7 de novembro de 2009

Na pressão, Nação revolve 'Lama' após 15 anos

Resenha de Show
Título: Da Lama ao Caos - 15 Anos
Artista: Nação Zumbi (em fotos de Mauro Ferreira)
Participações especiais: Fred 04, Pitty e Seu Jorge
Local: Circo Voador (RJ)
Data: 7 de novembro de 2009
Cotação: * * * * *
"Nação!!! Puta que pariu!!! É a maior banda do Brasil!!!", rimou sem a menor cerimônia o público do Circo Voador enquanto a Nação Zumbi tocava o tema instrumental Salustiano Song, uma das músicas do emblemático primeiro álbum do grupo, Da Lama ao Caos (1994), pedra fundamental do movimento que veio a ser rotulado na mídia como Mangue Beat. Tinha razão de ser o elogio entusiástico do público que se esbaldou e se abrigou sob a lona mais pop do Rio de Janeiro (RJ) na madrugada deste sábado, 7 de novembro de 2009, para ver e ouvir a Nação tocar todas as 13 músicas do disco na ordem em que elas foram dispostas no CD produzido por Liminha e editado pelo selo Chaos, da Sony Music. Incendiário, o show foi idealizado para festejar os 15 anos de lançamento do álbum e - de certa forma - os 12 anos em que a Nação Zumbi provou que poderia sobreviver sem seu mentor Chico Science (1966 - 1997), morto precocemente, num acidente.
O show foi perfeito. A Nação Zumbi revolveu a lama inicial do Mangue Beat na pressão com uma pegada explosiva que não foi captada de todo na gravação do álbum de 1994, apesar de todo o apuro técnico da produção de Liminha. A mistura azeitada de maracatu, psicodelia, rock e eletrônica atingiu o exato ponto de fervura no palco do Circo Voador. Algo perceptível logo na abertura do show, quando se ouviu o Monólogo ao Pé do Ouvido. Na sequência copiada do disco, vieram Banditismo por uma Questão de Classe e Rios, Pontes e Overdrives - este o primeiro número a provocar um efeito catártico na platéia, reeditado em A Cidade e em A Praieira, música em que o convidado Fred 04 - mentor do outro grupo marcante da fase seminal do Mangue Beat, Mundo Livre S/A - entrou em cena para tocar cavaquinho. Fred voltaria ao palco várias outras vezes, contribuindo para a força de números como Da Lama ao Caos, corrosiva faixa-título do álbum.
Ao vivo, o embate dos tambores com a guitarra de Lúcio Maia resultou inebriante. Jorge Du Peixe - embora com emissão vocal nem sempre apurada - também mostrou evolução como cantor enquanto Pupillo se confirmou como um dos melhores bateristas da geração pop brasileira. A interação dos músicos elevou a temperatura - já quente como se o Rio estivesse em pleno verão - e eletrizou o público, que gastou a energia numa dança que evocou as rodas de pogo típicas dos shows de punk. Mesmo nos números menos incendiários, casos do Maracatu de Tiro Certeiro e de Antene-se, o som esteve azeitado. Ao fim, Computadores Fazem Arte - música de Fred 04 que o Mundo Livre veio a gravar depois que a Nação Zumbi a lançou em Da Lama aos Caos - preparou o clima suingante da jam do final, antes de a Nação Zumbi abrir o leque do repertório, tocando músicas de discos posteriores (O Cidadão do Mundo e, já no bis, Fome de Tudo) e fazendo incursão pelo repertório de Siba e a Fuloresta antes de receber, no bis, Pitty e Seu Jorge para participações tímidas em Quando a Maré Encher e em Manguetown, respectivamente. Na madrugada deste sábado quente, fervendo no palco pop do Circo Voador, Nação Zumbi era, sim, a maior banda do Brasil. Histórico!

