20 de junho de 2009

Com ternura, Telles gravita em torno da família

Resenha de CD
Título: Quem Sabe Você
Artista: Claudia Telles
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * 1/2

Nos últimos 20 anos, Claudia Telles tem sobrevivido no mercado de shows e discos com tributos à Bossa Nova e a Sylvia Telles (1935 - 1966), mãe da cantora. Quem Sabe Você, o CD lançado esta semana pela Lua Music, segue por essa trilha tão segura quanto trivial. Com ternura, a artista gravita em torno da família, da bossa e do samba. O mérito do disco é não ficar repisando os clássicos do gênero, ainda que Minha Namorada esteja presente no repertório com a introdução geralmente suprimida nas gravações dessa parceria de Carlos Lyra com Vinicius de Moraes (1913 - 1980). Telles mostra produção recente ou pouco batida de compositores como Roberto Menescal (parceiro de Abel Silva na inédita faixa-título, Quem Sabe Você), Johnny Alf (Ai Saudade, tema composto com Rômulo Gomes) e o próprio Lyra (Só Mesmo por Amor). A intenção é boa, mas o fato é que essas músicas estão aquém do padrão de seus autores. Dentro desse círculo familiar em todos os sentidos, a cantora tira do baú parcerias bissextas de sua mãe com Chico Anysio (Sem Você pra que) e de seu pai - Candinho - com Ronaldo Bôscoli (1928 - 1994), Biquininho Azul, colocado em dueto com Emílio Santiago em dueto gracioso. Nada no disco é especialmente ruim. Tampouco soa especialmente sedutor. Os arranjos investem nas levadas-clichês da bossa nem sempre nova - como fica evidente já na faixa de abertura, Reza (Edu Lobo e Ruy Guerra). Estranho nesse ninho bossa-novista, o jovem-guardista Tema de Não Querer Ver Você Triste (Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Mário Telles) somente se justifica no repertório pelo fato de ter sido a última música gravada por Sylvia Telles. Enfim, Quem Sabe Você é, de certa forma, mais um tributo de Claudia Telles à família. Um tributo menos óbvio, diga-se, mas ainda assim não realmente indispensável. A cantora deve respirar outros ares.

17 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Nos últimos 20 anos, Claudia Telles tem sobrevivido no mercado de shows e discos com tributos à Bossa Nova e a Sylvia Telles (1935 - 1966), mãe da cantora. Quem Sabe Você, o CD lançado esta semana pela Lua Music, segue por essa trilha tão segura quanto trivial. Com ternura, a artista gravita em torno da família, da bossa e do samba. O mérito do disco é não ficar repisando os clássicos do gênero, ainda que Minha Namorada esteja presente no repertório com a introdução geralmente suprimida nas gravações dessa parceria de Carlos Lyra com Vinicius de Moraes (1913 - 1980). Telles mostra produção recente ou pouco batida de compositores como Roberto Menescal (parceiro de Abel Silva na inédita faixa-título, Quem Sabe Você), Johnny Alf (Ai Saudade, tema composto com Rômulo Gomes) e o próprio Lyra (Só Mesmo por Amor). A intenção é boa, mas o fato é que essas músicas estão aquém do padrão de seus autores. Dentro desse círculo familiar em todos os sentidos, a cantora tira do baú parcerias bissextas de sua mãe com Chico Anysio (Sem Você pra que) e de seu pai - Candinho - com Ronaldo Bôscoli (1928 - 1994), Biquininho Azul, colocado em dueto com Emilio Santiago em dueto gracioso. Nada no disco é especialmente ruim. Tampouco soa especialmente sedutor. Os arranjos investem nas levadas-clichês da bossa nem sempre nova - como fica evidente já na faixa de abertura, Reza (Edu Lobo e Ruy Guerra). Estranho nesse ninho bossa-novista, o jovem-guardista Tema de Não Querer Ver Você Triste (Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Mário Telles) somente se justifica no repertório pelo fato de ter sido a última música gravada por Sylvia Telles. Enfim, Quem Sabe Você é, de certa forma, mais um tributo de Claudia Telles à família. Um tributo menos óbvio, diga-se, mas ainda assim não realmente indispensável. A cantora deve respirar outros ares.

20 de junho de 2009 às 10:49  
Anonymous Anônimo said...

Desde que sejam "ares" de bom gosto eu concordo Mauro. Mas se for para gravar certas "mudernidades" que andam por aí deixa ela nos tributos mesmo.

20 de junho de 2009 às 11:58  
Anonymous Anônimo said...

É vero que Cláudia Telles vem há muitos anos dedicando-se a CDs-tributos, mas vale lembrar que antes do primeiro - "... canta Nelson Cavaquinho e Cartola" da CID - estava sumida há anos. Melhor um pássaro na mão que dois voando.

20 de junho de 2009 às 12:13  
Anonymous Anônimo said...

Eu acho a Cláudia Telles uma das grandes injustiçadas pela mídia e pelos críticos no geral. Mereceria muito mais espaço em meio à tantas medíocres posando de diva! Correta, afinada e coerente. E faço coro com os anônimos acima. Abraços,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

20 de junho de 2009 às 12:48  
Anonymous Anônimo said...

