16 de junho de 2010

Áurea ainda é uma senhora cantora aos 70 anos

Resenha de Show
Título:
70 Anos de Áurea Martins
Artista: Áurea Martins (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Rio Scenarium (RJ)
Data: 15 de junho de 2010
Cotação: * * * *
"Sou uma senhora que ainda canta, , Hermínio?", gracejou Áurea Martins no palco da casa Rio Scenarium (RJ) para Hermínio Bello de Carvalho, presente na plateia do show comemorativo dos 70 anos da cantora, completados no domingo, 13 de junho de 2010. Em seu gracejo, Áurea aludiu ao título de um dos últimos álbuns de Zezé Gonzaga (1926 - 2008), Sou Apenas uma Senhora que Ainda Canta (2002). E, pelo show que fez na noite festiva de 15 de junho, vale o trocadilho que já virou clichê: aos 70 anos, Áurea ainda é uma senhora cantora - uma das melhores do Brasil!!
Foi a Noite (Tom Jobim e Newton Mendonça) abriu tímida, mas apropriadamente, o roteiro da apresentação da cantora, que fez seu nome na noite carioca sem construir a carreira fonográfica a que fazia jus pelo talento. Mesmo tendo apenas três álbuns em sua biografia (o quarto vai sair em agosto com parcerias inéditas de Hermínio Bello de Carvalho com jovens compositores), Áurea se manteve em cena pela beleza e técnica de seu canto. Exibidas em Nós (Johnny Alf) e em Caminhos Cruzados (Tom Jobim e Newton Mendonça), as músicas que deram sequência ao show especial, estruturado em série de sets - como é de praxe na noite. Entre um e outro set, a anfitriã circulou pela mesa, recepcionando todos os convidados e sendo parabenizada pelos 70 anos contados no telão através de galeria de fotos de várias épocas. Alguns convidados foram convocados a subir ao palco. Caso de Pery Ribeiro (foto), que fez terno dueto com Áurea em Alguém como Tu (José Maria Abreu e Jair Amorim), sucesso de Dick Farney (1921 - 1987). À medida que o show e a voz foram esquentando, Áurea Martins foi aprimorando suas interpretações. Ao pôr sua artilharia vocal a serviço de Bala com Bala (João Bosco e Aldir Blanc), ela mostrou pleno domínio rítmico - reiterado em Corrida de Jangada (Edu Lobo e José Carlos Capinam), encarada na mesma alta velocidade do samba de Bosco & Blanc. Na sequência, a cantora desacelerou para cantar o amor não-realizado em Ilusão à Toa (Johnny Alf) e em Pensando em ti (Herivelto Martins), duas pérolas unidas no mesmo colar por afinidades temáticas. E, como o amor às vezes se transforma em mágoas, Áurea engatou medley com as músicas amargas de Lupicínio Rodrigues (1914 - 1974), agrupando Não Sou de Reclamar e Há um Deus. Em seguida, navegou segura e com suingue pelos contornos melódicos de Embarcação (Chico Buarque e Francis Hime) e arrebatou com abordagem estilosa de Molambo (Jayme Florence e Augusto Mesquita), número de clima jazzy em que brilhou o saxofone de Daniela Spielmann (agregada ao Terra Trio desde o medley com músicas de Lupicínio, a cujo repertório a cantora recorreria mais tarde ao juntar Um Favor e Volta em outro medley). E foi somente na companhia do sax de Spielmann que a Áurea iniciou sua primorosa interpretação de Retrato em Branco e Preto (Tom Jobim e Chico Buarque), número que foi ganhando intensidade e envolvendo o público. Outras músicas de Tom Jobim (1927 - 1994) e Chico Buarque ainda abrilhantariam o roteiro e a noite (fechada com a Orquestra Lunar) - Maninha (em dueto de Áurea com o pianista do Terra Trio, Zé Maria Rocha) e Janelas Abertas, por exemplo - mas, ao fazer seu irretocável e deslumbrante Retrato em Branco e Preto, Áurea Martins confirmou o que todo mundo na plateia já sabia: ela ainda é, sim, uma senhora cantora, do alto de seus dignos 70 anos.

