11 de outubro de 2009

Letra e música de Bacharach à moda brasileira

Resenha de CD
Título: Letra & Música
Burt Bacharach
Artista: Vários
Gravadora: Discobertas
/ Coqueiro Verde
Cotação: * * 1/2

Exemplo raro da perfeição que pode ser atingida pelo pop, a obra de Burt Bacharach já foi alvo de diversas abordagens por artistas brasileiros nos anos 60 e 70. Algumas delas estão reunidas no décimo título de Letra & Música, série de coletâneas produzida por Marcelo Fróes para seu selo Discobertas. Com seleção musical assinada por Fróes com o jornalista Toninho Spessoto, o volume dedicado ao maestro na coleção mostra que nem todo mundo sabe cantar Bacharach com elegância. Joelma, por exemplo, exagera no tom em Não Diga Nada, versão da versão italiana de Don't Make Over que clona o arranjo da gravação original de Dionne Warwick. O fonograma de Joelma, de 1966, é raro e, nisso, reside o mérito da seleção, que tira do baú bijuterias como o inacreditável registro de O Que É Que Há, Gatinha? na voz de Moacyr Franco. Gravada em 1963, a faixa é versão em português de What's New, Pussycat? - o tema que deu título ao filme que teve trilha composta pelo maestro. Feita pelos Fevers em 1970, Você Não Pode Esquecer-me é outra gravação que chupa e dilui o suingue do registro original de um sucesso de Dionne Warwick (no caso, There's Always Something There to Remind me). Dionne foi a cantora que deu voz nos anos 60 às célebres parcerias de Bacharach com o letrista Hal David. E o fez com uma classe e uma leveza nunca igualadas pelos artistas populares do Brasil que regravaram Bacharach. Por isso mesmo, prefira as versões instrumentais de Close to You (They Long to Be) e What the World Needs Now, feitas pelo Zimbo Trio e pela Briamonte Orchestra, respectivamente, em 1971 e 1970. Elas primam por tirar a obra de Bacharach da vala brega a que muitos artistas brasileiros a atiravam quando gravavam versões de suas músicas. Ou mesmo quando as cantavam no original em inglês, caso de Ronnie Von, que carregou nas tintas ao fazer em 1977 um registro pretensamente classudo de Close to You (They Belong to me) com coro cafona. Poucos ousaram e acertaram como o Trio Mocotó, que, em gravação de 1973, Gotas de Chuva na Minha Cuíca, reproduz na cuíca a linha melódica de Raindrops Keep Fallin' on my Head - com suingue todo próprio. Mesmo irregular do ponto de vista artístico, a seleção da compilação dedicada a Bacharach em Letra & Música se revela em sintonia com o tom da série ao fugir da obviedade reinante no mercado de coletâneas.

7 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Exemplo raro da perfeição que pode ser atingida pelo pop, a obra de Burt Bacharach já foi alvo de diversas abordagens por artistas brasileiros nos anos 60 e 70. Algumas delas estão reunidas no décimo título de Letra & Música, série de coletâneas produzida por Marcelo Fróes para seu selo Discobertas. Com seleção musical assinada por Fróes com o jornalista Toninho Spessoto, o volume dedicado ao maestro na coleção mostra que nem todo mundo sabe cantar Bacharach com elegância. Joelma, por exemplo, exagera no tom em Não Diga Nada, versão da versão italiana de Don't Make Over que clona o arranjo da gravação original de Dionne Warwick. O fonograma de Joelma, de 1966, é raro e, nisso, reside o mérito da seleção, que tira do baú bijuterias como o inacreditável registro de O Que É Que Há, Gatinha? na voz de Moacyr Franco. Gravada em 1963, a faixa é versão em português de What's New, Pussycat? - o tema que deu título ao filme que teve trilha composta pelo maestro. Feita pelos Fevers em 1970, Você Não Pode Esquecer-me é outra gravação que chupa e dilui o suingue do registro original de um sucesso de Dionne Warwick (no caso, There's Always Something There to Remind me). Dionne foi a cantora que deu voz nos anos 60 às célebres parcerias de Bacharach com o letrista Hal David. E o fez com uma classe e uma leveza nunca igualadas pelos artistas populares do Brasil que regravaram Bacharach. Por isso mesmo, prefira as versões instrumentais de Close to You (They Long to Be) e What the World Needs Now, feitas pelo Zimbo Trio e pela Briamonte Orchestra, respectivamente, em 1971 e 1970. Elas primam por tirar a obra de Bacharach da vala brega a que muitos artistas brasileiros a atiravam quando gravavam versões de suas músicas. Ou mesmo quando as cantavam no original em inglês, caso de Ronnie Von, que carregou nas tintas ao fazer em 1977 um registro pretensamente classudo de Close to You (They Belong to me) com coro cafona. Poucos ousaram e acertaram como o Trio Mocotó, que, em gravação de 1973, Gotas de Chuva na Minha Cuíca, reproduz na cuíca a linha melódica de Raindrops Keep Fallin' on my Head - com suingue todo próprio. Mesmo irregular do ponto de vista artístico, a seleção da compilação dedicada a Bacharach em Letra & Música se revela em sintonia com o tom da série ao fugir da obviedade reinante no mercado de coletâneas.

11 de outubro de 2009 às 12:37  
Anonymous Anônimo said...

Tudo que foi feito de Burt Bacharach é muito cafona. Esse então deve ser a encarnação da cafonice. Os artistas que cantam são muito bregas. Erro de elenco.

11 de outubro de 2009 às 17:04  
Anonymous Anônimo said...

Bacharach é genial e já foi vertido para inúmeros idiomas. Essa coletânea é interessante pois mostra a visão dos artistas brasileiros. Chamar Burt Bacharach de brega é ignorância e desinformação.

11 de outubro de 2009 às 20:39  
Anonymous Anônimo said...

Não é Burt Bacharach que é brega. É a versão tupiniquim que é cafona.
Entendido? Bacharach é muito especial.

11 de outubro de 2009 às 22:04  
Anonymous Luc said...

Emilio Santiago e Jane Duboc encontraram o tom certo para cantar BBach. Vi na Tv uma vez.

11 de outubro de 2009 às 22:31  
Anonymous Anônimo said...

Bacharach pode não ser cafona, mas é curioso verificar que foi com artistas hoje considerados bregas e cafonas que sua música foi inicialmente percebida e assimilada por brasileiros. Joelma, Moacyr Franco, Fevers, Ronnie Von.. não é mesmo? Agora é chique gostar de Bacharach, depois que Elvis Costello e Noel Gallagher (Oasis) o incensaram, dentre outros. Mas, nos anos 60 e 70, era para esse público que ele falava (ou compunha).

12 de outubro de 2009 às 18:11  
Anonymous Anônimo said...

Marcelo Fróes na sua eterna tentativa de validar obra dos cantores da MPBrega. Quem precisa ouvir Joelma Giro cantar versão em português de um sucesso de Dionne Warwick??? Caso claro de gravação que além de não superar a original (muito pelo contrário), é absolutamente dispensável. Deveria permanecer esquecida, isso sim.

13 de outubro de 2009 às 18:26  

Postar um comentário

<< Home