Eu era um pirralho quando my mother colocava "Eu preciso te esquecer" - se não me engano da trilha-sonora da novela "Lovomotivas" - na vitrola lá de casa e já adorava. Mais de 30 anos depois e cadê a versão em CD ? Injustiçada mesmo!

20 de junho de 2009 às 13:53  
Anonymous Anônimo said...

Claudia fez um belo cd. Uma maravilha de som e um repertório lindo. Não sou fã da cantora mas admiro seu trabalho e fidelidade a um som de qualidade. Com tanto papo cabeça e tanta voz grossa no mercado, Claudia chega pra nos dar um pouco de luz!!

20 de junho de 2009 às 14:19  
Anonymous Anônimo said...

Também não sou fã da Claudia Telles,mas ela prima pela qualidade e canta muito bem.Precisa sair da Bossa para mostrar seu verdadeiro talento.Infelizmente não vou comprar o disco.Mas boa sorte.Telles canta de forma correta e elegante.

20 de junho de 2009 às 17:40  
Anonymous Anônimo said...

Ah, esqueci: já comprei 3 - um para mim, outro para my love e outro para dar de presente a ouvidos, coração e alma abertas e desarmadas.
PS: ouvi e adorei. Não tem novidade, é só beleza mesmo. E para mim já basta.
PS: esquece de "Fim de Tarde" outra pérola de sua fase "brega". Linda de viver.

20 de junho de 2009 às 21:30  
Anonymous Anônimo said...

Eu sou fã e aprovo sua opção por cantar regravações pelo simples fato de que não tenho nada contra regravações de músicas belas e/ou eternas. Quando a voz tem crédito: OK.

20 de junho de 2009 às 21:41  
Anonymous Anônimo said...

Não sei... Quando você tem um compositor ou uma compositora que abdica de criar novas músicas eu até concordaria com alguns dos comentários. Mas neste país de INTÉRPRETES SOMENTE - são raríssimas as exceções (Sueli Costa, Fátima Guedes, Ângela Rô Rô) - acho muito válido essas belas vozes a serviço de belas músicas. Nem sempre novidade é qualidade. E se for para arriscar e se danar, também faria o mesmo.
Canto em barzinhos e se tivesse a oportunidade de gravar um disco amanhã têm músicas que seriam obrigatórias, independente que quantas vezes foram gravadas ou não: "Catavento e Girassol", "Beatriz", "O Meu Guri", "O Mundo é um Moinho", "Manhã de Carnaval", "Travessia", "Trem das Cores", "Se eu Quiser falar com Deus" e por aí vai. Novidades como essas aí ? É RUIM, HEIN ?!

20 de junho de 2009 às 21:49  
Anonymous Anônimo said...

Melhor o velho feijão da mamãe do que a macarronada do restaurante recém-inaugurado da esquina. O estômago não vai levar susto.

20 de junho de 2009 às 22:15  
Anonymous Anônimo said...

Quando Cláudia Telles estourava nas rádios com canções do tipo "Eu preciso te esquecer" e "Fim de Tarde" era taxada de "brega".
Deu uma "virada" na carreira, passou a gravar (ou regravar, não tô preocupado) clássicos da MPB (seja Cartola, Nelson Cavaquinho ou Bossa-Nova) e agora é taxada de repetitiva, pouco imaginativa, "preguiçosa", enfim, as "qualidades" que adoram citar em intérpretes que regravam belas canções.
Fica difícil assim, não ?

21 de junho de 2009 às 14:44  
Anonymous Anônimo said...

Não é por nada não mas de cada 10 discos de músicas inéditas lançados de 88 para cá 1 se salva.
Claro que falo de pelo menos 70% do disco.
DEFINITIVAMENTE NÃO SE FAZ MAIS UM DISCO COMO OS DE CHICO OU DE MILTON DA DÉCADA DE 70 OU COMEÇO DE 80 ONDE 90% DO DISCO ERA SÓ DE OBRAS-PRIMAS. Não é opinião É FATO!

21 de junho de 2009 às 14:49  
Anonymous Anônimo said...

Comprei o cd e adorei,disco da Claudinha é certeza de qualidade. Vá em frente Linda! Parabéns a LUA MUSIC por nos trazer a Claudinha de volta.
Nivaldo.

21 de junho de 2009 às 19:11  
Anonymous Anônimo said...

Comprei o cd e achei deslumbrante. Nota 10 !

21 de junho de 2009 às 23:36  
Anonymous Anônimo said...

Voz deslumbrante, repertório deslumbrante, arranjos muito certinhos. Poderia ter outra nota, anônimo ?
Foi como eu disse lá em cima: é melhor o velho feijão da mamãe.

22 de junho de 2009 às 21:48  
Blogger Sandro CS said...

Tenho o novo disco da Claudia Telles e devo dizer que é belíssimo. Recomendo a todos que gostam de boa música. Mas, concordo com o Mauro quando ele diz que ela deveria *também* respirar outros ares. A voz da Claudinha é poderosa, cai muito bem em soul e pop music. No estilo banquinho/violão da bossa nova, ela acaba não se sobressaindo.

27 de junho de 2009 às 21:41  

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