7 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

"Sou uma senhora que ainda canta, né, Hermínio?", gracejou Áurea Martins no palco da casa Rio Scenarium (RJ) para Hermínio Bello de Carvalho, presente na plateia do show comemorativo dos 70 anos da cantora, completados no domingo, 13 de junho de 2010. Em seu gracejo, Áurea aludiu ao título de um dos últimos álbuns de Zezé Gonzaga (1926 - 2008), Sou Apenas uma Senhora que Ainda Canta (2002). E, pelo show que fez na noite festiva de 15 de junho, vale o trocadilho que já virou clichê: aos 70 anos, Áurea ainda é uma senhora cantora - uma das melhores do Brasil!!
Foi a Noite (Tom Jobim e Newton Mendonça) abriu tímida, mas apropriadamente, o roteiro da apresentação da cantora, que fez seu nome na noite carioca sem construir a carreira fonográfica a que fazia jus pelo talento. Mesmo tendo apenas três álbuns em sua biografia (o quarto vai sair em agosto com parcerias inéditas de Hermínio Bello de Carvalho com jovens compositores), Áurea se manteve em cena pela beleza e técnica de seu canto. Exibidas em Nós (Johnny Alf) e em Caminhos Cruzados (Tom Jobim e Newton Mendonça), as músicas que deram sequência ao show especial, estruturado em série de sets - como é de praxe na noite. Entre um e outro set, a anfitriã circulou pela mesa, recepcionando todos os convidados e sendo parabenizada pelos 70 anos contados no telão através de galeria de fotos de várias épocas. Alguns convidados foram convocados a subir ao palco. Caso de Pery Ribeiro (foto), que fez terno dueto com Áurea em Alguém como Tu (José Maria Abreu e Jair Amorim), sucesso de Dick Farney (1921 - 1987). À medida que o show e a voz foram esquentando, Áurea Martins foi aprimorando suas interpretações. Ao pôr sua artilharia vocal a serviço de Bala com Bala (João Bosco e Aldir Blanc), ela mostrou pleno domínio rítmico - reiterado em Corrida de Jangada (Edu Lobo e José Carlos Capinam), encarada na mesma alta velocidade do samba de Bosco & Blanc. Na sequência, a cantora desacelerou para cantar o amor não-realizado em Ilusão à Toa (Johnny Alf) e em Pensando em ti (Herivelto Martins), duas pérolas unidas no mesmo colar por afinidades temáticas. E, como o amor às vezes se transforma em mágoas, Áurea engatou medley com as músicas amargas de Lupicínio Rodrigues (1914 - 1974), agrupando Não Sou de Reclamar e Há um Deus. Em seguida, navegou segura e com suingue pelos contornos melódicos de Embarcação (Chico Buarque e Francis Hime) e arrebatou com abordagem estilosa de Molambo (Jayme Florence e Augusto Mesquita), número de clima jazzy em que brilhou o saxofone de Daniela Spielmann (agregada ao Terra Trio desde o medley com músicas de Lupicínio, a cujo repertório a cantora recorreria mais tarde ao juntar Um Favor e Volta em outro medley). E foi somente na companhia do sax de Spielmann que a Áurea iniciou sua primorosa interpretação de Retrato em Branco e Preto (Tom Jobim e Chico Buarque), número que foi ganhando intensidade e envolvendo o público. Outras músicas de Tom Jobim (1927 - 1994) e Chico Buarque ainda abrilhantariam o roteiro e a noite (fechada com a Orquestra Lunar) - Maninha (em dueto de Áurea com o pianista do Terra Trio, Zé Maria Rocha) e Janelas Abertas, por exemplo - mas, ao fazer seu irretocável e deslumbrante Retrato em Branco e Preto, Áurea Martins confirmou o que todo mundo na plateia já sabia: ela ainda é, sim, uma senhora cantora, do alto de seus dignos 70 anos.

16 de junho de 2010 às 00:45  
Anonymous Anônimo said...

Deveria ter gravado mais,deve gravar mais, até sangrar é um CD belíssimo. Além do repertório de poesia amarga, Áurea também sabe comandar uma festa como poucas.

16 de junho de 2010 às 09:33  
Blogger João Garrido said...

Tive o prazer de conhecer e ouvir Dona Áurea na minha 1ª vez no RJ (abril de 2010). Ela é um ESPETÁCULO completo!!! GRANDE!

16 de junho de 2010 às 09:42  
Anonymous Anônimo said...

Que repertório maravilhoso! Áurea é uma artista muito digna.

16 de junho de 2010 às 16:01  
Blogger CN said...

Todo o meu carinho e deferência a incrível Áurea Martins, exemplo de humildade e de artista bem resolvida. Uma das nossas damas da canção que nunca se rendeu ao banal. Parabéns e que venha logo este novo CD. Um beijo grande, Carlos Navas

16 de junho de 2010 às 19:49  
Anonymous Anônimo said...

Conheci Áurea no Rio.
Pena que SP não a conheça!
Pena que o Brasil também não a conheça! Com tanta cantora maravilhosa sem espaço a mídia pautando em seus jornais um monte de gente sem talento. As pessoas enlouqueceram. Ainda bem que o público é inteligente. O povo não é bobo. Principalmente a classe atística e a galera formadora de opinião. Os jornais povoam suas páginas com "musica" sem a menor importância. Por isso não compro mais jornal. É um boicote! Quero a falência deles. Assim perdem o poder. Prefiro a internet, onde tudo é liberado e lido. Inclusive este maravilhoso blog. Adorooooooooooooo!

17 de junho de 2010 às 00:03  
Anonymous Áurea Martins said...

Muito obrigada por estar me cobrindo de flores nessas primaveras (70) de vida. Elas só me dão mais determinação para continuar até 140 (primaveras). Áurea Martins.

Salve Valéria!

23 de junho de 2010 às 13:43  

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