7 de fevereiro de 2010

Fuja da Raia, pois 'Pernas pro Ar' nunca decola

Resenha de Musical
Título: Pernas pro Ar
Argumento: Luis Fernando Veríssimo
Texto: Marcelo Saback
Direção: Cacá Carvalho
Elenco: Claudia Raia (em foto de Gui Paganini) e outros
Cotação: *

Agenda da turnê nacional de Pernas pro Ar em 2010:
Rio de Janeiro (RJ) - Quinta da Boa Vista (7 de fevereiro)
Florianópolis (SC) - Teatro Pedro Ivo (23 a 25 de fevereiro)
Paulínia (SP) - Teatro Municipal (3 e 4 de março)
Brasília (DF) - Teatro Villa-Lobos (12 a 14 de março)
Salvador (BA) - Teatro Castro Alves (18 a 20 de março)
Belo Horizonte (MG) - Palácio das Artes (26 a 28 de março)
Belém (PA) - Hangar de Vidro (14 a 18 de abril)
Manaus (AM) - Teatro Amazonas (29 e 30 de abril)
Curitiba (PR) - Teatro Positivo (12 a 14 de maio)
Goiânia (GO) - Teatro Rio Vermelho (26 e 27 de maio)
Maceió (AL) - Centro de Convenções (3 a 5 de junho)
Aracajú (SE) - Teatro Tobias Barreto (17 e 18 de junho)

Boa atriz vocacionada para musicais pelo fato de cantar, dançar e representar com desenvoltura, Claudia Raia já fez sucesso nos palcos brasileiros com espetáculos como Não Fuja da Raia (1993) e Nas Raias da Loucura (1996), escritos por Silvio de Abreu e dirigidos por Jorge Fernando, dois nomes consagrados no ramo das telenovelas. Nos anos 2000, a atriz confirmou tal (raro) dom ao integrar o elenco de montagens brasileiras de musicais estrangeiros como O Beijo da Mulher Aranha (2001) e Sweet Charity (2006), brilhando especialmente neste último. Já em Pernas pro Ar - musical que estreou em Ribeirão Preto (SP) em 2009 e continua atualmente em turnê nacional em rota que inclui passagens pelas principais capitais do país - Raia volta a encenar texto brasileiro. Só que, no caso, um dos piores textos nacionais escritos para musicais. O argumento de Luis Fernando Veríssimo é interessante. Mas Marcelo Saback não desenvolveu bem a história de uma dona-de-casa apática, Helô, que passa a ser direcionada pelas próprias pernas. Não há humor nos diálogos, o que torna o musical arrastado e, de certa forma, pesado como um boeing que não consegue alçar voo. Para piorar, a direção de Cacá Carvalho - recrutado para a função sem ter a mínima experiência no ramo - não contribui para dar alguma leveza à encenação. E o resultado é um espetáculo chato. Como sempre, Raia está à vontade em cena, mas sua ingrata missão em Pernas pro Ar acaba sendo tentar extrair humor de um texto sem graça que prejudica um musical que busca estética diferente sem, de fato, seduzir o espectador com seu sofisticado aparato técnico que inclui cenografia virtual projetada em três dimensões. O visual não enche os olhos. Dos números musicais propriamente ditos, cantados por Raia ao vivo na companhia de um septeto, vale destacar Speak Low - entoado no original em inglês de Kurt Weill (1900 - 1950) no que talvez seja o único grande momento do espetáculo - e You Could Drive a Person Crazy, tema do musical Company (1970) interpretado por Raia na versão em português de Sylvia Massari. Enfim, Claudia Raia é atriz versátil e competente - inclusive no campo dramático, como provou em 2008 ao encarnar a injustiçada Donatella da novela A Favorita - mas mesmo boas atrizes precisam de bons textos para brilhar. E não há um em cena. Por isso mesmo, aviso aos navegantes: fuja da Raia, pois Pernas pro Ar nunca decola...

3 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Boa atriz vocacionada para musicais pelo fato de cantar, dançar e representar com desenvoltura, Claudia Raia já fez sucesso nos palcos brasileiros com espetáculos como Não Fuja da Raia (1993) e Nas Raias da Loucura (1996), escritos por Silvio de Abreu e dirigidos por Jorge Fernando, dois nomes consagrados no ramo das telenovelas. Nos anos 2000, a atriz confirmou tal (raro) dom ao integrar o elenco de montagens brasileiras de musicais estrangeiros como O Beijo da Mulher Aranha (2001) e Sweet Charity (2006), brilhando especialmente neste último. Já em Pernas pro Ar - musical que estreou em Ribeirão Preto (SP) em 2009 e continua atualmente em turnê nacional em rota que inclui passagens pelas principais capitais do país - Raia volta a encenar texto brasileiro. Só que, no caso, um dos piores textos nacionais escritos para musicais. O argumento de Luis Fernando Veríssimo é interessante. Mas Marcelo Saback não desenvolveu bem a história de uma dona-de-casa apática, Helô, que passa a ser direcionada pelas próprias pernas. Não há humor nos diálogos, o que torna o musical arrastado e, de certa forma, pesado como um boeing que não consegue alçar voo. Para piorar, a direção de Cacá Carvalho - recrutado para a função sem ter a mínima experiência no ramo - não contribui para dar alguma leveza à encenação. E o resultado é um espetáculo chato. Como sempre, Raia está à vontade em cena, mas sua ingrata missão em Pernas pro Ar acaba sendo tentar extrair humor de um texto sem graça que prejudica um musical que busca estética diferente sem, de fato, seduzir o espectador com seu sofisticado aparato técnico que inclui cenografia virtual projetada em três dimensões. O visual não enche os olhos. Dos números musicais propriamente ditos, cantados por Raia ao vivo na companhia de um septeto, vale destacar Speak Low - entoado no original em inglês de Kurt Weill (1900 - 1950) no que talvez seja o único grande momento do espetáculo - e You Could Drive a Person Crazy, tema do musical Company (1970) interpretado por Raia na versão em português de Sylvia Massari. Enfim, Claudia Raia é atriz versátil e competente - inclusive no campo dramático, como provou em 2008 ao encarnar a injustiçada Donatella da novela A Favorita - mas mesmo boas atrizes precisam de bons textos para brilhar. E não há um em cena. Por isso mesmo, aviso aos navegantes: fuja da Raia, pois Pernas pro Ar nunca decola...

7 de fevereiro de 2010 às 11:05  
Anonymous Anônimo said...

Claudia Raia é mesmo uma grande artista, mas este espetáculo, com todo respeito, é ruim DEMAIS!

7 de fevereiro de 2010 às 11:38  
Blogger josep said...

Você sabe como posso ter acesso ao texto da peça? Livro, revista, etc.
Obrigado!

4 de agosto de 2010 às 19:16  

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