31 de janeiro de 2010

Gil emerge jovial na praia dos grandes sucessos

Resenha de Show
Evento: Estação Nordeste
Título: Gilberto Gil
Artista: Gilberto Gil (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Praia de Tambaú (João Pessoa, PB)
Data: 30 de janeiro de 2010
Cotação: * * * * 1/2
Foi como uma criança serelepe que Gilberto Gil fingiu que deixara o palco - após encerrar o bis com Toda Menina Baiana no toque do afoxé e com a intervenção percussiva de Chico César - para voltar à cena, saltitante, meros segundos depois, para se despedir novamente das milhares de pessoas que se aglomeraram na Praia de Tambaú, no litoral de João Pessoa (PB), na noite de sábado, 30 de janeiro de 2010, para ver Gil encerrar a 5ª edição do Estação Nordeste, o festival que agitou a capital da Paraíba ao longo deste mês de janeiro. Sabiamente, o cantor deixou de lado a introspecção reflexiva e algo melancólica do show BandaDois para mergulhar na praia dos grandes sucessos. Com energia e vitalidade juvenis que desmentem seus 67 anos, Gil enfileirou hits em show alegre e festivo, aberto com a filosófica Tempo Rei, de 1984. Mesmo quando cantou serenamente uma ou outra música mais contemplativa - como A Paz - foi em tom feliz de celebração.
Sem fazer show solo em João Pessoa desde 1987, embora tenha se apresentado em municípios vizinhos, o cantor pegou inicialmente a onda do pop reggae. A Novidade, Não Chores Mais / No Woman no Cry - com direito aos versos em inglês da letra original de Bob Marley (1945 - 1981) - e Is This Love? trouxeram Gil de volta ao eterno verão do reggae. Sempre com o aval imediato do público, que fez coro espontâneo em quase todas as músicas. Andar com Fé no ritmo do samba de roda - número herdado do show Banda Larga Cordel (2008) - deslocou o roteiro para a Bahia e, dois números depois, a escala foi no Rio de Janeiro, com o samba Aquele Abraço, o (já defasado) cartão-postal da partida Cidade Maravilhosa. A serenidade de A Paz se refletiu no registro suave de Refazenda. Mas Não Grude, Não - xaxado do CD Banda Larga Cordel - ensaiou a retomada da pressão que já foi total no xote que o seguiu, Esperando na Janela, último sucesso popular de Gil. Na sequência, Punk da Periferia - música normalmente esquecida nos roteiros dos shows do cantor - reiterou a jovialidade de Gil. Efeito talvez de a voz (que já anda arranhando...) ter estado em ótima forma neste show praieiro. Palco, Realce (o hit da era das discotecas que também andava sumidos dos roteiros oficiais de Gil) e Nos Barracos da Cidade se encarregaram de manter a temperatura nas alturas - com o auxílio da luxuosa banda do cantor - no gran finale. No bis, o cantor voltou para a praia do reggae, com Vamos Fugir, antes de recordar a sumida Madalena, recebida com calor pelo público. Gil fechou o Estação Nordeste no (certeiro) trilho dos sucessos colecionados em quatro décadas.

3 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Foi como uma criança serelepe que Gilberto Gil fingiu que deixara o palco - após encerrar o bis com Toda Menina Baiana no toque do afoxé e com a intervenção percussiva de Chico César - para voltar à cena, saltitante, meros segundos depois, para se despedir novamente das milhares de pessoas que se aglomeraram na Praia de Tambaú, no litoral de João Pessoa (PB), na noite de sábado, 30 de janeiro de 2010, para ver Gil encerrar a 5ª edição do Estação Nordeste, o festival que agitou a capital da Paraíba ao longo deste mês de janeiro. Sabiamente, o cantor deixou de lado a introspecção reflexiva e algo melancólica do show BandaDois para mergulhar na praia dos grandes sucessos. Com energia e vitalidade juvenis que desmentem seus 67 anos, Gil enfileirou hits em show alegre e festivo, aberto com a filosófica Tempo Rei, de 1984. Mesmo quando cantou serenamente uma ou outra música mais contemplativa - como A Paz - foi em tom feliz de celebração.
Sem fazer show solo em João Pessoa desde 1987, embora tenha se apresentado em municípios vizinhos, o cantor pegou inicialmente a onda do pop reggae. A Novidade, Não Chores Mais / No Woman no Cry - com direito aos versos em inglês da letra original de Bob Marley (1945 - 1981) - e Is This Love? trouxeram Gil de volta ao eterno verão do reggae. Sempre com o aval imediato do público, que fez coro espontâneo em quase todas as músicas. Andar com Fé no ritmo do samba de roda - número herdado do show Banda Larga Cordel (2008) - deslocou o roteiro para a Bahia e, dois números depois, a escala foi no Rio de Janeiro, com o samba Aquele Abraço, o (já defasado) cartão-postal da partida Cidade Maravilhosa. A serenidade de A Paz se refletiu no registro suave de Refazenda. Mas Não Grude, Não - xaxado do CD Banda Larga Cordel - ensaiou a retomada da pressão que já foi total no xote que o seguiu, Esperando na Janela, último sucesso popular de Gil. Na sequência, Punk da Periferia - música normalmente esquecida nos roteiros dos shows do cantor - reiterou a jovialidade de Gil. Efeito talvez de a voz (que já anda arranhando...) ter estado em ótima forma neste show praieiro. Palco, Realce (o hit da era das discotecas que também andava sumidos dos roteiros oficiais de Gil) e Nos Barracos da Cidade se encarregaram de manter a temperatura nas alturas - com o auxílio da luxuosa banda do cantor - no gran finale. No bis, o cantor voltou para a praia do reggae, com Vamos Fugir, antes de recordar a sumida Madalena, recebida com calor pelo público. Gil fechou o Estação Nordeste no (certeiro) trilho dos sucessos colecionados em quatro décadas.

