que a televisão (a MTV, em especial) criava e propagava para todo o mundo uma linguagem audiovisual para a música. Obra-prima que contabilizou mais de 40 milhões de cópias vendidas, Thriller reuniu músicas que se tornariam, elas próprias, emblemas de sua década - casos de Beat It, Billie Jean e The Girl Is Mine. A perfeição da produção - assinada por Quincy Jones - pode ser conferida, por exemplo, na sintetizada linha de baixo de Billie Jean, para citar somente um exemplo da maestria do álbum. Um LP clássico entre os clássicos.
Cinco anos depois, Michael Jackson tentaria (em vão) reeditar o impacto de Thriller com Bad, o álbum que saiu em 1987. Novamente, Quincy Jones assinava a produção. Mas - justiça seja feita - não havia a intenção de copiar a receita do arrasa-quarteirão de 1982. Mesmo com um resultado tão brilhante, perceptível em faixas como The Way You Make me Feel e Smooth Criminal, Bad não marcou tanto como seu antecessor. Mas, àquela altura, Michael Jackson já era o rei do pop. Título corroborado com o lançamento de Dangerous, o álbum de 1991 que se tornaria o segundo mais vendido da discografia do astro (estima-se que tenha vendido 32 milhões de cópias até esta década). Boas músicas como Black or White e Heal the World mostraram que Michael Jackson ainda podia dar as cartas no mercado fonográfico mundial. Mas o fato é que Dangerous é o último grande álbum do artista-gênio. A partir dos anos 90, os excêntricos problemas pessoais da estrela - como o progressivo embranquecimento de sua pele, as acusações (nunca provadas) de abuso de crinaças, a derrocada financeira e a estranha relação com suas mulheres e filhos - passariam a ofuscar a música de Michael Jackson. Que faria uma revisão de sua obra, com um pé no passado e outro no futuro, em HIStory: Past, Present and Future Book I (1995), misto de coletânea com álbum de inéditas (concentradas no CD 2). Não explodiu. E a história estava escrita...
Michael nunca mais foi o mesmo. Por isso, o título de seu último fraco álbum de inéditas, Invincible (2001), soou até tristemente irônico. Michael Jackson já não era invencível. Contudo, mesmo ficando progressivamente irregular, a obra solo do rei do pop fica como um dos emblemas do século 20. E assim vai permanecer. Morre o Homem. Nasce o mito. Fica uma obra genial. Ele foi gênio.

17 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Ainda em choque com a morte de Michael Jackson, ocorrida em Los Angeles (EUA) na tarde desta quinta-feira, 25 de junho de 2009, o mundo ocidental talvez ainda não tenha se dado conta da real importância do cantor na música pop do século 20. Contudo, a discografia solo do astro - que contabiliza somente dez álbuns em suas fase infantil, juvenil e adulta - é um dos símbolos máximos do mundo pop. É praticamente impossível dimensionar ou quantificar a influência dessa obra solo que começa em 1971 com o lançamento do álbum Got to Be There, que emplacou a música-título e a faixa I Wanna Be Where You Are. Na sequência, Ben (1972) manteve o sucesso com a balada que lhe deu título. Propagada no Brasil na trilha sonora internacional da novela Uma Rosa com Amor, exibida pela Rede Globo em 1972, Ben é o exemplo do pop sentimental que norteou a discografia do artista em sua fase infanto-juvenil. Esse romantismo pueril persistiu em Music and me (1973) - cujos maiores sucessos foram a faixa-título e Happy, também difundidas no Brasil em trilhas sonoras de novelas da Globo, Carinhoso (1973) e Pecado Capital (1975) - e em Forever, Michael (1975), álbum que projetou One Day in your Life, outra balada derramada. Sentimental, mas irresistível...
Encerrada a fase fonográfica infanto-juvenil, Michael Jackson dá um tempo de quatro anos e volta à cena em 1979. O menino prodígio revelado nos anos 60 - como integrante do conjunto Jackson 5 - mostra que cresceu e já é um adulto. A metamorfose exibida em Off the Wall (1979) é resultado da aliança de Michael com o produtor Quincy Jones, um dos gênios da indústria do disco nos Estados Unidos. Guiado por Quincy, Michael embaralha elementos de rock, pop, funk, rhythm and blues e disco music num álbum azeitado. A frenética faixa que abria o disco, Don't Stop 'Til You Get Enought, exemplificava o crescimento de Michael inclusive como compositor. Era dele a melhor faixa de um disco que trazia na ficha técnica Paul McCartney e Stevie Wonder.
Na época, ninguém poderia supor que, três anos depois de Off the Wall, Michael Jackson iria maturar ainda mais essa mistura explosiva num álbum antológico, Thriller (1982), que iria definir toda a estética audiovisual da música na década de 80. O clipe cinematográfico da faixa Thriller - em que Michael exibia o moonwalk, o passo de dança que ele capturara nas ruas e que se tornaria símbolo daquela era - expandiu os limites de um clipe e coincidiu com o momento em que a televisão (a MTV, em especial) criava e propagava para todo o mundo uma linguagem audiovisual para a música. Obra-prima que contabilizou mais de 40 milhões de cópias vendidas, Thriller reuniu músicas que se tornariam, elas próprias, emblemas de sua década - casos de Beat It, Billie Jean e The Girl Is Mine. A perfeição da produção - assinada por Quincy Jones - pode ser conferida, por exemplo, na sintetizada linha de baixo de Billie Jean, para citar somente um exemplo da maestria do álbum. Um LP clássico entre os clássicos.

