22 de março de 2008

Missão de Diogo Nogueira é se dissociar do pai

Resenha de show
Título: Diogo Nogueira ao Vivo
Artista: Diogo Nogueira
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 18 de março de 2008
Em cartaz: 22 de março (Estrela da Lapa) e 25 de março (Teatro Rival)
Cotação: * * 1/2

Com a máquina da EMI Music a seu favor, Diogo Nogueira está se firmando como sócio do clube do samba. Se se sua permanência no clube vai ser duradoura, somente o tempo vai dizer. Mas, por ora, é inegável que o filho de João Nogueira (1941 - 2000) está conquistando seu público - como atestou a animada platéia que lotou o Teatro Rival, na terça-feira, 18 de março, para ver o rapaz apresentar o repertório do DVD e CD ao vivo que lançou pela EMI em outubro de 2007 com inéditas e (grandes) sucessos de seu pai.
Em cena, Diogo mostra desenvoltura e já pouco lembra o menino tímido que começou a subir no palco de forma mais constante a partir da morte do pai - com as bençãos da madrinha Beth Carvalho. Seu timbre lembra o de João Nogueira, mas nem mesmo Diogo consegue reeditar aquelas divisões personalíssimas do compositor de Corrente de Aço, uma das primeiras músicas de João, revivida por Diogo no show. É um dos poucos números do show que não estão no precoce DVD gravado ao vivo pelo cantor em julho de 2007 - em (dois) shows no Teatro João Caetano (RJ).
Justiça seja feita: Diogo se garante bem em cena sem a presença dos convidados da gravação -como Xande de Pilares e Marcelo D2. O que não é garantida é a afinação do cantor no registro a capella de Minha Missão que abre o show. Soltar a voz sem acompanhamento é tarefa para cantores com mais tarimba. A missão de Diogo, aliás, é se dissociar do repertório do pai em futuros trabalhos para poder trilhar caminho mais próprio. É sintomático que o roteiro esteja salpicado de sucessos de João (O Poder da Criação, Súplica, Nó na Madeira, Mineira, Espelho) e que estes números sejam os pontos altos do show por conta da maestria das composições. E, se é para ficar na cola do repertório do pai, que seja com músicas menos conhecidas - caso do ijexá De Amor É Bom, parceria de João com o baiano Edil Pacheco. E que seja com a personalidade esboçada em Batendo a Porta, samba cujos versos têm sua graça realçada por Diogo com espirituosas expressões faciais e um jogo de corpo todo especial. Surtiu efeito.
Dentre as inéditas, de caráter irregular, o calangueado Samba pros Poetas mostra que Diogo precisa aprimorar sua dicção. Por mais que ele já sabia interagir com a platéia para ganhar sua atenção, como mostra em Fé em Deus, o cantor ainda tem longo caminho pela frente. Seu show, contudo, já tem pique e um roteiro bem estruturado que concilia sucessos de Beth Carvalho (Água de Chuva no Mar, Samba de Arerê, Vou Festejar), Roberto Ribeiro (Vazio - Está Faltando uma Coisa em mim) e os dois últimos sambas-enredos da escola de samba carioca Portela, dos quais Diogo é co-autor (o de 2007 é claramente superior ao de 2008). Enfim, o jovem artista está em ascensão. Ciente disso, a EMI Music já vai começar a trabalhar uma segunda música do disco ao vivo do cantor, Sem Você Não Dá, mas ainda é cedo, vale repetir, para assegurar a longevidade de Diogo Nogueira no tal clube do samba.

12 Comments:

Blogger Unknown said...

ele tem talento.
e o que você diz sobre o precocidade do trabalho é real.
se ele tivesse optado por se dissociar da imagem do pai e se aprimorado um pouco mais poderia ter feito um trabalho de estréia mais bem azeitado.
mas acho que tem futuro.
e tem uma estampa belísima, o que ajuda muito...

abraço Mauro.

22 de março de 2008 às 15:02  
Anonymous Anônimo said...

Mas o que não foi dito no texto é que Diogo tem forte apelo pela sua beleza física: é másculo, simpático e com lindos olhos reluzentes. E é claro que hoje em dia isso ajuda muito na ascensão de um artista.

23 de março de 2008 às 11:42  
Anonymous Anônimo said...

È isso mesmo Mauro. Tbm acho, espero e torço para que no próximo trabalho Diogo possa ser realmente uma promessa para nosso BOM, como tem demonstrado Moysés Marques.

23 de março de 2008 às 11:53  
Anonymous Anônimo said...

