4 de julho de 2010

Cibelle cresce na pele da Sonja de 'Palace Hotel'

Resenha de CD
Título: Las Vênus Resort Palace Hotel
Artista: Cibelle
Gravadora: Crammed / ST2
Cotação: * * *

Após dois álbuns que lhe renderam progressiva visibilidade na cena européia, Cibelle (2003) e The Shine of Dried Electric Leaves (2003), a cantora e compositora Cibelle Cavalli - paulista já radicada em Londres - cresce e aparece mais no próprio país ao encarnar Sonja Khalecallon, hostess exótica e decadente de um cabaré futurista situado em mundo pós-tropicalista. É na pele de Sonja - secundada por Los Stroboscopious Luminous, o grupo que inclui músicos espertos como o baterista Pupilo (Nação Zumbi) e o guitarrista Fernando Catatau (Cidadão Instigado) - que Cibelle apresenta o som excêntrico de seu terceiro conceitual álbum, Las Vênus Resort Palace Hotel, recém-lançado no Brasil pela gravadora ST2. Cantos de passarinho são ouvidos de imediato na introdução do CD, Wellcome, mas não espere ouvir um disco tropical no sentido cheio de clichês que normalmente se dá ao termo. Em seu disco mais ambicioso, Cibelle cruza referências de Björk e Os Mutantes para montar interessante painel sonoro que eventualmente nem evita o pop puro e simples - exemplificado pelo gracioso cover de Underneath the Mango Tree, tema de 007 Contra O Satânico Dr. No (1962) filme da série de James Bond - mas busca a estranheza. Sem descartar eventualmente a beleza, perceptível de imediato na climática Sad Piano, destaque da safra autoral. A percussão de Frankenstein é o elemento mais próximo do que se convencionou rotular de latinidade. Mas, em seu cabaré, Cibelle/Sonja extrapola rótulos, perseguindo sonoridades universais. Dentro do exótico mosaico, a guitarra de Fernando Catatau se revela fundamental na construção do arranjo de temas como Lightworks, tema da lavra de Raymond Scott, pioneiro produtor de música eletrônica dos anos 50. Entre dez temas de autoria da própria Cibelle (nem sempre realmente inspirada como compositora), Las Vênus Resort Palace Hotel mixa bons instrumentistas gringos e brasileiros em repertório que insere uma ou outra música cantada em português (Sapato Azul e Escute Bem) no meio de composições em inglês (Man from Mars e Melting the Ice, entre outras). No todo, o cabaré futurista de Sonja amplia a importância de Cibelle - revelada pelo produtor Suba (1961 - 1999) no CD São Paulo Confessions (2000) - na cena contemporânea. Björk e Mutantes nunca estiveram tão próximos!!

6 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Após dois álbuns que lhe renderam progressiva visibilidade na cena européia, Cibelle (2003) e The Shine of Dried Electric Leaves (2003), a cantora e compositora Cibelle Cavalli - paulista já radicada em Londres - cresce e aparece mais no próprio país ao encarnar Sonja Khalecallon, hostess exótica e decadente de um cabaré futurista situado em mundo pós-tropicalista. É na pele de Sonja - secundada por Los Stroboscopious Luminous, o grupo que inclui músicos espertos como o baterista Pupilo (Nação Zumbi) e o guitarrista Fernando Catatau (Cidadão Instigado) - que Cibelle apresenta o som excêntrico de seu terceiro conceitual álbum, Las Vênus Resort Palace Hotel, recém-lançado no Brasil pela gravadora ST2. Cantos de passarinho são ouvidos de imediato na introdução do CD, Wellcome, mas não espere ouvir um disco tropical no sentido cheio de clichês que normalmente se dá ao termo. Em seu disco mais ambicioso, Cibelle cruza referências de Björk e Os Mutantes para montar interessante painel sonoro que eventualmente nem evita o pop puro e simples - exemplificado pelo gracioso cover de Underneath the Mango Tree, tema de 007 Contra O Satânico Dr. No (1962) filme da série de James Bond - mas busca a estranheza. Sem descartar eventualmente a beleza, perceptível de imediato na climática Sad Piano, destaque da safra autoral. A percussão de Frankenstein é o elemento mais próximo do que se convencionou rotular de latinidade. Mas, em seu cabaré, Cibelle/Sonja extrapola rótulos, perseguindo sonoridades universais. Dentro do exótico mosaico, a guitarra de Fernando Catatau se revela fundamental na construção do arranjo de temas como Lightworks, tema da lavra de Raymond Scott, pioneiro produtor de música eletrônica dos anos 50. Entre dez temas de autoria da própria Cibelle (nem sempre realmente inspirada como compositora), Las Vênus Resort Palace Hotel mixa bons instrumentistas gringos e brasileiros em repertório que insere uma ou outra música cantada em português (Sapato Azul e Escute Bem) no meio de composições em inglês (Man from Mars e Melting the Ice, entre outras). No todo, o cabaré futurista de Sonja amplia a importância de Cibelle - revelada pelo produtor Suba (1961 - 1999) no CD São Paulo Confessions (2000) - na cena contemporânea. Björk e Mutantes nunca estiveram tão próximos.

4 de julho de 2010 às 10:49  
Anonymous Zé Pedro said...

A estranheza de Cibelle nesses tempos de excessiva música comercial e necessidade de dar certo, é uma delicia aos nossos ouvidos

4 de julho de 2010 às 14:03  
Blogger Lara Cervasio said...

Não conheço esse novo trabalho, mas aodro o tradalho dessa cantora.

Beijos

5 de julho de 2010 às 08:42  
Anonymous Anônimo said...

É um som estranho, por vezes sedutor e por vezes não palatável. Dificil opinar sobre...

5 de julho de 2010 às 09:56  
Blogger Pedro Progresso said...

eu ouvi "The Shine of Dried Electric Leaves" e só gostei do título.

6 de julho de 2010 às 08:41  
Blogger Roger said...

Textinho colorido como o som da Cibelle

22 de fevereiro de 2011 às 22:04  

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