29 de abril de 2009

Sinfonia jazzística dos Belmondo embala Milton

Resenha de CD
Título: Milton
Nascimento & Belmondo
Artista: Milton
Nascimento, Lionel
Belmondo e Stéphane
Belmondo
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Em 1968, um ano depois de ter sido projetado em todo o Brasil com Travessia, Milton Nascimento já gravou álbum, Courage, para os Estados Unidos, a convite de Eumir Deodato. O pianista logo percebeu o alcance mundial da obra do compositor. E não seria o único. Por conta de sua inusitada costura harmônica, alinhavada com referências do jazz e da música erudita, a música de Milton logo extrapolou as fronteiras brasileiras. Sobretudo depois que o saxofonista Wayne Shorter lançou em 1975 um álbum, Native Dancer, centrado na figura e na música do mais mineiro dos artistas cariocas. O CD Milton Nascimento & Belmondo - ora editado no Brasil pela gravadora Biscoito Fino - é uma extensão dessa travessia planetária que já ultrapassa quatro décadas. Foi gravado em setembro de 2007 na França por feliz iniciativa dos irmãos Lionel (sax e flauta) e Stéphane (flugelhorn, instrumento de sopro da família do trompete) Belmondo, muito conhecidos no restrito meio jazzístico francês. O álbum é elegante.

O cancioneiro de Milton é embalado por refinada sinfonia jazzística. Com os improvisos feitos no toque de seus instrumentos de sopro, os Belmondo interagem com as cordas da Orchestre National d'Ile-de-France, orquestradas pelo maestro Christophe Mangou. Somente a abertura e o encerramento do disco - quando a melodia de Ponta de Areia é soprada pelos Belmondo - já valem Milton Nascimento & Belmondo. Os irmãos jazzistas buscam - e acham - novas possibilidades harmônicas para temas como Milagre dos Peixes (cuja introdução ostenta um falsete de Milton), Nada Será Como Antes, Morro Velho (faixa em que as cordas soam especialmente classudas) e Fé Cega, Faca Amolada. Nada soa como antes, mas os Belmondo não caem na tentação pura e simples de desfigurar o cancioneiro do compositor. As músicas estão plenamente reconhecíveis, por mais que a embalagem seja outra. E mesmo que a voz metálica do cantor não brilhe como nos tempos áureos, os vocalises sustentados por ele em Oração - faixa de tom sacro de autoria de Christophe Dal Sasso - sinalizam que a voz de Milton é também um poderoso instrumento que ajuda a encontrar outros caminhos harmônicos para suas músicas numa original travessia pautada pela devoção dos Belmondo à sua obra.

4 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Resenha de CD
Título: Milton
Nascimento & Belmondo
Artista: Milton
Nascimento, Lionel
Belmondo e Stéphane
Belmondo
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Em 1968, um ano depois de ter sido projetado em todo o Brasil com Travessia, Milton Nascimento já gravou álbum, Courage, para os Estados Unidos, a convite de Eumir Deodato. O pianista logo percebeu o alcance mundial da obra do compositor. E não seria o único. Por conta de sua inusitada costura harmônica, alinhavada com referências do jazz e da música erudita, a música de Milton logo extrapolou as fronteiras brasileiras. Sobretudo depois que o saxofonista Wayne Shorter lançou em 1975 um álbum, Native Dancer, centrado na figura e na música do mais mineiro dos artistas cariocas. O CD Milton Nascimento & Belmondo - ora editado no Brasil pela gravadora Biscoito Fino - é uma extensão dessa travessia planetária que já ultrapassa quatro décadas. Foi gravado em setembro de 2007 na França por feliz iniciativa dos irmãos Lionel (sax e flauta) e Stéphane (flugelhorn, instrumento de sopro da família do trompete) Belmondo, muito conhecidos no restrito meio jazzístico francês. O álbum é elegante.

O cancioneiro de Milton é embalado por refinada sinfonia jazzística. Com os improvisos feitos no toque de seus instrumentos de sopro, os Belmondo interagem com as cordas da Orchestre National d'Ile-de-France, orquestradas pelo maestro Christophe Mangou. Somente a abertura e o encerramento do disco - quando a melodia de Ponta de Areia é soprada pelos Belmondo - já valem Milton Nascimento & Belmondo. Os irmãos jazzistas buscam - e acham - novas possibilidades harmônicas para temas como Milagre dos Peixes (cuja introdução ostenta um falsete de Milton), Nada Será Como Antes, Morro Velho (faixa em que as cordas soam especialmente classudas) e Fé Cega, Faca Amolada. Nada soa como antes, mas os Belmondo não caem na tentação pura e simples de desfigurar o cancioneiro do compositor. As músicas estão plenamente reconhecíveis, por mais que a embalagem seja outra. E mesmo que a voz metálica do cantor não brilhe como nos tempos áureos, os vocalises sustentados por ele em Oração - faixa de tom sacro de autoria de Christophe Dal Sasso - sinalizam que a voz de Milton é também um poderoso instrumento que ajuda a encontrar outros caminhos harmônicos para suas músicas numa original travessia pautada pela devoção dos Belmondo à sua obra.

29 de abril de 2009 às 22:31  
Anonymous Anônimo said...

A dupla adaptou-se a Milton ou Milton adaptou-se à dupla ?
Só sei que ficaram lindos e "novos" seus belos clássicos mais uma vez regravados.
Boa música é para sempre, muito melhor que muita "mudernidade" por aí. Viva Milton!

30 de abril de 2009 às 20:58  
Anonymous Anônimo said...

E Milton lá erra em alguma coisa ?
NEVER!

30 de abril de 2009 às 22:52  
Anonymous Anônimo said...

Igual e diferente. Ouvi e tô besta até agora. Até regravando esse aí acerta. "NEVER" mesmo.

4 de maio de 2009 às 20:20  

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