13 de maio de 2010

Israel se escora em Cazuza no terceiro CD solo

Resenha de CD
Título: 13 Parcerias
com Cazuza
Artista: George Israel
Gravadora: MP,B
/ Universal Music
Cotação: * * *

Após tentar marcar a própria identidade na cena pop nativa com dois discos gravados sem seu grupo Kid Abelha, Quatro Letras (2004) e Distorções do meu Jardim (2007), George Israel recorre ao nome e ao mito de Cazuza (1958 - 1990) em seu terceiro disco solo, sem sair da esfera autoral. O título trivial do CD, 13 Parcerias com Cazuza, já explicita a ênfase na figura do Exagerado. Parceiro de Cazuza desde que compôs com ele Amor, Amor para a trilha sonora do filme Beth Balanço (1984), Israel alinha 13 das 19 músicas que fez com o poeta no álbum produzido por Dadi para o selo MP,B. O artista recorre também a nomes como Frejat, Ney Matogrosso, Sandra de Sá, Paulo Ricardo, Evandro Mesquita e Tico Santa Cruz, entre outros, para dar nova forma a um cancioneiro que resiste bem ao tempo porque a poesia de Cazuza ainda pulsa firme. Parceiro mais constante e importante de Cazuza, Frejat põe voz e guitarra que adensam o Blues do Ano 2000, faixa que agrega filhos de Israel e do próprio Frejat. Cantor responsável por propagar a poesia de Cazuza nas rádios, ao incluir Pro Dia Nascer Feliz no álbum ...Pois É (1983), Ney valoriza a mediana Quatro Letras, tema que deu título ao primeiro CD solo de Israel e que reaparece agora na versão original. Já Sandra de Sá - amiga de Cazuza - faz pouco por Solidão que Nada porque sua voz já não exibe a força de outrora. Paulo Ricardo parece mais à vontade no rock Mina - faixa em que sobressai o sopro pop do sax de Israel. Por sua vez, a letra virulenta de Burguesia se ajusta bem ao discurso engajado de Tico Santa Cruz, vocalista do Detonautas.

Mesmo quando a melodia soa frágil, a poesia de Cazuza soa forte e sustenta o disco. Que - às vezes - se atola em terreno modernoso. Hino que aglutina a pulsação do samba e do rock, Brasil incorpora o rap de Marcelo D2, a voz de Elza Soares e um toque eletrônico que embaça a letra cortante. Já Completamente Blue perdeu vigor no ritmo do reggae. Em contrapartida, Nabucodonosor ganhou poder de sedução com o arranjo que transita entre o country e o blues - com direito às participações de Evandro Mesquita e de Marcelo Novaes (ator que transita pela música). Mesmo em faixas insossas como A Inocência do Prazer e Eu Agradeço paira a viril poesia de Cazuza, cuja voz - extraída de um cassete - é ouvida na música inédita que abre o disco, Você Vai me Enganar Sempre 2. Trata-se da letra já musicada por Frejat, mas que também tinha originado melodia de Israel até então nunca lançada em disco (Cazuza entregou a mesma letra aos dois parceiros). Enfim, 13 Parcerias com Cazuza oscila, mas a irregularidade não reside nas letras. Vinte anos depois de sua morte, a serem completados em 7 de julho de 2010, Cazuza ainda hoje permanece como uma das referências mais perenes do pop brasileiro de todas as épocas.