25 de junho de 2009 às 22:27  
Blogger Mauro Ferreira said...

Cinco anos depois, Michael Jackson tentaria (em vão) reeditar o impacto de Thriller com Bad, o álbum que saiu em 1987. Novamente, Quincy Jones assinava a produção. Mas - justiça seja feita - não havia a intenção de copiar a receita do arrasa-quarteirão de 1982. Mesmo com um resultado brilhante, perceptível em faixas como The Way You Make me Feel e Smooth Criminal, Bad não marcou tanto como seu antecessor. Mas, àquela altura, Michael Jackson já era o rei do pop. Título corroborado com o lançamento de Dangerous, o álbum de 1991 que se tornaria o segundo mais vendido da discografia do astro (estima-se que tenha vendido 32 milhões de cópias até esta década). Músicas como Black or White e Heal the World mostraram que Michael Jackson ainda podia dar as cartas no mercado fonográfico mundial. Mas o fato é que Dangerous é o último grande álbum do artista-gênio. A partir dos anos 90, os excêntricos problemas pessoais de Michael - como o progressivo embranquecimento de sua pele, as acusações (nunca provadas) de abuso de crinaças, a derrocada financeira e a estranha relação com suas mulheres e filhos - passariam a ofuscar a música de Michael Jackson. Que faria uma revisão de sua obra, com um pé no passado e outro no futuro, em HIStory: Past, Present and Future Book I (1995), misto de coletânea com álbum de inéditas (concentradas no CD 2). Não explodiu. E a história estava escrita...
Michael nunca mais foi o mesmo. Por isso, o título de seu último fraco álbum de inéditas, Invincible (2001), soou até tristemente irônico. Michael Jackson já não era invencível. Contudo, mesmo ficando progressivamente irregular, a obra solo do rei do pop fica como um dos emblemas do século 20. E assim vai permanecer. Morre o Homem. Nasce o mito. Fica uma obra genial. Ele foi gênio.

25 de junho de 2009 às 22:28  
Anonymous Anônimo said...

Não acho, Mauro.

Penso que MJ foi muito mais um fenômeno mercadológico do que musical, já que suas canções, embora com muito sucesso, se limitaram a repetir fórmulas que bem ou mal já estavam por aí.

Gênio era Ray Charles ou James Brown.

Jackson deixa uma multidão de fãs, mas a sua música não é tão importante

25 de junho de 2009 às 23:46  
Anonymous Anônimo said...

Procure saber mais de Michael !
e ai sim venha falar que ele nao foi o melhor do milênio !


A tristesa ja é infinita diante da partida do que para mim foi exemplo de brilhantismo aqui na TERRA !

ETERNO MICHAEL !

Romullo Gomes

26 de junho de 2009 às 00:56  
Anonymous Anônimo said...

Tb acho que o nome é maior que a música.

26 de junho de 2009 às 01:03  
Blogger Paulo Santana said...

Em termos musicais, como disse o "anônimo", talvez não seja de fato um artista totalmente original. Falo isso um pouco no escuro, porque não conheço a fundo a obra de Jackson, e nem as de Ray Charles e Brown. Mas negar a importância de Michael Jackson é um crime. A partir dele, poucos foram os que não o tomaram como modelo, fosse como bom exemplo, fosse como estereótipo a ser evitado.

