27 de setembro de 2009

Filme didático conta história do rock brasileiro

Resenha de Filme
Título: Rock Brasileiro - História em Imagens
Direção: Bernardo Palmeiro
Roteiro: Kika Serra
Cotação: * * *
Em cartaz no Festival do Rio
(Sessões entre 25 de setembro e 3 de outubro de 2009)
A despeito de a sua narrativa ter tom didático (no caso, justificado pelo fato raro de se tratar de um documentário primordialmente direcionado às escolas), o filme Rock Brasileiro - História em Imagens tem cacife para despertar interesse de todos os devotos do já cinquentenário rock'n'roll. O roteiro de Kika Serra traça, de forma cronológica, a evolução do rock made in Brazil desde a fase pré-Jovem Guarda - quando o filme Sementes da Violência (1955) fez brotar nos jovens nacionais a ânsia de tocar sua guitarra - até a geração de bandas dos anos 2000, representada por nomes com NX Zero e Fresno. Através da didática narração em off e dos muitos depoimentos colhidos entre nomes de todas as gerações, num amplo painel que vai de Erasmo Carlos a Pitty, passando pelo produtor Rick Bonadio, o diretor Bernardo Palmeiro consegue abordar (mesmo que de forma superficial) todas os fatos e as características relevantes das (várias) gerações do rock brasileiro.
"Cada vez que você tenta definir o rock, você queima a língua", ressalta João Barone, o baterista do trio carioca Paralamas do Sucesso, logo no início do documentário. Com toda a razão. Por isso mesmo, o filme cresce quando os entrevistados discutem as tendências de cada geração. "A Tropicália nada mais foi do que uma Jovem Guarda num estágio cultural maior", defende Erasmo Carlos. O filme ressalta o papel pioneiro de Rita Lee nos anos 70 - década em que o rock brasileiro ficou submerso no underground e influenciado pelo sons progressivos - por conta de seus discos bem-sucedidos do ponto de vista comercial. Assim como lembra o pioneirismo de Raul Seixas (1945 - 1989) ao fundir esse mesmo rock com os ritmos nordestinos. E a importância que os festivais Rock in Rio (1985) e Hollywood Rock (1988) tiveram para a consolidação do mercado de música pop que se abriu a partir do verão de 1982 com o estouro da Blitz. Quando a narrativa chega aos anos 90, década caracterizada pela fusão do rock com ritmos nacionais, o filme enfatiza o forte papel da MTV na propagação de bandas como Skank e O Rappa. E Pitty se faz notar pela sinceridade de seu depoimento, em especial ao dizer que, de todas as bandas que misturaram rock com música brasileira, a única que não lhe pareceu artificial foi a Nação Zumbi. Enfim, como a toda hora surgem adolescentes fascinados pelo poder e status de tocar uma guitarra, o filme cai bem nas escolas para mostrar a esses garotos que o rock nacional, entre altos e baixos, também tem história(s).

4 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

A despeito de a sua narrativa ter tom didático (no caso, justificado pelo fato raro de se tratar de um documentário primordialmente direcionado às escolas), o filme Rock Brasileiro - História em Imagens tem cacife para despertar interesse de todos os devotos do já cinquentenário rock'n'roll. O roteiro de Kika Serra traça, de forma cronológica, a evolução do rock made in Brazil desde a fase pré-Jovem Guarda - quando o filme Sementes da Violência (1955) fez brotar nos jovens nacionais a ânsia de tocar sua guitarra - até a geração de bandas dos anos 2000, representada por nomes com NX Zero e Fresno. Através da didática narração em off e dos depoimentos colhidos entre nomes de todas as gerações, num amplo painel que vai de Erasmo Carlos a Pitty, passando pelo produtor Rick Bonadio, o diretor Bernardo Palmeiro consegue abordar (mesmo que de forma superficial) todas os fatos e as características relevantes das (várias) gerações do rock brasileiro.
"Cada vez que você tenta definir o rock, você queima a língua", ressalta João Barone, o baterista do trio carioca Paralamas do Sucesso, logo no início do documentário. Com toda a razão. Por isso mesmo, o filme cresce quando os entrevistados discutem as tendências de cada geração. "A Tropicália nada mais foi do que uma Jovem Guarda num estágio cultural maior", defende Erasmo Carlos. O filme ressalta o papel pioneiro de Rita Lee nos anos 70 - década em que o rock brasileiro ficou submerso no underground e influenciado pelo sons progressivos - por conta de seus discos bem-sucedidos do ponto de vista comercial. Assim como lembra o pioneirismo de Raul Seixas (1945 - 1989) ao fundir esse mesmo rock com os ritmos nordestinos. E a importância que os festivais Rock in Rio (1985) e Hollywood Rock (1988) tiveram para a consolidação do mercado de música pop que se abriu a partir do verão de 1982 com o estouro da Blitz. Quando a narrativa chega aos anos 90, década marcada pela fusão do rock com ritmos nacionais, o filme enfatiza o papel da MTV na propagação de bandas como Skank e O Rappa. E Pitty se faz notar pela sinceridade de seu depoimento, em especial ao dizer que, de todas as bandas que misturaram rock com música brasileira, a única que não lhe pareceu artificial foi a Nação Zumbi. Enfim, como a toda hora surgem adolescentes fascinados pelo poder e status de tocar uma guitarra, o filme cai bem nas escolas para mostrar a esses garotos que o rock nacional, entre altos e baixos, também tem história(s).

27 de setembro de 2009 às 12:22  
Anonymous Hugo said...

pitty subiu no meu conceito ao destacar a nação nessa lama dos 90

27 de setembro de 2009 às 18:10  
Blogger Kika Serra said...

Salve Mauro!

Nosso amigo Edu Graça me chamou para cá: uma honra ver meu nome estampado nessas linhas! Mais ainda é ler uma resenha que aponte para o fato de nosso filme ter "conseguido" (em menos de 70 minutos!) abordar "todos os fatos e as características relevantes das (várias) gerações do rock brasileiro". Não faltam amigos roqueiros que protestem pela ausência desta ou aquela banda na narrativa... Ai, ai. Só fazendo esse roteiro vi como falar de rock é parecido com falar de futebol: muita gritaria e pouca negociação...

beijos gratos

Kika Serra

28 de setembro de 2009 às 01:04  
Blogger Unknown said...

.."Enfim, como a toda hora surgem adolescentes fascinados pelo poder e status de tocar uma guitarra, o filme cai bem nas escolas para mostrar a esses garotos que o rock nacional, entre altos e baixos, também tem história(s)."...Bravo,Mauro,Bravo!!!!
Lu!
p.s:hj to tirando o atraso,aqui no blog!rs!

29 de setembro de 2009 às 11:43  

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