6 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Após tentar marcar a própria identidade na cena pop nativa com dois discos gravados sem seu grupo Kid Abelha, Quatro Letras (2004) e Distorções do meu Jardim (2007), George Israel recorre ao nome e ao mito de Cazuza (1958 - 1990) em seu terceiro disco solo, sem sair da esfera autoral. O título trivial do CD, 13 Parcerias com Cazuza, já explicita a ênfase na figura do Exagerado. Parceiro de Cazuza desde que compôs com ele Amor, Amor para a trilha sonora do filme Beth Balanço (1984), Israel alinha 13 das 19 músicas que fez com o poeta no álbum produzido por Dadi para o selo MP,B. O artista recorre também a nomes como Frejat, Ney Matogrosso, Sandra de Sá, Paulo Ricardo, Evandro Mesquita e Tico Santa Cruz, entre outros, para dar nova forma a um cancioneiro que resiste bem ao tempo porque a poesia de Cazuza ainda pulsa firme. Parceiro mais constante e importante de Cazuza, Frejat põe voz e guitarra que adensam o Blues do Ano 2000, faixa que agrega filhos de Israel e do próprio Frejat. Cantor responsável por propagar a poesia de Cazuza nas rádios, ao incluir Pro Dia Nascer Feliz no álbum ...Pois É (1983), Ney valoriza a mediana Quatro Letras, tema que deu título ao primeiro CD solo de Israel e que reaparece agora na versão original. Já Sandra de Sá - amiga de Cazuza - faz pouco por Solidão que Nada porque sua voz já não exibe a força de outrora. Paulo Ricardo parece mais à vontade no rock Mina - faixa em que sobressai o sopro pop do sax de Israel. Por sua vez, a letra virulenta de Burguesia se ajusta bem ao discurso engajado de Tico Santa Cruz, vocalista do Detonautas.

Mesmo quando a melodia soa frágil, a poesia de Cazuza soa forte e sustenta o disco. Que - às vezes - se atola em terreno modernoso. Hino que aglutina a pulsação do samba e do rock, Brasil incorpora o rap de Marcelo D2, a voz de Elza Soares e um toque eletrônico que embaça a letra cortante. Já Completamente Blue perdeu vigor no ritmo do reggae. Em contrapartida, Nabucodonosor ganhou poder de sedução com o arranjo que transita entre o country e o blues - com direito às participações de Evandro Mesquita e de Marcelo Novaes (ator que transita pela música). Mesmo em faixas insossas como A Inocência do Prazer e Eu Agradeço paira a viril poesia de Cazuza, cuja voz - extraída de um cassete - é ouvida na música inédita que abre o disco, Você Vai me Enganar Sempre 2. Trata-se da letra já musicada por Frejat, mas que também tinha originado melodia de Israel até então nunca lançada em disco (Cazuza entregou a mesma letra aos dois parceiros). Enfim, 13 Parcerias com Cazuza oscila, mas a irregularidade não reside nas letras. Vinte anos depois de sua morte, a serem completados em 7 de julho de 2010, Cazuza ainda hoje permanece como uma das referências mais perenes do pop brasileiro de todas as épocas.

13 de maio de 2010 às 18:22  
Anonymous Anônimo said...

Até quando Mauro falará que Sandra de Sá já não exibe a força de outrora ????

13 de maio de 2010 às 18:34  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, só duas idéias, na esteira do álbum do Israel (que ainda não ouvi): 1. O que será que pensa o cara da revista Veja, que numa reportagem perto da morte de Cazuza decretou que sua obra não resistiria ao tempo, visto que vinte anos depois sua poesia de fato "ainda pulsa firme"? 2. A Inocência do Prazer não me pareceu insossa na versão de Dulce Quental... É isso!

13 de maio de 2010 às 20:54  
Blogger Raphael Vidigal said...

Onde acho esse cd pra comprar?

13 de maio de 2010 às 23:33  
Anonymous Suami said...

Tão bom ler alguém falando da Dulce Quental...
=]
Gosto muito do trabalho dela.
Aqueles 3 LPs dela que nunca foram pra cd é a grande falha da EMI pra mim.

14 de maio de 2010 às 11:45  
Blogger Tom Neto said...

O que será que pensa o cara da revista Veja, que numa reportagem perto da morte de Cazuza decretou que sua obra não resistiria ao tempo, visto que vinte anos depois sua poesia de fato "ainda pulsa firme"?

Alessandro Porro - autor da infeliz matéria - já é falecido, Anônimo...

16 de maio de 2010 às 11:58  

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