Infelizmente, tem-se um certo preconceito em relação a tudo que é exposto na mídia; qualquer coisa que se torne um fenômeno tem que ser de má qualidade, segundo os "entendedores" de hoje. Se não tiver sido algo totalmente inovador, não importa: o legado de Jackson será transmitido ao longo de décadas e décadas. Aliás, isso já está acontecendo: hoje, a maioria de crianças de 6 a 8 anos já cantarola músicas de MJ.

Podem chamar isso de fenômeno mercadológico. Eu, particularmente, prefiro ver a obra de Michael Jackson como algo que não pode esquecido ao longo dos anos, pois são artistas como ele que mudam todo o cenário cultural do planeta.

Fica aqui minha sincera expressão de luto ao "Rei do Pop", um título mais que merecido.

26 de junho de 2009 às 02:25  
Anonymous Anônimo said...

Eu também lastimo a morte dele, mas acho errada essa tentativa midiática de transformá-lo em "homem de conduta ilibada". Quem somos nós para julgar? Concordo! Mas depois que morre todo mundo consegue uma certa "beatificação" e um certo perdão pelos seus pecados? Considero SIM um fenômeno do pop, sua música era genial! Limito-me a falar somente do artista! Apesar de sambista desde pequeno, é impossível quem vivenciou os anos 80, não lembrar das vezes em que dançávamos ao som de Thriller, Bad, Billie Jean e tantos outros sucessos.
Descanse em paz, Michael! Abs,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

PS: Eu me lembro até da moda nos anos 80 a la Michael Jackson. Eu tive duas sapatilhas (uma preta e outra quadriculada) pois era febre no Rio de Janeiro, principalmente do outro lado do túnel!

26 de junho de 2009 às 08:26  
Anonymous Anônimo said...

rosemberg

acho que alguns comentários aqui postado, devem ser de pessoas que não viveram os anos 80, mas, pra quem,como eu, teve o privilegio de ter vivido aquela época, a morte de
michel dói fundo.
é impossivel pra quem viveu aquela época não reverenciar esse artistas que monopolizou todas as atenções pelo seu talento.
michel,certamente será lembrado pelos milhoes de discos vendidos, pela postura exêntrica e polêmica e pelo enorme talento.
parodiando belchior, na parede da minha memoria(adolescente) michel terá sempre lugar cativo.
valeu.

memoria_pele@hotmail.com

26 de junho de 2009 às 08:49  
Anonymous maria said...

Deve ter sido para personas como Michael Jackson que Fernando Pessoa escreveu, 1 século atrás:
"Sou eu mesmo a charada sincopada que ninguém da roda decifra nos serões da província..."

Incomparável!

maria

26 de junho de 2009 às 09:40  
Anonymous Anônimo said...

Depois de um final de história conturbado que ofuscou sua obra, hoje Michael Jackson entra definitivamente para a história. Pela sua música e pela sua vida pessoal e nos deixa a lembrança de um astro triste. Na medida em que embranqueceu parece que ele secou por dentro tentando nascer de novo e diferente. Matou primeiro a continuidade de seu caminho promissor e depois morreu só e infeliz. Aplausos para o grande astro, ele merece.

26 de junho de 2009 às 10:34  
Anonymous Luc said...

Muito boa resenha. Disse tudo.

26 de junho de 2009 às 11:24  
Anonymous Anônimo said...

Poucos souberam quem foi realmente o homem. O artista, o mundo inteiro reverencia!!!!!!!!!!!

26 de junho de 2009 às 12:29  
Anonymous Denilson said...

Triste dia o de hoje.

Lamento muito, tanto a perda do artista genial, quanto o seu sofrimento pessoal nos últimos anos de vida.

Como o anônimo das 10:34 disse, ele foi um astro triste.

abração a todos,
Denison

26 de junho de 2009 às 13:26  
Anonymous Anônimo said...

O maior artista! O melhor, Remember the Time é tudo. ÚNICO,ÚNICO, ÚNICO.....

26 de junho de 2009 às 15:58  
Anonymous Anônimo said...

Que Deus o tenha. Mas não sou hipócrita. Depois de "Thriller" nunca mais foi o mesmo. Bom ? Claro! Mas genial, não mais.

26 de junho de 2009 às 21:46  
Anonymous Anônimo said...

Denilson, ele foi um SER-HUMANO triste. Nem dinheiro conseguiu comprar sua paz, alegria e sossego.
Deus me livre, mas quem sabe a morte não lhe traga o que nem o dinheiro conseguiu trazer.
São os mistérios da vida. E quem somos nós para entender.

26 de junho de 2009 às 21:49  
Anonymous Anônimo said...

E MADONNA? REINA ABSOULTA OU NÃO?

27 de junho de 2009 às 11:47  

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