10 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

"Nação!!! Puta que pariu!!! É a maior banda do Brasil!!!", rimou sem a menor cerimônia o público do Circo Voador enquanto a Nação Zumbi tocava o tema instrumental Salustiano Song, uma das músicas do emblemático primeiro álbum do grupo, Da Lama ao Caos (1994), pedra fundamental do movimento que veio a ser rotulado na mídia como Mangue Beat. Tinha razão de ser o elogio entusiástico do público que se esbaldou e se abrigou sob a lona mais pop do Rio de Janeiro (RJ) na madrugada deste sábado, 7 de novembro de 2009, para ver e ouvir a Nação tocar todas as 13 músicas do disco na ordem em que elas foram dispostas no CD produzido por Liminha e editado pelo selo Chaos, da Sony Music. Incendiário, o show foi idealizado para festejar os 15 anos de lançamento do álbum e - de certa forma - os 12 anos em que a Nação Zumbi provou que poderia sobreviver sem seu mentor Chico Science (1966 - 1997), morto precocemente, num acidente.
O show foi perfeito. A Nação Zumbi revolveu a lama inicial do Mangue Beat na pressão com uma pegada explosiva que foi captada de todo na gravação do álbum de 1994, apesar de todo o apuro técnico da produção de Liminha. A mistura azeitada de maracatu, psicodelia, rock e eletrônica atingiu o exato ponto de fervura no palco do Circo Voador. Algo perceptível logo na abertura do show, quando se ouviu o Monólogo ao Pé do Ouvido. Na sequência copiada do disco, vieram Banditismo por uma Questão de Classe e Rios, Pontes e Overdrives - este o primeiro número a provocar um efeito catártico na platéia, reeditado em A Cidade e em A Praieira, música em que o convidado Fred 04 - mentor do outro grupo marcante da fase seminal do Mangue Beat, Mundo Livre S/A - entrou em cena para tocar cavaquinho. Fred voltaria ao palco várias outras vezes, contribuindo para a força de números como Da Lama ao Caos, corrosiva faixa-título do álbum.
Ao vivo, o embate dos tambores com a guitarra de Lúcio Maia resultou inebriante. Jorge Du Peixe - embora com emissão vocal nem sempre apurada - também mostrou evolução como cantor enquanto Pupillo se confirmou como um dos melhores bateristas da geração pop brasileira. A interação dos músicos elevou a temperatura - já quente como se o Rio estivesse em pleno verão - e eletrizou o público, que gastou a energia numa dança que evocou as rodas de pogo típicas dos shows de punk. Mesmo nos números menos incendiários, casos do Maracatu de Tiro Certeiro e de Antene-se, o som esteve azeitado. Ao fim, Computadores Fazem Arte - música de Fred 04 que o Mundo Livre veio a gravar depois que a Nação Zumbi a lançou em Da Lama aos Caos - preparou o clima suingante da jam do final, antes de a Nação Zumbi abrir o leque do repertório, tocando músicas de discos posteriores (O Cidadão do Mundo e, já no bis, Fome de Tudo) e fazendo incursão pelo repertório de Siba e a Fuloresta antes de receber, no bis, Pitty e Seu Jorge para participações tímidas em Quando a Maré Encher e em Manguetown, respectivamente. Na madrugada deste sábado quente, fervendo no palco pop do Circo Voador, Nação Zumbi era, sim, a maior banda do Brasil. Histórico!

7 de novembro de 2009 às 13:57  
Anonymous Anônimo said...

Oi Mauro,

Faltou um "não" na frase "que foi *** captada de todo na gravação do álbum de 1994, apesar de todo o apuro técnico da produção de Liminha"

E Seu Jorge já tá ficando desgastado já, de tanta participação que faz.

7 de novembro de 2009 às 15:37  
Anonymous Anônimo said...

Puta Que Pariu! É, realmente, a maior banda do Brasil.

Valeu, Nação!!!

7 de novembro de 2009 às 16:09  
Blogger Mauro Ferreira said...

Grato, anônimo das 15:37, por me avisar do 'não' necessário para dar sentido à frase!
abs, MauroF

7 de novembro de 2009 às 16:33  
Anonymous Anônimo said...

não vi o show em sp. Será que rola uma edição do álbum remasterizada e com extras? A Sony bem que poderia bancar.
telmo

7 de novembro de 2009 às 19:31  
Anonymous Denilson said...

Puta que Pariu!!!

Adorei o post. Mauro sem papas na língua e sem meias palavras. rsrs

abração,
Denilson

7 de novembro de 2009 às 22:09  
Anonymous Anônimo said...

Pra que remasterizar rapaz?
O som do cd é ótimo, foi feito em 94, não em 64.
Grande banda, grande disco.
Depois que Chico faleceu, eu dava a Nação por morta, mas eles se firmaram de maneira impressionante.

7 de novembro de 2009 às 23:55  
Anonymous Anônimo said...

Certa vez, surgiu uma discussão sobre qual disco dos 90 dera mais certo: "Da Lama ao Caos" ou "O Samba Poconé".

E a minha opinião é: se o aspecto for vendagem e sucesso popular, o disquinho do Skank vendeu bem mais. Mas, no critério de importância histórica, o "Da Lama" vence fácil. De longe!

A Nação é uma baita banda. Há muito guitarrista e baterista que não tem um décimo do talento que a dupla Lúcio Maia-Pupillo tem.

E concordo com Mauro: Pupillo é, dos de sua geração, talvez o único baterista a ter passado do estigma de ser "de banda" para ser respeitado pela MPB. Ele e, dos anos 1980, João Barone. Só.

Felipe dos Santos Souza

8 de novembro de 2009 às 13:31  
Anonymous Anônimo said...

Se o criterio for vendagem/sucesso popular não ganha nenhum dos dois.
Ganha o É o Tchan.
O "Da lama..." sozinho ganha de toda a discografia do Skank.

8 de novembro de 2009 às 19:57  
Blogger Fábio Passadisco said...

Em dezembro a Nação registra em DVD esse show já fundamental para a MPB... A gravação será aberta ao público no Marco Zero/Recife.

9 de novembro de 2009 às 13:59  

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