Espero que o Diogo não se desassocie jamais do pai. Como fã de seu pai e pela sua ausência, espero que ele mantenha a chama acesa sempre! Revisite o repertório de seu pai, para quem sabe, um dia reconhecerem o real valor de um João Nogueira.
Siga em frente Diogo,continue compondo e torço para que você emplaque muitos sucessos.
Acompanhei de longe a disputa do samba na Portela e a grande sacada foi ter introduzido o Chorando pela Natureza, um samba composto por seu pai e registrado na voz da minha Rainha (simplesmente maravilhosa a interpretação da Beth). Espero ouvir um dueto desta música registrado no próximo cd. Abs,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

23 de março de 2008 às 19:15  
Anonymous Anônimo said...

Ainda não ouvi Diogo. Sou fã do João Nogueira e "Espelho" é uma das mais bela canções da nossa história musical. Se o filho tiver o talento e o carisma do pai irá longe.

23 de março de 2008 às 20:05  
Anonymous Anônimo said...

Interessante isso que o Marcelo falou, do Diogo tornar o repertório do João mais conhecido.


Jose Henrique

24 de março de 2008 às 00:40  
Anonymous Anônimo said...

Marcelo,

Discordo de você. Uma coisa é homenagear o pai, o grande e saudoso João Nogueira, relembrando as maravilhosas músicas que ele compôs e gravou.

Outra coisa é querer (ou quererem) clonar o pai. Ele vem cantando as músicas com os arranjos idênticos (notinha por notinha, introduções e improvisos) às gravações originais do João, inclusive nos mesmos tons, que não são confortáveis para a voz do Diogo.

Aí, ele acaba desafinando (o que infelizmente ele faz muito) ou perdendo feio na comparação com o pai.

Acho isso prejudicial para a carreira dele. Pena, porque acho ele um cara muito bacana. E tem talento como compositor.

abração,
Denilson

24 de março de 2008 às 00:57  
Blogger Pedro Progresso said...

Isso � jeito de segurar o microfone?
huahuahuahuahuahuahuahuahauh

Brincadeiras a parte, ouvi a voz do mo�o no dvd Cidade do Samba e gostei. Acredito que haja algo mais por a� al�m da heran�a paterna e da bela estampa com olhos reluzentes.

24 de março de 2008 às 01:17  
Anonymous Anônimo said...

Galera,

Mantenho a minha opinião mas, concordo que ao menos poderia buscar uma releitura nos arranjos (viu, Denis!). Acho ingrato escrever que o Diogo é clone do João, como já li em outras reportagens. Realmente, é o mesmo timbre, mas o rapaz já trilha buscando as suas próprias composições.
E no mais, não poderia ser comparado à questão Elis/Maria Rita, visto que o João não teve em vida, muito menos em morte, nem 1/3do reconhecimento musical da Elis como cantora e como intérprete de grandes sucessos musicais. Infelizmente! E seria um meio de manter a chama do João sempre acesa. Autor de maravilhosas composições, tais como: Minha Missão, As forças da Natureza, Espelho, Além do Espelho, Corrente de Aço, Minha Missão,..... e por aí vai, merece sempre ser resgatado. E se não for pelo filho, será pelas mãos de quem? Nada melhor do que o filho para mostrar o legado do pai. Desejo muito sucesso ao Diogo e que ele siga sempre o caminho da luz que o acompanhará sempre, chamada: João Nogueira. Abração Denis, Zé e Mauro.

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

24 de março de 2008 às 13:26  
Anonymous Anônimo said...

O que irrita em Diogo Nogueira é sua capacidade de estragar algumas músicas. Ouvi violão vadio, com ele e o Marcel, e fiquei muito triste, pensando na arrogância de um cantor que não consegue respeitar um clássico. O que ele tem a seu favor, é um beleza impressionante, Diogo é alto, forte, tem um lindo sorriso, transparece humildade no olhar, um gente boa, mas não é bom cantor não. Mas acho que, bem cercado do jeito que está, basta estudar mais música, conter mais sua interpretação, que será sim, um grande cantor de samba, já que ele tem a elegência dos grandes intérpretes (Paulinho da Viola, Roberto Ribeiro e claro, seu saudoso pai)

24 de março de 2008 às 19:33  
Anonymous Anônimo said...

Resumo da ópera:

Ele é lindo, gostoso, e tem um belo futuro pela frente.

André.

29 de março de 2008 às 08:34  
Anonymous Anônimo said...

Meu amigo, o cara e talento puro.

10 de abril de 2008 às 21:40  

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