31 de janeiro de 2010 às 12:29  
Blogger Mauro Ferreira said...

Foi como uma criança serelepe que Gilberto Gil fingiu que deixara o palco - após encerrar o bis com Toda Menina Baiana no toque do afoxé e com a intervenção percussiva de Chico César - para voltar à cena, saltitante, meros segundos depois, para se despedir novamente das milhares de pessoas que se aglomeraram na Praia de Tambaú, no litoral de João Pessoa (PB), na noite de sábado, 30 de janeiro de 2010, para ver Gil encerrar a 5ª edição do Estação Nordeste, o festival que agitou a capital da Paraíba ao longo deste mês de janeiro. Sabiamente, o cantor deixou de lado a introspecção reflexiva e algo melancólica do show BandaDois para mergulhar na praia dos grandes sucessos. Com energia e vitalidade juvenis que desmentem seus 67 anos, Gil enfileirou hits em show alegre e festivo, aberto com a filosófica Tempo Rei, de 1984. Mesmo quando cantou serenamente uma ou outra música mais contemplativa - como A Paz - foi em tom feliz de celebração.
Sem fazer show solo em João Pessoa desde 1987, embora tenha se apresentado em municípios vizinhos, o cantor pegou inicialmente a onda do pop reggae. A Novidade, Não Chores Mais / No Woman no Cry - com direito aos versos em inglês da letra original de Bob Marley (1945 - 1981) - e Is This Love? trouxeram Gil de volta ao eterno verão do reggae. Sempre com o aval imediato do público, que fez coro espontâneo em quase todas as músicas. Andar com Fé no ritmo do samba de roda - número herdado do show Banda Larga Cordel (2008) - deslocou o roteiro para a Bahia e, dois números depois, a escala foi no Rio de Janeiro, com o samba Aquele Abraço, o (já defasado) cartão-postal da partida Cidade Maravilhosa. A serenidade de A Paz se refletiu no registro suave de Refazenda. Mas Não Grude, Não - xaxado do CD Banda Larga Cordel - ensaiou a retomada da pressão que já foi total no xote que o seguiu, Esperando na Janela, último sucesso popular de Gil. Na sequência, Punk da Periferia - música normalmente esquecida nos roteiros dos shows do cantor - reiterou a jovialidade de Gil. Efeito talvez de a voz (que já anda arranhando...) ter estado em ótima forma neste show praieiro. Palco, Realce (o hit da era das discotecas que também andava sumidos dos roteiros oficiais de Gil) e Nos Barracos da Cidade se encarregaram de manter a temperatura nas alturas - com o auxílio da luxuosa banda do cantor - no gran finale. No bis, o cantor voltou para a praia do reggae, com Vamos Fugir, antes de recordar a sumida Madalena, recebida com calor pelo público. Gil fechou o Estação Nordeste no (certeiro) trilho dos sucessos colecionados em quatro décadas.

31 de janeiro de 2010 às 12:29  
Anonymous Plava Laguna said...

Esse homem é um escândalo!
É o antídoto brasileiro e brasileirisante para a cafonice e a ignorância orgulhosa que - tão bem percebeu Caetano - se origina em Brasília e se espalha insidiosamente pelo país.

Precisamos muito de Gilberto Gil cantando neste momento.

2 de fevereiro de 2010 às 09:48  

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